Capítulo 13 - O MUNDO SEM CULPA
Introdução
1. Se não te sentisses culpado, não poderias atacar, pois a condenação é a raiz do ataque. É o julgamento de uma mente por outra como indigna de amor e merecedora de punição. Mas é aí que está a divisão. Pois a mente que julga se percebe separada da mente que está sendo julgada, acreditando que punindo a outra escapará da punição. Tudo isso não passa de uma tentativa delusória da mente de negar a si própria e de escapar à penalidade da negação. Não é uma tentativa de abandonar a negação, mas de ater-se a ela. Pois é a culpa que obscurece o Pai para ti e é a culpa que te tem levado à insanidade.
2. A aceitação da culpa na mente do Filho de Deus foi o começo da separação, assim como a aceitação da Expiação é o fim. O mundo que vês é o sistema delusório daqueles a quem a culpa enlouqueceu. Olha com cuidado para esse mundo e vais reconhecer que é assim. Pois esse mundo é o símbolo da punição e todas as leis que parecem governá-lo são as leis da morte. As crianças vêm ao mundo através da dor e na dor. Seu crescimento é acompanhado de sofrimento e elas aprendem sobre o pesar, a separação e a morte. Suas mentes parecem estar presas como numa armadilha em seus cérebros e seus poderes parecem declinar se os seus corpos são feridos. Elas parecem amar, no entanto, abandonam e são abandonadas. Parecem perder o que amam, talvez a crença mais insana de todas. E seus corpos definham e exalam seu último suspiro e são depositados na terra e já não são mais. Nenhuma delas tem outro pensamento a não ser o de que Deus é cruel.
3. Se esse fosse o mundo real, Deus seria cruel. Pois Pai nenhum poderia sujeitar Suas crianças a isso como o preço a ser pago pela salvação e ser amoroso. O amor não mata para salvar. Se o fizesse, o ataque seria salvação e essa interpretação é a do ego, não a de Deus. Só o mundo da culpa poderia exigir isso, pois só os culpados poderiam conceber isso. O "pecado" de Adão não poderia ter afetado a ninguém se ele não tivesse acreditado que foi o Pai Quem o expulsou do paraíso. Pois nessa crença o conhecimento do Pai foi perdido, já que somente aqueles que não O compreendem poderiam acreditar nela.
4. Esse mundo é um retrato da crucificação do Filho de Deus. E até que reconheças que o Filho de Deus não pode ser crucificado, esse é o mundo que verás. No entanto, não reconhecerás isso enquanto não aceitares o fato eterno de que o Filho de Deus não é culpado. Ele merece apenas amor porque só tem dado amor. Não pode ser condenado porque nunca condenou. A Expiação é a lição final que ele precisa aprender, pois ela lhe ensina que, não tendo nunca pecado, ele não tem necessidade da salvação.
I. A inculpabilidade e a invulnerabilidade
1. Anteriormente eu disse que o Espírito Santo compartilha a meta de todos os bons professores, cujo objetivo final é fazerem-se desnecessários tendo ensinado a seus alunos tudo o que sabem. O Espírito Santo só quer isso, pois compartilhando o Amor do Pai por Seu Filho, Ele busca remover toda a culpa da sua mente de tal modo que ele possa lembrar do seu Pai em paz. Paz e culpa são antitéticas e o Pai só pode ser lembrado na paz. Amor e culpa não podem coexistir, e aceitar um é negar o outro. A culpa esconde o Cristo da tua vista, pois é a negação da irrepreensibilidade do Filho de Deus.
2. No estranho mundo que fizeste o Filho de Deus tem pecado. Assim sendo, como poderias Vê-lo? Fazendo com que ele seja invisível, o mundo da retaliação surgiu na negra nuvem de culpa que tu aceitaste e manténs com apreço. Pois a irrepreensibilidade de Cristo é a prova de que o ego nunca existiu e nunca pode existir. Sem a culpa, o ego não tem vida e o Filho de Deus é sem culpa.
3. Na medida em que olhas para ti mesmo e julgas o que fizeste com honestidade, podes ser tentado a imaginar como é possível que sejas sem culpa. No entanto, considera isso: não és sem culpa no tempo, mas na eternidade. Tens "pecado" no passado, mas não há nenhum passado. O sempre não tem direção. O tempo parece se mover em uma direção, mas quando atinges o seu fim, ele se enrolará como um longo tapete estendido sobre o passado atrás de ti e desaparecerá. Enquanto acreditares que o Filho de Deus é culpado, caminharás sobre esse tapete acreditando que ele conduz à morte. E a jornada parecerá longa, cruel e sem sentido, pois assim ela é.
4. A jornada que o Filho de Deus estabeleceu para si mesmo é fato inútil, mas a jornada na qual o Pai o embarca é de liberação e alegria. O Pai não é cruel e Seu Filho não pode ferir a si mesmo. A retaliação que ele teme e que ele vê nunca o tocará, pois embora ele acredite nela, o Espírito Santo tem o conhecimento de que ela não é verdadeira. O Espírito Santo está no fim dos tempos, onde tu não podes deixar de estar porque Ele está contigo. Ele já desfez tudo o que era indigno do Filho de Deus, pois tal foi a Sua missão dada por Deus. E o que Deus dá nunca deixou de ser.
5. Tu me verás à medida que aprenderes que o Filho de Deus não tem culpa. Ele sempre buscou a sua inculpabilidade e a achou. Pois cada um está buscando escapar da prisão que fez e o caminho para achar a liberação não lhe é negado. Estando nele, ele o achou. Quando o acha é apenas uma questão de tempo e o tempo é apenas uma ilusão. Pois o Filho de Deus não tem culpa agora e o brilho da sua pureza resplandece intocado na Mente de Deus para sempre. O Filho de Deus sempre será tal como ele foi criado. Nega o teu mundo e não o julgues, pois a sua eterna inculpabilidade está na Mente do seu Pai e o protege para sempre.
6. Quando tiveres aceito a Expiação para ti mesmo, reconhecerás que não há nenhuma culpa no Filho de Deus. E só quando olhas para ele como alguém sem culpa é que podes compreender a sua unicidade. Pois a idéia da culpa traz a crença na condenação de um pelo outro, projetando a separação em lugar da unidade. Tu só podes condenar a ti mesmo e ao fazê-lo não podes ter o conhecimento de que és o Filho de Deus. Negaste a condição do que ele é, que é a sua perfeita irrepreensibilidade. Ele foi criado a partir do amor e no amor ele habita. A bondade e a misericórdia sempre o seguiram, pois ele sempre estendeu o Amor do seu Pai.
7. À medida em que percebes os companheiros santos que viajam contigo, reconhecerás que não há jornada, mas só um despertar. O Filho de Deus, que não dorme, tem mantido a fé em seu Pai por ti. Não há estrada pela qual viajar e não há tempo através do qual viajar. Pois Deus não espera o Seu Filho no tempo, para sempre recusando-Se a ser sem ele. E sempre tem sido assim. Permite que a santidade do Filho de Deus brilhe afastando a nuvem de culpa que escurece a tua mente e aceitando a sua pureza como tua, aprende com ele que ela é tua.
8. Tu és invulnerável porque não tens culpa. Só através da culpa é que podes te apegar ao passado. Pois a culpa estabelece que serás punido pelo que fizeste e depende, portanto, de um tempo unidimensional, procedendo do passado para o futuro. Ninguém que acredite nisso pode compreender o que "sempre" significa e, portanto, a culpa não pode deixar de privar-te da apreciação da eternidade. Tu és imortal porque és eterno e o que é "sempre" tem que ser agora. A culpa, então, é uma forma de manter o passado e o futuro em tua mente para assegurar a continuidade do ego. Pois se o que foi será punido, a continuidade do ego está garantida. No entanto, a garantia da tua continuidade é de Deus, não do ego. E a imortalidade é o oposto do tempo, pois o tempo passa, enquanto a imortalidade é constante.
