julho 15, 2010

Capítulo 31 - A VISÃO FINAL

Capítulo 31 - A VISÃO FINAL

I. A simplicidade da salvação

1. Como é simples a salvação! Tudo o que ela diz é que o que nunca foi verdadeiro não é verdadeiro agora e nunca o será. O impossível não ocorreu e não pode ter efeitos. E isso é tudo. Pode ser difícil aprender isso para qualquer pessoa que queira que isso seja verdadeiro? Só a falta de disponibilidade para aprender poderia tomar difícil essa lição tão fácil. Qual a dificul­dade de se ver que o que é falso não pode ser verdadeiro, e que o que é verdadeiro não pode ser falso? Tu não podes mais dizer que não percebes diferenças entre o falso e o verdadeiro. Foi dito a ti exatamente como distinguir um do outro e exatamente o que fazer caso fiques confuso. Então, por que persistes em não aprender coisas tão simples?
2. Há uma razão. Mas não a confundas com dificuldade nas coi­sas simples que a salvação te pede .para aprender. Ela ensina apenas o que é óbvio. Meramente passa de uma lição evidente à seguinte, em passos fáceis que te conduzem com gentileza de uma à outra sem qualquer esforço. Isso não pode te confundir, no entanto, estás confuso. Isso é assim porque de algum modo acreditas que o que é totalmente confuso é mais fácil de aprender e compreender. O que ensinaste a ti mesmo é um feito de apren­dizado tão gigantesco que chega a ser, de fato, incrível. Mas o realizaste porque querias, e não interrompeste a tua diligência para julgá-lo difícil ou complexo demais para apreender.
3. Ninguém que compreende o que aprendeste, como o apren­deste cuidadosamente e as dores pelas quais passaste para prati­car e repetir as lições incessantemente, em todas as formas que podias conceber, poderia jamais duvidar do poder da tua capaci­dade de aprender. Não existe no mundo poder maior. O mundo foi feito por ele e mesmo agora não depende de nenhuma outra coisa. As lições que ensinaste a.ti mesmo foram tão super apren­didas e fixadas, que elas se erguem como cortinas pesadas para obscurecer o simples e o óbvio. Não digas que não és capaz de aprendê-los. Pois o teu poder de aprender é forte o bastante para te ensinar que a tua vontade não é tua, os teus pensamentos não pertencem a ti e mesmo tu és um outro.
4. Quem poderia insistir em que tais lições são fáceis? No entan­to, aprendeste mais do que isso. Continuaste dando cada passo por mais difícil que fosse, sem reclamar, até que foi construído um mundo que se adequava a ti. E cada lição que constitui o mundo surgiu da primeira realização do aprendizado: uma enormidade tal que a Voz do Espírito Santo parece suave e quieta diante da magnitude desse feito. O mundo começou com uma lição estra­nha, suficientemente poderosa para fazer com que Deus fosse es­quecido e Seu Filho alienado de si mesmo, exilado da casa onde o Próprio Deus o estabeleceu. Tu, que ensinaste a ti mesmo que o Filho de Deus é culpado, não digas que não és capaz de aprender as coisas simples que a salvação te ensina!
5. O aprendizado é uma capacidade que tu fizeste e deste a ti mesmo. Ela não foi feita para fazer a Vontade de Deus, mas para manter o desejo de que é possível opor-se a ela e estabelecer que uma vontade à parte é ainda mais real do que ela. E isso o apren­dizado buscou demonstrar e tu aprendeste, pois foi para ensinar­-te isso que ele foi feito. Agora, o teu antigo super-aprendizado permanece implacável diante da Voz da verdade e te ensina que as Suas lições não são verdadeiras: são por demais duras de se aprender, por demais difíceis de se ver e por demais opostas ao que é realmente verdadeiro. Apesar disso, tu as aprenderás, pois aprendê-las é o único propósito que o Espírito Santo vê em todo o mundo para a tua capacidade de aprender. As Suas simples li­ções de perdão têm um poder muito maior do que as tuas, por­que te chamam a partir de Deus e do teu Ser.
6. É essa a Voz fraca, tão suave e quieta que não consegue erguer­-se acima dos ruídos sem sentido de sons que não têm significa­do? Não foi Vontade de Deus que o Seu Filho O esquecesse. E o poder da Sua Vontade está na Voz Que fala por Ele. Que lição irás aprender? Que resultado é inevitável, tão certo quanto Deus e muito além de qualquer dúvida e questionamento? É possível que o teu pequeno aprendizado, de estranho resultado e incrível dificuldade, possa medir-se com as simples lições que te estão sendo ensinadas a cada momento de cada dia, desde o início dos tempos e desde que o aprendizado foi feito?
7. As lições a serem aprendidas são apenas duas. Cada uma tem o seu resultado em um mundo diferente. E cada mundo decorre com toda segurança da sua fonte. O resultado certo da lição se­gundo a qual o Filho de Deus é culpado é o mundo que vês. É um mundo de terror e desespero. Tampouco existe nele esperança de felicidade. Não existe nenhum plano que possas fazer para a tua segurança que jamais venha a ter sucesso. Não existe alegria que possas buscar aqui e esperar achá-la. Entretanto, esse não é o único resultado que o teu aprendizado pode produzir. Por mais que possas ter super-aprendido a tarefa que escolheste, a lição que reflete o Amor de Deus é ainda mais forte. E aprenderás que o Filho de Deus é inocente e verás um outro mundo.
8. O resultado da lição segundo a qual o Filho de Deus não tem culpa é um mundo no qual não existe medo e onde todas as coisas são iluminadas com esperança e cintilam com uma gentil amiza­de. Todas as coisas nada fazem senão apelar para ti pedindo, com suavidade, para serem tuas amigas e para que tu permitas que se unam a ti. E um chamado nunca fica sem ser ouvido, sem ser compreendido, ou deixa de ser respondido na mesma língua em que foi feito. E compreenderás que foi esse chamado que todas as pessoas e todas as coisas no mundo sempre fizeram, mas tu não tinhas percebido tal como era. E agora vês que estavas enganado. Foste enganado pelas formas nas quais o chamado estava escon­dido. E assim não o escutaste, e perdeste um amigo que sempre quis ser parte de ti. O suave apelo eterno de cada parte da criação de Deus ao todo é ouvido através de todo o mundo que essa se­gunda lição traz.
9. Não existe coisa viva que não compartilhe da Vontade univer­sal de ser íntegra e de que tu não deixes de ouvir esse chamado. Sem a tua resposta, ela é abandonada para morrer, assim como foi salva da morte quando ouviste o seu chamado como o antigo chamado à vida e compreendeste que ele é apenas o teu próprio. O Cristo em ti lembra de Deus com toda a certeza com a qual Ele conhece o Seu Amor. Mas só se o Seu Filho for inocente é que Ele pode ser Amor. Pois Deus teria sido medo, de fato, se aquele a quem Ele criou inocente pudesse ser um escravo da culpa. O Filho perfeito de Deus lembra da sua criação. Mas na culpa ele se esqueceu do que realmente é.
10. O medo de Deus decorre da lição segundo a qual o Seu Filho é culpado tanto quanto o Amor de Deus tem que ser relembrado quando ele aprende a própria inocência. Pois o ódio não pode deixar de ser o pai do medo, e olha para o seu pai como para si mesmo. Como estás errado, tu que falhas em ouvir o chamado que ecoa através de cada aparente apelo para a morte, que canta por trás de cada ataque assassino e implora que o amor seja de­volvido ao mundo moribundo! Tu não compreendes Quem te chama além de cada forma de ódio, de cada chamado para a guerra. Entretanto, irás reconhecê-Lo na medida em que dás a Ele uma resposta na linguagem com a qual Ele te chama. Ele aparecerá quando Lhe tiveres respondido, e Nele conhecerás que Deus é Amor.
11. O que é a tentação senão um desejo de tomar a decisão errada quanto ao que queres aprender e ter um resultado que não que­res? É o reconhecimento de que um estado mental indesejado vem a ser o meio pelo qual a escolha é reavaliada, um outro re­sultado visto como preferível. Estás enganado se acreditas que queres o desastre, a desunião e a dor. Não ouças o chamado para isso dentro de ti. Mas, ao contrário, escuta o chamado mais pro­fundo que está além disso, apelando para a paz.e para a alegria. E todo o mundo te dará alegria e paz. Pois assim como ouves, tu respondes. E eis aqui! A tua resposta é a prova do que aprendes­te. O resultado do que aprendeste é o mundo que contemplas.
12. Vamos ficar quietos por um instante e esquecer todas as coisas que já aprendemos, todos os pensamentos que tivemos e todo preconceito que guardamos quanto ao que significam as coisas e qual é o seu propósito. Não nos lembremos das nossas próprias idéias a respeito de qual é o objetivo do mundo. Nós não sabe­mos. Soltemos todas as imagens que guardamos de todas as pes­soas e que sejam varridas das nossas mentes.
13. Sê inocente de julgamento, inconsciente de quaisquer pensa­mentos de mal ou bem que jamais tenham cruzado a tua mente a respeito de quem quer que seja. Agora não o conheces. Mas estás livre para aprender sobre ele e aprender sobre ele de uma forma nova. Agora ele nasceu de novo para ti e tu nasceste de novo para ele, sem o passado que o condenava à morte e a ti junto com ele. Agora ele é livre para viver assim como tu és livre, porque um aprendizado antigo morreu e deixou um lugar para que a verdade renascesse.

