julho 15, 2010

Capítulo 10 - OS ÍDOLOS DA DOENÇA

Capítulo 10 - OS ÍDOLOS DA DOENÇA

Introdução

1. Nada além de ti mesmo pode fazer com que tenhas medo ou sintas amor porque não há nada além de ti. O tempo e a eternidade estão ambos em tua mente e irão conflitar até que percebas o tempo só como um meio de reaver a eternidade. Tu não podes fazer isso enquanto acreditares que qualquer coisa que esteja te acontecendo e causada por fatores externos a ti. Precisas aprender que o tempo está somente à tua disposição e que nada no mundo pode tirar essa responsabilidade de ti. Podes violar as leis de Deus em tua imaginação, mas não podes escapar delas. Elas foram estabelecidas para a tua proteção e são tão invioláveis quanto a tua segurança.

2. Deus nada criou além de ti e nada além de ti existe, pois tu és parte Dele. O que exceto Ele pode existir? Nada além Dele pode acontecer, porque nada exceto Ele é real. As tuas criações adicionam a Ele, assim como tu, mas nada é adicionado que seja diferente porque todas as coisas sempre existiram. O que pode transtornar-te a não ser o efêmero, e como pode o efêmero ser real, se tu és a única criação de Deus e Ele te criou eterno? A tua mente santa estabelece tudo o que te acontece. Toda resposta que fazes e dás para todas as coisas que percebes depende de ti, porque a tua mente determina a tua percepção das coisas.

3. Deus não muda a Sua Mente acerca de ti, pois Ele não está incerto sobre Si Mesmo. E o que Ele conhece pode ser conhecido, porque Ele não conhece só para Si Mesmo. Ele te criou para Ele Mesmo mas te deu o poder de criar para ti mesmo, de modo que fosses como Ele. É por isso que a tua mente é santa. É possível que alguma coisa exceda o Amor de Deus? É possível, então, que alguma coisa exceda a tua vontade? Nada além dela pode atingir-te porque já que és em Deus, tu abranges todas as coisas. Acredita nisso e reconhecerás o quanto depende de ti. Quando qualquer coisa ameaçar a paz da tua mente, pergunta a ti mesmo: "Será que Deus mudou a Sua Mente a meu respeito?" Então, aceita a Sua decisão, pois ela é de fato imutável e recusa-te a mudar a tua mente sobre ti mesmo. Deus jamais decidirá contra ti ou estaria decidindo contra Ele próprio.


I. Estar em casa em Deus

1. Tu não conheces as tuas criações simplesmente porque decidirte-ias contra elas enquanto a tua mente estiver dividida, e atacar o que tu criaste é impossível. Mas lembra-te que isso é igualmente impossível para Deus. A lei da criação é que ames as tuas criações como a ti mesmo, porque são parte de ti. Todas as coisas que foram criadas estão, portanto, perfeitamente seguras, porque as leis de Deus as protegem através do Seu Amor. Qualquer parte da tua mente que não conheça isso, baniu-se do conhecimento porque não preencheu as suas condições. Quem poderia ter feito isso senão tu? Reconhece isso com alegria, pois nesse reconhecimento está a compreensão de que não foste banido por Deus e, portanto, isso não aconteceu.

2. Tu estás em casa em Deus, sonhando com o exílio, mas perfeitamente capaz de despertar para a realidade. É decisão tua fazer isso? Reconheces, a partir da tua própria experiência, que o que vês em sonhos pensas que é real enquanto estás dormindo. No entanto, no instante em que acordas, reconheces que tudo o que parecia acontecer no sonho, absolutamente não aconteceu. Não achas isso estranho, muito embora todas as leis daquilo para o qual despertas tenham sido violadas enquanto dormias. Não é possível que simplesmente tenhas te deslocado de um sonho para outro, sem ter realmente acordado?