9. A aceitação da Expiação te ensina o que é a imortalidade, pois ao aceitar a tua inculpabilidade, aprendes que o passado nunca foi e deste modo o futuro é desnecessário e não há de ser. O futuro, no tempo, está sempre associado com a expiação e só a culpa poderia induzir a um senso de necessidade de expiação. Aceitar como tua a inculpabilidade do Filho de Deus é, portanto, o caminho de Deus para lembrar-te do Seu Filho e do que ele é na verdade. Pois Deus nunca condenou o Seu Filho e, sendo sem culpa, ele é eterno.
10. Tu não podes dissipar a culpa fazendo com que ela seja real e depois expiando-a. Esse é o plano do ego, que ele oferece ao invés de dissipá-la. O ego crê na expiação através do ataque, estando totalmente comprometido com a noção insana de que o ataque é salvação. E tu que aprecias a culpa, necessariamente também acreditas nisso, pois de que outra forma, senão identificando-te com o ego, poderias manter com tanto apreço o que não queres?
11. O ego te ensina a atacar a ti mesmo porque és culpado e isso não pode deixar de aumentar a culpa, pois a culpa é o resultado do ataque. No ensinamento do ego, portanto, não há como escapar da culpa. Pois o ataque faz com que a culpa seja real e se ela é real, não há nenhum caminho para superá-la. O Espírito Santo a dissipa simplesmente através do calmo reconhecimento de que ela nunca existiu. Quando Ele olha para o Filho de Deus sem culpa, Ele tem o conhecimento de que isso é verdadeiro. E sendo verdadeiro para ti, não podes atacar a ti mesmo, pois sem culpa o ataque é impossível. Assim sendo, estás salvo porque o Filho de Deus é sem culpa. E sendo totalmente puro, tu és invulnerável.
II. O Filho de Deus sem culpa
1. O propósito final da projeção é sempre livrar-se da culpa. No entanto, caracteristicamente, o ego tenta livrar-se da culpa apenas do seu ponto de vista, pois por mais que o ego queira reter a culpa, tu a consideras intolerável já que a culpa obstrui o caminho da tua lembrança de Deus, Cuja atração é tão forte que não podes resistir. Nessa questão, portanto, é onde ocorre a mais profunda das divisões, pois se tens que reter a culpa, como insiste o ego, não podes ser quem és. Só persuadindo-te de que ele é quem tu és, é que o ego tem possibilidade de induzir-te a projetar a culpa e assim mantê-la em tua mente.
2. No entanto, considera que estranha solução é o arranjo feito pelo ego. Tu projetas a culpa para te veres livre dela, mas de fato estás apenas ocultando-a. Experimentas culpa mas não tens a menor idéia do por quê. Ao contrário, a associas com uma esquisita variedade de "ideais do ego", nos quais, segundo o ego, tens falhado. Mas, não tens idéia de que estás falhando para com o Filho de Deus por vê-lo culpado. Acreditando que não és mais quem és, não reconheces que estás falhando a ti mesmo. 3. A mais escura das pedras angulares ocultas em ti mantém a tua crença na culpa fora da tua consciência. Pois nesse local escuro e secreto está o reconhecimento de que traíste o Filho de Deus por condená-lo à morte. Tu nem sequer suspeitas de que essa idéia assassina mas insana está escondida lá, pois a necessidade de destruição do ego é tão intensa que nada menos do que a crucificação do Filho de Deus pode, em última instância, satisfazê-la. Ele não conhece quem é o Filho de Deus porque é cego. Entretanto, permite que ele perceba a inculpabilidade em qualquer lugar e ele tentará destruí-la porque tem medo.
4. Grande parte do estranho comportamento do ego é diretamente atribuída à sua definição de culpa. Para o ego, os que não têm culpa são culpados. Aqueles que não atacam são os seus "inimigos" porque, ao não valorizarem a sua interpretação da salvação, estão em excelente posição para abandoná-la. Eles chegaram perto da pedra angular mais escura e profunda no fundamento do ego e embora o ego possa suportar que questiones tudo o mais, esse único segredo ele guarda com a própria vida, pois a sua existência depende da manutenção disso. Assim sendo, é para esse segredo que temos que olhar, pois o ego não pode proteger-te contra a verdade e na sua presença o ego é dissipado.
5. Na calma luz da verdade, vamos reconhecer que acreditas que crucificaste o Filho de Deus. Não admitiste esse "terrível" segredo porque ainda desejarias crucificá-lo se pudesses achá-lo. No entanto, esse desejo o escondeu de ti, porque é um desejo muito amedrontador e, por conseguinte, tens medo de encontrá-lo. Tens lidado com esse desejo de matar a ti mesmo não sabendo quem és tu e identificando-te com alguma outra coisa. Projetaste a culpa cegamente e indiscriminadamente, mas não descobriste a sua fonte. Pois o ego, de fato, quer matar-te e se tu te identificares com ele, não podes deixar de acreditar que a sua meta é a tua.
6. Eu tenho dito que a crucificação é o símbolo do ego. Quando ele foi confrontado com a real inculpabilidade do Filho de Deus, tentou matá-lo e a razão que deu foi a de que a inculpabilidade é uma blasfêmia para com Deus. Para o ego, o ego é Deus e a inculpabilidade tem que ser interpretada como a culpa máxima que justifica inteiramente o assassinato. Tu ainda não compreendes que qualquer medo que possas experimentar em relação a esse curso, em última instância, brota dessa interpretação, mas se considerares as tuas reações a ela virás a estar cada vez mais convencido de que é assim.
7. Esse curso declarou explicitamente que a sua meta para ti é a felicidade e a paz. No entanto, tens medo dele. Já te foi dito muitas e muitas vezes que ele vai libertar-te, mas às vezes reages como se ele estivesse tentando aprisionar-te. Freqüentemente o descartas com maior prontidão do que descartas o sistema de pensamento do ego. Assim sendo, até um certo ponto, tens que acreditar que, por não aprenderes o curso, estás protegendo a ti mesmo. E não reconheces que é apenas a tua inculpabilidade que pode proteger-te.
8. A Expiação foi sempre interpretada como a liberação da culpa e isso está correto se for compreendido. Entretanto, mesmo quando eu a interpreto para ti, és capaz de rejeitá-la e não aceitá-la para ti mesmo. Talvez tenhas reconhecido a futilidade do ego e dos oferecimentos que ele te faz, mas apesar de não os quereres, podes ainda não considerar a alternativa com contentamento. No fundo, tens medo da redenção e acreditas que ela vai matar-te. Não cometas nenhum equívoco em relação à profundidade desse medo. Pois acreditas que, na presença da verdade, poderias voltar-te contra ti mesmo e destruir-te.
9. Pequena criança, isso não é assim. O segredo da tua culpa não é nada e se apenas o trouxeres à luz, a Luz o dissipará. Então, nenhuma nuvem escura permanecerá entre tu e a lembrança do teu Pai, pois irás lembrar do Seu Filho sem culpa que não morreu porque é imortal. E verás que foste redimida com ele e nunca estiveste separada dele. Nesta compreensão está a tua lembrança pois é o reconhecimento do amor sem medo. Haverá grande júbilo no Céu quando voltares à casa e o júbilo será teu. Pois o filho redimido do homem é o Filho de Deus sem culpa e reconhecê-lo é a tua redenção.
III. O medo da redenção
1. Podes perguntar a ti mesmo porque é tão crucial que olhes para o teu ódio e reconheças toda a sua extensão. Podes também pensar que seria bastante fácil para o Espírito Santo mostrá-lo a ti e dissipá-lo sem a necessidade de que o erguesses à tua consciência por ti mesmo. No entanto, há mais um obstáculo que interpuseste entre tu e a Expiação. Nós temos dito que ninguém sancionará o medo se o reconhecer. No entanto, em teu estado mental desordenado, não tens medo do medo. Não gostas dele mas não é o teu desejo de atacar que realmente te amedronta. Não estás seriamente perturbado com a tua própria hostilidade. Tu a manténs escondida porque tens mais medo do que ela encobre. Poderias até mesmo olhar para a pedra angular mais escura do ego sem medo, se não acreditasses que, sem o ego, acharias dentro de ti algo que te amedrontaria ainda mais. Tu não estás realmente com medo da crucificação. O teu terror real é a redenção.