II. Caminhando com Cristo

1. Não se supera uma lição antiga pela oposição do novo e do velho. Ele não tem que ser vencido para que a verdade seja conhecida, nem é necessário lutar contra ele para que ele perca para o apelo da verdade. Não há nenhuma batalha que tenha que ser preparada; não há tempo a ser gasto, nem planos que tenham que ser elaborados para trazer o novo. Há uma antiga batalha sendo travada contra a verdade, mas a verdade não responde. Quem poderia ferir-se em tal guerra, a não ser que ferisse a si mesmo? Não se tem inimigos na verdade. E é possível ser assaltado por sonhos?
2. Vamos rever outra vez o que parece estar entre tu e a verdade do que tu és. Pois existem passos para abandonar isso. O pri­meiro é uma decisão que tomas. Mas em seguida, a verdade te é dada. Queres estabelecer a verdade. E pelo teu desejo colocas duas escolhas a serem feitas, a cada vez que pensas que tens que decidir sobre uma coisa qualquer. Nenhuma das duas é verda­deira. Nem são elas diferentes. No entanto, temos que vê-las ambas, antes que possas olhar para o que vem depois, para a única alternativa que é uma escolha diferente. Mas não nos so­nhos que fizeste para que isso possa ficar obscuro para ti.
3. Aquilo entre o que queres escolher não é uma escolha e apenas dá a ilusão de que é livre, pois de qualquer modo terá um único resultado. Assim, não é realmente uma escolha. O líder e o se­guidor emergem como papéis a serem desempenhados de forma separada, cada um aparentemente possuidor de vantagens que não gostarias de perder. Assim, na fusão dos dois aparentemente está a esperança da satisfação e da paz. Tu te vês dividido entre esses dois papéis, para sempre partido entre ambos. E todo ami­go ou inimigo vem a ser um meio de ajudar-te a salvar a ti mes­mo dessa situação.
4. Talvez chames isso de amor. Talvez penses que isso finalmente justifique o assassinato. Odeias aquele a quem deste o papel de líder quando tu o queres para ti mesmo e odeias do mesmo modo quando ele não o assume nos momentos em que queres que o seguidor em ti emerja, renunciando ao papel da liderança. E é para isso que fizeste o teu irmão e aprendeste a pensar que esse é o seu propósito. A não ser que ele o sirva, não terá cumprido a função que lhe foi dada por ti. E assim merece a morte porque não tem propósito nem utilidade para ti.
5. E ele? O que quer ele de ti? O que poderia querer senão aqui­lo que tu queres dele? Aí está a vida, tão facilmente como está a morte, pois o que escolhes, escolhes para ele também. Tu lhe fazes dois apelos, assim como ele a ti. Entre esses dois existe esco­lha porque a partir daí há um resultado diferente. Se ele vai ser o líder ou o seguidor em relação a ti não importa, pois escolheste a morte. Mas se ele clama pela morte ou pela vida, pelo ódio ou pelo perdão e pela ajuda, o resultado não é o mesmo. Dá ouvi­dos a um e estás separado dele e perdido. Mas ouve o outro e te unes a ele, e na tua resposta acha-se a salvação. A voz que ouves nele não é senão a tua própria voz. O que é que ele te pede? E escuta bem! Pois ele está pedindo aquilo que virá a ti, porque vês uma imagem de ti mesmo e ouves a tua voz solicitando o que tu queres.
6. Antes de responderes, faze uma pausa e pensa nisso:
A resposta que dou ao meu irmão é o que eu estou pedindo. E o que aprendo sobre ele é o que aprendo a respeito de mim.
4. Então, vamos aguardar um instante em quietude, esquecendo tudo o que pensamos que ouvimos; lembrando-nos de quanto nós não sabemos. Esse irmão nem nos conduz, nem nos segue, mas caminha ao nosso lado na mesma estrada. Ele é como nós, tão próximo ou distante do que queremos quanto o permitimos estar. Nada ganhamos que ele não ganhe conosco e regredimos se ele não avança. Não tomes a sua mão com raiva, mas com amor, pois no seu progresso avalias o teu. Nós vamos pela es­trada separados a não ser que tu o mantenhas a salvo ao teu lado.
7. Porque ele é o teu igual no Amor de Deus, serás salvo de todas as aparências e responderás ao Cristo Que te chama. Aquieta-te e escuta. Não penses pensamentos antigos. Esquece as lições som­brias que aprendeste a respeito deste Filho de Deus que te chama. Cristo apela para todos com igual ternura, sem ver líderes ou seguidores, ouvindo apenas uma resposta para todos. Porque Ele ouve uma única Voz, não pode ouvir uma resposta diferente da­quela que Ele deu quando Deus O apontou como Seu único Filho.
8. Fica bem quieto por um instante. Vem sem nenhum pensa­mento que tenhas aprendido antes e põe de lado todas as ima­gens que fizeste. O velho sucumbirá diante do novo sem a tua oposição ou intenção. Não haverá nenhum ataque contra as coi­sas que pensaste que eram preciosas e necessitavam de cuidado. Não haverá nenhuma agressão ao teu desejo de ouvir um cha­mado que nunca foi feito. Nada irá ferir-te nesse lugar santo, ao qual vens para ouvir em silêncio e aprender a verdade sobre o que realmente queres. Não te será pedido para aprender nada mais do que isso. Mas à medida em que o ouvires, compreende­rás que apenas necessitas vir sem os pensamentos que não qui­seste e que nunca foram verdadeiros.
9. Perdoa o teu irmão por todas as aparências, que não são senão antigas lições que ensinaste a ti mesmo sobre o pecado em ti. Ouve apenas o seu apelo por misericórdia e liberação de todas as imagens amedrontadoras que ele mantém do que ele é e do que tu não podes deixar de ser. Ele tem medo de caminhar contigo e pensa que talvez um pouco mais para trás ou um pouco adiante seria um lugar mais seguro para ele. É possível progredires se pensas o mesmo, avançando somente quando ele dá um passo atrás, e regredindo quando ele segue adiante? Pois assim esque­ces a meta da jornada, que é apenas decidires caminhar com ele de modo que nenhum dos dois conduza nem siga. Assim, esse é um caminho pelo qual vós ides juntos, não sozinhos. E nesta escolha o resultado do aprendizado muda, pois Cristo renasceu para vós.
10. Um instante passado sem as tuas antigas idéias a respeito de quem é o teu grande companheiro e do que ele deveria estar pedindo, será suficiente para permitir que isso aconteça. E per­ceberás que o seu propósito é igual ao teu. Ele pede pelo que queres, e necessita da mesma coisa que tu. Ela talvez tome uma forma diferente nele, mas não é à forma que respondes. Ele pede e tu recebes, pois vieste apenas com um propósito: aprenderes que amas o teu irmão com amor de irmão. E como um irmão, o seu Pai tem que ser o mesmo que o teu, assim como ele é como tu és na verdade.
11. Juntos, a vossa herança conjunta é relembrada e aceita por am­bos. Sozinhos, ela é negada a ambos. Não está claro que en­quanto ainda insistes em conduzir ou seguir, pensas que cami­nhas sozinho, sem ninguém a teu lado? Essa é a estrada que não leva a lugar nenhum, pois a luz não pode ser dada enquanto tu caminhas sozinho e assim não podes ver qual é o caminho que segues. E assim há confusão e um senso de dúvida interminável à medida em que titubeias para trás e para frente na escuridão e na solidão. Entretanto, tudo isso não passa de aparências do que na verdade é a jornada e de como deve ser feita. Pois ao teu lado está Aquele Que mantém a luz diante de ti, de tal modo que cada passo seja dado na certeza e com segurança quanto à estrada. Uma viseira, de fato, pode obscurecer a tua vista, mas não pode fazer com que o caminho em si mesmo se torne escuro. E Aquele Que caminha contigo tem a luz.

