julho 15, 2010

Capítulo 30 - O NOVO COMEÇO

Capítulo 30 - O NOVO COMEÇO


Introdução

1. O novo começo agora vem a ser o foco do currículo. A meta está clara, mas nesse momento precisas de métodos específicos para atingi-la. A rapidez com que ela pode ser a1cançada depen­de de uma única coisa: a tua disponibilidade para praticar cada passo. Cada um ajudará um pouco a cada vez que for tentado. E todos juntos estes passos te conduzem dos sonhos de julgamento aos sonhos que perdoam e para fora da dor e do medo. Eles não são novos para ti, são mais idéias do que regras de pensamento para ti por enquanto. Portanto, agora, nós precisamos praticá-los por algum tempo até que venham a ser as regras pelas quais vives. Agora nós buscamos fazer com que sejam hábitos, de tal forma que venhas a tê-los à mão para qualquer necessidade.


I. Regras para decisões

1. As decisões são contínuas. Não é sempre que sabes quando as estás tomando. Mas, com um pouco de prática com aquelas que reconheces, começa a se formar um padrão que te conduz através do resto. Não é sábio deixar-te ficar demasiadamente preocupa­do com cada passo que dás. O padrão adequado, adotado cons­cientemente a cada vez que despertas, vai fazer com que avances bem. E se achares que a tua resistência é muito forte e que a tua dedicação é pouca, não estás pronto. Não lutes contigo mesmo. Mas, pensa no tipo de dia que queres, e dize a ti mesmo que há um caminho no qual esse dia pode acontecer exatamente assim. Então, tenta mais uma vez ter o dia que queres.

(1) O enfoque começa com o seguinte:

Hoje, eu não tomarei decisões por minha conta.

Isso significa que estás optando por não seres o juiz do que fazer. Mas também tem que significar que não julgarás as situações às quais serás chamado a responder. Pois se as julgares, terás esta­belecido as regras segundo as quais deves reagir nelas. E nesse caso uma outra resposta não pode produzir senão confusão, in­certeza e medo.

3. Esse é o teu maior problema agora. Ainda tomas a tua decisão e então resolves perguntar o que deves fazer. E o que ouves pode não resolver o problema da maneira como o encaraste a princí­pio. Isso conduz ao medo, porque contradiz o que percebes e assim te sentes atacado. E, portanto, com raiva. Existem regras através das quais isso não acontecerá. Mas de fato ocorre a prin­cípio, enquanto ainda estás aprendendo como ouvir.

4. (2) Durante todo o dia, a qualquer momento em que penses a respeito disso e tenhas um momento quieto para reflexão, dize mais uma vez a ti mesmo qual é o tipo de dia que queres, os sentimentos que queres ter, as coisas que queres que te aconte­çam e as coisas que queres experimentar e dize:

Se eu não tomar nenhuma decisão por mim mesmo, esse é o dia que me será dado.

Estes dois procedimentos, bem praticados, servirão para permitir que sejas orientado sem medo, pois a oposição não surgirá em primeiro lugar e, portanto, não poderá vir a ser um problema em si mesma.

5. Mas ainda assim existirão momentos nos quais já terás julga­do. Agora, a resposta irá provocar ataque, a não ser que rapida­mente endireites a tua mente a ponto de quereres uma resposta que funcione. Certifica-te de que foi isso o que ocorreu, caso não te sintas disposto a sentar-te e pedir que a resposta te seja dada. Isso significa que já te decidiste por conta própria e não podes ver a questão. Agora, precisas de uma rápida restauração, antes de perguntares outra vez.

6. (3) Lembra mais uma vez do dia que queres e reconhece que alguma coisa ocorreu que não é parte dele. Então, reconhece que colocaste uma pergunta por conta própria e necessariamente es­tabeleceste uma resposta nos teus próprios termos. Então, dize:

Eu não tenho nenhuma pergunta. Eu esqueci o que decidir.

Isso anula os termos que estabeleceste e deixa que a resposta te mostre qual foi realmente a questão.

7. Tenta observar essa regra sem demora, apesar da tua resistên­cia a ela. Pois já ficaste com raiva. E o teu medo de receber uma res­posta diferente do que a tua versão da pergunta pede crescerá em velocidade proporcional ao tempo, até que acredites que o dia que queres é aquele no qual consegues a tua resposta para a tua pergunta. E não a conseguirás, pois ela destruiria o dia por rou­bar-te aquilo que realmente queres. Isso pode ser muito difícil de ser reconhecido, uma vez que já tenhas decidido por tua própria conta as regras que te prometem um dia feliz. Entretanto, essa decisão ainda pode ser desfeita, por meio de métodos simples que podes aceitar.

8. (4) Se estás tão pouco disposto a receber que não podes sequer abrir mão da tua pergunta, podes começar a mudar a tua mente com isso:

Pelo menos, eu posso decidir que não gosto do que sinto agora.

Isso é óbvio, e prepara o caminho para o próximo passo que se torna fácil.

9. (5) Tendo decidido que não gostas do modo como te sentes, o que poderia ser mais fácil do que continuar com:

E assim eu espero ter estado errado.

Isso funciona contra o senso de resistência e lembra-te que a ajuda não está sendo imposta a ti, mas é algo que queres e da qual necessitas porque não gostas da maneira como te sentes. Essa abertura diminuta será suficiente para permitir que vás adiante com apenas mais alguns poucos passos que precisas dar para que te permitas ser ajudado.

10. Agora atingiste o momento da decisão, porque te ocorreu que sairás ganhando se o que decidiste não for assim. Até que esse ponto seja alcançado; acreditarás que a tua felicidade depende de estares certo. Mas esse tanto de razão já atingiste: viste que esta­rias melhor caso estivesses errado.

11. (6) Esse diminuto grão de sabedoria bastará para levar-te adian­te. Não és obrigado a nada, mas simplesmente esperas receber uma coisa que queres. E podes dizer com perfeita honestidade:

Quero um outro modo de olhar para isso.

Agora mudaste a tua mente a respeito do dia e lembraste do que realmente queres. O propósito que ele tem não mais é obs­curecido pela crença insana segundo a qual o queres com a meta de estares certo, quando estás errado. Assim, o fato de estares pronto para pedir é trazido à tua consciência, pois não podes estar em conflito quando pedes o que queres e vês que é isso que pedes.

