julho 15, 2010

Capítulo 15 - O INSTANTE SANTO

Capítulo 15 - O INSTANTE SANTO

I. Os dois usos do tempo

1. Podes imaginar o que significa não ter cuidados, preocupações, ansiedades, mas apenas ser perfeitamente calmo e sereno o tempo todo? No entanto, e para isso que serve o tempo, para aprender só isso e nenhuma outra coisa. O Professor de Deus não pode ficar satisfeito com o Seu ensinamento até que esse ensinamento constitua todo o teu aprendizado. Ele não terá cumprido a Sua função de ensino, enquanto não fores um aprendiz tão consistente que aprendas só com Ele. Quando isso tiver acontecido, não mais terás necessidade de um professor ou de tempo para aprenderes.

2. Uma fonte de possível desencorajamento da qual poderás sofrer é a tua crença em que isso leva tempo e que os resultados do ensino do Espírito Santo estão em um futuro distante. Isso não é assim. Pois o Espírito Santo usa o tempo à Sua própria maneira e não é limitado por ele. O tempo é Seu amigo no ensino. O tempo não O desgasta, assim como desgasta a ti. E todo o desgaste que o tempo parece trazer consigo, não se deve a outra coisa senão à tua identificação com o ego, que usa o tempo para dar suporte à própria crença na destruição. O ego, como o Espírito Santo, usa o tempo para convencer-te da inevitabilidade da meta e do fim do ensinamento. Para o ego, a meta é a morte, que é o seu fim. Mas, para o Espírito Santo, a meta é a vida, que não tem fim.

3. O ego é um aliado do tempo, mas não um amigo. Pois ele é tão desconfiado da morte quanto da vida, e o que quer para ti, ele não pode tolerar. O ego quer que tu morras, mas não ele mesmo. O resultado da sua estranha religião tem que ser, portanto, a convição de que ele pode perseguir-te além do túmulo. E como ele não quer que aches paz nem mesmo na morte, te oferece a imortalidade no inferno. Ele te fala do Céu, mas te assegura que o Céu não é para ti. Como podem os culpados esperar o Céu?

4. A crença no inferno é inescapável para aqueles que se identificam com o ego. Seus pesadelos e seus medos estão todos associados com ele. O ego ensina que o inferno está no futuro, pois é para isso que todo o seu ensino é dirigido. O inferno é a sua meta. Pois embora o ego ambicione a morte e a dissolução como um fim, não acredita nelas. A meta da morte, que obsessivamente procura para ti, deixa-o insatisfeito. Ninguém que siga o ensinamento do ego pode deixar de ter medo da morte. No entanto, se pensássemos na morte simplesmente como um fim para a dor, seria ela temida? Nós já vimos antes esse estranho paradoxo no sistema de pensamento do ego, mas nunca tão claramente quanto aqui. Pois o ego precisa aparentar afastar o medo de ti para manter a tua fidelidade. Ao mesmo tempo, ele precisa engendrar medo de forma a se manter. Mais uma vez, o ego tenta, e com sucesso demasiado, fazer as duas coisas usando a dissociação para manter unidos os seus objetivos contraditórios de tal forma que pareçam conciliados. Assim, o ego ensina: a morte é o fim no que diz respeito à esperança do Céu. Entretanto, porque tu e o ego não podem ser separados e porque ele não pode conceber a própria morte, ainda irá perseguir-te porque a culpa é eterna. Tal é a versão do ego acerca da imortalidade. E é isso que a versão que ele dá ao tempo apóia.

5. O ego ensina que o Céu está aqui e agora porque o futuro é o inferno. Inclusive quando ataca de forma tão selvagem a ponto de tentar tirar a vida daquele que acredita que a sua voz é a única que existe, o ego ainda fala do inferno, até mesmo a ele. Pois lhe diz que o inferno está aqui também e o solicita a escapar do inferno para o esquecimento. O único tempo que o ego permite a alguém olhar com equanimidade é o passado. E mesmo lá, o seu único valor está em já não existir mais.

6. Como é desolador e desesperador o uso que o ego faz do tempo! E como aterroriza! Pois sob a sua insistência fanática para que o passado e o futuro sejam a mesma coisa, jaz escondida uma ameaça muito mais insidiosa à paz. O ego não faz propaganda da sua ameaça final, pois quer que seus adoradores ainda acreditem que ele pode oferecer-lhes uma saída. Mas a crença na culpa necessariamente leva à crença no inferno e sempre o faz. A única maneira na qual o ego permite que o medo do inferno seja vivenciado é trazendo o inferno para cá, mas sempre como um antegosto do futuro. Pois ninguém que se considere merecedor do inferno pode acreditar que a punição terminará em paz.

7. O Espírito Santo ensina assim: não há nenhum inferno. O inferno é apenas o que o ego fez do presente. A crença no inferno é o que te impede de compreender o presente, porque tens medo dele. O Espírito Santo conduz com tanta firmeza ao Céu quanto o ego leva ao inferno. Pois o Espírito Santo, Que só conhece o presente, usa-o para desfazer o medo através do qual o ego quer fazer com que o presente seja inútil. Não há como escapar do medo no uso que o ego faz do tempo. Pois o tempo, de acordo com o seu ensinamento, não é nada além de um instrumento de ensino para compor a culpa até que ela abranja tudo, exigindo vingança para sempre.

8. O Espírito Santo quer desfazer tudo isso agora. O medo não é do presente, mas somente do passado e do futuro, que não existem. Não há medo no presente quando cada instante salta claro e separado do passado, sem que a sua sombra alcance o futuro. Cada instante é um nascimento limpo e sem mancha, no qual o Filho de Deus emerge do passado para o presente. E o presente se estende para sempre. E tão bonito e tão limpo e tão livre de culpa que nada existe nele além da felicidade. Nenhuma escuridão é lembrada e a imortalidade e a alegria são agora.

9. Essa lição não toma tempo. Pois o que é o tempo, sem um passado e sem futuro? Levou tempo para conduzir-te equivocadamente de forma tão completa, mas ser o que tu és, não leva absolutamente tempo algum. Começa a praticar o uso que o Espírito Santo faz do tempo, como um recurso de ensino para chegares à felicidade e à paz. Toma esse mesmo instante, agora, e pensa nele como sendo tudo o que há do tempo. Aqui, nada do passado pode te atingir e é aqui que és completamente absolvido, completamente livre e totalmente sem condenação. Deste instante santo dentro do qual a santidade renasceu, avançarás no tempo sem medo e sem ter a sensação de mudança com o tempo.

10. O tempo é inconcebível sem mudança, no entanto, a santidade não muda. Aprende com esse instante mais do que simplesmente que o inferno não existe. Nesse instante redentor está o Céu. E o Céu não vai mudar, pois o nascimento no presente santo salva da mudança. Tudo o que muda é uma ilusão, ensinada por aqueles que não podem ver a si mesmos sem culpa. Não há nenhuma mudança no Céu porque não há mudança em Deus. No instante santo, no qual te vês brilhante de liberdade, lembrar-te-ás de Deus. Pois lembrar-se Dele é lembrar da liberdade.

11. Se és tentado a sentir-te des-inspirado pensando que tomaria muito tempo mudar por completo a tua mente, pergunta a ti mesmo: "Quanto tempo demora um instante?" Não seria possível entregar ao Espírito Santo um tempo tão curto para a tua salvação? Ele não pede mais do que isso, pois não necessita mais do que isso. Leva muito mais tempo para ensinar-te a estares disposto a dar isso a Ele, do que para Ele usar esse instante diminuto para oferecer-te todo o Céu. Em troca deste instante, Ele está pronto para dar-te a lembrança da eternidade.

12. Nunca darás esse instante santo ao Espírito Santo em favor da tua liberação, enquanto não estiveres disposto a dá-lo aos teus irmãos em favor da sua liberação. Pois o instante da santidade é compartilhado e não pode ser apenas teu. Lembra-te, então, quando te sentires tentado a atacar um irmão, que o seu instante de liberação é o teu. Milagres são os instantes de liberação que ofereces e irás receber. Eles atestam a tua disponibilidade para seres liberado e de ofereceres o tempo ao Espírito Santo para que Ele o use.

13. Quanto tempo demora um instante? É tão curto para o teu irmão quanto é para ti. Pratica a dádiva deste instante abençoado de liberdade para com todos aqueles que estão escravizados pelo tempo e faze, assim, com que o tempo venha a ser um amigo para eles. O Espírito Santo te dá o instante abençoado dos teus irmãos através da tua dádiva. Assim como a dás, Ele a oferece a ti. Não te recuses a dar o que irias receber Dele, pois te unes a Ele nesta doação. Na clareza cristalina da liberação que dás, escapas instantâneamente da culpa. Tens que ser santo se ofereces a santidade.

14. Quanto tempo demora um instante? O tempo que leva para restabelecer a sanidade perfeita, a paz perfeita e o amor perfeito para todas as pessoas, para Deus e para ti mesmo. O tempo que leva para lembrar a imortalidade e as tuas criações imortais que a compartilham contigo. O tempo que leva para trocar o inferno pelo Céu. Tempo bastante para transcender tudo o que o ego fez e ascender ao teu Pai.