III. Aqueles que acusam a si mesmos

1. Só aqueles que se acusam condenam. À medida em que te preparas para fazer uma escolha que terminará em resultados diferentes, há em primeiro lugar uma coisa que tem que ser su­per-aprendida. Ela tem que vir a ser uma resposta habitual tão típica para tudo o que fizeres, que vem a ser a tua primeira res­posta a todas as tentações e a todas as situações que ocorram. Aprende isso e aprende bem, pois é aqui que o atraso da felicida­de é diminuído por uma quantidade de tempo que nem sequer podes compreender. Nunca odeias o teu irmão pelos seus peca­dos, mas só pelos teus. Qualquer que seja a for~a que os seus pecados pareçam tomar, ela só obscurece o fato de que acreditas que são teus e portanto merecem um ataque “justo.”
2. Por que deveriam os seus pecados ser pecados, se não acre­ditasses que não poderiam ser perdoados em ti? Por que seriam reais nele, se tu não acreditasses que eles são a tua realidade? E por que os atacas em toda a parte a não ser porque odeias a ti mesmo? És tu um pecado? Respondes “sim” toda vez que ata­cas, pois através do ataque afirmas que és culpado e tens que dar assim como mereces. E o que podes merecer senão aquilo que és? Se não acreditasses que mereces o ataque, jamais poderia te ocorrer atacar qualquer outra pessoa. Por que deverias? Qual seria o ganho para ti? Qual poderia ser o resultado para que o quisesses? E como poderia o assassinato te trazer benefício?
3. Os pecados estão nos corpos. Eles não são percebidos nas men­tes. Não são vistos como propósitos, mas como ações. Os corpos agem, as mentes não. E, portanto, é preciso que o corpo seja cul­pado pelo que faz. Ele não é visto como uma coisa passiva que obedece aos teus comandos e nada faz por conta própria. Se tu és pecado, és um corpo, pois a mente não age. E o propósito tem que estar no corpo e não na mente. O corpo tem que agir por conta própria e motivar a si mesmo. Se tu és pecado, trancas a mente dentro do corpo e dás o propósito que lhe é devido à casa que lhe serve de cadeia, a qual atua no lugar dela. Um carcereiro não segue ordens, mas executa ordens em relação ao prisioneiro.
4. No entanto, o corpo é prisioneiro, não a mente. O corpo não tem pensamentos a pensar. Não tem poder de aprender, de per­doar, de escravizar. Ele não dá nenhuma ordem que a mente tenha que cumprir, nem estabelece condições que ela tenha que obedecer. Ele mantém na prisão apenas a mente que voluntaria­mente quer aí habitar. Adoece a pedido da mente que quer vir a ser sua prisioneira. E envelhece e morre porque essa mente está doente dentro dele. Só o aprendizado causa mudança. E assim o corpo, onde não pode ocorrer nenhum aprendizado, jamais po­deria mudar a não ser que a mente preferisse que o corpo mu­dasse em suas aparências para se adequar ao propósito dado por ela. Pois a mente pode aprender e é lá que todas as mudanças são feitas.
5. A mente que pensa que é um pecado não tem senão um propó­sito: que o corpo seja a origem do pecado para mantê-la na cadeia que escolheu e guarda e que a retém como um prisioneiro ador­mecido diante dos cães ameaçadores do ódio e do mal, da doença e do ataque, da dor e da idade, do pesar e do sofrimento. Aqui são preservados os pensamentos de sacrifício, pois aqui reina a culpa e essa ordena que o mundo seja como ela, um lugar onde nada pode achar misericórdia, nem sobreviver à devastação do medo, exceto no assassinato e na morte. Pois aqui tu és feito pecado e o pecado não pode habitar no que é alegre e livre, pois eles são os inimigos que o pecado tem que matar. Na morte o pecado é preservado e aqueles que pensam que são um pecado têm que morrer pelo que pensam que são.
6. Vamos ficar contentes porque verás aquilo que acreditas e te foi dado mudar o que acreditas. O corpo apenas seguirá. Ele jamais pode conduzir-te aonde não queres estar. Ele não guarda o teu sono, nem interfere com o teu despertar. Liberta o teu cor­po da prisão e não verás ninguém como prisioneiro daquilo que escapaste. Não irás querer manter na culpa os inimigos escolhi­dos por ti, nem guardar aqueles que pensas que são teus amigos acorrentados à ilusão de um amor mutável.
7. Os inocentes liberam em gratidão pela própria liberação. E o que vêem mantém a sua liberdade fora do aprisionamento e da morte. Abre a tua mente para a mudança e não existirá nenhuma penalidade antiga que possa ser cobrada do teu irmão ou de ti. Pois Deus disse que não há nenhum sacrifício que possa ser pedi­do e não há nenhum sacrifício que possa ser feito.

