julho 15, 2010

Capítulo 03 - A PERCEPÇÃO INOCENTE

Capítulo 3 – A PERCEPÇÃO INOCENTE

I. Expiação sem sacrifício

1. Um outro ponto tem de estar perfeitamente claro antes que qualquer medo residual, ainda associado aos milagres, possa desaparecer. A crucificação não estabeleceu a Expiação, mas a ressurreição sim. Muitos cristãos sinceros compreenderam isto erradamente. Ninguém que esteja livre da crença na escassez poderia cometer este equívoco. Se a crucificação é vista de uma perspectiva invertida, parece que Deus permitiu e até mesmo encorajou um dos seus Filhos a sofrer porque era bom. Esta interpretação particularmente desafortunada, surgida da projeção, tem levado muitas pessoas a sentirem amargamente o medo de Deus. Tais conceitos anti-religiosos entram em muitas religiões. No entanto, o cristão real deveria fazer uma pausa e perguntar: «Como poderia ser assim?» É provável que o próprio Deus fosse capaz de um tipo de pensamento que as Suas Próprias palavras claramente declararam como indigno do Seu Filho?

2. A melhor defesa, como sempre, é não atacar a posição do outro mas, em vez disso, proteger a verdade. Não é sábio aceitar qualquer conceito se tens de inverter todo um quadro de referências de modo a justificá-lo. Este procedimento é doloroso em aplicações de menor importância e genuinamente trágico numa escala mais ampla. A perseguição frequentemente resulta numa tentativa de «justificar» a terrível percepção errada de que Deus perseguiu o Seu próprio Filho em prol da Salvação. Estas palavras em si mesmas não têm significado. Tem sido particularmente difícil superar isto porque, embora este erro não seja mais difícil de corrigir do que qualquer outro, muitos se têm recusado a desistir dele por causa do seu proeminente valor como defesa. Em formas mais brandas, um pai diz: «Isto fere-me mais a mim do que a ti» e sente-se desculpado por bater numa criança. Acreditas realmente que o nosso Pai pense deste modo? É tão essencial que todos estes pensamentos sejam dissipados, que nós não podemos deixar de estar seguros de que nada deste tipo permaneça na tua mente. Eu não fui «punido» porque tu foste mau. A lição totalmente benigna que a Expiação ensina está perdida se, de alguma forma, for manchada com este tipo de distorção.

3. A declaração «A mim pertence a vingança, diz o Senhor» é uma percepção errada através da qual a pessoa atribui o seu próprio passado «mau» a Deus. O passado «mau» nada tem de ver com Deus. Ele não o criou e não o mantém. Deus não acredita em retribuir o mal com o mal. A Mente Dele não cria deste modo. Ele não guarda os teus feitos «maus» contra ti. É provável que os tivesse guardado contra mim? Certifica-te de que reconheces como esta suposição é completamente impossível e como surge inteiramente da projeção. Este tipo de erro é inteiramente responsável por um batalhão de erros relacionados com isto, incluindo a crença de que Deus rejeitou Adão e o forçou a deixar o Jardim do Éden. É também por isso que, de tempos a tempos, podes acreditar que estou a dirigir-te erradamente. Tenho feito um esforço para usar palavras que quase não têm possibilidade de serem distorcidas, mas é sempre possível distorcer símbolos, se tu o desejas.

4. O sacrifício é uma noção totalmente desconhecida de Deus. Ele só surge do medo, e pessoas assustadas podem ser perversas. O sacrifício, sob qualquer forma, é uma violação da injunção segundo a qual deverias ser misericordioso tal como o teu Pai no Céu é misericordioso. Tem sido difícil para muitos cristãos reconhecer que isto se aplica a eles próprios. Bons professores nunca aterrorizam os seus alunos. Aterrorizar é atacar, e isso resulta na rejeição do que o professor oferece. O resultado é o fracasso da aprendizagem.

5. Referiram-se corretamente a mim como o «cordeiro que tira os pecados do mundo», mas aqueles que representam o cordeiro manchado de sangue não compreendem o significado do símbolo. Corretamente compreendido, é um símbolo muito simples que fala da minha inocência. O cordeiro e o leão deitados lado a lado simbolizam que a força e a inocência não estão em conflito, mas naturalmente vivem em paz. «Bem aventurados os puros de coração, porque verão Deus» é outra maneira de dizer a mesma coisa. Ela não confunde destruição com inocência porque associa inocência com força, não com fraqueza.

6. A inocência é incapaz de sacrificar qualquer coisa porque a mente inocente tem tudo e só se esforça por proteger a sua integridade. A mente inocente não pode projetar. Só pode honrar as outras mentes porque a honra é o cumprimento natural dos verdadeiramente amados para outros que são como eles. O cordeiro «tira os pecados do mundo» no sentido que o estado de inocência ou de graça é aquele no qual o significado da Expiação é inteiramente sem ambigüidades. É perfeitamente clara porque existe na luz. Só as tentativas de amortalhá-la na escuridão têm feito com que a Expiação seja inacessível àqueles que não escolhem ver.