15. O tempo é teu amigo se deixares que o Espírito Santo o use. Ele precisa de muito pouco tempo para restaurar em ti todo o poder de Deus. Ele, que transcende o tempo para ti, compreende para que serve o tempo. A santidade não está no tempo, mas na eternidade. Nunca houve um instante em que o Filho de Deus pudesse perder a sua pureza. Seu estado imutável está além do tempo, pois a sua pureza permanece para sempre além de qualquer ataque e sem variação. O tempo está parado em sua santidade e não muda. E assim o tempo já não existe em absoluto. Pois, tomado no instante único da santidade eterna da criação de Deus, ele é transformado em eternidade. Dá o instante eterno, para que a eternidade possa ser lembrada para ti naquele instante brilhante de perfeita liberação. Oferece o milagre do instante santo através do Espírito Santo e deixa que Ele o dê a ti.


II. O fim da dúvida

1. A Expiação tem lugar no tempo, mas não é para o tempo. Estando em ti, ela é eterna. O que contém a lembrança de Deus não pode estar limitado pelo tempo. Tu também não estás. Pois, a não ser que Deus seja limitado, tu não podes ser. Um instante oferecido ao Espírito Santo é oferecido a Deus em teu nome e nesse instante, irás despertar gentilmente Nele. No instante abençoado em que abandonares todo o teu aprendizado passado, o Espírito Santo rapidamente te oferecerá toda a lição da paz. O que pode tomar tempo, quando todos os obstáculos ao aprendizado tiverem sido removidos? A verdade está tão além do tempo que acontece de uma só vez em sua totalidade. Pois como foi criada una, a sua unicidade não depende do tempo em absoluto.

2. Não te preocupes com o tempo e não temas o instante de santidade que removerá todo o medo. Pois o instante da paz é eterno porque e sem medo. Esse instante virá, sendo a lição que Deus te dá através do Professor que Ele indicou para traduzir tempo em eternidade. Bem-aventurado é o Professor de Deus, Cuja alegria é ensinar ao Filho santo de Deus a sua santidade. A Sua alegria não está contida no tempo. O Seu ensinamento é para ti porque a Sua alegria é tua. 'Através Dele estás diante do altar de Deus, onde Ele gentilmente traduz inferno em Céu. Pois é só no Céu que Deus quer que estejas.

3. Quanto tempo pode levar para estares onde Deus quer que estejas? Pois estás onde sempre estiveste e onde estarás para sempre. Tudo o que tens, tens para sempre. O instante abençoado se prolonga para abranger o tempo, assim como Deus se estende para abranger a ti. Tu, que passaste dias, horas e até mesmo anos acorrentando os teus irmãos ao teu ego, em uma tentativa de mantê-lo e sustentar sua fraqueza, não percebes a Fonte da força. Nesse instante santo irás desacorrentar todos os teus irmãos e recusar-te-ás a apoiar a sua fraqueza ou a tua própria.

4. Não reconheces o quanto tens usado mal os teus irmãos ao vê-los como fontes de apoio para o ego. Como resultado, eles testemunham o ego em tua percepção e parecem fornecer razões para que não deixes que ele se vá. No entanto, são testemunhas muito mais fortes e convincentes do Espírito Santo. E apóiam a Sua força. É, portanto, escolha tua se eles vão apoiar o ego ou o Espírito Santo em ti. E reconhecerás qual dos dois escolheste através das reações deles. Um Filho de Deus que tenha sido liberado através do Espírito Santo em um irmão é sempre reconhecido. Ele não pode ser negado. Se permaneces incerto, é apenas porque não deste liberação completa. E devido a isso, não deste completamente um único instante ao Espírito Santo. Pois quando tiveres dado, terás certeza de teres dado. Terás certeza porque a testemunha do Espírito Santo falará Dele de forma tão clara que ouvirás e compreenderás. Terás dúvidas até ouvires uma única testemunha a quem tenhas liberado totalmente através do Espírito Santo. E, então, não mais duvidarás.

5. O instante santo ainda não aconteceu para ti. No entanto acontecerá e o reconhecerás com perfeita certeza. Nenhuma dádiva de Deus é reconhecida de nenhuma outra forma. Podes praticar a mecânica do instante santo e muito aprenderás em fazê-lo. No entanto, o brilho resplandecente e cintilante do instante santo, que literalmente te cegará para esse mundo pela sua própria visão, tu não podes prover. E aqui está, tudo nesse instante, completo, realizado e totalmente dado.

6. Começa agora a praticar a pequena parte que te cabe em separar o instante santo. Receberás instruções muito específicas conforme fores avançando. Aprender a separar esse único segundo e a experimentá-lo como algo fora do tempo e começar a vivenciar a ti mesmo como um ser que não é separado. Não tenhas medo de que não vás receber ajuda nisso. O Professor de Deus e a Sua lição darão apoio à tua força. Apenas a tua fraqueza te abandonará nesta prática, pois é a prática do poder de Deus em ti. Usa-o apenas por um instante e nunca mais o negarás outra vez. Quem pode negar a Presença daquilo diante do qual o universo se inclina em apreciação e contentamento? Diante do reconhecimento do universo que A testemunha, as tuas dúvidas têm que desaparecer.


III. Pequenez versus magnitude

1. Não te contentes com a pequenez. Mas estejas certo de compreender o que ela é e por que nunca poderias te contentar com ela. A pequenez é o oferecimento que fazes a ti mesmo. Tu a ofereces no lugar da magnitude e a aceitas. Tudo nesse mundo é pequeno porque é um mundo feito de pequenez na estranha crença em que ela pode contentar-te. Quando lutas por qualquer coisa nesse mundo acreditando que tal coisa te trará paz, estás te diminuindo e cegando a ti mesmo para a glória. A pequenez e a glória são as escolhas disponíveis para os teus esforços e a tua vigilância. Tu sempre escolherás uma às custas da outra.

2. Entretanto, o que não reconheces a cada vez que escolhes é que a tua escolha representa uma avaliação de ti mesmo. Escolhe a pequenez e não terás paz, pois terás julgado a ti mesmo como indigno dela. E seja o que for que ofereças a ti mesmo para substituí-la, é uma dádiva muito pobre para satisfazer-te. E essencial que aceites o fato, e que o aceites com contentamento, de que não existe forma alguma de pequenez que possa jamais contentar-te. És livre para tentares quantas desejares, mas tudo o que estarás fazendo será adiar a tua volta ao lar. Pois só ficarás contente na magnitude, que é o teu lar.

3. Há uma profunda responsabilidade que deves a ti mesmo e que deves aprender a lembrar todo o tempo. Inicialmente, a lição pode parecer dura, mas aprenderás a amá-la quando reconheceres que é verdadeira e não é senão um tributo ao teu poder. Tu, que buscaste e achaste a pequenez, lembra-te disso: toda decisão que tomas brota só do que pensas que és e representa o valor que dás a ti mesmo. Acredita que o pequeno pode contentar-te e, por estares te limitando, não te satisfarás. Pois a tua função não é pequena e só achando-a e cumprindo-a podes escapar da pequenez.

4. Não há dúvida acerca de qual é a tua função pois o Espírito Santo sabe qual é. Não há dúvida acerca da magnitude da tua função, pois ela te alcança através Dele a partir da Magnitude. Não tens que te esforçar por ela, porque a tens. Todo o teu esforço deve ser dirigido contra a pequenez, pois proteger a tua magnitude nesse mundo, de fato, requer vigilância. Manter a tua magnitude em perfeita consciência nesse mundo feito de pequenez é uma tarefa que os pequenos não podem empreender. No entanto, ela te é pedida em tributo à tua magnitude e não à tua pequenez. Nem é pedida a ti sozinho. O poder de Deus apoiará todo esforço que fizeres a favor do Seu Filho querido. Procura o pequeno e negarás a ti mesmo o poder de Deus. Não é Vontade de Deus que o Seu Filho se contente com menos do que tudo. Pois Ele não se contenta sem o Seu Filho e o Filho não pode se contentar com menos do que o que o Pai lhe deu.

5. Anteriormente eu te perguntei: "Queres ser refém do ego ou anfitrião de Deus?" Permite que essa pergunta te seja feita pelo Espírito Santo todas as vezes que tomas uma decisão. Pois toda decisão que tomas responde a essa pergunta e convida ou a alegria ou a tristeza correspondentemente. Quando Deus Se deu a ti na tua criação, te estabeleceu como Seu anfitrião para sempre. Ele não te deixou e tu não O deixaste. Todas as tuas tentativas de negar a Sua magnitude e fazer do Seu Filho um refém do ego não podem tornar pequeno aquele que Deus uniu a Si Mesmo. Toda decisão que tomas é pelo Céu ou pelo inferno e te traz a consciência daquilo a favor do qual te decidiste.

6. O Espírito Santo pode manter a tua magnitude limpa de toda pequenez de forma clara e em perfeita segurança na tua mente, intocada por qualquer pequena dádiva que o mundo da pequenez queira te oferecer. Mas para tanto, não podes te alinhar contra Ele no que é Sua Vontade para ti. Decide-te por Deus através Dele. Pois a pequenez e a crença em que podes te contentar com ela são decisões que tomas acerca de ti mesmo. O poder e a glória que vêm de Deus e estão em ti são para todos aqueles que, como tu, se percebem pequenos e acreditam que a pequenez possa se inflar e vir a ser um senso de magnitude capaz de contentá-los. Nunca dês a pequenez e nem a aceites. Toda honra é devida ao anfitrião de Deus. A tua pequenez te engana, mas a tua magnitude pertence a Ele, Que habita em ti e em Quem habitas. Então, não toques ninguém com pequenez em Nome de Cristo, eterno Anfitrião para com Seu Pai.