2. Sob o escuro fundamento do ego está a memória de Deus e é disso que realmente tens medo. Pois essa memória te restituiria instantaneamente ao lugar que te é próprio e é esse o lugar que buscaste deixar. O teu medo do ataque não é nada comparado ao teu medo do amor. Estarias disposto a olhar até mesmo para o teu selvagem desejo de matar o Filho de Deus, se não acreditasses que ele te salva do amor. Pois esse desejo causou a separação e tu o protegeste porque não queres que a separação seja curada. Reconheces que, removendo a nuvem escura que o obscurece, o teu amor pelo teu Pai iria impelir-te a responder ao Seu chamado e dar um salto para o Céu. Acreditas que o ataque é salvação porque te impede isso. Pois muito mais profundo do que o fundamento do ego e muito mais forte do que ele jamais será, é o teu intenso e ardente amor por Deus e o Dele por ti. Isso é o que realmente queres esconder.
3. Honestamente, não é mais difícil para ti dizer "eu amo" do que "eu odeio"? Associas amor com fraqueza e ódio com força e o teu próprio poder real te parece ser a tua real fraqueza. Pois não poderias controlar a tua alegre resposta ao chamado do amor se o ouvisses e todo o mundo que pensaste ter feito desapareceria. O Espírito Santo, então, parece estar atacando a tua fortaleza, pois queres deixar Deus de fora e não é Vontade de Deus ser excluído.
4. Construíste todo o teu insano sistema de crenças porque pensas que ficarias indefeso na Presença de Deus e queres salvar a ti mesmo do Seu Amor porque pensas que ele te esmagaria no nada. Tens medo de que ele te varra para longe de ti mesmo e te faça pequeno, porque acreditas que a magnitude está no desafio e que o ataque é grandioso. Pensas que fizeste um mundo que Deus quer destruir e amando-O como tu O amas, jogarias fora esse mundo, o que, de fato, farias. Portanto, usaste o mundo para encobrir o teu amor e quanto mais te aprofundas no negror do fundamento do ego, mais perto chegas do Amor que lá está escondido. E é isso que te assusta.
5. Podes aceitar a insanidade porque a fizeste, mas não podes aceitar o amor porque não o fizeste. Preferes ser um escravo da crucificação do que um Filho de Deus na redenção. A tua morte individual te parece mais valiosa do que a tua unicidade viva, pois o que te é dado não é tão valorizado quanto o que fizeste. Tens mais medo de Deus do que do ego e o amor não pode entrar onde não é bem-vindo. Mas o ódio pode, pois entra por vontade própria e não se importa com a tua.
6. Tens que olhar para as tuas ilusões e não mantê-las escondidas, porque elas não se baseiam em um fundamento próprio. Estando ocultas parecem fazê-lo e assim aparentam manter-se por si mesmas. Essa é a ilusão fundamental sobre a qual repousam as outras. Pois, abaixo delas e permanecendo oculta enquanto elas estão escondidas, está a mente amorosa que pensou tê-las feito na raiva. E a dor nesta mente é tão evidente quando é descoberta, que a sua necessidade de cura não pode ser negada. Nenhum, entre todos os truques e jogos que tu lhe ofereces, é capaz de curá-la, pois lá está a real crucificação do Filho de Deus.
7. E, no entanto, ele não é crucificado. Aqui está tanto a sua dor quanto a sua cura, pois a visão do Espírito Santo é misericordiosa e o Seu Remédio é rápido. Não escondas o sofrimento da Sua vista mas, com contentamento, traze-o a Ele. Dispõe diante da Sua eterna sanidade tudo o que está ferido em ti e permite que Ele te Cure. Não deixes nenhum ponto de dor escondido da Sua Luz e procura com cuidado em tua própria mente quaisquer pensamentos que possas ter medo de descobrir. Pois Ele curará todos os pensamentos, por pequenos que sejam, que tenhas guardado para ferir-te e os limpará de sua pequenez restaurando-os à magnitude de Deus.
8. Por baixo de toda a grandiosidade à qual dás tanto valor, está o teu pedido real de ajuda. Pois chamas o teu Pai pedindo amor, assim como o teu Pai te chama para Ele Mesmo. Naquele lugar que escondeste, a tua vontade é apenas unir-te ao Pai em Sua memória com amor. Acharás esse lugar da verdade na medida em que o vires nos teus irmãos, pois embora eles possam enganar a si mesmos, como tu anseiam pela grandeza que está neles. E percebendo-a, darás boas-vindas a ela e ela será tua. Pois a grandeza é o direito do Filho de Deus e nenhuma ilusão pode satisfazê-lo ou salvá-lo do que ele é. Só o seu amor é real e ele só ficará contente com a sua realidade.
9. Salva-o de suas ilusões para que possas aceitar a magnitude do teu Pai em paz e alegria. Mas não excluas ninguém do teu amor ou estarás escondendo um lugar escuro na tua mente onde o Espírito Santo não é bem-vindo. E assim estarás te excluindo do Seu poder de cura, pois não oferecendo amor total, não serás completamente curado. A cura tem que ser tão completa quanto o medo, pois o amor não pode entrar onde existe uma mancha de medo para turvar as boas-vindas a ele.
10. Tu, que preferes a separação à sanidade, não podes obtê-la em tua mente certa. Estavas em paz até que pediste um favor especial. E Deus não o concedeu, pois o pedido era algo alheio a Ele e tu não poderias pedir isso a um Pai Que verdadeiramente amasse Seu Filho. Por conseguinte fizeste Dele um Pai sem amor, exigindo algo que somente um pai assim seria capaz de dar. E a paz do Filho de Deus foi despedaçada, pois ele não mais compreendeu seu Pai. Ele tinha medo do que tinha feito, mas temia ainda mais o seu Pai real, tendo atacado a sua própria igualdade gloriosa em relação a Ele.
11. Em paz, ele não precisava de nada e não pedia nada. Em guerra, ele exigia tudo e nada achava. Pois como poderia a gentileza do amor responder às suas exigências, exceto partindo em paz e retomando ao Pai? Se o Filho não desejava permanecer em paz, ele não podia permanecer de modo algum. Pois uma mente escura não pode viver na luz e tem que buscar um lugar de trevas onde possa acreditar que está onde não está. Deus não permitiu que isso acontecesse. Entretanto, tu exigiste que acontecesse e, por conseguinte, acreditaste que era assim.
12. "Escolher um" é "tornar sozinho" e, portanto, solitário. Deus não fez isso contigo. Seria Ele capaz de te colocar à parte conhecendo que a tua paz está na Sua Unicidade? Ele só te negou o teu pedido de dor, pois o sofrimento não faz parte da Sua criação. Tendo dado a ti a criação, Ele não poderia tirá-la de ti. Ele só poderia responder ao teu pedido insano com uma resposta sã que viesse a habitar contigo na tua insanidade. E isso Ele fez. Ninguém que ouça a Sua resposta deixará de desistir da insanidade. Pois a Sua resposta é o ponto de referência além das ilusões, do qual podes olhar para trás e vê-Ias como insanas. Apenas busca esse lugar e o acharás, pois o Amor está em ti e te conduzirá até lá.
IV. A função do tempo
1. E agora, a razão pela qual tens medo deste curso deveria ser evidente. Pois esse é um curso sobre o amor, porque é sobre ti. Foi dito a ti que a tua função nesse mundo é curar e a tua função no Céu é criar. O ego ensina que a tua função na terra é a destruição e que não tens nenhuma função no Céu. Assim, ele quer destruir-te aqui e enterrar-te aqui, não te deixando nenhuma herança exceto o pó, do qual pensa que tu foste feito. Na medida em que está razoavelmente satisfeito contigo, segundo o seu próprio raciocínio, ele te oferece o esquecimento. Quando vem a ser abertamente selvagem, te oferece o inferno.