12. (7) Esse passo final não é senão o reconhecimento da ausência de resistência para receberes ajuda. É a declaração de uma mente aberta, que ainda não está certa, mas está disposta que lhe mos­trem algo:

Talvez haja um outro modo de olhar para isso.

O que posso perder por perguntar?

Assim podes agora colocar uma pergunta que faz sentido e assim a resposta também fará sentido. 6Tampouco lutarás contra ela, pois vês que és tu que serás ajudado por ela.

13. É preciso ficar claro que é mais fácil ter um dia feliz se impedi­res completamente a entrada da infelicidade. Mas isso requer prática das regras que irão proteger-te da devastação do medo. Quando isso tiver sido conseguido, o triste sonho de julgamento terá sido para sempre desfeito. Mas, por enquanto, tens neces­sidade de praticar as regras do seu desfazer. Vamos, então, consi­derar mais uma vez a primeira das decisões que são aqui oferecidas.

14. Nós dissemos que podes dar início a um dia feliz com a deter­minação de não tomares decisões por tua própria conta. Isso pa­rece ser uma decisão real em si mesma. E, no entanto, não és capaz de tomar decisões por ti mesmo. A única questão realmen­te é: com que ajuda escolhes tomá-las. Isso é tudo na realidade. A primeira regra, então, não é a coerção, mas uma simples decla­ração de um simples fato. Não tomarás decisões por conta pró­pria seja o que for que venhas a decidir. Pois elas são tomadas com ídolos ou com Deus. E pedes ajuda ao anticristo ou ao Cris­to, e aquele que escolheres unir-se-á a ti e te dirá o que fazer.

15. O teu dia não é ao acaso. Ele é determinado por aquilo com o qual escolhes vivê-lo e pelo modo que o amigo a quem procuras­te para pedir conselhos percebe a tua felicidade. Tu sempre pe­des conselho antes de te decidires por qualquer coisa que seja. Deixa que isso seja compreendido e verás que não pode existir coerção aqui, nem justificativas para resistência para que possas ser livre. Não existe liberdade em relação ao que não pode dei­xar de ocorrer. 6E se pensas que existe, não podes deixar de estar errado.

16. A segunda regra, do mesmo modo, não é senão um fato. Pois tu e o teu conselheiro têm que estar de acordo em relação ao que queres antes que possa ocorrer. É só esse acordo que permite que todas as coisas aconteçam. Nada pode ser causado sem alguma forma de união, seja um sonho de julgamento ou a Voz por Deus. Decisões causam resultados porque não são tomadas em isola­mento. Elas são tomadas por ti e pelo teu conselheiro, para ti mesmo e também para o mundo. Tu ofereces ao mundo o dia que queres, pois ele será aquilo que pediste e irá reforçar o domí­nio do teu conselheiro no mundo. Quem é o senhor do mundo para ti hoje? Que tipo de dia decidirás ter?

17. Basta que haja duas pessoas querendo ter felicidade nesse dia para prometê-la ao mundo inteiro. Basta que duas pessoas com­preendam que elas não podem decidir sozinhas para garantir que a alegria que pediram seja totalmente compartilhada. Pois com­preenderam a lei básica que faz com que a decisão seja poderosa e dá a ela todos os efeitos que ela jamais terá. Bastam dois. Estes dois estão unidos antes que possa haver uma decisão. Permite que esse seja o único conselho que manterás em mente e terás o dia que queres, e o darás ao mundo porque o tens. O teu julga­mento terá sido suspenso no mundo pela tua decisão em favor de um dia feliz. E assim como recebeste, assim tens que dar.


II. O livre arbítrio

1. Será que não compreendes que opor-te ao Espírito Santo é lutar contra ti mesmo? Ele te diz apenas a tua vontade, Ele fala por ti. Na Sua Divindade está apenas a tua. E tudo o que Ele sabe não é senão o teu conhecimento, guardado para ti de modo que possas fazer a tua vontade através Dele. Deus pede que faças a tua von­tade. Ele une-Se a ti. Ele não estabeleceu o Seu reino sozinho. E o próprio Céu não representa senão a tua vontade, onde tudo o que é criado é para ti. Nenhuma centelha de vida foi criada sem o teu alegre consentimento, assim como queres que seja. E ne­nhum Pensamento que Deus jamais tenha tido deixou de esperar pela tua bênção para nascer. Deus não é nenhum inimigo para ti. Ele nada pede além de ouvir-te chamá-Lo de “Amigo”.

2. Como é maravilhoso fazer a tua vontade! Pois isso é liberda­de. Não há nenhuma outra coisa que jamais deva ser chamada por esse nome. A não ser que faças a tua vontade, não és livre. E Deus iria deixar o Seu Filho sem aquilo que ele escolheu para si mesmo? Deus apenas garantiu que jamais perderias a tua vonta­de quando Ele te deu a Sua Resposta perfeita. Ouve-A agora, para que possas lembrar-te do Seu Amor e aprender a tua vonta­de. Deus não quer que o Seu Filho seja feito prisioneiro daquilo que ele não quer. Ele une-Se a ti na tua disponibilidade para ser livre. E opor-te a Ele é fazer uma escolha contra ti mesmo e escolher ser limitado.

3. Olha mais uma vez para o teu inimigo, aquele que escolheste odiar ao invés de amar. Pois assim nasceu o ódio no mundo e assim foi o reinado do medo estabelecido aqui. Agora, que ouças Deus falar contigo através Dele, Que é a Sua Voz e também a tua, lembrando-te que não é tua vontade odiar e ser um prisioneiro do medo, um escravo da morte, uma pequena criatura com uma pequena vida. A tua vontade é sem limites, não é tua vontade que ela seja limitada. O que está em ti uniu-se ao próprio Deus no nascimento de toda a criação. Lembra-te Daquele que te criou e, através da tua vontade, criou todas as coisas. Nenhuma das coisas criadas deixa de te dar graças, pois foi pela tua vontade que ela nasceu. Nenhuma luz do Céu brilha a não ser para ti, pois foi posta no Céu pela tua vontade.

4. Que motivo tens para a raiva em um “mundo que meramente espera a tua bênção para ser livre? Se tu fores prisioneiro, o pró­prio Deus não poderia ser livre. Pois o que é feito àquele a quem Deus tanto ama, é feito ao próprio Deus. Não penses que Ele quer limitar-te, Ele Que te fez co-criador do universo com Ele. Ele não quer senão manter a tua vontade sem limites para todo o sempre. Esse mundo espera a liberdade que tu vais lhe dar quando tiveres reconhecido que és livre. Mas não perdoarás o mundo enquanto não O perdoares, a Ele Que te deu a tua vontade. Pois é pela tua vontade que a liberdade é dada ao mundo. Tampouco podes ser livre à parte Dele, Cuja Vontade santa tu compartilhas.