7. Nesta estação (Natal), que celebra o nascimento da santidade nesse mundo, une-te a mim, que me decidi pela santidade por ti. É nossa tarefa conjunta restaurar a consciência da magnitude para o anfitrião que Deus indicou para Si mesmo. Dar a dádiva de Deus está além de toda tua pequenez, mas não além de ti. Pois Deus quer Se dar através de ti. Ele alcança a todos a partir de ti e além de todos às criações do Filho de Deus, mas sem deixá-lo. Muito além do teu pequeno mundo, mas ainda assim em ti, Ele Se estende para sempre. No entanto, traz todas as Suas extensões a ti, como anfitrião para com Ele.

8. É um sacrifício deixar para trás a pequenez e não vagar em Vão? Não é um sacrifício despertar para a glória. Mas é um sacrifício aceitar qualquer coisa menor do que a glória. Aprende que tens que ser digno do Príncipe da Paz, nascido em ti em honra Daquele Cujo anfitrião tu és. Não conheces o que o amor significa porque buscaste adquiri-lo com pequenas dádivas, assim valorizando-o muito pouco para compreenderes a sua magnitude. O amor não é pequeno e o amor habita em ti, pois és o Seu anfitrião. Diante da grandeza que vive em ti, a tua pobre apreciação de ti mesmo e todos os pequenos oferecimentos que fazes deslizam para o nada.

9. Santa criança de Deus, quando aprenderás que só a santidade pode contentar-te e dar-te a paz? Lembra-te de que não aprendes só para ti mesmo, assim como eu também não o fiz. Porque eu aprendi por ti, podes aprender de mim. Eu quero apenas te ensinar o que é teu, de modo que juntos nós possamos substituir a pobre pequenez que prende o anfitrião de Deus à culpa e à fraqueza pela alegre consciência da glória que está nele. Meu nascimento em ti é o teu despertar para a grandeza. Dá boas-vindas a mim, não em uma manjedoura, mas no altar à santidade, onde a santidade habita em perfeita paz. O meu Reino não é desse mundo porque é em ti. E tu és do teu Pai. Vamos nos unir em tua honra, pois tens que permanecer para sempre além da pequenez.

10. Decide comigo, que me decidi por habitar contigo. A minha vontade é a Vontade de meu Pai, tendo o conhecimento de que a Sua Vontade é constante e está para sempre em paz com ela mesma. Nada te contentará a não ser a Sua Vontade. Não aceites menos, lembrando-te de que tudo o que eu aprendi é teu. O que o meu Pai ama, eu amo como Ele e eu não posso aceitar-te como não és, assim como Ele também não pode. E assim como tu também não podes. Quando tiveres aprendido a aceitar o que és, não mais farás dádivas para oferecer a ti mesmo pois terás o conhecimento de que és completo, sem necessidade alguma e incapaz de aceitar qualquer coisa para ti mesmo. Mas darás alegremente, tendo recebido. O anfitrião de Deus não precisa buscar para achar coisa alguma.

11. Se estás totalmente disposto a deixar a salvação ao plano de Deus e não é tua vontade tentar alcançar a paz por ti mesmo, a salvação te será dada. Entretanto, não penses que és capaz de substituir o Seu plano pelo teu. Ao contrário, une-te a mim no plano de Deus para que possamos liberar todos aqueles que querem ser limitados, proclamando juntos que o Filho de Deus é Seu anfitrião. Assim, nós não deixaremos ninguém esquecer o que queres lembrar. E assim tu te lembrarás.

12. Em todas as pessoas invoques somente a lembrança de Deus e do Céu, que está nelas. Pois onde gostarias que o teu irmão estivesse, lá pensarás que estás. Não ouças o seu apelo ao inferno e à pequenez mas só o seu chamado ao Céu e a grandeza. Não te esqueças de que o seu chamado é o teu e responde-lhe comigo. O poder de Deus está para sempre ao lado do Seu anfitrião, pois só protege a paz na qual Ele habita. Não coloques a pequenez diante do altar santo de Deus, que se ergue acima das estrelas e alcança até mesmo o Céu, devido ao que é dado a ele.


IV. A prática do instante santo

1. Esse curso não está além do aprendizado imediato, a não ser que acredites que a Vontade de Deus leva tempo. E isso apenas significa que preferirias protelar o reconhecimento de que tal é a Vontade de Deus. O instante santo é esse instante e todos os instantes. É aquele que queres que seja. Aquele que não quiseres que seja está perdido parati. Cabe a ti decidires quando ele será. Não o atrases. Pois além do passado e do futuro, onde não irás achá-lo, ele está reluzente e pronto para a tua aceitação. No entanto, não podes trazê-lo à tua alegre consciência enquanto não o quiseres, pois ele contém toda a liberação da pequenez.

2. Atua prática, portanto, tem que basear-se na tua disponibilidade para permitir que toda a pequenez se vá. O instante em que a magnitude irá despontar sobre ti está tão distante quanto o teu desejo por ela. Na medida em que tu não a desejas, e em vez dela aprecias a pequenez, nessa medida ela está distante de ti. Na medida em que a quiseres, tu a trarás para mais perto. não penses que és capaz de achar a salvação a teu próprio modo e tê-la. Entrega qualquer plano que tenhas feito para a tua salvação no lugar do plano de Deus. O plano de Deus irá contentar-te e nenhuma outra coisa pode te trazer a paz. Pois a paz é de Deus e de mais ninguém além Dele.

3. Sê humilde diante Dele e ainda assim grande Nele. E não dês valor a nenhum plano do ego mais do que ao plano de Deus. Pois deixas vazio o teu lugar no Seu plano, que precisas preencher se queres unir-te a mim, pela tua decisão de unir-te a qualquer outro plano senão o Dele. Eu te chamo para preencher a tua parte santa no plano que Ele deu ao mundo para liberar o mundo da pequenez. Deus quer que o Seu anfitrião habite em liberdade perfeita. Qualquer aliança a um plano de salvação, que não seja o de Deus, diminui o valor da Sua Vontade para ti em tua própria mente. E no entanto, é a tua mente que é anfitriã para com Ele.

4. Queres aprender o quanto é perfeito e imaculado o altar santo no qual o teu Pai te colocou? Isso irás reconhecer no instante santo, no qual entregas de boa vontade e com alegria todos os outros planos exceto o de Deus. Pois lá está a paz, perfeitamente clara, porque tens estado disposto a satisfazer as condições que ela requer. Podes reivindicar o instante santo a qualquer momento e em qualquer lugar em que o queiras. Na tua prática, tenta entregar qualquer outro plano que tenhas aceito para achar magnitude na pequenez. Ela não está lá. Usa o instante santo só para reconhecer que sozinho não podes saber onde ela está e só podes enganar a ti mesmo.

5. Eu estou no instante santo com tanta clareza quanto queres que eu esteja. E, a extensão na qual aprendes a aceitar-me, é a medida do tempo em que o instante santo será teu. Eu apelo a ti para que faças com que o instante santo seja teu imediatamente, pois a liberação da pequenez na mente do anfitrião de Deus depende da disposição da sua vontade e não do tempo.

6. A razão pela qual esse curso é simples é que a verdade é simples. A complexidade é do ego e não é mais do que a tentativa do ego de obscurecer o óbvio. Poderias viver para sempre no instante santo, começando agora e chegando à eternidade, se não fosse por uma razão muito simples. Não obscureças a simplicidade dessa razão, pois se o fizeres, será apenas porque preferes não reconhecê-la e não permitir que ela se vá. A razão simples, colocada simplesmente, é a seguinte: o instante santo é um tempo no qual recebes e dás comunicação perfeita. Isso significa, entretanto, que esse é um tempo em que a tua mente está aberta, tanto para receber como para dar. E o reconhecimento de que todas as mentes estão em comunicação. Ele não busca, portanto, mudar nada mas apenas aceitar tudo.

7. Como podes fazer isso, quando preferes ter pensamentos privados e mantê-los? A única forma na qual poderias fazê-lo seria negar a comunicação perfeita que faz do instante santo o que ele é. Tu acreditas que podes abrigar pensamentos que não queres compartilhar e que a salvação está em guardar os teus pensamentos apenas para ti mesmo. Pois em pensamentos privados, conhecidos apenas por ti, pensas que achaste uma maneira de manter o que tens só para ti e compartilhar o que tu queres compartilhar. E, então, te perguntas por que será que não estás em comunicação total com aqueles que estão em torno de ti e com Deus, Que envolve a todos juntos.

8. Todo pensamento que mantiveres oculto corta a comunicação porque queres que seja assim. É impossível reconhecer a comunicação perfeita enquanto cortar a comunicação tiver valor para ti. Pergunta a ti mesmo com honestidade: "Eu quero ter comunicação perfeita e estou totalmente disposto a deixar de lado para sempre tudo aquilo que interfere com ela?" Se a resposta é não, então o fato do Espírito Santo estar pronto para dá-la a ti não é suficiente para que seja tua, pois ainda não estás pronto para compartilhá-la com Ele. E ela não pode vir à mente que se decidiu contra ela. Pois o instante santo é dado e recebido quando a disposição da vontade é igual, sendo a aceitação da Vontade única que governa todo pensamento.