*

8. Existe uma escolha que tens o poder de fazer quando tiveres visto as alternativas reais. Até que esse ponto seja alcançado, não tens escolha e não podes fazer nada além de decidir como farás a melhor escolha para enganar a ti mesmo outra vez. Esse curso não tenta ensinar mais do que o fato de que o poder de decisão não pode estar na escolha de diferentes formas daquilo que ainda é a mesma ilusão e o mesmo equívoco. Todas as escolhas no mundo dependem disso: tu escolhes entre tu e o teu irmão e ga­nharás tanto quanto ele perderá, e o que perdes é o que é dado a ele. Como isso é totalmente oposto à verdade, quando todo o propósito da lição é ensinar que o que o teu irmão perde tu per­deste e o que ele ganha é o que é dado a ti.
9. Ele não deixou os Seus Pensamentos! Mas tu esqueceste a Sua Presença e não recordaste o Seu Amor. Nenhum atalho no mun­do pode conduzir a Ele e nenhuma meta mundana pode ser una com a Sua. Que estrada em todo o mundo conduzirá para o que está dentro, quando todas as estradas foram feitas para separar a jornada do propósito que ela não pode deixar de ter, a não ser que não passe de um fútil vagar? Todas as estradas que condu­zem para longe do que tu realmente és te conduzirão à confusão e ao desespero. Entretanto, Ele jamais deixou os Seus Pensamen­tos para que morressem, sem que a sua Fonte estivesse para sem­pre neles mesmos.
10. Ele não deixou os Seus Pensamentos! Ele não poderia separar­-se deles, assim como eles não poderiam mantê-Lo de fora. Em unidade com Ele todos vivem, e na sua unicidade Ambos se man­têm completos. Não existe nenhuma estrada que conduza para longe Dele. Uma jornada para fora de ti não existe. Como é tolo e insano pensar que poderia existir uma estrada com tal objetivo! Aonde poderia ela ir? E como seria possível fazer com que tu viajasses por ela, andando por lá sem a tua própria realidade em unidade contigo?
11. Perdoa a ti mesmo a tua loucura e esquece todas as jornadas sem sentido e todos os objetivos sem meta. Eles não têm nenhum significado. Não podes escapar do que tu és. Pois Deus é miseri­cordioso e não deixou que o Seu Filho O abandonasse. Sê grato pelo que Ele é, pois nisso está o teu escape da loucura e da morte. Em lugar nenhum, a não ser onde Ele está, podes tu ser encon­trado. Não existe nenhum atalho que não conduza.a. Ele.