2. No entanto, para ti nem o esquecimento e nem o inferno são tão inaceitáveis quanto o Céu. A tua definição de Céu é inferno e esquecimento e pensas que o Céu real é a maior ameaça que poderias experimentar. Pois inferno e esquecimento são idéias que inventaste e estás inclinado a demonstrar a sua realidade para estabelecer a tua. Se a sua realidade questionada, acreditas que a tua também o é. Pois acreditas que o ataque é a tua realidade e que a tua destruição é a prova final de que estavas certo.
3. Nessas circunstâncias, não seria mais desejável ter estado errado, mesmo à parte do fato de que estavas errado? Embora talvez se pudesse argumentar que a morte sugere que houve vida, ninguém poderia alegar que ela prova que há vida. Mesmo a vida passada que a morte poderia indicar, só poderia ter sido em vão se é nisso que ela termina e se é disso que ela precisa para provar que, de alguma forma, foi vida. Tu questionas o Céu, mas isso não questionas. No entanto, poderias curar e ser curado se questionasses isso. E mesmo que não conheças o Céu, não poderia ele ser mais desejável do que a morte? Tens sido tão seletivo no teu questionamento quanto na tua percepção. Uma mente aberta é mais honesta do que isso.
4. O ego tem uma estranha noção de tempo e é com essa noção que poderias começar o teu questionamento. O ego investe maciçamente no passado e no final acredita que o passado é o único aspecto do tempo que é significativo. Lembra-te que a ênfase que ele coloca na culpa lhe permite assegurar a própria continuidade, fazendo com que o futuro seja como o passado e assim evitando o presente. Através da noção de pagar pelo passado no futuro, o passado vem a ser o determinante do futuro, fazendo com que ambos sejam contínuos sem a intervenção do presente. Pois o ego considera o presente apenas como uma breve transição para o futuro, na qual ele traz o passado ao futuro interpretando o presente em termos passados.
5. O "agora" não tem qualquer significado para o ego. O presente apenas lembra a ele feridas passadas e ele reage ao presente como se fosse o passado. O ego não pode tolerar a liberação do passado e, embora o passado já esteja acabado, o ego tenta preservar sua imagem respondendo como se ele estivesse presente. Ele dita as tuas reações àqueles que encontras no presente a partir de um ponto de referência passado, obscurecendo a sua realidade presente para ti. Com efeito, se seguires os ditames do ego, reagirás ao teu irmão como se ele fosse outra pessoa e isso, com certeza, te impedirá de reconhecê-lo como ele é. E receberás mensagens do teu irmão saídas do teu próprio passado, porque ao fazer com que ele seja real no presente, estás te proibindo de deixar que ele se vá. Assim, negas a ti mesmo a mensagem de liberação que todo irmão te oferece agora.
6. É precisamente das figuras sombrias do passado que tens que escapar. Elas não são reais e não têm nenhuma influência sobre ti a não ser que as tragas contigo. Elas carregam as manchas de dor na tua mente, orientando-te para atacar no presente em vingança de um passado que já não existe. E essa decisão é uma decisão de dor futura. A não ser que aprendas que a dor passada é uma ilusão, estás escolhendo um futuro de ilusões e perdendo as muitas oportunidades que poderias achar de liberação no presente. O ego quer preservar os teus pesadelos e impedir-te de despertar e compreender que eles são o passado. Poderias reconhecer um encontro santo se o estás percebendo apenas como um encontro com o teu próprio passado? Pois não estarias te encontrando com ninguém e o compartilhar da salvação, que faz com que o encontro seja santo, estaria excluído da tua vista. O Espírito Santo ensina que sempre encontras a ti mesmo e que o encontro é santo porque tu o és. O ego ensina que sempre encontras o teu passado e porque os teus sonhos não foram santos, o futuro não pode ser santo e o presente é sem significado.
7. É evidente que a percepção que o Espírito Santo tem do tempo é exatamente oposta à do ego. A razão disso está igualmente clara, pois eles percebem a meta do tempo de maneiras diametralmente opostas. O Espírito Santo interpreta o propósito do tempo como o de tornar a necessidade do tempo desnecessária. Ele considera a função do tempo como temporária, servindo apenas à Sua função de ensinar, que é temporária por definição. A Sua ênfase, portanto, recai sobre o único aspecto do tempo que pode se estender até o infinito, pois o agora é a noção mais próxima de eternidade que esse mundo oferece. É na realidade do "agora", sem passado ou futuro, que está o começo da apreciação da eternidade. Pois só o "agora" está aqui e só o "agora" apresenta as oportunidades de encontros santos nos quais se pode achar a salvação.
8. O ego, por outro lado, considera a função do tempo como a de estender a si mesmo no lugar da eternidade, pois assim como o Espírito Santo, o ego interpreta a meta do tempo como a sua própria. A continuidade do passado e do futuro, sob a sua direção, é o único propósito que o ego percebe no tempo e ele abole o presente de tal forma que nenhuma brecha em sua própria continuidade possa ocorrer. A sua continuidade, portanto, iria manter-te no tempo, enquanto o Espírito Santo iria libertar-te do tempo. É a Sua interpretação do meio da salvação que tens que aprender a aceitar, se quiseres compartilhar da Sua meta de salvação para ti.
9. Tu também irás interpretar a função do tempo do mesmo modo como interpretas a tua. Se aceitas a cura como tua função no mundo do tempo, enfatizarás somente o aspecto do tempo no qual a cura pode ocorrer. A cura não pode ser realizada no passado. Ela tem que ser realizada no presente para liberar o futuro. Essa interpretação liga o futuro ao presente e estende o presente ao invés do passado. Mas se interpretas a tua função como destruição, perderás de vista o presente e apegar-te-ás ao passado para assegurar um futuro destrutivo. E o tempo será como tu o interpretas, pois por si mesmo, ele não é nada.
V. As duas emoções
1. Eu disse que tens apenas duas emoções: amor e medo. Uma é imutável, mas em constante intercâmbio, sendo oferecida pelo eterno ao eterno. Nesse intercâmbio, ela se estende, pois aumenta na medida em que é dada. A outra assume muitas formas, pois o conteúdo das ilusões individuais difere enormemente, mas, elas têm uma coisa em comum: são todas insanas. São feitas de cenas que não se pode ver, de sons que não se pode ouvir. Elas compõem um mundo privado que não pode ser compartilhado. Pois são significativas apenas para quem as faz e, portanto não têm absolutamente qualquer significado. Nesse mundo, o autor dessas ilusões move-se sozinho, pois só ele as percebe.
2. Cada um povoa o seu mundo com figuras do seu passado individual e é por causa disso que os mundos privados diferem. No entanto, as figuras que ele vê nunca foram reais, pois são feitas apenas das suas próprias reações aos seus irmãos e não incluem as reações que eles têm a ele. Portanto, ele não vê que fez essas figuras e que elas não são íntegras. São figuras que não têm testemunhas, sendo percebidas apenas em uma mente separada.
3. É através dessas estranhas e sombrias figuras que os insanos se relacionam com o seu mundo insano. Pois eles só vêem aqueles que lhes relembram essas imagens e é com elas que se relacionam. Assim, de fato, se comunicam com aqueles que não estão presentes e são eles que lhes respondem. E ninguém ouve a resposta dada por eles a não ser aquele que as invocou e só ele acredita que responderam. A projeção faz a percepção e tu não podes ver além dela. Atacaste o teu irmão uma e outra vez, porque viste nele a sombra de uma figura do teu mundo privado. E por ser assim, não podes deixar de atacar a ti mesmo em primeiro lugar, pois o que atacas não está nos outros. Sua única realidade está na tua própria mente e ao atacares a outros, estás literalmente atacando o que não existe.
4. Os iludidos podem ser muito destrutivos, pois não reconhecem que condenaram a si mesmos. Não desejam morrer, no entanto, não é sua vontade abandonar a condenação. E assim se separam em seus mundos privados, onde tudo é desordenado e onde o que está dentro aparenta estar fora. No entanto, o que está dentro eles não vêem, pois não são capazes de reconhecer a realidade dos seus irmãos.