3. Tu te incomodarias em conciliar o que aconteceu em sonhos conflitantes ou descartarias ambos se descobrisses que a realidade não está de acordo com nenhum dos dois? Não te lembras de teres estado acordado. Quando ouves o Espírito Santo podes sentir-te melhor porque amar, então, te parece possível, mas ainda não te lembras que foi assim alguma vez antes. E é nesta lembrança que vais saber que pode ser assim de novo. O que é possível ainda não foi realizado. No entanto, o que já aconteceu uma vez antes é assim agora, se é eterno. Quando te lembrares, vais ter o conhecimento de que o que lembras é eterno e, portanto, é agora.

4. Tu vais lembrar-te de tudo no instante em que desejares totalmente, pois se desejar totalmente é criar, o exercício da tua vontade terá afastado para longe a separação e ao mesmo tempo terá feito a tua mente retornar para o teu Criador e as tuas criações. Conhecendo-as, não sentirás desejo de dormir, mas apenas desejo de estar desperto e ser contente. Os sonhos serão impossíveis, porque só vais querer a verdade e sendo afinal a tua vontade, ela será tua.


II. A decisão de esquecer

1. A não ser que em primeiro lugar conheças alguma coisa, não podes dissociá-la. O conhecimento necessariamente precede a dissociação, de modo que a dissociação nada mais é do que uma decisão de esquecer. Então, o que foi esquecido parece ser amedrontador, mas apenas porque a dissociação é um ataque à verdade. Tu estás amedrontado porque esqueceste. E substituiste o teu conhecimento por uma consciência de sonhos, porque tens medo da tua dissociação e não do que dissociaste. Quando o que dissociaste é aceito, deixa de ser amedrontador.

2. No entanto, desistir da dissociação da realidade traz mais do que apenas a ausência do medo. Nesta decisão está a alegria, a paz e a glória da criação. Oferece ao Espírito Santo apenas a tua disponibilidade para lembrar, pois Ele retém o conhecimento de Deus e o teu próprio para ti, esperando a tua aceitação. Desiste com contentamento de tudo o que impediria a tua lembrança, pois Deus está na tua memória. A Sua Voz vai te dizer que és parte Dele, quando estiveres disposto a lembrar-te Dele e a conhecer de novo a tua própria realidade. Não permitas que nada nesse mundo adie a tua lembrança Dele, pois nesta lembrança está o conhecimento de ti mesmo.

3. Lembrar é apenas restaurar na tua mente o que já está lá. Não fazes aquilo que lembras; meramente aceitas outra vez o que já está lá, mas foi rejeitado. A capacidade de aceitar a verdade nesse mundo é a contraparte perceptível do que é criar no Reino. Deus fará a Sua parte se fizeres a tua e em troca da tua a Sua retribuição é a troca da percepção pelo conhecimento. Nada está além da Sua Vontade para ti. Mas dá significação à tua vontade de lembrá-Lo e, eis aí! Ele te dará tudo se apenas pedires.

4. Quando atacas, estás negando a ti mesmo. Estás especificamente ensinando a ti mesmo que não és o que és. A tua negação da realidade exclui a aceitação da dádiva de Deus, porque aceitaste uma outra coisa em seu lugar. Se compreenderes que isso é sempre um ataque à verdade, e a verdade é Deus, reconhecerás porque isso é sempre amedrontador. Se, além disso reconheceres que és parte de Deus, compreenderás porque sempre atacas a ti mesmo em primeiro lugar.

5. Todo ataque é um ataque a ti mesmo. Não pode ser nenhuma outra coisa. Surgindo da tua própria decisão de não ser o que és, é um ataque à tua identificação. O ataque é, portanto, o caminho no qual a tua identificação está perdida, porque quando atacas tens que ter esquecido o que és. E se a tua realidade é a de Deus, quando atacas não estás te lembrando Dele. Isso não acontece porque Ele tenha ido embora, mas porque tu estás ativamente escolhendo não lembrar-te Dele.