7. A Expiação em si não irradia nada além da verdade. Portanto, é o epítome de tudo o que é incapaz de causar dano e dela apenas bênçãos se irradiam. Não poderia fazer isso se não surgisse de qualquer coisa que não fosse a perfeita inocência. A inocência é sabedoria porque não está ciente do mal e o mal não existe. Todavia, está perfeitamente ciente de tudo o que é verdadeiro. A ressurreição demonstrou que nada pode destruir a verdade. O bem pode resistir a qualquer forma de mal assim como a luz elimina todas as formas de escuridão. A Expiação é, portanto a lição perfeita. É a demonstração final de que todas as outras lições que demonstrei são verdadeiras. Se podes aceitar esta única generalização agora, não haverá nenhuma necessidade de aprenderes outras lições menores. Tu és libertado de todos os erros se acreditas nisso.

8. A inocência de Deus é o verdadeiro estado da mente do Seu Filho. Nesse estado, a tua mente conhece Deus, pois Deus não é simbólico, é um Fato. Conhecendo o Filho Dele tal como é, reconheces que a Expiação, não o sacrifício, é a única dádiva apropriada para o altar de Deus, onde nada exceto a perfeição deve estar. A compreensão do inocente é a verdade. É por isso que os seus altares são verdadeiramente radiantes.


II. Milagres como percepção verdadeira

1. Tenho declarado que os conceitos básicos a que este curso se refere não são questões de grau. Certos conceitos fundamentais não podem ser compreendidos em termos de opostos. É impossível conceber luz e escuridão ou tudo e nada como possibilidades conjuntas. São todos verdadeiros ou falsos. É essencial que reconheças que o teu pensamento será errático até que um firme compromisso com um ou outro seja feito. Contudo, um firme compromisso com a escuridão ou o nada é impossível. Ninguém jamais viveu que não tenha experimentado alguma luz e alguma coisa. Ninguém é, portanto, capaz de negar totalmente a verdade, mesmo que se pense que pode.

2. A inocência não é um atributo parcial. Não é real enquanto não é total. Os que são parcialmente inocentes estão aptos a ser bastante tolos, às vezes. Enquanto a sua inocência não se torna um ponto de vista de aplicação universal, não chega a ser sabedoria. A percepção inocente ou verdadeira significa que tu nunca percebes de forma errada e sempre vês verdadeiramente. Em termos mais simples, significa que nunca vês o que não existe e sempre vês o que existe.

3. Quando te falta confiança no que outra pessoa vai fazer, estás a atestar a tua crença segundo a qual ela não está na sua mente certa. Dificilmente este quadro de referências se baseia no milagre. Ele também tem o poder desastroso de negar o poder do milagre. O milagre percebe tudo tal como é. Se nada a não ser a verdade existe, o modo de ver da mentalidade certa não pode ver nada a não ser a perfeição. Tenho dito que só o que Deus cria ou o que tu crias com a mesma Vontade tem alguma existência real. Isto, então, é tudo o que um inocente pode ver. Os inocentes não sofrem de percepção distorcida.

4. Tu tens medo da vontade de Deus, porque tens usado a tua mente, que Deus criou à semelhança da Sua, para criar de forma errada. A mente só pode criar de forma errada quando acredita que não é livre. A mente «aprisionada» não é livre porque está possuída, ou detida, por ela mesma. Ser um é ser uma só mente ou vontade. Quando a vontade da Filiação e a do Pai são uma só, o acordo perfeito entre elas é o Céu.

5. Nada pode prevalecer contra um filho de Deus que entrega o seu espírito nas Mãos do seu Pai. Ao fazer isso, a mente desperta do seu sono e lembra-se do seu Criador. Qualquer sensação de separação desaparece. O Filho de Deus é parte da Santíssima Trindade, mas a própria Trindade é una. Não há confusão dentro dos Seus Níveis porque Eles são uma só Mente e uma só Vontade. Este propósito único cria a perfeita integração e estabelece a paz de Deus. Entretanto, esta visão só pode ser percebida pelos que são verdadeiramente inocentes. Porque os seus corações são puros, os inocentes defendem a percepção verdadeira em vez de se defenderem dela. Compreendendo a lição da Expiação, eles não têm o desejo de atacar e, portanto, vêem verdadeiramente. É esse o significado da Bíblia quando diz «quando Ele se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é».

6. O caminho para corrigir distorções é retirar a fé que depositas nelas e investir somente no que é verdadeiro. Não podes fazer com que a falta de verdade seja verdadeira. Se estás disposto a aceitar o que é verdadeiro em tudo o que percebes, deixa que isso seja verdadeiro para ti. A verdade vence qualquer erro e aqueles que vivem no erro e no vazio jamais podem encontrar consolação duradoura. Se percebes verdadeiramente, estás a cancelar percepções erradas em ti mesmo e nos outros simultaneamente. Porque os vês tais como são, ofereces- lhes a tua aceitação da verdade de forma que possam aceitá-la para si próprios. Essa é a cura que o milagre induz.