5. Tu não tens mais do que duas emoções, mesmo assim, no teu mundo privado, reages a cada uma como se fosse a outra. Pois o amor não pode habitar em um mundo à parte, onde não é reconhecido quando vem. Se vês o teu próprio ódio como se fosse o teu irmão, não o estás vendo. Todos são atraídos pelo que amam e se afastam do que temem. E tu reages ao amor com medo e te afastas dele. No entanto, o medo te atrai e acreditando que é amor, tu o chamas para ti. O teu mundo privado está cheio de figuras de medo que convidaste a entrar e todo o amor que os teus irmãos te oferecem, tu não vês.
6. Quando olhas para o teu mundo com olhos abertos, necessariamente te ocorre que caíste na insanidade. Vês o que não existe e ouves o que não tem som. As tuas manifestações das emoções são o oposto do que são as emoções. Não te comunicas com ninguém e estás tão isolado da realidade como se estivesses sozinho em todo o universo. Na tua loucura deixas de ver completamente a realidade e, para onde quer que olhes, vês apenas a tua própria mente dividida. Deus te chama e tu não ouves, pois estás preocupado com a tua própria voz. E a visão de Cristo não está na tua vista, pois olhas para ti mesmo sozinho.
7. Pequena criança, oferecerias isso ao teu Pai? Pois se o ofereces a ti mesma, o estás oferecendo a Ele. E Ele não te dará isso de volta, pois é indigno de ti porque é indigno Dele. No entanto, Ele quer liberar-te disso e deixar-te livre. A Resposta sã do teu Pai te diz que o que tens oferecido a ti mesma não é verdadeiro, mas o Seu oferecimento a ti nunca mudou. Tu, que não sabes o que fazes, podes aprender o que é a insanidade e olhar para o que está além dela. É dado a ti aprender como negar a insanidade e sair do teu mundo privado em paz. Verás tudo o que negaste nos teus irmãos porque o negaste em ti mesma. Pois os amarás e aproximando-te deles os atrairás a ti, percebendo-os como testemunhas da realidade que compartilhas com Deus. Eu estou com eles assim como estou contigo e nós os atrairemos para que saiam de seus mundos privados, pois assim como nós estamos unidos, da mesma forma queremos nos unir a eles. O Pai dá boas-vindas a todos nós com contentamento e contentamento é o que devemos oferecer a Ele. Pois todo Filho de Deus é dado a ti, a quem Deus deu a Si Mesmo. E é Deus Que tens que oferecer a eles, para reconheceres a Sua dádiva a ti.
8. A visão depende da luz. Não podes ver na escuridão. Apesar disso, na escuridão, no mundo privado do sono, tu vês em sonhos, embora os teus olhos estejam fechados. E é aqui que vês o que tu mesmo fizeste. Mas deixa que as trevas desapareçam e tudo o que fizeste tu não mais verás, pois enxergar isso depende da negação da Visão. Contudo, da negação da visão não decorre que não possas ver. Mas é isso o que a negação faz, pois através dela tu aceitas a insanidade, acreditando que podes fazer um mundo privado e governar a tua própria percepção. Mas, para isso, é necessário que a luz seja excluída. Quando vem a luz, os sonhos desaparecem e podes ver.
9. Não busques a visão através dos teus olhos, pois fizeste um modo de ver para que pudesses ver na escuridão e nisso estás enganado. Além dessa escuridão e ainda dentro de ti, está a visão de Cristo Que olha para tudo na luz. A tua "visão" vem do medo, assim como a Sua vem do amor. E Ele vê para ti, como tua testemunha do mundo real. Ele é a manifestação do Espírito Santo, olhando sempre para o mundo real, invocando as suas testemunhas e atraindo-as a ti. Ele ama o que vê dentro de ti e quer estendê-lo. E Ele não voltará para o Pai enquanto não tiver estendido a tua percepção até o Pai. E lá, já não há mais percepção, pois Ele o terá levado de volta ao Pai junto com Ele.
10. Tens apenas duas emoções, uma feita por ti e outra que te foi dada. Cada uma é um modo de ver e mundos diferentes nascem em função de suas óticas diferentes. Vê através da visão que te é dada, pois através da visão de Cristo, Ele contempla a Si mesmo. E vendo o que Ele é, Ele conhece o Seu Pai. Além dos teus sonhos mais escuros, Ele vê o Filho de Deus sem culpa dentro de ti, brilhando na radiância perfeita que não é atenuada pelos teus sonhos. E isso tu verás na medida em que olhares com Ele, pois a Sua visão é a Sua dádiva de amor a ti, dada a Ele pelo Pai para ti.
11. O Espírito Santo é a luz na qual Cristo está revelado. E todos aqueles que querem contemplá-Lo podem vê-Lo, pois pediram luz. E não O verão sozinhos, pois Ele não é sozinho assim como eles também não o São. Porque viram o Filho, ressuscitaram Nele para o Pai. E tudo isso eles compreenderão porque olharam para dentro e viram, além da escuridão, o Cristo presente neles e O reconheceram. Na sanidade da Sua visão, eles olharam para si próprios com amor, vendo-se como o Espírito Santo os vê. E com essa visão da verdade em si mesmos, veio toda a beleza do mundo para brilhar sobre eles.
VI. Encontrar o presente
1. Perceber verdadeiramente é estar ciente de toda a realidade através da consciência da tua própria realidade. Mas para tanto, não podem surgir ilusões visíveis aos teus olhos, pois a realidade não deixa espaço para erro nenhum. Isso significa que percebes um irmão somente como o vês agora. O passado do teu irmão não tem realidade no presente, portanto, não podes vê-lo. As tuas reações passadas a ele também não estão presentes, e se é a elas que reages, vês apenas uma imagem que fizeste e aprecias em lugar dele. No teu questionamento das ilusões, pergunta a ti mesmo se é verdadeiramente são perceber o que foi como sendo agora. Se te lembras do passado quando olhas para o teu irmão, serás incapaz de perceber a realidade que é agora.
2. Consideras "natural" usar a tua experiência passada como ponto de referência a partir do qual julgar o presente. No entanto, isso não é natural porque é delusório. Quando tiveres aprendido a olhar para todas as pessoas sem fazer absolutamente nenhuma referência ao passado, ou ao delas ou ao teu, conforme o percebias, serás capaz de aprender com o que vês agora. Pois o passado não pode fazer nenhuma sombra para obscurecer o presente, a não ser que tu tenhas medo da luz. E só nesse caso é que escolherias trazer a escuridão contigo e, mantendo-a em tua mente, vê-la como uma nuvem escura que envolve os teus irmãos e esconde a sua realidade da tua vista.
3. Essa escuridão está em ti. O Cristo, como te está sendo revelado agora, não tem passado, pois Ele é imutável e na Sua imutabilidade está a tua liberação. Pois se Ele é como foi criado, não há nenhuma culpa Nele. Nenhuma nuvem de culpa se ergueu para obscurecê-Lo e Ele está revelado em todas as pessoas que encontras porque O vês através Dele Mesmo. Nascer de novo é deixar que o passado se vá e olhar para o presente sem condenação. A nuvem que obscurece o Filho de Deus para ti é o passado e se quiseres que o passado seja passado e se vá, é preciso que não o vejas agora. Se o vês agora em tuas ilusões, ele não saiu de ti, embora não esteja presente.
4. O tempo pode liberar bem como aprisionar, dependendo de quem é a interpretação que usas. Passado, presente e futuro não são contínuos, a não ser que tu lhes imponhas continuidade. Podes percebê-los como contínuos e fazer com que sejam assim para ti. Mas não te enganes, para depois acreditar que é assim. Pois acreditar que a realidade é aquilo que queres que ela seja, de acordo com o uso que fazes dela, é delusório. Tu queres destruir a continuidade do tempo fragmentando-o em passado, presente e futuro para os teus próprios propósitos. Queres antecipar o futuro com base na tua experiência passada e planejá-lo de acordo com isso. Entretanto, fazendo assim, estás alinhando passado e futuro e não estás permitindo o milagre, que poderia intervir entre eles, libertando-te para nascer de novo.