6. Se reconhecesses o completo caos que isso traz à paz da tua mente, não poderias tomar uma decisão tão insana. Só a tomas, porque ainda acreditas que ela pode te trazer alguma coisa que queres. Segue-se, portanto, que queres alguma outra coisa além de paz, mas ainda não consideraste o que isso necessariamente é. Entretanto, o resultado lógico da tua decisão é perfeitamente claro, se apenas olhares para ele. Decidindo-te contra a tua realidade, te tornaste vigilante contra Deus e Seu Reino. E é essa vigilância que faz com que tenhas medo de te lembrares Dele.


III. O deus da doença

1. Tu não atacaste a Deus e realmente O amas. És capaz de mudar a tua realidade? Ninguém pode ter vontade de destruir a si mesmo. Quando pensas que estás atacando a ti mesmo, aí está um sinal seguro de que odeias o que pensas que és. E isso, e somente isso, pode ser atacado por ti. O que pensas que és pode ser muito odioso e o que essa estranha imagem te faz fazer pode ser muito destrutivo. No entanto, a destruição não é mais real do que a imagem, embora aqueles que fazem ídolos os idolatrem. Os ídolos não são nada, mas os idólatras são os Filhos de Deus que estão doentes. Deus os quer liberados das suas doenças e de volta à Sua Mente. Ele não limitará o teu poder de ajudá-los, porque o deu a ti. Não tenhas medo disso, porque é a tua salvação.

2. Que Consolador pode haver para as crianças doentes de Deus exceto o Seu poder através de ti? Lembra-te que não importa aonde na Filiação Ele é aceito. Ele é sempre aceito para todos e quando a tua mente O recebe, a Sua lembrança desperta através de toda a Filiação. Cura os teus irmãos simplesmente aceitando Deus por eles. As vossas mentes não são separadas e Deus tem apenas um canal para a cura, porque Ele tem apenas um Filho. O elo remanescente de comunicação entre Deus e todas as Suas crianças as une e une-as a Ele. Estar ciente disso é curá-las, porque é a consciência de que ninguém está separado e, portanto, ninguém está doente.

3. Acreditar que um Filho de Deus pode estar doente é acreditar que parte de Deus pode sofrer. O amor não pode sofrer porque não pode atacar. A lembrança do amor, portanto, traz consigo a invulnerabilidade. Não fiques do lado da doença na presença de um Filho de Deus, mesmo que ele acredite nela, pois a tua aceitação de Deus nele reconhece o Amor de Deus que ele esqueceu. O teu reconhecimento dele como parte de Deus lembra-lhe a verdade a respeito de si próprio, que ele está negando. Queres tu reforçar a sua negação de Deus e assim perder a ti mesmo de vista? Ou queres lembrá-lo da sua integridade e junto com ele lembrar do teu Criador?

4. Acreditar que um Filho de Deus está doente é idolatrar o mesmo ídolo que ele idolatra. Deus criou o amor, não a idolatria. Todas as formas de idolatria são caricaturas da criação, ensinadas por mentes doentes por demais divididas para conhecer que a criação compartilha o poder e nunca o usurpa. A doença é idolatria, porque é a crença em que o poder pode ser tirado de ti. No entanto, isso é impossível, porque tu és parte de Deus, Que é todo o poder. Um deus doente não pode deixar de ser um ídolo, feito à imagem do que o seu autor pensa que ele é. E é exatamente isso o que o ego percebe em um Filho de Deus: um deus doente, autocriado, auto-suficiente, muito perverso e muito vulnerável. É esse o ídolo que queres idolatrar? É essa a imagem que queres salvar com a tua vigilância? Estás realmente com medo de perder isso?

5. Olha com calma a conclusão lógica do sistema de pensamento do ego e julga se os seus oferecimentos realmente são o que tu queres, pois isso é o que ele te oferece. Para obter isso, estás disposto a atacar a Divindade dos teus irmãos, e assim perder a tua de vista. E estás disposto a mantê-la oculta para proteger um ídolo que pensas que vai te salvar dos perigos que ela representa, mas que não existem.