5. Deus Se volta para ti para pedir que o mundo seja salvo, pois pela tua própria salvação ele é curado. E ninguém caminha so­bre essa terra sem depender da tua decisão para aprender que a morte não tem poder sobre ele, porque ele compartilha da tua liberdade assim como compartilha da tua vontade. É a tua von­tade curá-lo e porque tu decidiste com ele, ele é curado. E agora Deus é perdoado, pois escolheste olhar para o teu irmão como para um amigo.


III. Além de todos os ídolos

1. Ídolos são bastante específicos. Mas a tua vontade é universal, sendo sem limites. E assim ela não tem forma, nem fica contente quando tem a sua expressão em termos de forma. Ídolos são limi­tes. São a crença em que existem certas formas que te trarão felici­dade e em que, através da limitação, tudo é atingido. É como se dissesses: “Não tenho necessidade de tudo. Quero essa pequena coisa e ela será tudo para mim.” E isso não pode deixar de falhar em satisfazer porque é tua vontade que tudo seja teu. Decide-te por ídolos e estás pedindo a perda. Decide-te pela verdade e todas as coisas são tuas.

2. O que buscas não é forma. Que forma pode ser um substituto para o Amor de Deus o Pai? Que forma pode tomar o lugar de todo o amor na Divindade de Deus Filho? Que ídolo pode fazer dois do que é um só? E é possível que o que é sem limites seja limitado? Tu não queres um ídolo. Não é tua vontade ter um ídolo. Ele não te concederá a dádiva que buscas. Quando te deci­des pela forma daquilo que queres, perdes a compreensão do seu propósito. Assim vês a tua vontade dentro do ídolo; reduzindo-a a uma forma específica. Entretanto, essa nunca poderia ser a tua vontade, porque o que compartilha de toda a criação não pode ficar contente com pequenas idéias e pequenas coisas.

3. Por trás da busca de qualquer ídolo está o anseio pela complete­za. A integridade não tem forma porque é ilimitada. Buscar uma pessoa especial ou uma coisa especial para somar-se a ti e te com­pletar só pode significar que acreditas que alguma forma está fal­tando. E achando-a, atingirás a completeza em uma forma que gostas. Esse é o propósito de um ídolo: que não olhes além dele para a origem da crença segundo a qual tu és incompleto. Só se tivesses pecado, é que isso poderia ser assim. Pois o pecado é a idéia segundo a qual estás sozinho e separado do que é íntegro. E assim seria necessário que a busca da integridade fosse feita além das fronteiras dos limites impostos a ti mesmo.

4. Nunca é o ídolo que queres. Mas o que pensas que ele te ofere­ce, isso de fato queres e tens o direito de pedir. Nem seria pos­sível que isso te fosse negado. A tua vontade de ser completo não é senão a Vontade de Deus e te é dada por ser Dele. Deus não conhece forma alguma. Ele não pode responder-te em termos que não têm significado. E a tua vontade não poderia satisfazer­-se com formas vazias, feitas apenas para preencher uma brecha que não existe. Não é isso que queres. A criação não dá a ninguém separadamente, nem a nenhuma coisa separada o poder de completar o Filho de Deus. Que ídolo pode ser chamado para dar ao Filho de Deus o que ele já tem?

5. A completeza é a função do Filho de Deus. Ele não tem absolu­tamente nenhuma necessidade de buscá-la. Além de todos os ído­los está a sua vontade santa de ser apenas o que ele é. Pois mais do que o todo não tem significado. Se existisse alguma mudança nele, se pudesse ser reduzido a qualquer forma e limitado àquilo que não está nele, ele não seria como Deus o criou. De que ídolo pode ele necessitar para ser ele mesmo? É capaz de descartar uma parte de si mesmo? O que não é íntegro não pode tornar íntegro. Mas o que é realmente pedido não pode ser negado. A tua vontade é concedida. Não em uma forma que não vá conten­tar-te, mas no Pensamento íntegro, completamente belo que Deus mantém de ti.

6. Nada do que Deus não conhece existe. E o que Ele conhece existe para sempre, imutavelmente. Pois os pensamentos duram por tanto tempo quanto a mente que neles pensou. E na Mente de Deus não há fim, nem um momento no qual Seus Pensamen­tos estejam ausentes ou possam sofrer qualquer mudança. Pen­samentos não nascem e não podem morrer. Eles compartilham os atributos do seu criador e também não têm uma vida separada da sua. Os pensamentos que pensas estão em tua mente, assim como tu estás na Mente Que pensou em ti. E assim não existem partes separadas naquilo que existe dentro da Mente de Deus. Ela é para sempre una, eternamente unida e em paz.

7. Pensamentos parecem ir e vir. Entretanto, tudo o que isso sig­nifica é que, às vezes, estás ciente deles e, às vezes, não. Um pensamento que não é lembrado renasce para ti quando volta à tua consciência. No entanto, ele não morreu enquanto o esque­ceste. Esteve sempre presente, mas não estavas ciente dele. O Pensamento que Deus mantém de ti é perfeitamente intocado pelo teu esquecimento. Ele sempre será exatamente como era an­tes do tempo em que o esqueceste, e será exatamente o mesmo quando o relembrares. E é o mesmo durante o intervalo em que o esqueceste.

8. Os Pensamentos de Deus estão muito além de qualquer mu­dança e brilham para sempre. Eles não esperam por nascer. Es­peram boas-vindas e serem lembrados. O Pensamento que Deus mantém de ti é como uma estrela, imutável no Céu eterno. Tão elevada no Céu está ela, que aqueles que estão fora do Céu, não sabem que ela está lá. Entretanto, quieta, branca e bela, ela bri­lhará através de toda a eternidade. Não houve tempo algum em que ela não estivesse lá, nenhum instante em que a sua luz tenha diminuído ou se mostrado menos perfeita.

9. Quem conhece o Pai conhece essa luz, pois Ele é o firmamento eterno que a mantém a salvo, para sempre elevada e ancorada em segurança. Sua pureza perfeita não depende de ser vista na terra ou não. O firmamento a abraça e suavemente a mantém em seu lugar perfeito, que está tão distante da terra quanto a terra do Céu. Não é a distância nem é o tempo que mantém essa estrela invisível na terra. Mas aqueles que buscam ídolos não podem ter o conhecimento de que a estrela esteja lá.