V. Auto conceito versus Ser*

I. O que se aprende desse mundo é construído em cima de um auto-conceito que é ajustado à realidade do mundo. Ele cabe bem nele. Pois essa é uma imagem apropriada a um mundo de som­bras e de ilusões. Aqui ela caminha em casa, onde o que vê é uno com ela. O aprendizado do mundo serve para construir um auto­conceito. Esse é o seu propósito: que venhas sem um auto-concei­to e o faças à medida em que segues adiante.E na- época em que atingires a “maturidade”, tu o terás aperfeiçoado para enfrentar o mundo em termos iguais, em unidade com as suas exigências.
2. Um auto-conceito é feito por ti. Ele não tem absolutamente qualquer semelhança contigo. É um ídolo feito para tomar o lu­gar da tua realidade como Filho de Deus. O auto-conceito que o mundo quer ensinar não é o que aparenta ser. Pois ele é feito para servir a dois propósitos, apenas um dos quais a mente é capaz de reconhecer. O primeiro apresenta a face da inocência, o aspecto que é encenado. É essa face que sorri e cativa, e até mes­mo parece amar. Ela busca companheiros e às vezes olha com pena para os que sofrem e às vezes oferece alívio. Acredita que é boa dentro de um mundo mau.
3. Esse aspecto pode ter raiva, pois o mundo é ruim e não é capaz de prover o amor e o abrigo que a inocência merece. E assim, freqüentemente, essa face se banha de lágrimas pelas injustiças que o mundo faz para com aqueles que querem ser generosos e bons. Esse aspecto nunca ataca em primeiro lugar. Mas a cada dia, uma centena de pequenas coisas constituem pequenos ata­ques à sua inocência, provocando-a à irritação e, afinal, aberta­mente ao insulto e ao abuso.
4. A face da inocência que o auto-conceito veste com tanto orgu­lho pode tolerar o ataque em autodefesa, pois não é fato bem conhecido que o mundo trata com dureza a inocência indefesa? Ninguém que faça um retrato de si mesmo omite essa face, pois tem necessidade dela. O outro lado, ele não quer ver. Entretan­to, é aqui que o aprendizado do mundo fixou seus olhares, pois é aqui que a “realidade” do mundo é estabelecida para garantir que o ídolo perdure.
5. Por baixo da face da inocência há uma lição que o auto-concei­to tem como finalidade ensinar. É uma lição sobre um desloca­mento terrível e um medo tão devastador que a face que sorri na superfície tem que olhar para longe disso para sempre, para não perceber a traição que ela oculta. Isso é o que a lição ensina: “Eu sou essa coisa que fizeste de mim e olhando para mim tu és con­denado devido ao que eu sou.” A esse auto-conceito o mundo sorri com aprovação, pois ele garante que os caminhos do mundo sejam mantidos a salvo e aqueles que caminham por eles não escaparão.
6. Aqui está a lição central que garante que o teu irmão está eter­namente condenado. Pois agora o que és passa a ser o seu peca­do. Para isso não há perdão possível. Já não mais importa o que ele faz, pois o teu dedo acusador aponta para ele sem vacilar e é mortal em seu objetivo. Ele aponta para ti também, mas isso é mantido no que ainda é mais profundo, na névoa abaixo da face da inocência. E nesses túmulos amortalhados todos os seus peca­dos e os teus são preservados e mantidos na escuridão aonde não podem ser percebidos como erros, o que a luz seguramente mos­traria. Tu não podes ser acusado pelo que és, tampouco podes mudar as coisas que ele te faz fazer. O teu irmão, portanto, é o símbolo dos teus pecados para ti, e tu silenciosamente mas ainda assim com urgência incessante, ainda condenas o teu irmão pela coisa odiosa que tu és.
7. Conceitos são aprendidos. Eles não são naturais. À parte do aprendizado, não existem. Eles não são dados, portanto, têm que ser feitos. Nenhum deles é verdadeiro e muitos vêm de imagina­ções febris, quentes de ódio e de distorções nascidas do medo. O que é um conceito senão um pensamento para o qual aquele que o faz dá um significado que lhe é próprio? Conceitos mantêm o mundo. Mas não podem ser usados para demonstrar que o mun­do é real. Pois todos são feitos dentro do mundo, nascidos na sua sombra, crescendo pelos seus caminhos e finalmente “amadure­cidos” em seu pensamento. Eles são idéias de ídolos, pintados com os pincéis do mundo que não podem fazer nem um único retrato que represente a verdade.
8. Um auto-conceito não tem significado, pois ninguém aqui pode ver para que serve e portanto não é capaz de retratar o que ele é. Mesmo assim, todo o aprendizado que o mundo dirige começou e terminou com o simples objetivo de ensinar-te esse conceito de ti mesmo para que escolhas seguir as leis desse mundo e nunca bus­ques ir além das suas estradas nem compreender o modo como vês a ti mesmo. Agora, o Espírito Santo tem que achar um modo para ajudar-te a ver que esse auto-conceito tem que ser desfeito, se é que queres que alguma paz seja dada à tua mente. Tampouco pode ele ser desaprendido, a não ser através de lições que tenham o objetivo de te ensinar que és uma outra coisa. Pois de outro modo, te seria pedido que trocasses aquilo em que agora acreditas pela perda total do ser e terror ainda maior surgiria em ti.
9. Assim, o plano de lições do Espírito Santo é organizado em passos fáceis nos quais, embora algumas vezes possa haver um certo desconforto e alguma aflição, não há uma quebra do que foi aprendido, apenas uma re-tradução do que parece ser a evidên­cia a favor disso. Vamos considerar, então, que prova existe de que és o que o teu irmão fez de ti. Pois mesmo que ainda não percebas que é isso o que pensas, com certeza a essa altura já aprendeste que te comportas como se fosse assim. Por acaso ele reage por ti? E ele sabe exatamente o que iria acontecer? Ele é capaz de ver o teu futuro e ordenar, antes que ele venha, o que deverias fazer em cada circunstância? Ele tem que ter feito o mundo assim como a ti para poder ter toda essa ciência prévia das coisas que virão.
10. Que sejas o que o teu irmão fez de ti parece muito improvável. Mesmo que ele tivesse feito isso, quem te deu a face da inocência? É essa a tua contribuição? Quem é, então, o “tu” que a fez? E quem é enganado por toda a tua bondade e a ataca tanto? Vamos esquecer a tolice do conceito e meramente pensar nisso: existem duas partes no que pensas que és. Se uma foi gerada pelo teu irmão, quem estava lá para fazer a outra? E de quem é preciso esconder alguma coisa? Se o mundo é mau, ainda assim não há necessidade de esconder de que tu és feito. Quem está lá para ver? E o que necessitaria de defesa, a não ser o que é atacado?
11. Talvez a razão pela qual esse conceito tenha que ser mantido na escuridão seja o fato de que, na luz, aquele que não pensaria que ele é verdadeiro seria tu. E o que aconteceria com o mundo que vês, se todos as suas construções básicas fossem removidas? O teu conceito do mundo depende desse auto-conceito. E am­bos desapareceriam, se qualquer um deles fosse posto em dúvi­da. O Espírito Santo não busca empurrar-te ao pânico. Portanto, Ele meramente pergunta se poderia levantar apenas uma peque­na questão.
12. Há alternativas para essa coisa que não podes deixar de ser. Poderias, por exemplo, ser a coisa que escolheste que o teu ir­mão fosse. Isso desloca o auto-conceito de algo que é totalmente passivo e pelo menos abre caminho para uma escolha ativa e para algum reconhecimento de que alguma interação tem que ter entrado nisso. Existe alguma compreensão de que escolheste por ambos, e o que ele representa tem um significado que foi dado por ti. Isso mostra também um vislumbre da lei da percepção, segundo a qual o que vês reflete o estado da mente de quem percebe. Contudo, quem foi que fez a escolha em primeiro lu­gar? 7Se és aquilo que escolheste que o teu irmão fosse, existiram alternativas entre as quais escolher e alguém tem que ter decidi­do em primeiro lugar qual delas escolher e qual abandonar.
13. Embora esse passo ofereça ganhos, ainda não levanta uma questão básica. Alguma coisa tem que ter se passado antes desses auto-conceitos. E alguma coisa tem que ter feito o aprendizado que os fez surgir. Tampouco isso pode ser explicado por nenhu­ma das duas perspectivas. A principal vantagem do deslocamen­to da primeira para a segunda é que de algum modo entraste nessa escolha pela tua decisão. Mas esse ganho é pago com uma perda quase igual, pois agora és acusado da culpa pelo que o teu irmão é. E tens que compartilhar a sua culpa, porque a escolheste para ele à imagem da tua. Enquanto antes somente ele era trai­dor, agora tens que ser condenado junto com ele.
14. O auto-conceito sempre foi a grande preocupação do mundo. E todos acreditam que têm que achar uma resposta para o enig­ma por si mesmos. A salvação pode ser vista como nada além do escapar de conceitos. Ela não se preocupa com o conteúdo da mente, mas com a simples declaração de que ela pensa. E o que pode pensar, ela pode escolher e pode ser mostrado a ela que diferentes pensamentos têm conseqüências diferentes. Assim, é capaz de aprender que tudo o que pensa reflete a profunda con­fusão que sente a respeito de como foi feita e do que é. E vaga­mente o auto-conceito parece responder àquilo que ela não sabe.
15. Não busques o teu Ser em símbolos. Não pode existir nenhum conceito para representar o que tu és. Que importa qual o con­ceito que aceitas, enquanto percebes um ser que interage com o mal e reage à coisas perversas? O teu conceito de ti mesmo ainda permanecerá sem significado. E não perceberás que não podes interagir senão contigo mesmo. Ver um mundo culpado não é senão o sinal de que o teu aprendizado foi guiado pelo mundo e tu olhas para ele assim como vês a ti mesmo. O auto-conceito engloba tudo aquilo que contemplas e nada está fora dessa per­cepção. Se podes ser ferido por qualquer coisa, vês um retrato dos teus desejos secretos. Nada mais do que isso. E, em qual­quer espécie de sofrimento que possas ter, vês o teu próprio desejo escondido de matar.
16. Tu farás muitos auto-conceitos à medida em que o aprendiza­do vai avançando. Cada um mostrará as mudanças nos teus pró­prios relacionamentos, conforme a tua percepção de ti mesmo é mudada. Haverá uma certa confusão cada vez que houver um deslocamento, mas que sejas grato pelo fato de que o aprendiza­do do mundo está afrouxando o controle que tem sobre a tua mente. E tenhas certeza e sejas feliz na confiança de que ele afinal desaparecerá e deixará a tua mente em paz; o papel do acu­sador aparecerá em muitos lugares e sob muitas formas. E cada uma parecerá estar acusando a ti. Entretanto, não tenhas medo de que ele não seja desfeito.
17. O mundo não é capaz de ensinar nenhuma imagem de ti, a não ser que tu queiras aprendê-las. Um tempo virá em que todas as imagens terão desaparecido e verás que não sabes o que és. É para essa mente aberta e sem lacres que a verdade retorna, sem impedimentos e sem limites. Ali, onde os auto-conceitos foram postos de lado, a verdade é revelada exatamente como é. Quan­do todos os conceitos tiverem sido erguidos à dúvida e ao ques­tionamento e quando tiverem sido reconhecidos como tendo sido feitos com base em hipóteses que não podem fazer face à luz, então, a verdade está livre para entrar no seu santuário, limpa e livre de culpa. Não há declaração que o mundo tenha mais medo de ouvir do que essa:
Eu não sei o que sou e, portanto, não sei o que estou fazendo, onde estou ou como olhar para o mundo ou para mim mesmo.
Entretanto, é aprendendo isso que nasce a salvação. E O Que tu és te falará de Si Mesmo.