6. Não existem idólatras no Reino, mas sim grande apreciação por tudo o que Deus criou, devido ao calmo conhecimento de que cada um é parte Dele. O Filho de Deus não conhece nenhum ídolo, mas conhece seu Pai. A saúde nesse mundo é a contraparte do valor no Céu. Não é com o meu mérito que eu contribuo para ti, mas com o meu amor, pois tu não dás valor a ti mesmo. Quando tu não te dás valor ficas doente, mas a minha valorização de ti pode curar-te, porque o valor do Filho de Deus é um só. Quando eu disse "A minha paz vos dou", era isso mesmo o que eu quis dizer. A paz vem de Deus através de mim para ti. É tua, muito embora possas não pedir por ela.

7. Quando um irmão está doente, é porque ele não está pedindo paz e, portanto, não sabe que a tem. A aceitação da paz é a negação da ilusão e a doença é uma ilusão. No entanto, cada Filho de Deus tem o poder de negar ilusões em qualquer parte do Reino, simplesmente por negá-las por completo em si mesmo. Eu posso curar-te porque eu te conheço. Eu conheço o teu valor por ti e é esse valor que faz com que sejas íntegro. A mente íntegra não é idólatra e nada sabe de leis conflitantes. Eu vou curar-te só porque tenho apenas uma mensagem e ela é verdadeira. A tua fé nela fará com que sejas íntegro quando tiveres fé em mim.

8. Eu trago a mensagem de Deus sem qualquer engano e aprenderás isso na medida em que aprenderes que sempre recebes tanto quanto aceitas. Poderias aceitar paz agora para todas as pessoas e oferecer-lhes perfeita liberdade de todas as ilusões porque ouviste a Sua Voz. Mas não tenhas outros deuses diante Dele, ou não ouvirás. Deus não tem ciúmes dos deuses que fizeste, mas tu tens. Tu os salvarias e servirias a eles porque acreditas que eles fizeram a ti. Pensas que eles são o teu pai, porque estás projetando neles o fato amedrontador de que os fizeste para substituir a Deus. No entanto, quando parecem falar-te, lembra-te que nada pode substituir a Deus e quaisquer que tenham sido as substituições que tenhas tentado, elas nada são.

9. Muito simplesmente, então, podes acreditar que estás com medo do nada, mas na realidade tens medo de algo que não existe. E nesta conscientização, és curado. Ouvirás o deus que escutares. Fizeste o deus da doença e por tê-lo feito, fizeste com que sejas capaz de ouví-lo. Entretanto, tu não o criaste, porque ele não é a Vontade do Pai. Ele não é, portanto, eterno e será desfeito para ti no instante em que deres significação à tua disposição de aceitar só o que é eterno.

10. Se Deus tem apenas um Filho, existe apenas um Deus. Tu compartilhas a realidade com Ele, porque a realidade não é dividida. Aceitar outros deuses diante Dele é colocar outras imagens diante de ti. Tu não reconheces o quanto escutas os teus deuses e o quanto estás vigilante a seu favor. No entanto, eles só existem porque tu os honras. Coloca a honra no seu devido lugar e a paz será tua. Ela é a tua herança, vinda do teu Pai real. Não podes fazer o teu Pai e o pai que fizeste não te fez. A honra não é devida à ilusões, pois honrá-las é honrar o nada. No entanto, o medo também não lhes é devido, pois o nada não pode ser amedrontador. Tu escolheste ter medo do amor por ser ele perfeitamente inofensivo e em função desse medo, tens estado disposto a abrir mão da tua perfeita capacidade de ajudar e da tua própria Ajuda perfeita.