III. Percepção versus conhecimento

1. Estivemos a enfatizar a percepção e, até agora, falámos muito pouco do conhecimento. Isto porque a percepção tem de ser corrigida antes que se possa conhecer qualquer coisa. Conhecer é ter a certeza. A incerteza significa que não conheces. O conhecimento é poder porque é certo e a certeza é força. A percepção é temporária. Como um atributo da crença no espaço e no tempo, está sujeita ao medo e ao amor. As percepções erradas produzem medo e as percepções verdadeiras fomentam amor, mas nenhuma traz a certeza, pois qualquer percepção varia. Por isso não é conhecimento. A percepção verdadeira é a base para o conhecimento, mas conhecer é a afirmação da verdade e está além de todas as percepções.

2. Todas as tuas dificuldades decorrem do fato de que não te reconheces a ti mesmo, o teu irmão ou Deus. Reconhecer significa «conhecer de novo», o que significa que antes já conhecias. Podes ver de muitas maneiras, porque a percepção envolve interpretação o que significa que não é íntegra ou consistente. O milagre, sendo uma maneira de perceber, não é conhecimento. É a resposta certa para uma questão, mas tu não questionas quando conheces. Questionar ilusões é o primeiro passo para as dissipar. O milagre, ou a resposta certa, corrige as ilusões. Como as percepções mudam, a sua dependência do tempo é óbvia. A forma como percebes a qualquer momento determina o que fazes e as acções têm de ocorrer no tempo. O conhecimento é intemporal porque a certeza não é questionável. Tu conhecerás quando tiveres deixado de questionar.

3. A mente que questiona percebe-se no tempo e, portanto, olha à procura de respostas futuras. A mente fechada acredita que o futuro e o presente são o mesmo. Isto estabelece um estado aparentemente estável que, normalmente, é uma tentativa de se contrapor a um medo sub-reptício de que o futuro venha a ser pior do que o presente. Este medo inibe inteiramente a tendência para questionar.

4. A visão verdadeira é a percepção natural da vista espiritual, mas ainda é uma correção em vez de um fato. A vista espiritual é simbólica e, portanto, não é um instrumento para o conhecimento. Contudo, é o meio de percepção certa, que a traz ao domínio próprio do milagre. Uma «visão de Deus» seria mais um milagre do que uma revelação. O fato de a percepção estar envolvida nisto, de qualquer maneira, remove a experiência da esfera do conhecimento. É por isso que as visões, por mais santas que sejam, não duram.

5. A Bíblia diz «Conhece-te a ti mesmo» ou seja, diz para teres a certeza. A certeza é sempre de Deus. Quando amas alguém percebeste-o como é, e isso faz com que te seja possível conhecê-lo. Enquanto não o perceberes como ele é, não podes conhecê-lo. Enquanto fizeres perguntas a respeito dessa pessoa estás claramente a inferir que não conheces Deus. Certeza não requer ação. Quando dizes que estás a agir com base no conhecimento, estás realmente a confundir conhecimento com percepção. O conhecimento provê a força para o pensamento criativo, mas não para fazer as coisas certas. A percepção, os milagres e o fazer estão intimamente relacionados. O conhecimento é o resultado da revelação e induz apenas ao pensamento. Mesmo na sua forma mais espiritualizada a percepção envolve o corpo. O conhecimento vem do altar interior e é intemporal porque envolve a certeza. Perceber a verdade não é o mesmo que conhecê-la.

6. A percepção certa é necessária antes que Deus possa comunicar directamente com os Seus altares, os quais estabeleceu nos Seus Filhos. Nesses altares, Ele pode comunicar a Sua certeza e o seu conhecimento, e o Seu conhecimento trará paz sem questionamentos. Deus não é um estranho para os Seus Filhos e os Seus filhos não são estranhos uns para os outros. O conhecimento precedeu tanto a percepção quanto o tempo e irá, em última instância, substituí-los. Este é o significado real de «Alfa e Omega, o princípio e o fim» e «Antes que Abraão existisse Eu sou». A percepção pode e tem de ser estabilizada, mas o conhecimento é estável. «Teme a Deus e guarda os seus mandamentos» passa a ser «Conhece Deus e aceita a Sua certeza».

7. Se atacas o erro noutra pessoa, ferir-te-ás. Não podes conhecer o teu irmão quando o atacas. O ataque é feito sempre contra um estranho. Fazes dele um estranho porque o percebes erradamente e, assim, não podes conhecê-lo. Tu teme-lo porque fizeste dele um estranho. Percebe-o corretamente para que o possas conhecer. Não há estranhos na criação de Deus. Para criares como Ele criou só podes criar o que conheces e, portanto, aceitas como teu. Deus conhece as Suas crianças com perfeita certeza. Ele criou-as pelo fato de as conhecer. Ele reconhece-as perfeitamente. Quando elas não se reconhecem umas às outras, não O reconhecem.