9. A condição necessária para o instante santo não requer que não tenhas nenhum pensamento que não seja puro. Mas requer que não tenhas nenhum que queiras guardar. A inocência não é feita por ti. Ela te é dada no instante em que a queiras. A Expiação não teria razão de ser se não houvesse necessidade dela. Não serás capaz de aceitar a comunicação perfeita enquanto a ocultares de ti mesmo. Pois aquilo que queres ocultar está oculto para ti. Na tua prática, então, tenta apenas estar vigilante contra o engano e não busques proteger os pensamentos que queres guardar para ti mesmo. Deixa que a pureza do Espírito Santo os dissipe com seu brilho e traze toda a tua consciência para estares pronto para a pureza que Ele te oferece. Assim Ele fará com que estejas preparado para reconheceres que és o anfitrião de Deus e não o refém de ninguém nem de coisa alguma.


V. O instante santo e os relacionamentos especiais

1. O instante santo é o instrumento de aprendizado mais útil do Espírito Santo para te ensinar o significado do amor. Pois o seu propósito é suspender inteiramente o julgamento. O julgamento sempre se baseia no passado, pois a experiência passada é a base sobre a qual julgas. O julgamento vem a ser impossível sem o passado, pois sem ele não compreendes nada. Não farias nenhuma tentativa de julgar, porque seria bastante evidente para ti que não compreendes o que as coisas significam. Tens medo disso porque acreditas que, sem o ego, tudo seria o caos. No entanto, eu te asseguro que sem o ego, tudo seria amor.

2. O passado é o instrumento de ensino principal do ego, pois foi no passado que aprendeste a definir as tuas próprias necessidades e adquiriste métodos para satisfazê-las em teus próprios termos. Nós temos dito que limitar o amor a uma parte da Filiação e trazer a culpa para os teus relacionamentos e assim fazer com que sejam irreais. Se buscas separar certos aspectos da totalidade e olhar para eles de forma que satisfaçam as tuas necessidades imaginárias, estás tentando usar a separação para salvar-te. Como, então, poderia a culpa não entrar? Pois a separação é a fonte da culpa e apelar para ela em busca de salvação é acreditar que estás sozinho. Estar sozinho é ser culpado. Pois sentir-te sozinho é negar a Unicidade do Pai e de Seu Filho e assim atacar a realidade.

3. Não podes amar partes da realidade e compreender o que o amor significa. Se queres amar de modo diferente de Deus, Que não conhece amor especial, como podes compreender o amor? Acreditar que relacionamentos especiais, com amor especial podem te oferecer a salvação é acreditar que a separação é salvação. Pois é na completa igualdade da Expiação que está a salvação. Como podes decidir que aspectos especiais da Filiação podem te dar mais do que outros? O passado te ensinou isso. Entretanto, o instante santo te ensina que não é assim.

4. Devido à culpa, todos os relacionamentos especiais têm elementos de medo. E por isso que variam e mudam tão freqüentemente. Eles não se baseiam apenas em amor imutável. E o amor, ali onde entrou o medo, não merece total confiança porque não é perfeito. Em Sua função como Intérprete do que fizeste, o Espírito Santo usa os relacionamentos especiais, que escolheste para dar apoio ao ego, como experiências de aprendizado que apontam para a verdade. Sob o Seu ensinamento, todo relacionamento vem a ser uma lição de amor.

5. O Espírito Santo sabe que ninguém é especial. No entanto, Ele também percebe que fizeste relacionamentos especiais, que Ele quer purificar e não deixar que destruas. Não importa quão pouco santa seja a razão pela qual tu os fizeste, Ele pode traduzi-los em santidade, removendo tanto medo quanto tu Lhe permitires. Podes colocar qualquer relacionamento sob os Seus cuidados e estar seguro de que não resultará em dor, se Lhe ofereceres a tua disponibilidade para que o relacionamento não sirva à necessidade alguma que não seja a do Espírito Santo. Toda culpa no relacionamento surge do uso que fazes dele. Todo o amor, do uso do Espírito Santo. Não tenhas, portanto, medo de abandonar as tuas necessidades imaginárias que iriam destruir o relacionamento. A tua única necessidade é a do Espírito Santo.

6. Qualquer relacionamento que queiras substituir por outro não foi oferecido ao Espírito Santo para que Ele o use. Não há nenhum substituto para o amor. Se queres tentar substituir um aspecto do amor por outro, puseste menos valor em um do que no outro. Não só os separaste, como também julgaste contra ambos. No entanto, julgaste em primeiro lugar contra ti mesmo, ou nunca terias imaginado que precisavas de teus irmãos como eles não são. A não ser que tivesses visto a ti mesmo como alguém sem amor, não poderias tê-los julgado tão semelhantes a ti em carência.

7. O uso que o ego faz dos relacionamentos é tão fragmentado que ele freqüentemente vai ainda mais longe: uma parte de um aspecto serve aos seus propósitos, enquanto ele prefere partes diferentes de um outro aspecto. Assim, monta a realidade de acordo com o seu próprio gosto caprichoso, oferecendo à tua busca um retrato que não é semelhante a nada que exista. Pois não há nada no Céu ou na terra a que ele se pareça e assim não importa o quanto busques essa realidade, não a poderás achar porque não é real.8. Todas as pessoas na terra formaram relacionamentos especiais e embora isso não seja assim no Céu, o Espírito Santo sabe como trazer um toque do Céu a esses relacionamentos aqui. No instante santo ninguém é especial, pois as tuas necessidades pessoais não invadem ninguém para fazer os teus irmãos parecerem diferentes. Sem os valores do passado, tu os verias a todos como o mesmo e iguais a ti. E também não verias nenhuma separação entre tu e eles. No instante santo, vês em cada relacionamento o que ele será quando perceberes apenas o presente.

9. Deus te conhece agora. Ele não Se lembra de nada, tendo sempre conhecido a ti exatamente como te conhece agora. O instante santo reflete o Seu conhecimento trazendo toda a percepção para fora do passado e assim removendo o quadro de referências que construíste para julgar os teus irmãos. Uma vez que ele se tenha ido, o Espírito Santo o substitui pelo Seu quadro de referências. Seu quadro de referências é simplesmente Deus. A intemporalidade do Espírito Santo só é encontrada aqui. Pois no instante santo, livre do passado, vês que o amor está em ti mesmo e não tens necessidade de olhar para fora e arrancar culposamente o amor de onde pensavas que ele estivesse.

10. Todos os teus relacionamentos são abençoados no instante santo, porque a benção não é limitada. No instante santo, a Filiação ganha como um só e unida na tua benção, ela vem a ser una para ti. O significado do amor é o significado que Deus deu a ele. Dá ao amor qualquer significado que não seja o de Deus e será impossível compreendê-lo. Deus ama a cada irmão como Ele te ama, nem mais nem menos. Ele precisa de todos igualmente e de ti também. No tempo, te foi dito para ofereceres milagres segundo a minha orientação e deixar o Espírito Santo trazer a ti aqueles que estão te buscando. No entanto, no instante santo, te unes diretamente a Deus e todos os teus irmãos se reunem em Cristo. Aqueles que estão reunidos em Cristo não estão de forma alguma separados. Pois Cristo é o Ser que a Filiação compartilha, assim como Deus compartilha Seu Ser com Cristo.

11. Pensas que podes julgar o Ser de Deus? Deus O Criou além do julgamento em função da Sua necessidade de estender o Amor. Com o amor em ti mesmo, não tens necessidade alguma, a não ser a de estendê-lo. No instante santo não existe conflito de necessidades, pois existe apenas uma. Pois o instante santo alcança a eternidade e a Mente de Deus. E é apenas lá que o amor tem significado e apenas lá pode ser compreendido.


VI. O instante santo e as leis de Deus

1. É impossível usar um relacionamento às custas de outro e não sofrer culpa. E é igualmente impossível condenar parte de um relacionamento e achar paz dentro dele. Sob o ensinamento do Espírito Santo, todos os relacionamentos são vistos como compromissos totais e, apesar disso, não entram em conflito um com o outro de forma alguma. A fé perfeita em cada um deles, pela capacidade de cada um de satisfazer-te completamente, surge apenas da fé perfeita em ti mesmo. E isso não podes ter enquanto a culpa permanecer. E haverá culpa enquanto aceitares e valorizares a possibilidade de fazer de um irmão o que ele não é, porque queres que ele assim seja.

2. Tens tão pouca fé em ti mesmo porque não estás disposto a aceitar o fato de que o amor perfeito está em ti. E assim buscas do lado de fora o que não podes achar do lado de fora. Eu te ofereço a minha fé perfeita em ti no lugar de todas as tuas dúvidas. Mas não te esqueças de que a minha fé tem que ser tão perfeita em todos os teus irmãos como é em ti, ou seria uma dádiva limitada para ti. No instante santo nós compartilhamos nossa fé no Filho de Deus porque reconhecemos, juntos, que ele é totalmente digno dela e em nossa apreciação do seu valor não podemos duvidar da sua santidade. E assim nós o amamos.

3. Toda separação desaparece à medida que a santidade é compartilhada. Pois a santidade é poder e ao compartilhá-la ela ganha em força. Se buscas satisfação gratificando as tuas necessidades conforme as percebes, tens que acreditar que a força vem de outro e que o que tu ganhas, ele perde. Alguém tem sempre que perder se tu te percebes fraco. No entanto, há uma outra interpretação dos relacionamentos que transcende o conceito de perda de poder completamente.