11. Só no altar de Deus acharás a paz. E esse altar está em ti porque Deus lá o colocou. A Sua Voz ainda te chama para retornar e Ele será ouvido quando não mais colocares outros deuses diante Dele. Podes desistir do deus da doença por teus irmãos; de fato, terias que fazê-lo se desistisses dele para ti mesmo. Pois se vês o deus da doença em qualquer lugar, tu o aceitaste. E se o aceitas, irás curvar-te e o idolatrarás, pois ele foi feito em substituição a Deus. Ele é a crença em que podes escolher qual é o deus que é real. Embora esteja claro que isso nada tem a ver com a realidade, é igualmente claro que tem tudo a ver com a realidade conforme tu a percebes.


IV. O fim da doença

1. Toda mágica é uma tentativa de reconciliar o irreconciliável. Toda religião é o reconhecimento de que o irreconciliável não pode ser reconciliado. A doença e a perfeição são irreconciliáveis. Se Deus te criou perfeito, tu és perfeito. Se acreditas que podes estar doente, colocaste outros deuses diante Dele. Deus não está em guerra contra o deus da doença que tu fizeste, mas tu estás. Ele é o símbolo da decisão contra Deus e tens medo dele porque ele não pode ser reconciliado com a Vontade de Deus. Se o atacas, tu farás com que ele seja real para ti. Mas se te recusares a adorá-lo, qualquer que seja a forma na qual ele possa te aparecer e qualquer que seja o lugar onde pensas que o vês, ele desaparecerá no nada do qual foi feito.

2. A realidade só pode despertar em uma mente desanuviada. Ela está sempre lá para ser aceita, mas a sua aceitação depende da tua disponibilidade para tê-la. Conhecer a realidade necessariamente envolve a disposição de julgar a irrealidade pelo que ela é. Não ver o nada é meramente julgá-lo de forma correta e devido à tua capacidade de avaliá-lo verdadeiramente, deixar que ele se vá. O conhecimento não pode despertar em uma mente cheia de ilusões, porque a verdade e as ilusões são irreconciliáveis. A verdade é íntegra e não pode ser conhecida só por uma parte da mente.

3. A Filiação não pode ser percebida como parcialmente doente, pois percebê-la desse modo é não percebê-la de forma alguma. Se a Filiação é una, é una em todos os aspectos. A unicidade não pode ser dividida. Se percebes outros deuses, a tua mente está dividida e não serás capaz de limitar a divisão porque ela é o sinal de que removeste parte da tua mente da Vontade de Deus. Isso significa que ela está fora de controle. Estar fora de controle é estar fora da razão e nesse caso a mente, de fato, vem a ser irracional. Ao definir a mente de modo errado, tu a percebes como se ela funcionasse de modo errado.

4. As leis de Deus manterão a tua mente em paz, porque a paz é a Sua Vontade e as Suas leis são estabelecidas para mantê-la. As leis de Deus são as leis da liberdade, mas as tuas são as leis do cativeiro. Como a liberdade e o cativeiro são irreconciliáveis, suas leis não podem ser compreendidas conjuntamente. As leis de Deus só funcionam para o teu bem e não existem outras leis além das Suas. Tudo o mais é meramente sem lei e, portanto, caótico. Mesmo assim, Deus protegeu tudo aquilo que Ele criou com as Suas leis. Tudo o que não é regido por elas não existe. "As leis do caos" é uma expressão que nada significa. A criação é perfeitamente regulada por leis e o caótico é sem significado porque é sem Deus. Tu "deste" a tua paz aos deuses que fizeste, mas eles não existem para tirá-la de ti e não podes dá-la a eles.