IV. O erro e o ego

1. As capacidades que possuis agora são apenas sombras da tua força real. Todas as tuas funções actuais estão divididas e abertas ao questionamento e à dúvida. Isto é assim porque não tens a certeza quanto ao modo como as vais usar e és, portanto, incapaz de conhecimento. Também és incapaz de conhecimento porque ainda podes perceber sem amor. A percepção não existia até que a separação introduziu graus, aspectos e intervalos. O espírito não tem níveis e qualquer conflito surge da confusão de níveis. Só os Níveis da Trindade são capazes de Unidade. Os níveis criados pela separação não podem senão entrar em conflito. Isto é assim porque são sem significado uns para os outros.

2. A consciência, o nível da percepção, foi a primeira divisão introduzida na mente depois da separação, fazendo com que a mente seja um perceptor em vez de um criador. A consciência é corretamente identificada como o domínio do ego. O ego é uma tentativa da mentalidade errada para perceberes-te a ti mesmo como desejas em vez de como és. No entanto, só podes conhecer-te a ti mesmo como és, pois essa é a única coisa quanto à qual podes ter a certeza. Tudo o mais está aberto ao questionamento.

3. O ego é o aspecto questionador do ser pós-separação, o qual foi feito em vez de criado. É capaz de fazer perguntas, mas não de perceber respostas significativas porque estas envolveriam conhecimento e, portanto, não podem ser percebidas. A mente está, portanto, confusa, pois só a mentalidade una pode ser sem confusão. A mente separada ou dividida não pode deixar de ser confusa. É necessariamente incerta em relação ao que é. Tem de estar em conflito, pois não está de acordo consigo mesma. Isto faz com que os seus aspectos sejam estranhos um para o outro e esta é a essência da condição que induz ao medo, no qual o ataque é sempre possível. Tens toda a razão para sentir medo percebendo-te a ti mesmo como percebes. É por essa razão que não podes escapar do medo enquanto não reconheceres que não te criaste a ti mesmo, nem poderias tê-lo feito. Tu jamais podes fazer com que as tuas percepções erradas sejam verdadeiras, e a tua criação está além do teu próprio erro. É por esta razão que, eventualmente, tens de escolher curar a separação.

4. A mentalidade certa não deve ser confundida com a mente que conhece, porque só é aplicável à percepção certa. Tu podes ter a tua mente disposta para o que é certo ou errado e até mesmo isso está sujeito a graus, demonstrando claramente que o conhecimento não está envolvido. O termo «mentalidade certa» é usado de forma adequada como a correção para a «mentalidade errada» e aplica-se ao estado mental que induz a percepção acurada. É a mente que se volta para o milagre porque cura a percepção errada e isso é de fato um milagre, considerando o modo como te percebes a ti mesmo.

5. A percepção envolve sempre um certo uso errado da mente, porque traz a mente para áreas de incerteza. A mente é muito activa. Quando escolhe estar separada, escolhe perceber. Até então só tem vontade de conhecer. Depois disso só pode escolher ambiguamente e a única saída para a ambiguidade é a percepção clara. A mente só regressa à sua própria função quando tem vontade de conhecer. Isto coloca-a ao serviço do espírito, onde a percepção é mudada. A mente escolhe dividir-se quando escolhe fazer os seus próprios níveis. Mas a mente não poderia separar-se inteiramente do espírito porque é do espírito que deriva a totalidade do seu poder de fazer ou criar. Mesmo na criação errada a mente está a afirmar a sua Fonte ou, simplesmente, deixaria de ser. Isto é impossível porque a mente pertence ao espírito que Deus criou e é, portanto, eterna.

6. A capacidade de perceber fez com que o corpo fosse possível, porque tens de perceber alguma coisa e com alguma coisa. É por essa razão que a percepção envolve uma mudança ou tradução que o conhecimento não necessita. A função interpretativa da percepção - uma forma distorcida de criação - permite-te, então, interpretar o corpo como sendo tu mesmo, numa tentativa de escapar ao conflito que induziste. O espírito - que conhece - não poderia ser reconciliado com essa perda de poder porque é incapaz de escuridão. Isto faz com que o espírito seja quase inacessível à mente e inteiramente inacessível ao corpo. Daí em diante, o espírito é percebido como uma ameaça, porque a luz elimina a escuridão, simplesmente, mostrando-te que não existe. A verdade sempre vencerá o erro deste modo. Isto não pode ser um processo activo de correção porque, como já enfatizei, o conhecimento não faz nada. Pode ser percebido como um atacante, mas não pode atacar. O que tu percebes como ataque é o teu próprio vago reconhecimento de que o conhecimento sempre pode ser lembrado porque nunca foi destruído.