10. Além de todos os ídolos está o Pensamento que Deus mantém de ti. Completamente intocado pelo tumulto e pelo terror do mundo, os sonhos de nascimento e de morte que são aqui sonha­dos, as miríades de formas que o medo pode tomar; inteiramente imperturbado, o Pensamento que Deus mantém de ti permanece exatamente como sempre foi. Cercado por uma quietude tão completa que nenhum som de batalha se aproxima nem sequer de forma remota, ele descansa na certeza e na paz perfeita. Aqui está a sua única realidade mantida em segurança, completamente inconsciente de todo o mundo que cultua ídolos e que não conhe­ce a Deus. Na perfeita confiança da sua imutabilidade e do seu descanso na sua casa eterna, o Pensamento que Deus mantém de ti nunca deixou a Mente de seu Criador, a Quem ele conhece do mesmo modo que o seu Criador tem o conhecimento de que ele está lá.

11. Onde poderia estar o Pensamento que Deus mantém de ti se­ não onde tu estás? É a tua realidade algo que está à parte de ti, situado em um mundo sobre o qual a tua realidade nada conhe­ce? Fora de ti não há firmamento eterno, não há estrela imutável e nenhuma realidade. A mente do Filho do Céu está no Céu, pois lá a Mente do Pai e do Filho uniram-Se na criação que não pode ter fim. Tu não tens duas realidades, mas uma só. Tampouco é possível que estejas ciente de mais de uma. Um ídolo ou o Pensa­mento que Deus mantém de ti é a tua realidade. Não te esqueças, portanto, que os ídolos têm que guardar escondido aquilo que tu és, não da Mente de Deus, mas da tua própria. A estrela ainda brilha, o firmamento nunca mudou. Mas tu, o Filho santo do próprio Deus, estás inconsciente da tua realidade.


IV. A verdade atrás das ilusões

1. Tu atacarás aquilo que não satisfaz e assim não verás que o inventaste. Tu sempre lutas contra ilusões. Pois a verdade que está por trás é tão bela e tão serena em amorosa gentileza, que se estivesses ciente dela, te esquecerias inteiramente de te colocares na defensiva e correrias para o seu abraço. A verdade nunca po­deria ser atacada. E disso tu sabias quando fizeste ídolos. Eles foram feitos para que isso pudesse ser esquecido. Só atacas as idéias falsas, nunca as verdadeiras. Todos os ídolos são idéias falsas que fizeste para preencher a brecha que pensaste ter surgi­do entre ti mesmo e o que é verdadeiro. E os atacas em nome das coisas que pensas que representam. O que está além dos ídolos não pode ser atacado.

2. Os exaustivos e insatisfatórios deuses que fizeste são brinque­dos inflados de criança. Uma criança se assusta quando uma ca­beça de madeira salta de uma caixa fechada que é repentinamente aberta, ou quando um urso de pelúcia macio e silencioso começa a rosnar no momento em que ela o segura. As regras que ela fez para as caixas e para os ursos falharam e quebraram o seu “con­trole” daquilo que a cerca. E ela tem medo porque pensava que essas regras a protegiam. Agora, precisa aprender que as caixas e os ursos não a enganaram, não quebraram regra nenhuma, nem significam que o seu mundo se tomou caótico e sem segurança. Ela se equivocou. Compreendeu mal o que é que a fazia estar segura e pensou que isso tinha ido embora.

3. A brecha que não existe é preenchida com brinquedos de inú­meras formas. E cada um aparentemente quebra as regras que estabeleceste para ele. Ele nunca foi o que pensavas. Não pode deixar de aparentemente quebrar as tuas regras de segurança, já que essas regras estavam erradas. Mas tu não estás em perigo. Podes rir das cabeças que pulam e dos brinquedos que rosnam, assim como a criança que aprende que eles não são uma ameaça para ela. Entretanto, enquanto gostar de brincar com eles, ela os perceberá como se estivessem obedecendo às regras que fez para a sua diversão. Assim, ainda existem regras que eles aparente­mente podem quebrar, assustando-a. No entanto, está ela à mercê de seus brinquedos? E podem eles representar qualquer ameaça para ela?

4. A realidade observa as leis de Deus, e não as regras que estabe­leceste. São as Suas leis que garantem a tua segurança. Todas as ilusões a respeito de ti mesmo, nas quais acreditas, não obedecem a lei alguma. Elas parecem dançar por algum tempo de acordo com as regras que estabeleceste para elas. Mas então caem e não conseguem reerguer-se. Elas são apenas brinquedos, minha criança, portanto, não te lamentes por elas. A sua dança nunca te trouxe alegria. Tampouco eram coisas para assustar-te, nem para te dar segurança caso obedecessem às tuas regras. Elas não de­vem ser estimadas nem atacadas, mas apenas contempladas como brinquedos de criança, sem qualquer significado próprio. Vê um significado nelas e verás todos. Não vejas nenhum e elas não te afetarão.

5. As aparências enganam porquê são aparências e não realidade. Não insistas nelas de forma alguma. Elas apenas obscurecem a realidade e trazem medo porque escondem a verdade. Não ata­ques aquilo que tu fizeste para te deixares ser enganado, pois desse modo provas que foste enganado. O ataque tem o poder de fazer com que as ilusões sejam reais. No entanto, o que ele faz não é nada. Quem poderia se amedrontar em virtude de um poder que não pode ter quaisquer efeitos reais? O que poderia ser além de uma ilusão, fazendo com que as coisas pareçam ser como ele próprio? O calmamente para os seus brinquedos e compreende que são ídolos que apenas dançam de acordo com desejos vãos. Não lhes dês o teu culto pois não existem. Entre­tanto, isso é igualmente esquecido no ataque. O Filho de Deus não necessita de defesa contra os seus sonhos. Os seus ídolos não o ameaçam em nada. O seu único equívoco é pensar que são reais. O que o poder de ilusões poderia fazer?

6. As aparências só são capazes de enganar a mente que quer ser enganada. E podes fazer uma simples escolha que te colocará para sempre muito além do engano. Não precisas te preocupar com a forma como isso será feito, pois isso não podes compreen­der. Mas compreenderás que poderosas mudanças foram rapidamente introduzidas quando decidires uma única coisa muito simples: tu não queres coisa alguma que acredites que um ídolo possa dar. Pois assim o Filho de Deus declara que está livre de ídolos. E, assim, ele é livre.