5. Não és livre para desistir da liberdade, mas apenas para negá-la. Não podes fazer o que não foi intenção de Deus, porque o que não foi intenção de Deus não acontece. Os teus deuses não trazem o caos; tu os dotas com o caos e o aceitas da parte deles. Tudo isso nunca foi. Nada, a não ser as leis de Deus, jamais foi, e nada, a não ser a Sua Vontade, jamais será. Foste criado através das Suas leis e pela Sua Vontade e a maneira como foste criado te estabeleceu como um criador. O que fizeste é tão indigno de ti que dificilmente o quererias, se estivesses disposto a vê-lo como é. Não verias absolutamente nada. E a tua visão iria automaticamente olhar além disso, para o que está em ti e em tudo em torno de ti. A realidade não pode invadir os obstáculos que interpuseste, mas irá envolver-te completamente quando tu os abandonares.

6. Quando tiveres experimentado a proteção de Deus, fazer ídolos virá a ser inconcebível. Não existem imagens estranhas na Mente de Deus e o que não está na Sua Mente não pode estar na tua, porque a tua mente e a Sua são uma só e essa pertence a Ele. E tua porque pertence a Ele, uma vez que para Deus, possuir é compartilhar. E se é assim para Ele, é assim para ti. As Suas definições são as Suas leis, pois através delas Ele estabeleceu o universo tal como é. Nenhum deus falso que tentes interpor entre tu e a tua realidade afeta em nada a verdade. A paz é tua porque Deus te criou. E Ele não criou nenhuma outra coisa.

7. O milagre é o ato de um Filho de Deus que deixou de lado todos os deuses falsos e chama seus irmãos a fazerem o mesmo.

É um ato de fé, porque é o reconhecimento de que seu irmão é capaz de fazê-lo. E um chamado para o Espírito Santo na mente do seu irmão, um chamado que é reforçado pela união. Pelo fato do trabalhador de milagres ter ouvido a Voz de Deus, ele A reforça em um irmão doente enfraquecendo a sua crença na doença, que ele não compartilha. O poder de uma mente pode brilhar em outra, porque todas as lâmpadas de Deus foram acesas pela mesma centelha. Ela está em toda parte e é eterna.

8. Em muitos, só a centelha permanece, porque os Grandes Raios são obscurecidos. Entretanto, Deus tem mantido viva a centelha, de modo que os Raios nunca possam ser completamente esquecidos. Se apenas vires a pequena centelha, aprenderás sobre a luz maior, pois lá estão os Raios que não são vistos. Perceber a centelha curará, mas conhecer a luz criará. No entanto, ao retornar, a pequena luz tem que ser reconhecida em primeiro lugar, pois a separação foi uma descida da magnitude à pequenez. Mas a centelha é ainda assim tão pura quanto a grande luz, pois é o chamado remanescente da criação. Deposita nela toda a tua fé e o próprio Deus te responderá.


V. A negação de Deus

1. Os rituais do deus da doença são estranhos e muito exigentes. A alegria não é permitida nunca, pois a depressão é o sinal da aliança com ele. Depressão significa que renegaste a Deus. Muitos têm medo de blasfêmia, mas não compreendem o que significa. Não reconhecem que negar a Deus é negar a sua própria Identidade e nesse sentido, o salário do pecado é a morte. O sentido é muito literal: a negação da vida percebe o seu oposto, assim como todas as formas de negação substituem o que é pelo que não é. Ninguém pode fazer isso realmente, mas é indubitável que podes pensar que podes e acreditas que o fizeste.

2. Não te esqueças, porém, que negar a Deus inevitavelmente resultará em projeção e acreditarás que outras pessoas e não tu fizeram isso a ti. Tens que receber a mensagem que dás, porque é a mensagem que queres. Podes acreditar que julgas os teus irmãos pelas mensagens que te dão, mas os tens julgado pela mensagem que dás a eles. Não lhes atribuas a tua negação da alegria, ou não poderás ver neles a centelha que traria alegria a ti. E a negação da centelha que traz depressão, porque sempre que vês os teus irmãos sem ela, estás negando a Deus.