7. Deus e as Suas criações permanecem em segurança e, portanto, têm o conhecimento de que não existe nenhuma criação errada. A verdade não pode lidar com os erros que tu queres. Eu fui um homem que se lembrou do espírito e do conhecimento do espírito. Enquanto homem, não tentei compensar o erro com conhecimento, mas corrigir o erro de baixo para cima. Demonstrei tanto a ausência de poder do corpo, como o poder da mente. Unindo a minha vontade com a do meu Criador, naturalmente lembrei-me do espírito e do seu propósito real. Não posso unir a tua vontade à de Deus por ti, mas posso apagar todas as percepções erradas da tua mente, se as trouxeres à minha orientação. Somente as tuas percepções erradas impedem o teu caminho. Sem elas, escolhes sempre acertadamente. A percepção sã induz à escolha sã. Não posso escolher por ti, mas posso ajudar-te a fazer a tua própria escolha certa. «Muitos são chamados mas poucos são escolhidos» deveria ser «Todos são chamados, mas poucos escolhem escutar». Por conseguinte, não escolhem certo. Os «escolhidos», simplesmente, são aqueles que escolhem certo mais cedo. Mentes certas podem fazer isto agora e encontrarão descanso para as suas almas. Deus só te conhece em paz e essa é a tua realidade.


V. Além da percepção

1. Tenho dito que as capacidades que possuis são apenas sombras da tua força real e que a percepção - que é inerentemente julgadora - só foi introduzida depois da separação. Ninguém tem estado seguro de nada desde então. Também fiz com que ficasse claro que a ressurreição foi o meio para o regresso ao conhecimento, realizado pela união da minha vontade com a do meu Pai. Podemos agora estabelecer uma distinção que esclarecerá algumas das nossas declarações subsequentes.

2. Desde a separação, as palavras «criar» e «fazer» passaram a ser confusas. Quando fazes alguma coisa fazes a partir de um sentimento especifico de falta ou de necessidade. Qualquer coisa feita para um propósito específico não tem nenhuma generalizabilidade* verdadeira. Quando fazes alguma coisa para preencher uma falta percebida, estás a demonstrar tacitamente que acreditas na separação. O ego inventou muitos sistemas de pensamento engenhosos com este propósito. Nenhum deles é criativo. A inventividade é um esforço desperdiçado mesmo na sua forma mais engenhosa. A natureza altamente específica da invenção não é digna da criatividade abstracta das criações de Deus.

* - Generalizability é uma palavra inexistente em Inglês tal como generalizabilidade em Português.

3. «Conhecer», como já observámos não conduz ao «fazer». A confusão entre a tua criação real e o que tens feito de ti mesmo é tão profunda que passou a ser literalmente impossível para ti conhecer qualquer coisa. O conhecimento é sempre estável e é bastante evidente que tu não és. No entanto, és perfeitamente estável tal como Deus te criou. Neste sentido, quando o teu comportamento é instável, estás a distorcer a Ideia de Deus com respeito à tua criação. Tu podes fazer isto, se assim escolheres, mas dificilmente quererás fazê-lo se estiveres na tua mente certa.

4. A questão fundamental que te perguntas continuamente não pode, de maneira nenhuma, ser dirigida a ti mesmo de forma adequada. Continuas a perguntar o que és. Isto significa que a resposta, não só é uma resposta que conheces, mas também que depende de ti supri-la. Entretanto, não podes entender-te a ti mesmo corretamente. Não tens nenhuma imagem para ser percebida. A palavra «imagem» está sempre relacionada com a percepção e não é uma parte do conhecimento. Imagens são simbólicas e representam alguma coisa. A ideia de «mudar a tua imagem» reconhece o poder da percepção, mas também significa que não há nada estável para conhecer.

5. Conhecer não está aberto à interpretação. Podes tentar «interpretar» o significado, mas isso é sempre passível de erro, porque se refere à percepção do significado. Tais incongruências são o resultado das tentativas de te considerares a ti mesmo como separado e não separado, ao mesmo tempo. É impossível fazer uma confusão tão fundamental sem aumentar ainda mais a tua confusão geral. A tua mente pode ter passado a ser muito engenhosa, mas como sempre acontece quando método e conteúdo estão separados, a mente é usada para fazer uma tentativa fútil de escapar de um impasse inescapável. A engenhosidade é totalmente divorciada do conhecimento, porque o conhecimento não requer engenhosidade. O pensamento engenhoso não é a verdade que te libertará, mas tu estás livre da necessidade de te comprometeres com o pensamento engenhoso quando estás disposto a abandoná-lo.

6. A oração é um modo de pedir alguma coisa. É o veículo dos milagres. Mas a única oração significativa é a que perde o perdão, porque aqueles que foram perdoados têm tudo. Uma vez que o perdão tenha sido aceite, a oração, no sentido usual, passa a não ter qualquer significado. A oração pelo perdão não é mais do que um pedido para que possas ser capaz de reconhecer o que já possuis. Ao elegeres a percepção no lugar do conhecimento colocaste-te numa posição na qual só poderias parecer-te com o teu Pai percebendo milagrosamente. Perdeste o conhecimento de que tu, em ti mesmo, és um milagre de Deus. A criação é a tua Fonte e a tua única função real.