5. O milagre te capacita a ver o teu irmão sem passado e assim percebê-lo como tendo nascido de novo. Os erros do teu irmão são todos do passado e por percebê-lo sem erros, tu o estás liberando. E como o passado do teu irmão é o teu, compartilhas dessa liberação. Não deixes que nenhuma nuvem escura do teu passado o obscureça separando-o de ti, pois a verdade está apenas no presente e tu a acharás se a buscares lá. Tu a tens procurado onde ela não está e, portanto, não a achaste. Aprende, então, a buscá-la onde ela está e despontará em olhos que vêem. O teu passado foi feito na raiva e se o usares para atacar o presente, não verás a liberdade que o presente contém.
6. O julgamento e a condenação ficaram para trás e a não ser que os tragas contigo, verás que estás livre deles. Olha com amor para o presente, pois ele guarda as únicas coisas que são verdadeiras para sempre. Toda a cura está dentro dele porque a sua continuidade é real. Ele se estende a todos os aspectos da Filiação ao mesmo tempo e assim os capacita a alcançarem uns aos outros. O presente é antes do tempo ser e será quando o tempo não mais for. Nele estão todas as coisas que são eternas e elas são uma só. A sua continuidade é sem tempo e a sua comunicação não se quebra, pois não estão separadas pelo passado. Só o passado pode separar e ele não está em lugar nenhum.
7. O presente te oferece os teus irmãos na luz que te uniria a eles e te libertaria do passado. Irias tu, então, manter o passado contra eles? Pois se o fizeres, estás escolhendo permanecer na escuridão que não existe e recusando-te a aceitar a luz que te é oferecida. Pois a luz da visão perfeita é dada livremente, assim como é livremente recebida e só pode ser aceita sem limites. Nesta única dimensão do tempo, imóvel e imutável e onde não há sinal do que foste, olhas para o Cristo e chamas as Suas testemunhas para brilhar sobre ti porque as invocaste. E elas não negarão a verdade em ti, porque a procuraste nelas e lá a achaste.
8. Agora é o tempo da salvação, porque agora é a liberação do tempo. Alcança todos os teus irmãos e toca-os com o toque de Cristo. Na união intemporal com eles está a tua continuidade, ininterrupta porque é totalmente compartilhada. O Filho de Deus sem culpa é apenas luz. Não há escuridão nele em parte alguma, pois ele é íntegro. Chama todos os teus irmãos para testemunhar a sua integridade, assim como eu estou te chamando para unir-te a Mim. Cada voz tem uma parte na canção da redenção, o hino de contentamento e ação de graças pela luz ao Criador da luz. Sua luz santa que brilha a partir do Filho de Deus é a testemunha de que a sua luz é do seu Pai.
9. Deixa que a tua luz brilhe sobre os teus irmãos em memória do teu Criador, pois irás lembrar-te Dele à medida em que invocas as testemunhas da Sua criação. Aqueles a quem curas dão testemunho da tua cura, pois na sua integridade verás a tua. E à medida em que os seus hinos de louvor e contentamento elevam-se até o teu Criador, Ele devolverá os teus agradecimentos em Sua Resposta clara ao teu chamado. Pois é impossível que o Seu Filho O invoque e permaneça sem resposta. O Seu chamado a ti não é senão o teu chamado a Ele. E Nele tu és respondido pela Sua paz.
10. Criança de luz, não sabes que a luz está em ti. No entanto, achá-la-ás através das suas testemunhas, pois tendo-lhes dado luz, elas a devolverão. Cada um que vês na luz, traz a tua luz para mais perto da tua consciência. O amor sempre conduz ao amor. Os doentes, que pedem amor, são gratos por ele e em sua alegria resplandecem com gratidão santa. E isso eles oferecem a ti, que lhes deste alegria. Eles são os teus guias para a alegria, pois tendo-a recebido de ti, querem conservá-la. Tu os estabeleceste como guias para a paz, pois fizeste com que ela se manifestasse neles. E ao vê-la, a sua beleza te chama de volta ao lar.
11. Há uma luz que esse mundo não pode dar. Entretanto, tu podes dá-la, assim como te foi dada. E na medida em que a dás, ela resplandece chamando-te para sair do mundo e segui-La. Pois essa luz vai te atrair como nada nesse mundo pode fazê-lo. E deixarás de lado o mundo e acharás outro. Esse outro mundo resplandece com o amor que tu lhe tens dado. E aqui todas as coisas irão lembrar-te do teu Pai e do Seu Filho santo. A luz é ilimitada e se espalha através deste mundo em serena alegria. Todos aqueles que trouxeste contigo resplandecerão sobre ti e tu resplandecerás sobre eles em gratidão porque te trouxeram aqui. A tua luz reunir-se-á à deles em um poder tão convincente que atrairá outros para que saiam das trevas à medida em que tu os olhares.
12. Despertar em Cristo é seguir as leis do amor pelo teu livre arbítrio a partir do quieto reconhecimento da verdade que elas contêm. A atração da luz tem que atrair-te voluntariamente e essa disponibilidade tem seu significado no dar. Aqueles que aceitam o amor de tua parte vêm a ser as testemunhas voluntárias do amor que tu lhes deste e são eles que o oferecem a ti. No sono, estás sozinho e a tua consciência se limita a ti mesmo. E é por isso que os pesadelos vêm. Sonhas com o isolamento porque os teus olhos estão fechados. Não vês os teus irmãos e, na escuridão, não podes olhar para a luz que deste a eles.
13. E apesar disso, as leis do amor não são suspensas porque dormes. E as tens seguido através de todos os teus pesadelos e tens sido fiel no que deste, pois não estavas sozinho. Mesmo no sono Cristo te protegeu, garantindo-te o mundo real quando acordares. Em teu nome, Ele deu por ti e te deu as dádivas que deu. O Filho de Deus é ainda tão amoroso quanto seu Pai. Contínuo em relação a seu Pai, ele não tem passado à parte Dele. Assim, nunca deixou de ser a testemunha do seu Pai e a sua própria. Embora ele tenha dormido, a visão de Cristo não o deixou. E é por isso que ele pode chamar para si mesmo as testemunhas que lhe ensinam que ele nunca esteve adormecido.
VII. Alcançar o mundo real
1. Senta-te em quietude e olha para o mundo que vês e dize a ti mesmo: “O mundo real não é assim. Não tem edifícios e não tem ruas por onde as pessoas andam sozinhas e separadas. Não tem lojas onde as pessoas compram uma lista sem fim de coisas das quais elas não necessitam. Não é iluminado com luz artificial e as noites não caem sobre ele. Não há dia que se ilumine e depois vá se apagando. Não há nenhuma perda. Nada lá deixa de brilhar e brilha para sempre”.
2. O mundo que vês tem que ser negado, pois ver isso está te custando um tipo diferente de Visão. Tu não podes ver ambos os mundos, pois cada um envolve um modo diferente de ver e depende do que tu aprecias. A negação de um faz com que seja possível ver o outro. Ambos não são verdadeiros, embora qualquer um dos dois possa te parecer real na medida em que o valorizares. E, no entanto, o seu poder não é o mesmo porque a sua real atração sobre ti é desigual.
3. Tu realmente não queres o mundo que vês, porque ele te desapontou desde o início dos tempos. As casas que construíste nunca te deram abrigo. As estradas que fizeste nunca te conduziram a lugar nenhum e nenhuma cidade construída por ti suportou o assalto esmagador do tempo. Nada do que fizeste tem outra marca senão a da morte sobre si mesmo. Não valorizes essas coisas porque elas são velhas e gastas e estão prontas para retornar ao pó desde o momento em que as fizeste. Esse mundo de dor não tem o poder de tocar o mundo vivo em absoluto. Tu não poderias lhe dar esse poder e embora lhe dês as costas tristemente, não podes achar nesse mundo a estrada que conduz para longe dele, para um outro mundo.