7. A salvação é, de fato, um paradoxo! O que poderia ser exceto um sonho feliz? Ela apenas te pede que perdoes todas as coisas que ninguém jamais fez, que não vejas o que não existe e que não olhes para o irreal como se fosse realidade. Apenas te é pedido que deixes que seja feita a tua vontade e não mais busques coisas que não queres. E te é pedido que te é pedido que te deixes libertar de todos os sonhos daquilo que nunca foste e não busques mais substituir n Vontade de Deus pela força de desejos vãos.

8. Aqui o sonho da separação começa a murchar e desaparecer. Pois aqui a brecha que não existe começa a ser percebida sem os brinquedos de terror que tu fizeste. Não mais do que isso é pedi­do. Fica contente, de fato, porque a salvação pede tão pouco, não tanto. Ela nada pede na realidade. E mesmo em ilusões, ela ape­nas pede que o perdão seja o substituto do medo. Tal é a única regra para os sonhos felizes. A brecha é esvaziada dos brinque­dos do medo e, então, a sua irrealidade é explícita. Os sonhos não servem para nada. E o Filho de Deus não pode precisar deles. Não lhe oferecem coisa alguma que ele pudesse jamais querer. Ele é libertado das ilusões através da sua própria vonta­de e é apenas restaurado ao que ele é. O que poderia ser o plano de Deus para a sua salvação, exceto um meio de fazer com que ele se dê a Ele Mesmo?


V. O único propósito

1. O mundo real é o estado mental no qual se vê o perdão como o único propósito do mundo. O medo não é a meta do mundo, pois escapar da culpa vem a ser o seu objetivo. O valor do per­dão é percebido e toma o lugar dos ídolos, que não mais são buscados, pois as suas “dádivas” já não são valorizadas. Nenhu­ma regra é estabelecida em vão e nenhuma exigência é feita de pessoa ou coisa alguma para que sejam distorcidas e se adeqüem ao sonho do medo. Em vez disso, há um desejo de compreender todas as coisas criadas como elas realmente são. E se reconhece que todas as coisas têm que ser em primeiro lugar perdoadas e então compreendidas.

2. Aqui se pensa que a compreensão é adquirida através do ata­que. Lá, fica claro que através do ataque se perde a compreensão. A loucura de perseguir a culpa como meta é inteiramente reco­nhecida. E ídolos não são queridos lá, pois compreende-se que a culpa é a única causa da dor sob qualquer forma. Ninguém é tentado pelo seu apelo vão, pois o sofrimento e a morte foram percebidos como coisas que não se quer e pelas quais não vale a pena ninguém se esforçar. A possibilidade da liberdade foi capta­da e bem recebida e os meios pelos quais ela pode ser alcançada podem agora ser compreendidos. O mundo vem a ser um lugar de esperança, porque o seu único propósito é ser um lugar onde a esperança da felicidade pode ser realizada. E ninguém fica ex­cluído dessa esperança, porque o mundo foi unido na crença de que o propósito do mundo é tal que todos têm que compartilhar, se é que a esperança vai ser mais do que um simples sonho.

3. O Céu ainda não é inteiramente lembrado, pois o propósito do perdão ainda permanece. No entanto, cada um está certo de que irá além do perdão e permanece somente enquanto o perdão se aperfeiçoa nele. Ele não tem nenhum desejo a não ser esse. E o medo sumiu, porque ele está unido consigo mesmo em seu propó­sito. Há nele uma esperança de felicidade tão segura e tão cons­tante, que ele mal pode ficar esperando por mais algum tempo, com os pés ainda tocando a terra. No entanto, está contente por esperar até que todas as mãos se unam e todos os corações estejam prontos para elevarem-se e seguirem com ele. Pois assim ele é aprontado para o passo no qual todo o perdão é deixado lá atrás.

4. O passo final é de Deus, porque apenas Deus poderia criar um Filho perfeito e compartilhar Sua Paternidade com ele. Ninguém fora do Céu sabe como pode ser assim, pois a compreensão disso é o próprio Céu. Mesmo o mundo real tem um propósito que ainda se encontra abaixo da criação e da eternidade. Mas o medo se foi porque seu propósito é o perdão, não a idolatria. E assim, o Filho do Céu é preparado para ser ele próprio e para se lembrar que o Filho de Deus conhece tudo o que o seu Pai compreende, e o compreende perfeitamente com Ele.

5. O mundo real ainda está aquém disso, pois esse é o propósito do próprio Deus; só Seu e, no entanto, completamente comparti­lhado e perfeitamente realizado. O mundo real é um estado no qual a mente aprendeu como é fácil abandonar ídolos quando eles ainda são percebidos, mas não são mais queridos. Com que disposição a mente os deixa partir quando compreendeu que os ídolos não são nada, não estão em parte alguma e não têm propó­sito. Pois somente então a culpa e o pecado podem ser vistos sem nenhum propósito e sem significado.

6. Assim é o propósito do mundo real gentilmente trazido à cons­ciência para substituir a meta do pecado e da culpa. E tudo o que se interpôs entre a tua imagem de ti mesmo e aquilo que és, o perdão limpa alegremente e faz desaparecer. Entretanto, Deus não precisa criar o Seu Filho outra vez para que o que é dele seja devolvido a ele. A brecha entre o teu irmão e ti mesmo nunca existiu. E o que o Filho de Deus conheceu na criação, ele tem que conhecer de novo.

7. Quando irmãos se unem em propósito no mundo do medo, eles já se encontram à beira do mundo real. Talvez ainda olhem para trás e pensem que vêem um ídolo que querem. No entanto, o seu caminho já foi seguramente traçado para longe dos ídolos, na direção da realidade. Pois quando uniram as suas mãos, foi a mão de Cristo que tomaram e olharão para Aquele Cujas mãos eles seguram. A face de Cristo é contemplada antes do Pai ser lembrado. Pois Ele tem que continuar sem ser lembrado enquan­to o Seu Filho não tiver alcançado o que está além do perdão, o Amor de Deus. Entretanto, o Amor de Cristo é aceito antes. E então virá o conhecimento de que Eles são um só.