VI. O reconhecimento do Espírito

1. Vês a carne ou reconheces o espírito. Não é possível nenhuma transigência entre os dois. 5e um é real, o outro tem que ser falso, porque o que é real nega o seu oposto. Não existe nenhuma esco­lha na visão, exceto essa. O que decides em relação a isso define tudo o que vês e pensas que é real e manténs como verdadeiro. Dessa única escolha depende todo o teu mundo, pois aqui esta­beleceste o que tu és, carne ou espírito na tua própria crença. Se escolhes a carne, jamais escaparás ao corpo como tua própria rea­lidade, pois escolheste que queres assim. Mas escolhe o espírito e todo o Céu se inclina para tocar os teus olhos e abençoar a tua vista santa, para que não mais possas ver o mundo da carne exce­to para confortar e curar e abençoar.
2. A salvação é desfazer. Se escolhes ver o corpo, contemplas um mundo de separação, de coisas que não são relacionadas entre si e acontecimentos que não fazem absolutamente nenhum sentido. Esse aparece e desaparece na morte; aquele está condenado ao sofrimento e à perda. E ninguém é exatamente como era um ins­tante antes e nem será como é agora daqui a um instante. Quem poderia ter confiança quando tanta mudança é vista, pois quem poderia ser digno se não passa de pó? A salvação é o desfazer de tudo isso. A constância surge na vista daqueles cujos olhos a sal­vação liberou da contemplação do custo da manutenção da culpa porque escolheram soltá-la em vez de mantê-la.
3. A salvação não pede que vejas o espírito e não percebas o cor­po. Ela meramente pede que essa seja a tua escolha. Pois podes ver o corpo sem ajuda, mas não compreendes como contemplar um mundo à parte dele. É o teu mundo que a salvação vai desfa­zer e te deixará ver um outro mundo, que os teus olhos jamais poderiam achar. Não te preocupes com a forma como isso pode acontecer. Não compreendes como o que vês surgiu à tua vista. Pois se compreendesses, já teria desaparecido. O véu da igno­rância cobre o mal e o bem e tem que ser ultrapassado para que ambos possam desaparecer, de tal modo que a percepção não ache nenhum lugar para se esconder. Como se faz isso? Não se faz absolutamente nada. O que poderia haver dentro do univer­so que Deus criou que ainda tivesse que ser feito?
4. Só na arrogância poderias conceber que tens que aplainar o caminho para o Céu. A ti é dado o meio através do qual podes ver o mundo que irá substituir aquele que fizeste. Seja feita a tua vontade! No Céu assim como na terra, isso é para sempre verda­deiro. Não importa onde acreditas que estejas, nem o que pensas que tem que ser realmente a verdade a respeito de ti mesmo. O que olhas não faz diferença, nem o que escolhes pensar, sentir ou desejar. Pois o Próprio Deus disse: “Seja feita a tua vontade.” E conseqüentemente ela é feita para ti.
5. Tu, que acreditas que podes escolher ver o Filho de Deus como queres que ele seja, não te esqueças que nenhum conceito de ti mesmo poderá opor-se à verdade do que tu és. Desfazer a verda­de seria impossível. Mas conceitos não são difíceis de mudar. Uma única visão, claramente vista, que não se adequa ao retrato tal como era percebido antes, mudará o mundo para olhos que aprendem a ver porque o auto conceito terá sido mudado.
6. És invulnerável? Então o mundo, no teu modo de ver, não pode causar dano. Perdoas? Então, o mundo perdoa, pois tu perdoaste as ofensas do mundo e assim ele olha para ti com olhos que vêem como os teus. És um corpo? Nesse caso, o mundo todo é percebido como traidor e disposto a matar. És um espíri­to, sem a morte e sem a promessa da corrupção e a mancha do pecado sobre ti mesmo? Nesse caso, o mundo é visto como está­vel, inteiramente digno da tua confiança; um lugar feliz no qual se descansa por algum tempo, onde nada precisa ser temido, mas ap~nas amado. Quem não é bem-vindo para aquele que é benig­no de coração? E o que poderia ferir o que é verdadeiramente inocente?
7. Seja feita a tua vontade, tu, santa criança de Deus. Não impor­ta se pensas que estás na terra ou no Céu. O que em Sua Vontade o teu Pai quer de ti não pode mudar nunca. A verdade em ti permanece tão radiante quanto uma estrela, tão pura quanto a luz, tão inocente quanto o próprio amor. E tu. és digno de que seja feita a tua vontade!