4. Não achas difícil acreditar que quando uma outra pessoa invoca Deus em busca de amor, o teu próprio chamado permanece igualmente forte. E nem pensas que quando Deus responde a ela, diminui a tua esperança de ser respondido. Ao contrário, estás mais inclinado a considerar o seu sucesso como uma testemunha da possibilidade do teu. Isso acontece porque reconheces, por mais vagamente que seja, que Deus é uma idéia e assim a tua fé Nele é reforçada pelo compartilhar. O que achas difícil aceitar é o fato de que, como teu Pai, tu és uma idéia. E como Ele, podes dar de ti mesmo de forma completa sem perder coisa alguma, apenas ganhando. Aqui está a paz, pois aqui não há conflito.

5. No mundo da escassez, o amor não tem significado e a paz é impossível. Pois o ganho e a perda são ambos aceitos e assim ninguém tem consciência de que o amor perfeito está dentro de si. No instante santo, reconheces a idéia do amor em ti mesmo e unes essa idéia com a Mente que a pensou e não poderia abandoná-la. Mantendo-a dentro de si mesma, não há perda. Assim o instante santo vem a ser uma lição que ensina como manter todos os teus irmãos na tua mente, experimentando não a perda, mas a completeza. Daí se segue que só podes dar. E isso é amor, pois só isso é natural sob as leis de Deus. No instante santo, as leis de Deus prevalecem e só elas têm significado. As leis desse mundo deixam de ter qualquer significado. Quando o Filho de Deus aceita as leis de Deus como o que Ele quer com contentamento, é impossível que fique preso ou limitado de qualquer maneira.Nesse instante, ele é tão livre quanto Deus quer que ele seja. Pois no instante em que se recusa a ser limitado, não é mais limitado.

6. No instante santo não acontece nada que não tenha sido sempre. Somente o véu que havia sido colocado sobre a realidade é erguido. Nada mudou. No entanto, a consciência da imutabilidade vem rapidamente à medida em que o véu do tempo é posto de lado. Ninguém que não tenha ainda vivenciado o levantar do véu e se sentido irresistivelmente atraído para a luz que está por trás, pode ter fé no amor sem medo. No entanto, o Espírito Santo te dá essa fé, porque Ele a ofereceu a mim e eu a aceitei. Não tenhas medo de que o instante santo te seja negado, pois eu não o neguei. E através de mim, o Espírito Santo o dá a ti como tu o darás. Não permitas que nenhuma necessidade que percebas obscureça a tua necessidade disso. Pois no instante santo, irás reconhecer a única necessidade que os Filhos de Deus compartilham igualmente e através deste reconhecimento te unirás a mim no oferecimento do que é necessário.

7. É através de nós que a paz virá. Une-te a mim na idéia da paz, pois em idéias as mentes podem se comunicar. Se queres dar de ti mesmo como o teu Pai dá o Seu próprio Ser aprenderás a compreender a natureza do Ser. E aí o significado do amor é compreendido. Mas lembra-te de que a compreensão é da mente e só da mente. O conhecimento é, portanto, da mente e as suas condições estão na mente com ele. Se não fosses uma idéia e nada além de uma idéia, não poderias estar em total comunicação com tudo o que sempre existiu. No entanto, enquanto preferires ser alguma outra coisa ou tentares não ser nenhuma outra coisa e alguma outra coisa ao mesmo tempo, não irás lembrar-te da linguagem da comunicação que conheces perfeitamente.

8. No instante santo Deus é lembrado e a linguagem da comunicação com todos os teus irmãos é lembrada com Ele. Pois a comunicação é lembrada em conjunto, como a verdade. Não existe exclusão no instante santo porque o passado se foi e com ele se vai tudo o que constituía a base da exclusão. Sem a sua fonte, a exclusão desaparece. E isso permite à tua Fonte e A de todos os teus irmãos, substituí-la na tua consciência. Deus e o poder de Deus tomarão o Seu lugar de direito em ti e vivenciarás a plena comunicação de idéias com idéias. Através da tua capacidade de fazer isso, aprenderás o que não podes deixar de ser, pois começarás a compreender o que é o teu Criador e o que é a criação junto com Ele.


VII. O sacrifício desnecessário

1. Além da pobre atração do relacionamento de amor especial e sempre obscurecida por ela, está a poderosa atração do Pai pelo Filho. Não há nenhum outro amor que possa satisfazer-te porque não há nenhum outro amor. Esse é o único amor que é inteiramente dado e inteiramente retribuído. Sendo completo, ele nada pede. Sendo totalmente puro, todas as pessoas reunidas nele têm tudo. Essa não é a base de nenhum relacionamento no qual entre o ego. Pois todo relacionamento em que o ego embarca é especial.

2. O ego estabelece relacionamentos apenas para conseguir alguma coisa. E quer manter a pessoa que dá presa a ele através da culpa. É impossível para o ego entrar em qualquer relacionamento sem raiva, pois o ego acredita que a raiva faz amigos. Não é isso o que ele afirma, mas é esse o seu propósito. Pois o ego realmente acredita que pode conseguir as coisas e mantê-las fazendo com que o outro seja culpado. Essa é a sua única atração, uma atração tão fraca que não seguraria ninguém, exceto que ninguém a reconhece. Pois o ego sempre parece atrair através do amor e não tem qualquer atração para qualquer pessoa que perceba que ele atrai pela culpa.

3. A atração doentia pela culpa tem que ser reconhecida pelo que é. Pois tendo se tornado real para ti é essencial vê-la claramente e, retirando o teu investimento nela, aprender a abandoná-la. Ninguém escolheria abandonar aquilo que acredita que tenha valor. No entanto, a atração da culpa só tem valor para ti porque não olhaste para o que ela é e a julgaste completamente no escuro. À medida que a trazemos à luz, a tua única questão será a razão pela qual algum dia a quiseste. Não tens nada a perder olhando-a de olhos abertos, pois tamanha feiúra não tem lugar na tua mente santa. Esse anfitrião de Deus não pode ter nenhum investimento real nisso.

4. Dissemos antes que o ego tenta manter e aumentar a culpa, mas de tal forma que não reconheças o que ele quer te fazer. Pois a doutrina fundamental do ego é que escapas daquilo que fazes aos outros. O ego não quer bem a ninguém. No entanto, a sobrevivência do ego depende de acreditares que estás isento das suas más intenções. Ele aconselha, portanto, que se fores seu anfitrião, ele te capacitará a dirigir a tua raiva para fora, protegendo-te dessa forma. E assim ele embarca em uma cadeia sem fim e sem recompensa de relacionamentos especiais forjados na raiva e dedicados apenas a uma crença insana: a de que quanto mais raiva investes fora de ti mesmo, mais seguro vens a ser.

5. É essa a corrente que prende o Filho de Deus à culpa e é essa corrente que o Espírito Santo quer remover da tua mente santa. Pois a corrente da selvageria não tem lugar em volta do anfitrião escolhido de Deus, que não pode fazer de si mesmo o anfitrião do ego. Em nome da tua liberação e em Nome Daquele Que quer liberar-te, vamos olhar mais de perto para os relacionamentos que o ego contrai e permitir que o Espírito Santo os julgue verdadeiramente. Pois é certo que se olhares para eles, tu os oferecerás alegremente a Ele. O que o Espírito Santo é capaz de fazer com eles, tu não sabes, mas virás a estar disposto a descobrir se em primeiro lugar estiveres disposto a perceber o que tu fizeste deles.

6. De uma forma ou de outra, todo relacionamento que o ego faz se baseia na idéia de que sacrificando-se, ele vem a ser maior. O "sacrifício", que ele vê como purificação, de fato, é a raiz de seu amargo ressentimento. Pois ele preferiria atacar diretamente e evitar o adiamento do que realmente quer. Entretanto, o ego toma conhecimento da "realidade" conforme a vê e reconhece que ninguém poderia interpretar o ataque direto como amor. Entretanto, tornar culpado é ataque direto, embora não pareça ser. Pois os culpados esperam o ataque e tendo-o pedido, são atraídos para ele.

7. Em tais relacionamentos insanos, a atração do que não queres parece ser muito mais forte do que a atração do que queres. Pois cada um pensa que sacrificou alguma coisa pelo outro e o odeia por isso. No entanto, e isso o que ele pensa que quer. Ele não está absolutamente apaixonado pelo outro. Apenas acredita que está apaixonado pelo sacrifício. E por esse sacrifício, que exige de si mesmo, ele exige do outro que aceite a culpa e também se sacrifique. O perdão vem a ser impossível, pois o ego acredita que perdoar o outro é perdê-lo. E apenas através do ataque sem perdão que o ego pode assegurar a culpa que mantém todos os seus relacionamentos juntos.

8. No entanto, eles apenas aparentam estar juntos. Pois para o ego os relacionamentos significam apenas que os corpos estão juntos. É sempre isso o que o ego exige e não se opõe que a mente vá a qualquer lugar ou ao que ela possa pensar, pois isso não parece importante. Enquanto o corpo estiver lá para receber seu sacrifício, ele está contente. Para o ego, a mente é algo privado e só o corpo pode ser compartilhado. As idéias basicamente não oferecem interesse, a não ser na medida em que trazem o corpo do outro para mais perto ou para mais longe. E é nesses termos que ele avalia as idéias como boas ou más. O que faz com que o outro seja culpado e o mantém através da culpa é "bom". O que o libera da culpa é "mau", porque ele não mais acreditaria que os corpos se comunicam e assim "iria embora".