4. Entretanto, o mundo real tem o poder de tocar-te mesmo aqui porque tu o amas. E o que chamas com amor virá a ti O amor sempre responde, sendo incapaz de negar um pedido de ajuda ou de não ouvir os gritos de dor que se erguem até ele de todas as partes desse estranho mundo que fizeste, mas não queres. Tudo o que precisas para entregar esse mundo trocando-o com contentamento pelo que não fizeste é a disponibilidade para aprender que o que fizeste é falso.
5. Tu tens estado errado a respeito do mundo porque julgaste a ti mesmo de forma equivocada. O que poderias ver de um ponto de referência tão distorcido? Tudo o que é visto parte de quem percebe e julga o que é verdadeiro e o que é falso. E o que ele julga como falso, ele não Vê. Tu, que queres julgar a realidade, não podes vê-la, pois sempre que entra o julgamento, a realidade foge. O que está fora da mente está fora da vista, porque o que é negado está presente, mas não é reconhecido. Cristo ainda está presente, embora tu não O conheças. O que Ele é não depende do teu reconhecimento. Ele vive dentro de ti no sereno momento presente e espera que deixes para trás o passado e entres no mundo que Ele te oferece com amor.
6. Ninguém nesse mundo distraído viu mais do que alguns vislumbres do outro mundo em torno de Si. Entretanto, enquanto ele ainda dá valor ao seu próprio mundo, negará a visão do outro, insistindo em que ama aquilo que não ama e deixando de seguir a estrada que o amor aponta. O amor conduz com tanto contentamento! A medida em que O segues, regozijar-te-ás por teres achado a Sua companhia e teres aprendido com Ele a feliz jornada ao lar. Tu só esperas por ti mesmo. Entregar esse triste mundo e trocar os teus erros pela paz de Deus não é senão a tua vontade. E Cristo irá sempre oferecer-te a Vontade de Deus, reconhecendo que tu a compartilhas com Ele.
7. É a Vontade de Deus que nada toque o Seu Filho, exceto Ele próprio e que nada mais se aproxime dele. Ele está tão a salvo da dor quanto o próprio Deus Que vela por ele em tudo. O mundo à sua volta brilha com amor porque Deus o colocou em Si Mesmo onde não há dor e o amor o envolve incessante e infalivelmente. Sua paz não pode ser perturbada nunca. Em perfeita sanidade, ele olha para o amor, pois o amor está em toda parte em torno dele e dentro dele. Ele tem que negar o mundo da dor no instante em que percebe os braços do amor à sua volta. E deste ponto de segurança, ele olha em quietude em torno de si mesmo e reconhece que o mundo é um com ele.
8. A paz de Deus só excede o teu entendimento no passado. Entretanto, ela está aqui e tu podes compreendê-la agora. Deus ama o Seu Filho para sempre e Seu Filho corresponde ao Amor do seu Pai para sempre. O mundo real é o caminho que te conduz à lembrança da única coisa que é totalmente verdadeira e totalmente tua. Pois para tudo o mais tu emprestaste a ti mesmo no tempo e tudo murchará. Mas essa única coisa é sempre tua, sendo a dádiva de Deus para Seu Filho. A tua única realidade te foi dada e através dela Deus te criou um com Ele.
9. Em primeiro lugar, tu vais sonhar com a paz e então despertarás para ela. A tua primeira troca do que fizeste pelo que queres é a troca dos pesadelos pelos sonhos felizes do amor. Neles estão as tuas verdadeiras percepções, pois o Espírito Santo corrige o mundo dos sonhos, onde está toda a percepção. O conhecimento não necessita de correção. No entanto, os sonhos de amor levam ao conhecimento. Neles, nada vês de amedrontador e devido a isso, eles são as boas-vindas que ofereces ao conhecimento. O amor espera pelas boas-vindas, não pelo tempo e o mundo real não é senão as tuas boas-vindas ao que sempre foi. Portanto, o chamado da alegria está nele e a tua resposta feliz é o teu despertar para o que não perdeste.
10. Louva, então, o Pai, pela sanidade perfeita de Seu Filho santíssimo. O teu Pai sabe que não necessitas de nada. No Céu é assim, pois de que poderias necessitar na eternidade? No teu mundo, de fato, tens necessidade de coisas. É um mundo de escassez no qual tu te achas porque algo te falta. No entanto, é possível que te aches em tal mundo? Sem o Espírito Santo, a resposta seria não. Entretanto, devido a Ele, a resposta é um alegre sim! Enquanto Mediador entre os dois mundos, Ele sabe do que necessitas e do que não vai ferir-te. A propriedade é um conceito perigoso se é deixado por tua conta. O ego quer ter coisas para a salvação, pois a posse é a sua lei. Possuir por possuir é o credo fundamental do ego, uma pedra angular básica nas igrejas que ele constrói para si mesmo. E em seu altar ele exige que deposites todas as coisas que te pede para obter, não te deixando nenhuma alegria nelas.
11. Todas as coisas que o ego te diz que necessitas irão te ferir. Pois embora ele te peça com insistência e repetidamente que as obtenhas, não te deixa nada, pois o que obténs ele vai exigir de ti. E das próprias mãos que as agarraram, serão arrancadas e lançadas ao pó. Pois onde o ego vê salvação, ele vê separação e assim perdes tudo o que tiveres obtido em nome dele. Portanto, não perguntes a ti mesmo do que é que necessitas, pois não sabes e o teu próprio conselho irá ferir-te. Pois o que pensas que necessitas simplesmente servirá para fechar mais o teu mundo contra a luz e deixar-te sem vontade de questionar o valor que esse mundo possa realmente ter para ti.
12. Só o Espírito Santo sabe do que necessitas. Pois Ele te dará todas as coisas que não bloqueiam o caminho para a luz. E de que mais poderias necessitar? No tempo, Ele te dá todas as coisas que precisas ter e as renovará enquanto tiveres necessidade delas. Ele não tirará de ti coisa alguma enquanto tiveres qualquer necessidade dela. E apesar disso, Ele sabe que tudo aquilo de que necessitas é temporário e só durará até que passes ao largo de todas as tuas necessidades e reconheças que todas elas foram preenchidas, por conseguinte, Ele não tem nenhum investimento nas coisas que fornece, exceto no sentido de assegurar-Se de que não vais usá-las para prolongar-te no tempo. Ele sabe que lá não estás em casa e não é Sua Vontade que qualquer atraso adie a tua alegre volta ao lar.
13. Deixa, então, as tuas necessidades com Ele. Ele as suprirá sem colocar nelas qualquer ênfase. O que vem a ti a partir Dele vem com segurança, pois Ele garantirá que isso nunca venha a ser um ponto escuro, escondido em tua mente e mantido com o fim de ferir-te. Sob a Sua orientação, viajarás sem cargas e caminharás na luz, pois a Sua vista está sempre no fim da jornada, que é a Sua meta. O Filho de Deus não é um viajante através de mundos exteriores. Por mais santa que sua percepção venha a ser, nenhum mundo exterior a ele contém a herança que lhe é devida. Dentro de si, ele não tem necessidades, pois a luz de nada necessita a não ser brilhar em paz e deixar que os seus raios se estendam a partir de si mesma em quietude até o infinito.
14. Sempre que fores tentado a empreender uma jornada inútil que te conduzirá para longe da luz, lembra-te do que realmente queres e dize:
Espírito Santo me conduz a Cristo, a que outro lugar iria eu?
Que necessidade tenho eu senão a de despertar Nele?
15. Então, segue-O em alegria, com fé em que Ele te conduzirá com segurança através de todos os perigos para a paz da tua mente que esse mundo possa colocar diante de ti. Não te ajoelhes diante dos altares ao sacrifício e não busques o que certamente irás perder. Contenta-te com aquilo que com toda a certeza irás conservar e não sejas intranqüilo, pois empreendes uma jornada quieta para a paz de Deus, onde Ele quer que estejas em quietude.