7. A declaração «Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança» necessita de reinterpretação. «Imagem» pode ser compreendida como «pensamento» e «semelhança» como «de qualidade semelhante». Deus, efectivamente, criou o espírito no Seu próprio Pensamento com uma qualidade semelhante à Sua própria. Não há mais nada. A percepção, por outro lado, é impossível sem uma percepção em «mais» e «menos». Em todos os níveis envolve selectividade. A percepção é um processo contínuo de aceitar e rejeitar, organizar e reorganizar, deslocar e mudar. A avaliação é uma parte essencial da percepção porque os julgamentos são necessários para a seleção.

8. O que acontece às percepções se não existirem julgamentos, nem nada além da perfeita igualdade? A percepção passa a ser impossível. A verdade só pode ser conhecida. Toda a verdade é igualmente verdadeira e conhecer qualquer uma das suas partes é conhecer toda a verdade. Só a percepção envolve a consciência parcial. O conhecimento transcende as leis que governam a percepção porque um conhecimento parcial é impossível. É totalmente uno e não tem partes separadas. Tu, que realmente és um com ele, não precisas senão conhecer-te a ti mesmo para que o teu conhecimento esteja completo. Conhecer o milagre de Deus é conhecê-Lo.

9. O perdão é a cura da percepção da separação. A percepção correta do teu irmão é necessária porque as mentes escolheram ver-se a si mesmas como separadas. O espírito conhece Deus de forma completa. Esse é o seu poder milagroso. O fato de que cada um tem esse poder de forma completa é uma condição inteiramente alheia ao pensamento do mundo. O mundo acredita que se alguém tem tudo, não sobra nada. Mas os milagres de Deus são tão totais como os Seus pensamentos, porque são os seus Pensamentos.

10. Enquanto durar a percepção há lugar à oração. Uma vez que a percepção se baseia na falta, aqueles que percebem não aceitaram totalmente a Expiação, nem se entregaram à verdade. A percepção baseia-se num estado separado, de modo que qualquer pessoa que perceba seja o que for, necessita de cura. A comunhão, não a oração, é o estado natural daqueles que conhecem. Deus e o Seu milagre são inseparáveis. Como são belos, de fato, os Pensamentos de Deus que vivem à Sua luz! O teu valor está além da percepção, porque está além da dúvida. Não te percebas a ti mesmo sob luzes diferentes. Conhece-te a ti mesmo na Luz Una onde o milagre que tu és está perfeitamente claro.


VI. O julgamento e o problema da autoridade

1. Já discutimos o Juízo Final, mas em detalhes insuficientes. Depois do Juízo Final, não haverá mais nenhum. O julgamento é simbólico porque não há nenhum julgamento para além da percepção. Quando a Bíblia diz «Não julgueis para que não sejais julgados» quer dizer que se julgas a realidade dos outros serás incapaz de evitar julgar a tua própria.

2. Escolher «julgar» em vez de «conhecer» é a causa da perda da paz. O julgamento é o processo no qual se baseia a percepção, não o conhecimento. Já discuti isto antes em termos da selectividade da percepção, mostrando que a avaliação é o seu pré-requisito óbvio. O julgamento envolve sempre rejeição. Nunca enfatiza apenas os aspectos positivos do que é julgado, seja em ti ou nos outros. O que foi percebido e rejeitado, ou julgado e considerado insuficiente, permanece na tua mente porque foi percebido. Uma das ilusões de que sofres é acreditares que quando fazes um julgamento contrário a alguma coisa, ele não tem efeito. Isto não pode ser verdadeiro a não ser que também acredites que aquilo contra o que julgaste, não existe. Evidentemente, não acreditas nisso ou não terias feito um julgamento contrário. No fim, não importa se o teu julgamento está certo ou errado. De qualquer forma, estás a colocar a tua crença no irreal. Isto não pode ser evitado em nenhum tipo de julgamento, porque nele está implícito que acreditas que a realidade é tua para que selecciones dela o que quiseres.

3. Tu não tens ideia da tremenda libertação e da profunda paz que decorre de te encontrares contigo mesmo e com os teus irmãos, numa base de total ausência de julgamento. Quando reconheceres o que és e o que são os teus irmãos, compreenderás que nenhuma forma de julgamento tem significado. De fato, o significado deles está perdido para ti, precisamente porque os estás a julgar. Qualquer incerteza advém de acreditares que estás sob coerção de julgamento. Não precisas de julgamento para organizar a tua vida e certamente não precisas dele para te organizares a ti mesmo. Na presença do conhecimento, qualquer julgamento é automaticamente suspenso e este é o processo que permite que o reconhecimento substitua a percepção.

4. Tu estás muito assustado com todas as coisas que tens percebido, mas tens-te recusado a aceitar isso. Acreditas que, por te teres recusado a aceitá-las, perdeste o controlo sobre elas. É por essa razão que as vês em pesadelos ou em disfarces agradáveis naqueles que parecem ser os teus sonhos mais felizes. Nada do que te recusaste a aceitar pode ser trazido à tua consciência. Não é perigoso em si, mas tens feito com que te pareça perigoso.