9. O sofrimento e o sacrifício são as dádivas com as quais o ego quer "abençoar" todas as uniões. E aqueles que estão unidos no seu altar aceitam o sofrimento e o sacrifício como o preço da união. Em suas alianças de raiva, nascidas do medo da solidão e ainda assim dedicadas à continuidade da solidão, cada um busca alívio da culpa aumentando-a no outro. Pois cada um acredita que isso diminui a culpa em si mesmo. O outro parece estar sempre atacando-o e ferindo-o, talvez de pequenas maneiras, talvez "inconscientemente", mas nunca sem a exigência do sacrifício. A fúria dessas pessoas reunidas no altar do ego excede em muito a consciência que podes ter disso. Pois o que o ego realmente quer, tu não te dás conta.

10. Sempre que estiveres com raiva, podes estar certo de que formaste um relacionamento especial "abençoado" pelo ego, pois a raiva é a benção do ego. A raiva toma muitas formas, mas não pode enganar por muito tempo aqueles que querem aprender que o amor não traz qualquer culpa e que aquilo que traz culpa, não pode ser amor e tem que ser raiva. Toda raiva nada mais é do que uma tentativa de fazer alguém sentir-se culpado e essa tentativa é a única base que o ego aceita para os relacionamentos especiais. A culpa é a única necessidade que o ego tem e enquanto te identificares com ele, a culpa continuará sendo atraente para ti. No entanto, lembra-te disso: estar com um corpo não é comunicação. E se pensas que é, te sentirás culpado em relação à comunicação e terás medo de ouvir o Espírito Santo reconhecendo na Sua Voz a tua própria necessidade de comunicar-te.

11. O Espírito Santo não pode ensinar através do medo. E como pode Ele comunicar-Se contigo, enquanto acreditas que comunicar-te é fazer de ti mesmo um ser sozinho? É claramente insano acreditar que através da comunicação serás abandonado. Apesar disso, muitas pessoas acreditam que seja assim. Pois pensam que as suas mentes têm que ser mantidas privadas ou as perderão, mas se os corpos estão juntos, as mentes continuam sendo de cada um. A união dos corpos vem a ser, então, a maneira pela qual querem manter as mentes separadas. Pois corpos não podem perdoar. Eles só podem fazer o que a mente lhes indica.

12. A ilusão da autonomia do corpo e sua capacidade de superar a solidão não passa de uma obra do plano do ego para estabelecer apropria autonomia. Enquanto acreditares que estar com um corpo é ter companhia, serás compelido a tentar manter o teu irmão em seu corpo, preso pela culpa. E verás segurança na culpa e perigo na comunicação. Pois o ego sempre ensinará que a solidão é solucionada através da culpa e que a comunicação é a causa da solidão. E apesar da evidente insanidade dessa lição, muitos a aprenderam.

13. O perdão está na comunicação com tanta certeza quanto a perdição está na culpa. A função de ensino do Espírito Santo é instruir aqueles que acreditam que a comunicação é perdição no sentido de mostrar que a comunicação é salvação. E Ele fará isso, porque o poder de Deus Nele e em ti está unido em um relacionamento real tão santo e tão forte que é capaz de superar até mesmo isso sem medo.

14. É através do instante santo que o que parece ser impossível é realizado, tornando evidente que não é impossível. No instante santo, a culpa não tem atração já que a comunicação foi restaurada. E a culpa, cujo único propósito é romper a comunicação, não tem função aqui. Aqui não há o que ocultar e não há pensamentos privados. A disposição de comunicar-se atrai a si a comunicação e supera completamente a solidão. Existe perdão completo aqui, pois não existe nenhum desejo de excluir ninguém da tua completeza, reconhecendo repentinamente o valor da parte de cada um nela. Na proteção da tua integridade todos são convidados e bem-vindos. E compreendes que a tua completeza é a completeza de Deus, Cuja única necessidade é que tu sejas completo. Pois a tua completeza faz com que sejas Dele na tua consciência. E é aqui que vivências a ti mesmo como foste criado e como és.


VIII. O único relacionamento real

1. O instante santo não substitui a necessidade do aprendizado, pois o Espírito Santo tem que continuar sendo o teu Professor enquanto o instante santo não se estender para muito além do tempo. Em um trabalho de ensino tal como o Seu, Ele tem que usar tudo nesse mundo para a tua liberação. Ele precisa aliar-Se com qualquer sinal ou indício da tua disponibilidade para aprender com Ele o que a verdade não pode deixar de ser. Ele é ágil em usar qualquer coisa que Lhe ofereças em favor disso. Sua preocupação e cuidado para contigo não tem limites. Diante do teu medo do perdão, que Ele percebe com tanta clareza quanto tem conhecimento de que o perdão é liberação, Ele irá ensinar-te a lembrar que o perdão não é perda, mas a tua salvação. E que no perdão completo, no qual reconheces que não há nada a perdoar, és completamente absolvido.

2. Ouve-O com contentamento e aprende com Ele que não tens qualquer necessidade de relacionamentos especiais. Apenas buscas neles aquilo que jogaste fora. E através deles nunca aprenderás o valor do que deixaste de lado, mas ainda desejas com todo o teu coração. Vamos nos unir para fazer do instante santo tudo o que existe, desejando que ele seja tudo o que existe. O Filho de Deus tem tamanha necessidade da tua disponibilidade para te esforçares por isso, que não podes conceber uma necessidade tão grande. Contempla a única necessidade que Deus e o Seu Filho compartilham e querem satisfazer juntos. Não estás sozinho nisso. A vontade das tuas criações te chama para compartilhares a tua vontade com elas. Volta-te, então, em paz, da culpa para Deus e para elas.

3. Relaciona-te só com aquilo que nunca te deixará e que nunca poderás deixar. A solidão do Filho de Deus é a solidão de seu Pai. Não recuses a consciência da tua completeza e não busques restaurá-la para ti mesmo. Não tenhas medo de entregar a redenção ao Amor do teu Redentor. Ele não te falhará, pois Ele vem Daquele Que não pode falhar. Aceita o teu sentimento de fracasso como nada mais do que um engano a respeito de quem és. Pois o santo anfitrião de Deus está além do fracasso e nada do que é sua vontade pode ser negado. Estás para sempre em um relacionamento tão santo que ele chama todas as pessoas para escapar da solidão e unirem-se a ti no teu amor. E onde estás, lá todos têm que buscar e achar-te.

4. Pensa apenas um instante nisso: Deus te deu a Filiação para assegurar a tua criação perfeita. Essa foi a Sua dádiva, pois como Ele não Se recusou a ti, não te recusou a Sua criação. Tudo o que jamais foi criado é teu. Os teus relacionamentos são com o universo. E esse universo, sendo de Deus, está muito além da ínfima soma de todos os corpos separados que percebes. Pois todas as suas partes estão unidas em Deus através de Cristo, onde vêm a ser como seu Pai. Cristo não conhece separação em relação ao Pai, Que é o Seu único relacionamento, no qual Ele dá assim como o Pai dá a Ele.

5. O Espírito Santo é a tentativa de Deus de libertar-te daquilo que Ele não compreende. E devido à Fonte da tentativa, ela terá sucesso. O Espírito Santo te pede para responder como Deus responde, pois Ele quer ensinar-te o que não compreendes. Deus quer responder a cada necessidade, qualquer que seja a forma que ela tome. E assim Ele mantém esse canal aberto para receber a comunicação Dele a ti e a tua a Ele. Deus não compreende o teu problema de comunicação, porque Ele não o compartilha contigo. Só tu acreditas que esse problema é compreensível. O Espírito Santo sabe que não é compreensível e, no entanto, Ele o compreende porque tu o fizeste.

6. Apenas no Espírito Santo está a consciência daquilo que Deus não pode conhecer e que tu não compreendes. E a Sua função santa aceitar ambas essas coisas e através da remoção de qualquer elemento de desacordo, uni-las em uma só. Ele fará isso porque é a Sua função. Deixa, então, aquilo que para ti parece impossível para Ele Que sabe que isso não pode deixar de ser possível, porque essa é a Vontade de Deus. E deixa que Ele, Cujo ensinamento é apenas de Deus, te ensine o único significado dos relacionamentos. Pois Deus criou o único relacionamento que tem significado e esse é o Seu relacionamento contigo.


IX. O instante santo e a atração de Deus

1. Assim como o ego quer limitar a tua percepção dos teus irmãos ao corpo, do mesmo modo o Espírito Santo quer liberar a tua visão e te deixar ver os Grandes Raios brilhantes que deles emanam de forma tão ilimitada que alcançam a Deus. E esse deslocamento para a visão que é realizado no instante santo. No entanto, é necessário que aprendas exatamente o que esse deslocamento acarreta de forma que venhas a estar disposto a fazer com que ele seja permanente. Dada essa disponibilidade, ele não te deixará, pois é permanente. Uma vez que o tiveres aceito como a única percepção que queres, ele é traduzido em conhecimento pela parte que o próprio Deus desempenha na Expiação, pois é o único passo nela que Ele compreende. Portanto, nisso não haverá demora assim que estiveres pronto. Deus está pronto agora, mas tu não estás.