3. A aliança à negação de Deus é a religião do ego. O deus da doença obviamente exige a negação da saúde, pois a saúde está em oposição direta à sua própria sobrevivência. Mas considera o que isso significa para ti. A não ser que tu estejas doente, não podes manter os deuses que fizeste, pois só na doença ser-te-ia possível querê-los. A blasfêmia é, então, auto-destrutiva e não destruidora de Deus. Ela significa que tu estás disposto a não conhecer a ti mesmo para estar doente. Esse é o oferecimento que o teu deus exige porque, tendo-o feito a partir da tua própria insanidade, ele é uma idéia insana. Ele tem muitas formas, mas embora possa parecer ser muitas coisas diferentes, não é senão uma idéia: a negação de Deus.

4. A doença e a morte parecem entrar na mente do Filho de Deus contra a Sua Vontade. O "ataque a Deus" fez com que Seu Filho pensasse que era órfão de pai e na sua depressão fez o deus da depressão. Essa foi a sua alternativa para a alegria, pois não queria aceitar o fato de que embora fosse um criador, tinha sido criado. No entanto, o Filho é impotente sem o Pai Que é a sua única Ajuda.

5. Eu disse anteriormente que por ti mesmo nada podes fazer, mas não és de ti mesmo. Se fosses, o que fizeste seria verdadeiro e nunca poderias escapar. Como não fizeste a ti mesmo, não precisas te preocupar com nada. Os teus deuses não são nada, porque o teu Pai não os criou. Tu não podes fazer criadores que não sejam como o teu Criador, assim como Ele também não poderia ter criado um Filho que não fosse como Ele. Se criar é compartilhar, a criação não pode criar o que não é como ela. Ela só pode compartilhar o que é. A depressão é isolamento e, portanto, não poderia ter sido criada.

6. Filho de Deus, tu não pecaste, mas tens estado muito equivocado. No entanto, isso pode ser corrigido e Deus te ajudará, sabendo que não poderias pecar contra Ele. Tu O negaste porque O amaste, sabendo que se reconhecesses o teu amor por Ele, não poderias negá-Lo. A tua negação de Deus, portanto, significa que tu O amas e tens conhecimento de que Ele te ama. Lembra-te que o que negas tens que ter em algum momento conhecido. E se aceitas a negação, podes aceitar o seu desfazer.

7. O teu Pai não te negou. Ele não Se vinga, mas te chama para retornar. Quando pensas que Ele não respondeu ao teu chamado, és tu que não respondeste ao Seu. Ele chama por ti de toda parte da Filiação, devido ao Amor do Pai por Seu Filho. Se ouves a Sua mensagem, Ele te respondeu e tu aprenderás com Ele se escutares corretamente. O Amor de Deus está em tudo o que Ele criou, pois Seu Filho está em toda parte. Olha com paz para os teus irmãos e Deus virá correndo para o teu coração, em gratidão pela tua dádiva a Ele.

8. Não procures a cura no deus da doença, mas só no Deus do amor, pois a cura é reconhecê-Lo. Quando O reconheceres, terás o conhecimento de que Ele nunca deixou de reconhecer-te, e que no Seu reconhecimento de ti, está o teu ser. Não estás doente e não podes morrer. Mas podes te confundir com coisas que podem. Lembra-te, porém, que isso é blasfêmia, pois isso significa que estás olhando sem amor para Deus e Sua criação, da qual Ele não pode ser separado.

9. Só o eterno pode ser amado, pois o amor não morre. O que é de Deus, é Dele para sempre e tu és de Deus. Iria Ele permitir que Ele próprio sofresse? E iria Ele oferecer ao Filho qualquer coisa que não fosse aceitável para Ele? Se aceitares a ti mesmo tal como Deus te criou, serás incapaz de sofrer. Entretanto, para isso tens que reconhecê-Lo como teu Criador. Não porque vais ser castigado de outro modo, mas meramente porque o teu reconhecimento do teu Pai é o reconhecimento de ti mesmo tal como és. Teu Pai te criou totalmente sem pecado, totalmente sem dor, totalmente livre de qualquer tipo de sofrimento. Se O negas, trazes pecado, dor e sofrimento à tua própria mente, devido ao poder que Ele deu a ela. A tua mente é capaz de criar mundos, mas também pode negar o que cria, porque é livre.