8. Como é leve e fácil o passo que atravessa as estreitas fronteiras do mundo do medo, quando reconheceste de Quem é a mão que seguras! Dentro da tua mão está tudo o que necessitas para ca­minhares em perfeita confiança para longe do medo para sempre e para seguires adiante e rapidamente alcançares a porta do Céu. Pois Ele, Cuja mão seguras, apenas esperava que te unisses a Ele. Agora que vieste, iria Ele atrasar-Se em mostrar-te o caminho que Ele tem que seguir ao teu lado? As Suas bênçãos estão conti­go com tanta certeza quanto o Amor do Seu Pai repousa sobre Ele. A Sua gratidão para contigo está além da tua compreensão, pois permitiste que Ele Se erguesse do cativeiro e partisse junto contigo rumo à casa do Seu Pai.

9. Um antigo ódio está desaparecendo do mundo. E com ele toda raiva e todo medo se vão. Não olhes mais para trás, pois o que está diante de ti é tudo o que jamais quiseste em teu coração. Abre mão do mundo! Mas não para o sacrifício. Tu nunca o quiseste. Que felicidade buscaste aqui que não tenha te trazido dor? Que momento de contentamento não foi comprado ao preço amedrontador de moedas de sofrimento? A alegria não tem ne­nhum custo. Ela é o teu direito sagrado, e aquilo que tu pagas não é felicidade. Adianta-te no teu caminho através da honesti­dade e não permitas que as tuas experiências aqui enganem em retrospectiva. Elas não estavam livres do amargo custo e de con­seqüências sem alegria.

10. Não olhes para trás a não ser com honestidade. E quando um ídolo te tentar, pensa nisso:

Nunca houve um momento em que um ídolo te trouxesse coisa alguma exceto a “dádiva” da culpa. Nenhum deles foi comprado a não ser ao custo da dor, e nem jamais foi pago apenas por ti.

Portanto, sê misericordioso para com o teu irmão. E não esco­lhas um ídolo irrefletidamente; lembra-te de- que ele pagará o custo assim como tu. Pois ele se atrasará quando olhares para trás e não perceberás de Quem é a mão amorosa que seguras. Assim sendo, olha para a frente; em confiança caminha com o coração feliz que bate em esperança e não ecoa no medo.

11. A Vontade de Deus está para sempre naqueles cujas mãos es­tão unidas. Enquanto eles não se uniram, pensaram que Ele era seu inimigo. Mas quando se uniram e compartilharam um único propósito, foram livres para aprender que a sua vontade é uma só. E assim a Vontade de Deus tem que chegar à consciência de todos eles. Tampouco são capazes de esquecer por muito tempo que ela não é senão a própria vontade de cada um.


VI. A justificativa do perdão

1. A raiva nunca é justificada. O ataque não tem fundamento. É aqui que o escape do medo começa e ele será completado. Aqui o mundo real é dado em troca dos sonhos de terror. É nisso que o perdão se baseia e é apenas natural. Não te é pedido que ofereças o perdão quando o ataque é devido e seria justificado. Isso significaria que perdoas um pecado sem ver o que realmente existe. Isso não é perdão. Pois isso implicaria em que, por responder de uma forma que não é justificada, o teu perdão viria a ser a respos­ta ao ataque que foi feito. E assim o perdão é impróprio, pois está sendo concedido onde não é devido.

2. O perdão sempre é justificado. Ele tem um fundamento seguro. Tu não perdoas o imperdoável, nem deixas de ver um ataque real que pede punição. A salvação não está em seres solicitado a dar respostas não-naturais, impróprias para o que é real. Ao contrá­rio, ela apenas pede que respondas de maneira apropriada ao que não é real, por não perceberes, o que não ocorreu. Se o “perdão fosse” injustificado, seria pedido a ti que sacrificasses os teus direi­tos quando retribuis o ataque com o perdão. Mas meramente te é solicitado que vejas o perdão como a reação natural à aflição que se baseia no erro e assim clama por ajuda. “O perdão é a única resposta sã. Ele impede que os teus direitos sejam sacrificados.

3. Essa compreensão é a única mudança que permite que o mundo real surja para tomar o lugar dos sonhos de terror. O medo não pode surgir a menos que o ataque seja justificado e se ele tivesse um fundamento real, o perdão não teria nenhum. O mun­do real é alcançado quando percebes que a base do perdão é bastante real e inteiramente justificada. Enquanto o consideras como uma dádiva que não é devida, ele não pode deixar de sustentar a culpa que queres “perdoar”. O perdão não justificado é ataque. E isso é tudo o que o mundo jamais poderá dar. Ele perdoa os “pe­cadores” algumas vezes, mas permanece consciente de que peca­ram. E assim eles não merecem o perdão que ele lhes dá.

4. Esse é o falso perdão que o mundo emprega para manter vivo o senso do pecado. E reconhecendo que Deus é justo, parece im­possível que o Seu perdão possa ser real. Assim, o medo de Deus é o resultado garantido de se ver o perdão como algo imerecido. Ninguém que se veja culpado é capaz de evitar o medo de Deus. Mas ele é salvo desse dilema se for capaz de perdoar. A mente não pode deixar de pensar em seu Criador enquanto olha para si mesma. Se és capaz de ver que o teu irmão merece perdão, apren­deste que o perdão é um direito teu, tanto quanto dele. Tampouco irás pensar que Deus pretende fazer para ti um julgamento ame­drontador que o teu irmão não mereça. Pois a verdade é que não podes merecer nem mais nem menos do que ele.

5. O perdão reconhecido como merecido curará. Ele dá ao mila­gre a sua força para não ver ilusões. É desse modo que aprendes que tu também tens que estar perdoado. Não pode haver nenhu­ma aparência que não possa deixar de ser vista. Pois se houvesse, seria necessário, em primeiro lugar, que houvesse algum pecado que estivesse além do perdão. Nesse caso haveria um erro que seria mais do que um equívoco, uma forma especial de erro que permaneceria imutável, eterna e além de toda correção ou escapa­tória. Aí haveria um equívoco com o poder de desfazer a criação e fazer um mundo que pudesse substituí-la e destruir a Vontade de Deus. Somente se isso fosse possível, poderiam existir aparências capazes de fazer face ao milagre e não serem curadas por ele.

6. Não existe prova mais garantida de que a idolatria é o teu dese­jo do que a crença segundo a qual existem certas formas de doen­ça e de ausência de alegria que o perdão não é capaz de curar. Isso significa que preferes manter alguns ídolos e não estás pre­parado por enquanto para permitir que todos desapareçam. E assim pensas que algumas aparências são reais e absolutamente não são aparências. Não te enganes a respeito do significado de qualquer crença fixa segundo a qual é mais difícil olhar para o que está além de algumas aparências do que de outras. Isso sempre significa que pensas que o perdão tem que ser limitado. E estabe­leceste uma meta de perdão parcial e o escapar da culpa não pode deixar de estar limitado para ti. O que pode isso significar exceto que o perdão que concedes a ti mesmo e a todas as pessoas que parecem estar à parte de ti é falso?