2. Nossa tarefa não é senão a de continuar, tão rapidamente quanto possível, o processo necessário de olhar diretamente para toda interferência e vê-la tal como é. Pois é impossível reconhecer como totalmente sem gratificação aquilo que pensas que queres. O corpo é o símbolo do ego, assim como o ego é o símbolo da separação. E ambos não são mais do que tentativas de limitar a comunicação e assim fazer com que ela seja impossível. Pois a comunicação tem que ser ilimitada de modo a ter significado e, privada de significado, ela não te satisfará completamente. No entanto, continua sendo o único meio pelo qual podes estabelecer relacionamentos reais, que não têm limites, tendo sido estabelecidos por Deus.

3. No instante santo, onde os Grandes Raios substituem o corpo na consciência, o reconhecimento dos relacionamentos sem limites te é dado. Mas para ver isso, é necessário abrir mão de toda utilidade que o ego dá ao corpo e aceitar o fato de que o ego não tem nenhum propósito que queiras compartilhar com ele. Pois o ego quer limitar todas as pessoas a um corpo para os seus próprios propósitos e enquanto pensas que ele tem um propósito, escolherás usar os meios pelos quais ele tenta transformar o próprio propósito em realização. Isso nunca será realizado. No entanto, terás certamente reconhecido que o ego, cujas metas são totalmente inatingíveis, lutará por elas com todo o seu poder e fará isso com a força que tu lhe tens dado.

4. É impossível dividir a tua força entre Céu e inferno, Deus e o ego e liberar o teu poder para a criação, que é o único propósito para o qual ele te foi dado. O amor quer sempre dar mais. Limites são exigidos pelo ego e representam as suas exigências de tornar pequeno e sem efeito. Limita o que vês de um irmão ao corpo, o que farás enquanto não o liberares do corpo, e terás negado a sua dádiva a ti. O seu corpo não a pode dar. E não a busques através do teu. No entanto, as vossas mentes já são contínuas e a única coisa necessária é que a essa união seja aceita para que a solidão no Céu tenha desaparecido.

5. Se apenas permitisses ao Espírito Santo que Ele te falasse do Amor de Deus por ti e da necessidade que têm as tuas criações de estar contigo para sempre, experimentarias a atração do eterno. Ninguém pode ouvi-Lo falar sobre isso e continuar por muito tempo disposto a pairar por aqui. Pois é tua vontade estar no Céu, onde és completo e sereno, em relacionamentos tão seguros e amorosos que qualquer limite é impossível. Não queres trocar os teus pequenos relacionamentos por isso? Pois o corpo é pequeno e limitado e só aqueles que queres ver sem os limites que o ego lhes impõe são capazes de te oferecer a dádiva da liberdade.

6. Não podes conceber os limites que traçaste para a tua percepção e não tens nenhuma idéia de toda a beleza que poderias ver. Mas disso precisas lembrar: a atração da culpa se opõe à atração de Deus. A atração de Deus por ti permanece ilimitada, mas porque o teu poder, sendo Dele, é tão grande quanto o Dele, tu podes afastar-te do amor. Aquilo que investes na culpa, retiras de Deus. E a tua vista vem a ser fraca e tênue e limitada, pois tens tentado separar o Pai do Filho e limitar a comunicação entre eles. Não busques a Expiação em maior separação. E não limites a tua visão do Filho de Deus àquilo que interfere com a sua liberação e que o Espírito Santo tem que desfazer para libertá-lo. Pois a sua crença em limites, de fato, o aprisionou.

7. Quando o corpo deixa de atrair-te e quando não conferes nenhum valor a ele como meio de conseguires o que quer que seja, então não haverá interferência na comunicação e os teus pensamentos serão tão livres quanto os de Deus. À medida em que permites que o Espírito Santo te ensine como usar o corpo só para propósitos de comunicação e renuncias a usá-lo segundo os fins que o ego vê para ele, que são a separação e o ataque, aprenderás que não tens absolutamente nenhuma necessidade de um corpo.

No instante santo, não há corpos e vivencias apenas a atração de Deus. Aceitando-a sem divisões, tu te unes a Ele totalmente em um instante, pois não queres colocar nenhum limite na tua união com Ele. A realidade deste relacionamento vem a ser a única verdade que jamais poderias querer. Toda a verdade está aqui.

X. O tempo do renascimento

1. Está em teu poder, no tempo, atrasar a união perfeita do Pai e do Filho. Pois nesse mundo a atração da culpa, de fato, se interpõe entre eles. Nem o tempo nem a estação do ano significam coisa alguma na eternidade. Mas aqui é função do Espírito Santo usar ambos, embora não da maneira como o ego os usa. Essa é a estação em que celebrarias o meu nascimento no mundo. No entanto, não sabes como fazê-lo. Deixa que o Espírito Santo te ensine e permite que eu celebre o teu nascimento através Dele. A única dádiva que eu posso aceitar de ti é a dádiva que eu te dei. Libera-me como eu escolho a tua própria liberação. O tempo de Cristo nós celebramos juntos, pois ele não tem significado se estivermos separados.

2. O instante santo é verdadeiramente o tempo de Cristo. Nesse instante de liberação, nenhuma culpa é colocada sobre o Filho de Deus e seu poder ilimitado lhe é assim restaurado. Que outra dádiva podes me oferecer, quando eu escolho apenas isso para te oferecer? E ver a mim é ver-me em todas as pessoas e oferecer a todos a dádiva que ofereceste a mim. Sou tão incapaz de receber qualquer sacrifício quanto Deus e todo sacrifício que pedes a ti mesmo, pedes a mim. Aprende agora que qualquer espécie de sacrifício não é senão uma limitação imposta ao dar. E através dessa limitação, limitaste a aceitação da dádiva que eu te ofereço.

3. Nós, que somos um, não podemos dar separadamente. Quando estiveres disposto a aceitar o nosso relacionamento como real, a culpa não exercerá nenhuma atração sobre ti. Pois em nossa união, aceitarás todos os nossos irmãos. A dádiva da união é a única dádiva que eu nasci para dar. Dá a mim essa dádiva de forma que tu a possas ter. O tempo de Cristo é o tempo indicado para a dádiva da liberdade, oferecida a todas as pessoas. E através da tua aceitação, tu a estás oferecendo a todos.

4. Está em teu poder tornar santa essa estação, pois está em teu poder fazer com que o tempo de Cristo seja agora. É possível fazer isso tudo imediatamente, pois não existe senão um deslocamento de percepção que é necessário, já que cometeste apenas um equívoco. Parecem muitos, mas todos são o mesmo. Pois embora o ego tome muitas formas, é sempre a mesma idéia. O que não é amor, é sempre medo e nada mais.

5. Não é necessário seguir o medo por todas as rotas tortuosas pelas quais ele se enterra sob o solo e se esconde na escuridão, para emergir em formas bastante diferentes do que é. No entanto, é necessário examinar cada uma delas enquanto queres reter o princípio que governa a todas. Quando estás disposto a considerá-las não separadamente, mas como manifestações diferentes da mesma idéia, idéia essa que não queres, elas desaparecem juntas. A idéia é simplesmente essa: acreditas que é possível ser anfitrião do ego ou refém de Deus. Essa é a escolha que pensas ter e a decisão que acreditas ter que tomar. Não vês outras alternativas, pois não podes aceitar o fato de que o sacrifício não compra nada. O sacrifício é tão essencial ao teu sistema de pensamento, que a salvação à parte do sacrifício não significa nada para ti. A tua confusão entre sacrifício e amor é tão profunda que não consegues conceber amor sem sacrifício. E é para isso que tens que olhar: o sacrifício é ataque e não amor. Se aceitasses apenas essa única idéia, o teu medo do amor desapareceria. A culpa não pode durar quando a idéia do sacrifício tiver sido removida. Pois se existe sacrifício, alguém tem que pagar e alguém tem que ganhar. E a única questão que permanece é a de saber qual é o preço e para ganhar o quê.

6. Como anfitrião do ego, acreditas que podes descartar a tua culpa sempre que o quiseres e dessa forma adquirir a paz. E o pagamento não parece ser feito por ti. Embora seja óbvio que o ego exige um pagamento, nunca parece exigi-lo de ti. Não estás disposto a reconhecer que o ego, que convidaste, só é traiçoeiro para com aqueles que pensam ser seus anfitriões. O ego jamais permitirá que percebas isso, já que esse reconhecimento o deixaria sem lar. Pois quando o reconhecimento despontar com clareza, não serás iludido por nenhuma forma que o ego tome para se proteger da tua vista. Cada forma será reconhecida como apenas uma capa para a idéia única que está escondida atrás de todas elas: que o amor exige sacrifício e é, portanto, inseparável do ataque e do medo. E que a culpa é o preço do amor, que tem que ser pago pelo medo.

7. Como Deus veio a ser amedrontador para ti assim e que imenso sacrifício acreditas que o Amor de Deus exige! Pois o amor total exigiria sacrifício total. E assim o ego parece exigir menos de ti do que Deus e dos dois, o ego é julgado como o menor de dois males, um a ser um pouco temido, talvez, mas o outro a ser destruído. Pois vês o amor como destrutivo e a tua única questão é: quem deve ser destruído, tu ou um outro? Buscas responder essa questão nos teus relacionamentos especiais, nos quais pareces ser ambos, destruidor e em parte destruído, mas nunca os dois completamente. E pensas que isso te salva de Deus, Cujo Amor total te destruiria completamente.