5. Quando te sentes cansado, é porque te julgaste a ti mesmo como se fosses capaz de estar cansado. Quando ris de alguém, é porque julgaste esse alguém indigno. Quando te ris de ti mesmo, necessariamente ris dos outros, nem que seja apenas porque não podes tolerar a ideia de ser mais indigno do que eles. Tudo isto faz com que te sintas cansado, porque é essencialmente desanimador. Tu não és realmente capaz de estar cansado, mas és muito capaz de te esgotares a ti mesmo. A tensão do julgamento constante é praticamente intolerável. É curioso que uma capacidade tão debilitante tenha vindo a ser tão profundamente apreciada. No entanto, se desejas ser o autor da realidade, vais insistir em te manteres agarrado ao julgamento. Também vais considerar o julgamento com medo, acreditando que, um dia, ele será usado contra ti. Esta crença só pode existir na medida em que acreditas na eficácia do julgamento como uma arma de defesa da tua própria autoridade.

6. Deus oferece apenas misericórdia. As tuas palavras só deveriam reflectir misericórdia porque é isso o que tens recebido e isso é o que deverias dar. A justiça é um recurso temporário, ou uma tentativa de te ensinar o significado da misericórdia. Só é julgadora porque tu és capaz de injustiça.

7. Tenho falado de diferentes sintomas e, neste nível, há variação quase sem fim. Contudo, só há uma única causa para todos: o problema da autoridade. Este é «a raiz de todos os males». Cada sintoma que o ego faz envolve uma contradição em termos, porque a mente está dividida entre o ego e o Espírito Santo, de forma que qualquer coisa que o ego faça, é incompleta e contraditória. Esta posição insustentável é o resultado do problema da autoridade que, por aceitar o único pensamento inconcebível como sua premissa, só pode conceber ideias que são inconcebíveis.

8. O tema da autoridade é, realmente, uma questão de autoria. Quando tens um problema de autoridade, é sempre porque acreditas que és o autor de ti mesmo e projetas este equívoco nos outros. Assim, percebes a situação como se eles estivessem literalmente a lutar contigo pela tua autoria. Este é o erro fundamental de todos aqueles que acreditam que usurparam o poder de Deus. Esta crença é muito assustadora para eles, mas dificilmente abala Deus. Ele está, todavia, ansioso por desfazê-la; não para punir as Suas crianças, mas somente porque sabe que tal crença faz com que sejam infelizes. Às criações de Deus é dada a sua verdadeira autoria, mas tu preferes ser anónimo quando escolhes separar-te do teu Autor. Ao estares incerto da tua verdadeira Autoria, acreditas que a criação foi anónima. Isto deixa-te numa posição em que acreditar que te criaste a ti mesmo soa a significativo. A disputa em torno da autoria deixou tal incerteza na tua mente que pode, inclusivamente, duvidar se existes ou não.

9. Somente aqueles que entregaram completamente o desejo de rejeitar podem saber que a rejeição de si próprios é impossível. Tu não usurpaste o poder de Deus, mas perdeste-o. Afortunadamente, perder alguma coisa não significa que ela tenha desaparecido., simplesmente, significa que não te lembras onde está. A existência dessa coisa não depende da tua capacidade de a identificar, nem mesmo de a localizar. É possível olhar a realidade sem julgamentos e, simplesmente, conhecer que ela existe.

10. A paz é uma herança natural do espírito. Cada um é livre para se recusar a aceitar a própria herança, mas não é livre para estabelecer o que é a sua herança. O problema que todos não podem deixar de decidir é a questão fundamental da autoria. Qualquer medo vem, em última instância e às vezes por meio de estradas muito tortuosas, da negação da Autoria. A ofensa nunca é feita a Deus, mas só àqueles que o negam. Negares a Sua Autoria é negares-te a ti mesmo a razão da tua paz, de modo que só te vês em segmentos. Esta estranha percepção é o problema da autoridade.

11. Não há ninguém que, de algum modo, não se sinta aprisionado. Se esse é o resultado do seu próprio livre arbítrio, ele tem de considerar a sua vontade como não sendo livre, ou ficaria bastante evidente o raciocínio circular desta posição. A vontade livre tem de levar à liberdade. O julgamento sempre aprisiona, porque separa segmentos de realidade pelas escalas instáveis do desejo. Desejos não são fatos. Desejar é inferir que o exercício da vontade não é suficiente. No entanto, ninguém em sua mente certa acredita que o que é desejado é tão real como aquilo que a vontade determina. Em vez de «Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino do Céu», diz «Seja A vossa vontade em primeiro lugar o Reino do Céu» e terás dito «Eu conheço o que sou e aceito a minha própria herança».