7. Não pode deixar de ser verdade que o milagre pode curar to­das as formas de doença ou não pode curar nenhuma. Seu pro­pósito não pode ser julgar que formas são reais e que aparências são verdadeiras. Se uma aparência tem que permanecer à parte da cura, uma ilusão tem que ser parte da verdade. E não pode­rias escapar de toda a culpa, mas só de parte dela. Tens que perdoar o Filho de Deus inteiramente. Se não o fizeres manterás uma imagem de ti mesmo que não é íntegra e continuarás com medo de olhar para dentro e lá achar um meio de escapar de todos os ídolos. A salvação baseia-se na fé segundo a qual não podem haver formas de culpa que não podes perdoar. E assim não podem existir aparências que tenham substituído a verdade sobre o Filho de Deus.

8. Olha para o teu irmão com a disposição de vê-lo como ele é. E não excluas nenhuma parte dele da tua disponibilidade para que ele seja curado. Curar é tornar íntegro. E o que é íntegro não pode ter partes faltando que tenham sido mantidas do lado de fora. O perdão baseia-se no reconhecimento disso e no contenta­mento pelo fato de que não pode haver formas de doença que o milagre não tenha o poder de curar.

9. O Filho de Deus é perfeito, ou ele não pode ser o Filho de Deus. Tampouco o conhecerás, se pensas que ele não merece escapar da culpa em todas as suas conseqüências e suas formas. Não existe nenhum outro modo de pensar nele a não ser esse, se quiseres conhecer a verdade sobre ti mesmo.

Pai, eu Te dou graças pelo Teu Filho per­feito e, na sua glória, eu vereia minha.

Eis aqui a alegre declaração de que não existem formas de mal que possam prevalecer sobre a Vontade de Deus; o feliz recon­hecimento de que a culpa não teve sucesso no teu desejo de fazer com que as ilusões fossem reais. E o que é isso senão uma sim­ples declaração da verdade?

10. Olha para o teu irmão com essa esperança em ti e compreende­rás que ele não poderia cometer um erro que fosse capaz de mu­dar a verdade nele. Não é difícil deixar de ver equívocos que não tiveram quaisquer efeitos. Mas, o que vês como se tivesse poder para fazer um ídolo do Filho de Deus, tu não irás perdoar. Pois ele virá a ser para ti uma imagem esculpida e um sinal da morte. É esse o teu salvador? O seu Pai está errado à respeito de Seu Filho? Ou tu estás enganado em relação àquele que te foi dado para curar, para a tua salvação e libertação?


VII. A nova interpretação

1. Iria Deus deixar o significado do mundo à tua interpretação? Se Ele o tivesse feito, o mundo não teria significado. Pois não é possível que o significado mude constantemente e ainda assim seja verdadeiro. O Espírito Santo contempla o mundo como se ele tivesse um único propósito, imutavelmente estabelecido. E ne­nhuma situação pode afetar o objetivo do mundo mas, ao contrá­rio, tem que estar de acordo com ele. Pois só se o seu objetivo pudesse mudar com cada situação é que cada uma poderia estar aberta à interpretação, que é diferente a cada vez que pensas nela. Acrescentas um elemento ao roteiro que escreves a cada minuto do dia, e tudo o que acontece agora significa alguma outra coisa. Tiras um outro elemento e todo significado se altera de acordo com isso.

2. O que refletem os teus roteiros, exceto os teus planos para o que deveria ser o dia? E assim julgas o desastre e o sucesso, o avanço e o retrocesso, o ganho e a perda. Esses julgamentos são todos fei­tos de acordo com os papéis que o roteiro atribui. O fato de que eles não têm significado em si mesmos é demonstrado pela facili­dade com que esses rótulos mudam em função de outros julga­mentos, feitos com base em diferentes aspectos da experiência. E assim, ao olhares para trás, pensas que vês um outro significado naquilo que antes se passou. O que é que realmente fizeste, exce­to mostrar que ali não havia nenhum significado? Mas tu atribuis significado à luz de metas que mudam, e os significados se alte­ram à medida que elas mudam.

3. Só um propósito constante é capaz de dotar os eventos com um significado estável. Mas ele tem que dar um só significado a todos eles. Se significados diferentes lhes são dados, isso necessaria­mente significa que apenas refletem propósitos diferentes. E esse é todo o significado que têm. Isso pode ser significativo? É pos­sível que a significação do significado seja confusão? A percepção não pode estar em um fluxo constante e permitir estabilidade de significado aonde quer que esteja. O medo é um julgamento que nunca é justificado. A sua presença não tem significado além de mostrar que escreveste um roteiro amedrontador e estás, conse­qüentemente, com medo. Mas não porque o que temes tenha um significado amedrontador em si mesmo.

4. Um propósito comum é o único meio pelo qual a percepção pode ser estabilizada e uma só interpretação dada ao mundo e a todas as experiências aqui. Nesse propósito compartilhado, um só julgamento é compartilhado por todas as pessoas e coisas que vês. Tu não tens que julgar, pois aprendeste que foi dado um só significado a todas as coisas e estás contente de vê-lo em toda a parte. Ele não pode mudar porque tu o perceberias em toda a parte, imutável pelas circunstâncias. E assim o ofereces a todos os eventos e permites que eles te ofereçam estabilidade.

5. Escapar do julgamento está simplesmente nisso: todas as coi­sas têm apenas um propósito, que tu compartilhas com todo o mundo. E nada no mundo pode se opor a ele, pois ele pertence a tudo, assim como pertence a ti. No propósito único está o fim de todas as idéias de sacrifício, que têm que assumir um propósito diferente para aquele que ganha e para aquele que perde. Não poderia haver nenhum pensamento de sacrifício à parte dessa idéia. E é a idéia de metas diferentes que faz com que a percep­ção se altere e o significado mude. Em uma meta unificada isso vem a ser impossível, pois o teu acordo faz a interpretação se estabilizar e durar.