8. Pensas que todas as pessoas fora de ti exigem o teu sacrifício, mas não vês que só tu exiges sacrifício e só de ti mesmo. No entanto, a exigência de sacrifício é tão selvagem e tão amedrontadora que não podes aceitá-la onde ela está. O preço real da não aceitação disso tem sido tão grande que preferiste desistir de Deus ao invés de olhar para isso. Pois, se Deus exigiria de ti o sacrifício total, parece mais seguro projetá-Lo para fora e para longe de ti e não ser anfitrião para com Ele. Atribuíste a Ele a traição do ego, convidando o ego para tomar o Seu lugar para proteger-te Dele. E não reconheces que é aquilo que convidaste a entrar que quer destruir-te e que, de fato, exige de ti o sacrifício total. Nenhum sacrifício parcial aplacará esse hóspede selvagem, pois ele é um invasor que apenas aparenta oferecer benignidade, mas sempre para fazer com que o sacrifício seja completo.

9. Não terás sucesso sendo hóspede parcial do ego, pois ele não faz barganhas e nada te deixará. E também não podes ser seu anfitrião apenas em parte. Tens que escolher entre a liberdade total e o cativeiro total, pois não existem alternativas além dessas. Tentaste fazer muitas transigências na tentativa de evitar reconhecer a única decisão que tens que tomar. E no entanto, é o reconhecimento da decisão, exatamente como ela é, que faz com que a decisão seja tão fácil. A salvação é simples sendo de Deus e, portanto, muito fácil de compreender. Não tentes projetá-la a partir de ti mesmo e vê-la fora de ti. Em ti estão ambas, a pergunta e a resposta, a exigência do sacrifício e a paz de Deus.


XI. O Natal como o fim do sacrifício

1. Não tenhas medo de reconhecer que toda a idéia de sacrifício foi feita só por ti. E não busques segurança tentando proteger-te do lugar onde essa idéia não está. Os teus irmãos e o teu Pai tornaram-se muito amedrontadores para ti. E queres barganhar com eles por uns poucos relacionamentos especiais, nos quais pensas ver alguns restos de segurança. Não tentes mais manter à parte os teus pensamentos e o Pensamento que te foi dado. Quando são reunidos e percebidos onde estão, a escolha entre eles não é nada além de um gentil despertar e é tão simples como abrir os olhos à luz do dia, quando não tens mais necessidade de sono.

2. O sinal do Natal é uma estrela, uma luz na escuridão. Não a vejas fora de ti, mas brilhando no Céu interior e aceita-a como o sinal de que o tempo de Cristo veio. Ele vem sem nada exigir. Ele não pede nenhum sacrifício de ninguém. Na Presença de Cristo, toda a idéia de sacrifício perde qualquer significado. Pois Ele é o Anfitrião de Deus. E tu só precisas convidá-Lo em Quem já está presente, reconhecendo que o Seu Anfitrião é Um só e nenhum pensamento alheio à Sua Unicidade pode habitar com Ele. O amor tem que ser total para dar boas-vindas a Ele, pois a Presença da santidade cria a santidade que a cerca. Nenhum medo e capaz de afetar o Anfitrião Que embala Deus no tempo de Cristo, pois o Anfitrião é tão santo quanto a Perfeita Inocência que Ele protege e Cujo poder O protege.

3. Nesse Natal, dá ao Espírito Santo tudo o que iria ferir-te. Deixa que sejas completamente curado, de modo que possas unir-te a Ele na cura e festejemos nossa liberação juntos, liberando todas as pessoas conosco. Não deixes nada para trás, pois a liberação é total e quando a tiveres aceito comigo, tu a darás comigo. Toda dor, todo sacrifício e toda pequenez desaparecerão em nosso relacionamento, que é tão inocente e tão poderoso quanto o nosso relacionamento com o nosso Pai. A dor nos será trazida e desaparecerá na nossa presença e sem dor não pode haver sacrifício. E sem sacrifício, tem que haver amor.

4. Tu, que acreditas que o sacrifício e amor, precisas aprender que o sacrifício é a separação do amor. Pois o sacrifício traz culpa com tanta certeza quanto o amor traz paz. A culpa é a condição do sacrifício, assim como a paz é a condição para a conscientização do teu relacionamento com Deus. Através da culpa, excluis o teu Pai e os teus irmãos de ti mesmo. Através da paz, os chamas de volta, reconhecendo que eles estão onde o teu convite lhes pede para estar. Aquilo que excluis de ti mesmo parece amedrontador, porque o medo é o dote que tu lhe dás e tentas marginalizá-lo, embora seja parte de ti. Quem é capaz de perceber uma parte sua como indigna e ainda assim viver em paz consigo mesmo? E quem é capaz de tentar resolver o "conflito" do Céu e do inferno dentro de si, rejeitando o Céu e atribuindo a Ele as qualidades do inferno, sem vivenciar a si mesmo como incompleto e solitário?

5. Enquanto perceberes o corpo como a tua realidade, vais perceber a ti mesmo como solitário e destituído. E, enquanto isso durar, também vais perceber a ti mesmo como vítima de sacrifício, justificado em sacrificar a outros. Pois quem poderia deixar de lado o Céu e o seu próprio Criador sem um sentido de sacrifício e de perda? E quem poderia sofrer sacrifício e perda sem tentar restaurar-se? No entanto, como poderia realizar isso por si mesmo, quando a base das suas tentativas é a crença na realidade da privação? A privação gera o ataque, sendo a crença em que o ataque é justificado. E enquanto queres reter a privação, o ataque vem a ser salvação e o sacrifício vem a ser amor.

6. É assim que, em toda a tua busca de amor, na verdade buscas o sacrifício e o achas. E, no entanto, não achas o amor. É impossível negar o que é o amor e ainda reconhecê-lo. O significado do amor está no que colocaste fora de ti e ele não tem nenhum significado à parte de ti. É o que preferes guardar que não tem significado, enquanto tudo que queres manter longe de ti retém todo o significado do universo e mantém o universo unido em seu significado. A menos que o universo esteja unido em ti, ele estará separado de Deus e ser sem Ele é ser sem significado.

7. No instante santo, a condição do amor é satisfeita pois as mentes estão unidas sem a interferência dos corpos e onde há comunicação, há paz. O Príncipe da Paz nasceu para restabelecer a condição do amor, ensinando que a comunicação permanece ininterrupta mesmo se o corpo é destruído, desde que não vejas o corpo como o meio necessário para a comunicação. E se compreendes essa lição, vais reconhecer que sacrificar o corpo é não sacrificar nada e a comunicação, que tem que ser da mente, não pode ser sacrificada. Onde está, então, o sacrifício? A lição que eu nasci para ensinar e ainda quero ensinar a todos os meus irmãos é que o sacrifício não está em parte alguma e o amor está em toda parte. Pois a comunicação tudo abrange e na paz que ela restabelece, o amor vem por si mesmo.

8. Não deixes nenhum desespero escurecer a alegria do Natal, pois o tempo de Cristo não tem significado à margem da alegria. Vamos nos unir na celebração da paz, sem pedir sacrifício algum de pessoa alguma, pois assim me ofereces o amor que eu te ofereço. O que pode trazer mais alegria do que perceber que não estamos privados de nada? Tal é a mensagem do tempo de Cristo, que eu te dou, de forma que possas dá-la e devolvê-la ao Pai, Que a deu a mim. Pois no tempo de Cristo a comunicação é restaurada e Ele une-Se a nós na celebração da criação de Seu Filho.

9. Deus oferece gratidão ao anfitrião santo que quer recebê-Lo e que O deixa entrar e habitar onde Ele quer estar. E pelas tuas boas-vindas Ele também te dá boas-vindas em Si Mesmo, pois o que está contido em ti, que Lhe dás boas-vindas, é devolvido a Ele. E nós apenas celebramos a Sua Integridade quando damos boas-vindas a Ele em nós mesmos. Aqueles que recebem o Pai são um com Ele, sendo anfitriões para com Aquele Que os criou. E por permitir que Ele entre, a lembrança do Pai entra com Ele e com Ele aqueles que O recebem se lembram do único relacionamento que jamais tiveram e jamais querem ter.

10. Esse é o tempo em que logo um novo ano nascerá do tempo de Cristo. Eu tenho fé perfeita em ti, no sentido de que farás tudo o que queres realizar. Nada estará faltando e tu farás com que seja completo e não destruirás. Dize, então, ao teu irmão:

Eu te dou ao Espírito Santo como parte de mim mesmo.

Eu sei que serás liberado, a não ser que eu queira usar-te para me aprisionar.

Em nome da minha liberdade eu escolho a tua liberação, porque reconheço que nós seremos liberados juntos.

Assim começará o ano em alegria e liberdade. Há muito a fazer e nós temos estado muito atrasados. Aceita o instante santo enquanto esse ano nasce e toma o teu lugar, por tanto tempo vago, no Grande Despertar. Faze com que esse ano seja diferente fazendo com que tudo seja o mesmo. E permite que todos os teus relacionamentos sejam santificados para ti. Essa é a nossa vontade. Amém.