1O. Tu não te dás conta do quanto tens negado a ti mesmo e do quanto Deus, em Seu Amor, queria que não fosse assim. No entanto, Ele não quer interferir contigo, pois não conheceria o Seu Filho se esse não fosse livre. Interferir contigo seria o mesmo que atacar a Si Mesmo e Deus não é insano. Quando O negas, tu estás insano. Tu quererias que Ele compartilhasse a tua insanidade? Deus nunca deixará de amar o Seu Filho e o Seu Filho nunca deixará de amá-Lo. Essa foi a condição da criação do Seu Filho, fixada para sempre na Mente de Deus. Conhecer isso é sanidade. Negar isso é insanidade. Deus Se deu a ti na tua criação e as Suas dádivas são eternas. Tu te negarias a Ele?

11. A partir das tuas dádivas a Ele, o Reino será devolvido ao Seu Filho. Seu Filho excluiu-se da Sua dádiva recusando-se a aceitar o que tinha sido criado para ele e o que ele tinha criado em Nome de seu Pai. O Céu espera pelo seu retorno, pois foi criado como a morada do Filho de Deus. Tu não estás em casa em nenhum outro lugar nem em nenhuma outra condição. Não negues a ti mesmo a alegria que foi criada para ti em troca da miséria que fizeste para ti mesmo. Deus te deu os meios para desfazer o que tu fizeste. Escuta e aprenderás como lembrar o que tu és.

12. Se Deus conhece Suas crianças totalmente sem pecado, é blasfêmia percebê-las como culpadas. Se Deus conhece Suas crianças totalmente sem dor, é blasfêmia perceber sofrimento em qualquer lugar. Se Deus conhece Suas crianças totalmente alegres, é blasfêmia sentir depressão. Todas essas ilusões e as muitas outras formas que a blasfêmia pode tomar são recusas de aceitar a criação tal como ela é. Se Deus criou Seu Filho perfeito, é assim que tens que aprender a vê-lo para aprender sobre a sua realidade. E, como parte da Filiação, é assim que tens que ver a ti mesmo para aprender sobre a tua.

13. Não percebas nada do que Deus não criou, ou O estás negando. A Sua é a única Paternidade e ela é tua só porque Ele a deu a ti. As tuas dádivas à ti mesmo são sem significado, mas as tuas dádivas às tuas criações são como as Suas, porque são dadas em Seu Nome. É por isso que as tuas criações são tão reais quanto as Suas. Entretanto, a Paternidade real tem que ser reconhecida se é que se há de conhecer o Filho na realidade. Tu acreditas que as coisas doentes que fizeste são as tuas criações reais, porque acreditas que as imagens doentes que percebes são os filhos de Deus. Só se aceitares a Paternidade de Deus é que terás qualquer coisa, porque a Sua Paternidade te deu tudo. É por isso que negá-Lo é negar a ti mesmo.

14. A arrogância é a negação do amor, porque o amor compartilha e a arrogância recusa. Enquanto ambos te parecerem desejáveis, o conceito de escolha, que não é de Deus, permanecerá contigo. Embora isso não seja verdadeiro na eternidade, é verdadeiro no tempo, de tal modo que enquanto o tempo durar na tua mente haverá escolhas. O próprio tempo é tua escolha. Se queres te lembrar da eternidade, é preciso que olhes só para o eterno. Se te permitires ficar preocupado com o temporal, estás vivendo no tempo. Como sempre, a tua escolha é determinada pelo que tu valorizas. O tempo e a eternidade não podem ser ambos reais, porque contradizem um ao outro. Se aceitares como real só o que é intemporal, começarás a compreender a eternidade e a fazer com que ela seja tua.