6. Como pode a comunicação realmente ser estabelecida enquan­to os símbolos que são usados significam coisas diferentes? A meta do Espírito Santo dá uma única interpretação significativa para ti e para o teu irmão. Assim, podes te comunicar com ele e ele contigo. Em símbolos que ambos podem compreender, o sa­crifício do significado é desfeito. Todo sacrifício acarreta a perda da tua capacidade de ver as relações entre os eventos. E quando se olha para eles separadamente, eles não têm significado. Pois não existe nenhuma luz pela qual possam ser vistos e compreen­didos. Eles não têm propósito. E aquilo para que servem não pode ser visto. Em qualquer pensamento de perda não há signi­ficado. Ninguém concordou contigo quanto ao que ele significa. Ele faz parte de um roteiro distorcido, que não pode ser interpre­tado significativamente. Tem que ser para sempre ininteligível. Isso não é comunicação. Os teus sonhos escuros são apenas os roteiros isolados e sem sentido que escreveste no sono. Não olhes para sonhos separados em busca de significado. Só sonhos que perdoam podem ser compartilhados. Eles significam o mes­mo para ti e para o teu irmão. .

7. Não interpretes em função da solidão, pois o que vês nada significa. Aquilo que representa vai se alterar e tu vais acreditar que o mundo é um lugar incerto, no qual caminhas no perigo e na incerteza. São apenas as tuas interpretações, às quais falta estabilidade, pois elas não estão alinhadas com o que tu realmen­te és. Esse é um estado tão inseguro, aparentemente, que o medo tem que surgir. Não continues assim, meu irmão. Nós temos um Intérprete. E através do Seu uso dos símbolos, nós nos unimos de tal modo que significam a mesma coisa para todos nós. Nossa linguagem comum permite que nós falemos com todos os nossos irmãos e que compreendamos com eles que o perdão foi dado a todos nós, e assim podemos nos comunicar outra vez.


VIII. A realidade imutável

1. Aparências enganam, mas podem ser mudadas. A realidade é imutável. Ela não engana em nada, e se falhas em ver o que está além das aparências, tu estás enganado. Pois todas as coisas que vês mudarão e apesar disso pensaste que eram reais antes e agora pensas que são reais mais uma vez. A realidade é assim reduzida à forma e é capaz de mudar. A realidade é imutável. É isso o que faz com que ela seja real e a mantém separada de todas as apa­rências. Ela tem que transcender todas as formas para ser ela própria. Ela não pode mudar.

2. O milagre é o meio de demonstrar que todas as aparências podem mudar porque elas são aparências e não podem ter a imu­tabilidade a que a realidade está vinculada. O milagre atesta a salvação das aparências demonstrando que elas podem mudar. O teu irmão tem em si mesmo uma imutabilidade que está além de ambos, aparência e engano. Ela é obscurecida por pontos de vista mutantes que percebes em relação a ele como se fossem a sua realidade. O sonho feliz a seu respeito toma a forma da apa­rência da sua saúde perfeita, da sua liberdade perfeita em relação a todas as formas de carência, da sua segurança contra desastres de todos os tipos. O milagre é uma prova de que ele não está limitado pela perda nem pelo sofrimento sob qualquer forma, porque isso pode ser tão facilmente mudado. Isso demonstra que essas coisas nunca foram reais e não poderiam ter brotado da sua realidade. Essa é imutável e não tem efeitos que qualquer coisa no Céu ou na terra seja jamais capaz de alterar. Mas as aparências se revelam irreais porque mudam.

3. O que é a tentação senão um desejo de fazer com que as ilusões sejam reais? Não parece ser o desejo de que nenhuma realidade seja real. Entretanto, é uma afirmação segundo a qual algumas formas que tomam os ídolos têm um apelo poderoso que faz com que seja mais difícil resistir a elas do que àquelas outras que não queres que tenham realidade. A tentação, então, nada mais é do que isso: uma oração para que o milagre não toque em alguns sonhos, mas mantenha a sua irrealidade obscura e, ao contrário, lhes dê realidade. E o Céu não dá nenhuma resposta à oração, tampouco pode te ser dado um milagre para curar as aparências do que não gostas. Tu estabeleceste limites. O que pedes te é dado, mas não vem de Deus, Que não conhece limites. Tu limi­taste a ti mesmo.

4. A realidade é imutável. Os milagres apenas mostram que o que interpuseste entre a realidade e a tua consciência é irreal e não interfere absolutamente. O custo da crença segundo a qual tem que haver algumas aparências que estão além da esperança de serem mudadas é que o milagre não pode vir de ti de maneira consistente. Pois pediste que fosse retirado do milagre o poder de curar todos os sonhos. Não há nenhum milagre que não possas ter quando desejas a cura. Mas não há nenhum milagre que possa te ser dado, a não ser que a queiras. Escolhe o que queres curar e não terá sido dada a Ele, Que dá todos os milagres, a liberdade para conceder as Suas dádivas ao Filho de Deus. Quando ele é tentado, ele nega a realidade. E vem a ser o escravo voluntário daquilo que escolheu em seu lugar.

5. Porque a realidade é imutável, já existe lá um milagre para cu­rar todas as coisas que mudam e oferecê-las a ti para serem vistas de uma forma feliz, isenta de medo. Será dado a ti olhar para o teu irmão deste modo. Mas não enquanto quiseres que, em al­guns aspectos, seja de outro modo. Pois isso apenas significa que não queres vê-lo curado e íntegro. O Cristo nele é perfeito. É para isso que queres olhar? Então, não permitas que existam sonhos sobre ele que prefiras ver em lugar deste. E verás o Cristo nele porque permites que Ele venha a ti. E quando Ele tiver apa­recido a ti, estarás certo de que tu és como Ele, pois Ele é o imutá­vel no teu irmão e em ti.

6. É isso o que vais contemplar quando decidires que não há ne­nhuma aparência que queiras manter no lugar do que o teu ir­mão realmente é. Não permitas que nenhuma tentação te faça preferir um sonho e deixar que a incerteza entre aqui. Não te faças ficar culpado e temeroso quando fores tentado por um so­nho do que ele é. Mas não dês a esse sonho o poder de substituir o imutável nele no teu modo de vê-lo. Não há nenhuma falsa aparência que não se apague, se em vez dela requisitares um mi­lagre. Não há nenhuma dor da qual ele não esteja livre, se tu quiseres que ele seja apenas o que é. Por que deverias ter medo de ver o Cristo nele? Tu apenas contemplas a ti mesmo no que vês. Na medida em que ele é curado, tu és libertado da culpa, pois a sua aparência é a tua própria para ti.