VII. A visão do salvador

1. Aprender é mudar. A salvação não busca usar meios tão estra­nhos ao teu pensamento que não te possam ser úteis, nem fazer mudanças que não serias capaz de reconhecer. Conceitos são ne­cessários enquanto dura a percepção e mudar os conceitos é tarefa da salvação. Pois ela tem que lidar com contrastes, não na verda­de, que não tem oposto e não pode mudar. Nos conceitos desse mundo, os culpados são “maus”, os “bons” são inocentes. E ninguém aqui deixa de fazer um conceito. De si mesmo no qual conta com o “bom” para lhe perdoar o “mau”. Tampouco confia no “bom” de qualquer pessoa, acreditando que o “mau” deve estar escondido atrás, pronto para atacar. Esse conceito enfatiza a traição e a confiança vem a ser impossível. Nem poderia ele mudar enquanto percebes o “mau” em ti.
2. Não poderás reconhecer os teus pensamentos “maus” enquanto vês qualquer valor no ataque. Tu os perceberás algumas vezes, mas não os verás sem significado. E assim eles vêm em forma amedrontadora, com o conteúdo ainda oculto, para abalar o teu pobre conceito de ti mesmo e torná-lo ainda mais negro com ainda outro “crime”. Não podes dar a tua inocência a ti mesmo, pois estás por demais confuso acerca de ti. Mas caso um irmão desponte na tua vista como totalmente digno de perdão, então o teu conceito de ti mesmo é totalmente mudado. Os teus pensamentos “maus” terão sido perdoados junto com os seus, porque não permitiste que nenhum deles te afetasse. Não mais escolhes ser o sinal do mal e da culpa no teu irmão. E à medida em que dás a tua confiança para o que é bom nele, tu a dás para o que é bom em ti.
3. Em termos de conceitos, é dessa forma que o vês como mais do que apenas um corpo, pois o que é bom nunca é o que o corpo parece ser. As ações do corpo são percebidas como vindas da parte “mais baixa” de ti mesmo e assim dele também. Ao focali­zar o que é o bom nele, o corpo fica cada vez menos persistente no teu modo de vê-lo e, a longo prazo, será visto como pouco mais do que uma sombra contornando o que é bom. E esse será o teu conceito de ti mesmo, quando tiveres alcançado o mundo que está além da vista que os teus olhos, por si mesmos, podem te oferecer para que vejas. Pois não interpretarás o que vês “sem a Ajuda Que Deus te deu. E no Seu modo de ver, existe um outro mundo.
4. Tu vives naquele mundo tanto quanto nesse. Pois ambos são conceitos de ti mesmo, que podem ser alternados, mas nunca con­juntamente mantidos. O contraste é muito maior do que pensas, pois amarás esse conceito de ti mesmo, porque ele não foi feito apenas para ti. Nascido como uma dádiva para alguém que não foi percebido como o teu próprio ser, ela te foi dada. Pois o teu perdão, oferecido a ele, agora foi aceito por ambos.
5. Tem fé naquele que caminha contigo de forma que o conceito amedrontador que tens de ti mesmo possa mudar. E olha para o que é bom nele de modo que possas não te assustar com os teus pensamentos “maus”, porque eles não anuviam o que tu vês nele. E tudo o que essa alteração requer é que estejas disposto que essa feliz mudança ocorra. Nada além disso é pedido. Em nome dela, lembra-te do que o conceito de ti mesmo que manténs agora te trouxe em seu rastro, e dá boas-vindas ao alegre contraste que te foi oferecido. Estende a tua mão para que possas ter a dádiva do perdão benigno que ofereces àquele, cuja necessidade de perdão é exatamente a mesma que a tua. E permite que o teu cruel concei­to de ti mesmo seja mudado para outro, aquele que traz a paz de Deus.
6. O conceito de ti mesmo que agora manténs garantiria que a tua função aqui permanecesse para sempre sem ser realizada e sem ser cumprida. E assim ele te condena a uma amarga sensação de profunda depressão e futilidade. No entanto, ele não precisa ser fixo, a não ser que escolhas mantê-lo além da esperança de ser mudado e guardá-lo estático e oculto dentro da tua mente. Em vez disso, entrega-o Àquele Que compreende as mudanças das quais ele necessita para permitir que sirva à função que te foi dada para te trazer paz, para que possas oferecer paz de modo a tê-la como tua. As alternativas estão em tua mente para serem usadas e tu podes ver a ti mesmo de outro modo. Não preferirias olhar para ti mesmo como alguém que é necessário à salvação do mun­do, ao invés de ser um inimigo da salvação?
7. O auto conceito se ergue como um escudo, uma barricada silen­ciosa diante da verdade e esconde-a da tua vista. Todas as coisas que vês são imagens, porque olhas para elas como por uma barrei­ra que diminui a tua vista e deturpa a tua visão de tal forma que nada contemplas com clareza. A luz se afasta de tudo o que vês. Na melhor das hipóteses, vislumbras uma sombra do que está além. Na pior, apenas olhas a escuridão e percebes os frutos das imaginações aterrorizadoras que vêm de pensamentos de culpa e conceitos nascidos do medo. E o que vês é o inferno, pois o medo é o inferno. Tudo o que te é dado é para a liberação: a vista, a visão e o Guia interior, todos te conduzem para fora do inferno com aqueles que amas a teu lado e o universo junto com eles.
8. Contempla o teu papel dentro do universo! À cada parte da verdadeira criação o Senhor do Amor e da Vida confiou toda a salvação da miséria do inferno. E a cada um Ele permitiu a graça de ser um salvador para as pessoas santas especialmente confiadas ao seu cuidado. E isso ele aprende quando, pela primeira vez, olha para um irmão do mesmo modo como olha para si mesmo e nele vê o espelho de si mesmo. Assim o conceito que ele fazia de si mesmo é deixado de lado, pois nada permanece entre a sua vista e aquilo que ele olha, para julgar o que contempla. E nesta única visão ele vê a face de Cristo e compreende que olha para todos ao contemplar esse. Pois há luz onde antes havia es­curidão, e agora o véu foi erguido da sua vista.
9. O véu sobre a face de Cristo, o medo de Deus e da salvação, e o amor pela culpa e pela morte, são todos nomes diferentes para um único erro: que existe um espaço entre tu e o teu irmão, man­tido à parte através de uma ilusão de ti mesmo que o mantém afastado de ti e tu afastado dele. A espada do julgamento é a arma que dás à ilusão de ti mesmo para que ela possa.lutar para guardar o espaço que mantém o teu irmão distante desocupado pelo amor. Entretanto, enquanto seguras essa espada, tens que perceber o corpo como o que tu és, pois estás fadado à permane­cer separado da vista daquele que segura o espelho para uma outra perspectiva do que ele é e, portanto, do que tu tens que ser.
10. O que é a tentação senão o desejo de permanecer no inferno e na miséria? E o que isso poderia fazer surgir senão uma imagem de ti mesmo que pode ser miserável e permanecer no inferno e na tormenta? Quem aprendeu a ver o seu irmão não deste modo salvou-se e é, portanto, um salvador para os outros. A todos Deus confiou todas as pessoas, porque um salvador parcial seria alguém apenas parcialmente salvo. As santas pessoas que Deus deu a ti para salvar são apenas todos aqueles que encontras ou contemplas sem saber quem são; todos aqueles que viste por um instante e esqueceste e aqueles que conheceste há muito tempo e aqueles que ainda irás encontrar; os esquecidos e os ainda não­ nascidos. Pois Deus te deu o Seu Filho para que tu o salves de todos os conceitos que ele jamais manteve.
11. Apesar disso, enquanto desejas permanecer no inferno, como poderias ser o salvador do Filho de Deus? Como conhecerias a sua santidade enquanto o vês à parte da tua? Pois a santidade é vista através de olhos santos que olham para a inocência interior e assim esperam vê-la em toda parte. E assim eles a fazem emer­gir em cada um que contemplam, para que ele possa ser aquilo que esperam dele. Essa é a visão do salvador: que ele veja a sua inocência em todas as pessoas que contempla e veja a sua própria privação em todos os lugares. Ele não mantém nenhum conceito de si mesmo entre os seus olhos calmos e abertos e aquilo que vê. Ele traz a luz ao que contempla para que o possa ver como real­mente é.
12. Qualquer que seja a forma que a tentação pareça tomar, ela sempre reflete apenas o desejo de ser um ser que tu não és. E desse desejo surge um conceito, ensinando que és essa coisa que desejas ser. Ele permanecerá como o teu conceito de ti mesmo até que o desejo que o gerou como um pai já não seja valorizado. Mas enquanto tu o aprecias, contemplarás o teu irmão à seme­lhança do ser que é a imagem do desejo nascido de ti. Pois o ato de ver não pode senão representar um desejo, porque não tem o poder de criar. Entretanto, ele pode olhar com amor ou olhar com ódio, dependendo apenas da tua simples escolha de querer unir-te ao que vês ou manter-te à parte e separado.
13. A visão do salvador é tão inocente em relação ao que é o teu irmão, quanto é livre de qualquer julgamento feito em relação a ti. Ela não vê passado algum em ninguém. E assim serve à men­te totalmente aberta, não anuviada por velhos conceitos e preparada para olhar apenas para aquilo que o presente mantém. Ela não pode julgar porque não conhece. E reconhecendo isso mera­mente pergunta: “Qual é o significado do que eu contemplo?” Então é dada a resposta. E a porta é mantida aberta para que a face de Cristo brilhe sobre aquele que pede, em inocência, para ver além do véu das velhas idéias e dos antigos conceitos por tanto tempo apreciados e mantidos contra a visão de Cristo em ti.
14. Assim sendo, sê vigilante contra a tentação lembrando-te de que não passa de um desejo, insano e sem significado, de fazer de ti mesmo uma coisa que não és. E pensa igualmente nessa coisa que serias em vez disso. É algo feito de loucura, dor e morte; uma coisa de traição e negro desespero, de sonhos fracassados sem nenhuma esperança remanescente, a não ser morrer e termi­nar o sonho do medo. É isso o que é a tentação, nada mais do que isso. É possível ser difícil decidir contra isso? Considera o que é a tentação e vê as alternativas reais entre as quais tu escolhes. Existem apenas duas. Não sejas enganado pelo que aparenta ser muitas escolhas. Existe o Céu ou o inferno e dentre os dois só escolhes um.
15. Não permitas que a luz do mundo, dada a ti, seja escondida do mundo. Ele necessita de luz, pois é de fato escuro e homens se desesperam porque a visão do salvador é detida e o que vêem é morte. Seu salvador está contemplando-os com olhos que não foram abertos, sem conhecer e sem ser conhecido. E eles não podem ver enquanto ele não os olha com olhos que vêem e não lhes oferece o perdão junto com o seu próprio. É possível que tu, a quem Deus diz: “Libera o meu Filho!” sejas tentado a não escu­tar, quando aprendes que és aquele para quem Ele pede libera­ção? E o que, a não ser isso, esse curso quer ensinar? E o que, a não ser isso, existe para aprenderes?