VII. Criar versus auto-imagem

1. Cada sistema de pensamento tem de ter um ponto de partida. Começa com um acto de fazer ou de criar, uma diferença que já discutimos. A diferença entre eles está no seu poder como fundamentos; a sua diferença está no que se baseia neles. Ambos são pedras angulares para os sistemas de crença pelos quais se vive. É um equívoco acreditar que um sistema de pensamento baseado em mentiras é fraco. Nada do que tenha sido feito por uma criança de Deus deixa de ter poder. É essencial reconhecer isto porque, de outra forma, não serás capaz de escapar da prisão que tu mesmo fizeste.

2. Tu não podes resolver o problema da autoridade desprezando o poder da tua mente. Fazê-lo é enganar-te e isso ferir-te-á porque realmente compreendes a força da mente. Também reconheces que não podes enfraquecê-la, nem mais nem menos do que podes enfraquecer Deus. O «diabo» é um conceito assustador porque parece ser extremamente poderoso e extremamente activo. Ele é percebido como uma força em combate contra Deus, guerreando com Ele pela posse das suas Criações. O diabo engana com mentiras e constrói reinos nos quais tudo está em directa oposição a Deus. No entanto, atrai os homens em vez de lhes causar aversão, ao ponto de estarem dispostos a «vender-lhe» as suas almas em troca de dádivas sem valor real. Isso, absolutamente, não faz nenhum sentido.

3. Já discutimos anteriormente a queda e a separação, mas o significado disso tem de ser compreendido de forma clara. A separação é um sistema de pensamento bastante real no tempo, embora não na eternidade. Todas as crenças são reais para aquele que acredita. O fruto de apenas uma árvore foi «proibido» no jardim simbólico. Mas Deus não poderia tê-lo proibido ou não teria sido comido. Se Deus conhece as suas crianças - e asseguro-te de que Ele as conhece - tê-las-ia posto numa posição na qual a própria destruição delas seria possível? A «árvore proibida» foi chamada «árvore do conhecimento». No entanto, Deus criou o conhecimento e deu-o livremente às Suas criações. O simbolismo aqui tem recebido muitas interpretações, mas podes ter a certeza de que qualquer interpretação que veja Deus ou Suas criações como se fossem capazes de destruir o Seu próprio propósito é um erro.

4. Comer o fruto da árvore do conhecimento é uma expressão simbólica para a usurpação da capacidade de se autocriar. Esse é o único sentido no qual Deus e as Suas criações não são co-criadores. A crença em que o sejam está implícita no «autoconceito» ou na tendência do ser para fazer uma imagem de si mesmo. Imagens são percebidas e não conhecidas. O conhecimento não pode enganar, mas a percepção sim. Tu podes perceber-te como se estivesses a criar-te a ti mesmo, porém, não podes fazer mais do que acreditar nisso. Não podes fazer com que isso seja verdadeiro. E, como disse antes, quando finalmente percebes corretamente, só podes contentar-te em não poder. Até então, todavia, a crença em que podes é a pedra fundamental do teu sistema de pensamento e todas as tuas defesas são usadas para atacar as ideias que possam trazê-la à luz. Tu ainda acreditas que és uma imagem da tua própria feitura. A tua mente está dividida em relação ao Espírito Santo quanto a esse ponto e não haverá nenhuma resolução enquanto acreditares na única coisa que é literalmente inconcebível. É por essa razão que não podes criar e estás com muito medo em relação ao que fazes.

5. A mente pode fazer com que a crença na separação seja muito real e muito assustadora, e essa crença é o «diabo». É poderosa, activa, destrutiva e está em clara oposição a Deus porque, literalmente, nega a Sua Paternidade. Olha para a tua vida e vê o que o diabo tem feito. Mas reconhece que esse feito certamente será dissolvido à luz da verdade, porque o seu fundamento é uma mentira. A tua criação por Deus é o único fundamento que não pode ser abalado, porque a luz está nele. O teu ponto de partida é a verdade e tens de regressar ao teu Começo. Muito já foi visto desde então, mas nada tem realmente acontecido. O teu Ser ainda está em paz, muito embora a tua mente esteja em conflito. Tu ainda não voltaste atrás o suficiente e é por isso que ficas tão assustado. À medida que te aproximas do Começo, sentes o medo da destruição do teu sistema de pensamento sobre ti, como se fosse o medo da morte. Não existe morte, mas existe uma crença na morte.

6. O ramo que não der fruto será cortado e secará. Fica contente! A luz brilhará vinda do verdadeiro Fundamento e o teu próprio sistema de pensamento vai erguer-se, corrigido. Não pode erguer-se de outro modo. Tu, que tens medo da salvação, estás a escolher a morte. Vida e morte, luz e escuridão, conhecimento e percepção são irreconciliáveis. Acreditar que podem ser reconciliados é acreditar que Deus e os Seus Filhos não podem. Só a unicidade do conhecimento está livre de conflito. O teu reino não é deste mundo porque te foi dado de além deste mundo. Apenas neste mundo a ideia de um problema de autoridade é significativa. Não se deixa o mundo pela morte mas sim pela verdade e a verdade pode ser conhecida por todos aqueles para quem o Reino foi criado e pelos quais espera.