VIII. Escolhe outra vez

1. A tentação tem uma lição a ensinar em todas as suas formas, sempre que, ocorre. Ela quer persuadir o santo Filho de Deus de que ele é um corpo, nascido no que tem que morrer, incapaz de escapar à sua fragilidade e limitado ao que o corpo ordena que ele sinta. O corpo estabelece os limites do que ele pode fazer; seu poder é a única força que ele tem; o que ele apreende não pode exceder o alcance diminuto do corpo. Quererias ser assim, se Cristo te aparecesse em toda a Sua glória pedindo-te apenas isso:
Escolhe outra vez se queres tomar o teu lugar entre os salvadores do mundo, ou se queres permanecer no inferno e lá manter os teus irmãos.
Pois Ele veio e Ele está pedindo isso.
2. Como fazes a escolha? Como isso é explicado facilmente! Sempre escolhes entre a tua fraqueza e a força de Cristo em ti. E o que escolhes é o que pensas que é real. Simplesmente pelo fato de nunca usares a fraqueza para dirigir as tuas ações, não deste a ela nenhum poder. E à luz de Cristo em ti é dado o controle de tudo o que fazes. Pois trouxeste a tua fraqueza a Ele e Ele te deu a Sua força em lugar dela.
3. As provações são apenas lições que falhaste em aprender, apre­sentadas mais uma vez de forma que onde antes fizeste uma es­colha faltosa agora possas fazer outra melhor e assim escapar de toda a dor que o que escolheste antes trouxe a ti. Em toda difi­culdade, toda aflição e a cada perplexidade, Cristo te chama e gentilmente diz: “Meu irmão, escolhe outra vez.” Ele não deixa­ria uma única fonte de dor sem cura, nem imagem alguma para velar a verdade. Ele quer remover toda a miséria de ti, a quem Deus criou como um altar à alegria. Ele não te deixaria sem con­solo, sozinho em sonhos do inferno, mas quer liberar a tua mente de todas as coisas que escondem a Sua face de ti. A Sua santida­de é a tua porque Ele é único Poder que é real em ti. A Sua força é a tua porque Ele é o Ser Que Deus criou como Seu único Filho.
4. As imagens que fazes não podem prevalecer contra o que o Próprio Deus quer que sejas. Portanto, nunca tenhas medo da tentação, mas a vejas como é: uma outra chance de escolher outra vez e permitir que a força de Cristo prevaleça em qualquer cir­cunstância e em qualquer lugar onde antes havias erguido uma imagem de ti mesmo. Pois o que aparenta esconder a face de Cristo é impotente diante da Sua majestade e desaparece diante da Sua vista santa. Os salvadores do mundo, que vêem como Ele, são simplesmente aqueles que escolhem a Sua força em vez de suas próprias fraquezas, vistas à parte Dele. Eles redimirão o mundo, pois estão unidos em todo o poder da Vontade de Deus. E a sua vontade é apenas aquilo que é a Vontade de Deus.
5. Portanto, aprende o hábito feliz de responder a toda tentação de perceber a ti mesmo como fraco e miserável com estas pala­vras:
Eu sou como Deus me criou. O Filho de Deus nada pode sofrer. E eu sou Seu Filho.
Assim é a força de Cristo convidada a prevalecer substituindo todas as tuas fraquezas com a força que vem de Deus e que nunca pode falhar. E assim os milagres são tão naturais quanto o medo e a agonia pareciam ser, antes que a escolha pela santidade fosse feita. Pois nesta escolha as falsas distinções desaparecem, as alter­nativas ilusórias são postas de lado e não se deixa nada para inter­ferir com a verdade.
6. Tu és como Deus te criou e assim é cada coisa viva que contem­plas independentemente das imagens que vês. O que contemplas como doença e dor, como fraqueza, sofrimento e perda, não é se­não a tentação de perceber a ti mesmo como sendo indefeso e estando no inferno. Não cedas a isso e verás toda a dor, sob qualquer forma e onde quer que ocorra, simplesmente desaparecer como a névoa diante do sol. Um milagre veio para curar o Filho de Deus e fechar a porta aos seus sonhos de fraqueza, abrindo o caminho para a sua salvação e liberação. Escolhe outra vez o que queres que ele seja, lembrando-te de que cada escolha que fazes estabelece a tua própria identidade assim como tu a verás e acreditarás que é.
7. Não me negues a pequena dádiva que peço, quando, em troca, eu coloco aos teus pés a paz de Deus e o poder de trazer essa paz a cada um que vaga no mundo incerto, solitário e com medo constante. Pois te é dado unir-te a ele e através do Cristo em ti retirar o véu que lhe cobre os olhos e permitir que ele olhe para o Cristo em si mesmo.
8. Meus irmãos na salvação, não deixem de ouvir a minha voz e de escutar as minhas palavras. Eu nada peço senão a tua própria liberação. Não existe lugar para o inferno dentro de um mundo cuja beleza pode ainda ser tão intensa e tão abrangente que ape­nas um passo o separa do Céu. Aos teus olhos cansados eu trago a visão de um mundo diferente, tão novo, tão limpo e fresco, que esquecerás a dor e a tristeza que viste antes. Entretanto, essa é uma visão que tens que compartilhar com todas as pessoas que vês, pois, de outro modo, não a contemplarás. Dar essa dádiva é a forma de fazê-la tua. E Deus determinou, em benignidade amo­rosa, que ela fosse tua.
9. Vamos ficar contentes porque podemos caminhar pelo mundo e achar tantas oportunidades de perceber outra situação onde a dádiva de Deus pode mais uma vez ser reconhecida como nossa! E assim todos os vestígios do inferno, os pecados secretos e os ódios escondidos desaparecerão. E toda a beleza que eles oculta­vam aparecerá como os gramados do Céu aos nossos olhos para erguer-nos bem acima das estradas espinhosas pelas quais viaja­mos antes que Cristo aparecesse. Ouçam-me, meus irmãos, ou­çam e unam-se a mim. Deus determinou que eu não pudesse chamar em vão e na certeza de Deus eu descanso contente. Pois vós ouvireis e escolhereis outra vez. E nesta escolha todos serão libertados.
10. Graças Te dou, Pai, por estas pessoas santas que são meus irm­ãos assim como são Teus Filhos. Minha fé neles é a Tua. Eu estou tão certo de que virão a mim assim como Tu estás certo do que eles são e serão para sempre. Eles aceitarão a dádiva que eu lhes ofereço porque Tu a deste a mim em nome deles. Se assim como eu não quero senão fazer a Tua santa Vontade, assim eles escolherão. E eu dou graças por eles. A canção da salvação ecoa­rá através do mundo com cada escolha que fizerem. Pois nós somos um em propósito e o fim do inferno está próximo.
11. Em alegres boas-vindas minha mão está estendida a todo ir­mão que queira unir-se a mim para alcançar o que está além da tentação, olhando com fixa determinação na direção da luz que brilha além em perfeita constância. Dá-me os que são meus, pois eles pertencem a Ti. E é possível que Tu falhes naquilo que não é senão a Tua Vontade? Eu Te dou graças pelo que são os meus irmãos. E à medida em que cada um elege unir-se a mim, a can­ção de agradecimento da terra para o Céu cresce e os diminutos fios dispersos de melodia vêm a ser um único coro que abrange todo um mundo redimido do inferno, que dá graças a Ti.
12. E agora nós dizemos “Amém.” Pois Cristo veio para habitar na morada que Tu estabeleceste para Ele antes do início dos tem­pos, na calma eternidade. A jornada se encerra, terminando no lugar em que começou. Nenhum traço permanece. A fé não é dada a nenhuma ilusão e nada que venha das trevas ainda per­manece para esconder a face de Cristo de quem quer que seja. A Tua Vontade está feita, completa e perfeitamente, e toda a criação reconhece a Ti e conhece a Ti como a única Fonte que tem. Clara à Tua semelhança, a Luz brilha a partir de todas as coisas que vivem e se movem em Ti. Pois nós alcançamos o lugar onde todos nós somos um e estamos em casa, onde Tu queres que este­jamos.