16. Em mim, já superaste todas as tentações que te atrasariam. Nós andamos juntos no caminho para a quietude, que é a dádiva de Deus. Dá valor a mim, pois de que necessitas tu, senão de teus irmãos? Nós restauraremos para ti a paz da mente que temos que achar juntos. O Espírito Santo te ensinará a despertar para nós e para ti mesmo. Essa é a única necessidade real a ser preenchida no tempo. Salvar-te do mundo consiste apenas nisso. A minha paz, eu te dou. Toma-a de mim, trocando-a alegremente por tudo o que o mundo tem te oferecido só para tomar de volta. E nós a espalharemos como um véu de luz através da face triste do mundo, na qual escondemos nossos irmãos do mundo e o mundo deles.
17. Não podemos cantar sozinhos o hino da redenção. Minha tarefa não está completa enquanto eu não tiver erguido todas as vozes junto com a minha. E no entanto, ela não é minha, porque assim como é minha dádiva a ti, foi a dádiva do Pai a mim, dada a mim através do Seu Espírito. O seu som abolirá a tristeza da mente do Filho santíssimo de Deus, onde ela não pode habitar. A cura no tempo é necessária, pois a alegria não pode estabelecer seu reino eterno onde mora o pesar. Tu não moras aqui, mas na eternidade. Viajas apenas em sonhos, enquanto estás a salvo em casa. Dá graças a cada parte de ti mesmo a qual tenhas ensinado como lembrar de ti. Assim o Filho de Deus dá graças ao seu Pai pela sua pureza.
VIII. Da percepção ao conhecimento
1. Toda cura é liberação do passado. É por isso que o Espírito Santo é o único Que cura. Ele ensina que o passado não existe, um fato que pertence à esfera do conhecimento e, portanto, ninguém no mundo pode conhecer. De fato, seria impossível estar no mundo com esse conhecimento. Pois a mente que conhece isso, inequivocadamente também tem o conhecimento de que habita na eternidade e não usa qualquer percepção. Portanto, ela não leva em consideração onde está, porque o conceito "onde" nada significa para ela. Tem o conhecimento de que está em toda parte, assim como de que tudo possui e para sempre.
2. A diferença muito real existente entre percepção e conhecimento fica bastante evidente se consideras isso: nada há de parcial a respeito do conhecimento. Cada aspecto é total e, portanto, nenhum aspecto é separado. Tu és um aspecto do conhecimento, estando na Mente de Deus Que te conhece. Todo o conhecimento tem que ser teu, pois todo o conhecimento está em ti. A percepção, no seu mais alto grau, nunca é completa. Mesmo a percepção do Espírito Santo, tão perfeita quanto a percepção pode ser, é sem significado no Céu. A percepção pode alcançar todos os lugares sob a Sua orientação, pois a visão de Cristo contempla todas as coisas na luz. No entanto, nenhuma percepção por mais santa que seja durará para sempre.
3. Assim sendo, a percepção perfeita tem muitos elementos em comum com o conhecimento, tornando possível sua transferência para ele. No entanto, o último passo tem que ser dado por Deus, porque o último passo na tua redenção, que parece estar no futuro, foi realizado por Deus na tua criação. A separação não o interrompeu. A criação não pode ser interrompida. A separação é meramente uma formulação falha da realidade, sem nenhum efeito. O milagre, sem nenhuma função no Céu, é necessário aqui. Aspectos da realidade ainda podem ser vistos e eles substituirão os aspectos da irrealidade. Aspectos da realidade podem ser vistos em todas as coisas e em todos os lugares. Entretanto, só Deus pode reuni-los todos, coroando-os como um só com a dádiva final da eternidade.
4. À margem do Pai e do Filho, o Espírito Santo não tem função. Ele não está separado de nenhum dos dois, estando na Mente de Ambos e conhecendo que a Mente é uma só. Ele é um Pensamento de Deus e Deus O deu a ti porque Ele não tem Pensamentos que não compartilhe. A mensagem do Espírito Santo fala da intemporalidade no tempo e é por isso que a visão de Cristo olha para tudo com amor. No entanto, mesmo a visão de Cristo não é a Sua Realidade. Os aspectos dourados da realidade que saltam à luz, sob o olhar amoroso de Cristo, são vislumbres parciais do Céu que está além.
5. Esse é o milagre da criação: que ela é una para sempre. Todo milagre que ofereces ao Filho de Deus não é senão a verdadeira percepção de um aspecto do todo. Embora cada aspecto seja o todo, não podes conhecer isso enquanto não vês que cada aspecto é o mesmo, percebido à mesma luz e, portanto, um só. Dessa forma, todo aquele que é visto sem o passado te traz para mais perto do fim dos tempos, trazendo à escuridão uma forma de ver que está curada e é capaz de curar fazendo com que o mundo possa ver. Pois é preciso que a luz venha ao mundo escuro para fazer com que a visão de Cristo seja possível mesmo aqui. Ajuda-O a dar a Sua dádiva de luz a todos aqueles que pensam que vagam nas trevas e permite que Ele os reuna em Sua visão serena fazendo com que sejam um.
6. Eles todos são o mesmo; todos belos e iguais em sua santidade. E Ele os oferecerá ao Seu Pai assim como eles foram oferecidos a Ele. Há um só milagre, como há uma só realidade. E cada milagre que fazes contém todos os milagres, assim como cada aspecto da realidade que vês se funde em quietude à Realidade única de Deus. O único milagre que jamais existiu é o santíssimo Filho de Deus, criado na única Realidade que é o seu Pai. A visão de Cristo é a Sua dádiva a ti. O que Ele é, é a dádiva de Seu Pai a Ele.
7. Fica contente com a cura, pois a dádiva de Cristo tu podes conceder e a dádiva do teu Pai não podes perder. Oferece a dádiva de Cristo a todas as pessoas em todos os lugares, pois os milagres, oferecidos ao Filho de Deus através do Espírito Santo, te sintonizam com a realidade. O Espírito Santo conhece a tua parte na redenção e aqueles que estão buscando-te e onde achá-los. O conhecimento está muito além da tua concemência individual. Tu, que és parte dele és todo ele, e só precisas reconhecer que ele é do Pai e não teu. O teu papel na redenção te conduz a ele por restabelecer a sua unicidade em tua mente.
8. Quando tiveres visto os teus irmãos como tu mesmo, estarás liberado para o conhecimento, tendo aprendido a libertar-te através Daquele Que conhece a liberdade. Une-te a mim sob a bandeira santa do Seu ensinamento e na medida em que crescemos em força, o poder do Filho de Deus mover-se-á em nós e não deixaremos ninguém intocado e ninguém sozinho. E, de repente, o tempo terá terminado e todos nós nos uniremos na eternidade de Deus, o Pai. A luz santa que viste fora de ti, em todo milagre que ofereceste aos teus irmãos, retornará a ti. E conhecendo que a luz está em ti, as tuas criações lá estarão contigo assim como tu estás no teu Pai.
9. Assim como os milagres nesse mundo te unem aos teus irmãos, também assim as tuas criações estabelecem a tua paternidade no Céu. Tu és a testemunha da Paternidade de Deus e Ele te deu o poder de criar as testemunhas da tua que é como a Sua. Nega um irmão aqui e negas as testemunhas da tua paternidade no Céu. O milagre que Deus criou é perfeito, assim como são os milagres que tu estabeleceste em Seu Nome. Eles não necessitam de cura e nem tu, quando os aceitas.
10. Entretanto, nesse mundo, a tua perfeição não é testemunhada. Deus a conhece, mas tu não e assim não compartilhas o Seu testemunho da tua perfeição. E nem dás testemunho Dele, pois para que a realidade seja testemunhada, o testemunho tem que ser uno. Deus espera pelo teu testemunho do Seu Filho e Dele próprio. Os milagres que fazes na terra são erguidos para o Céu e para Ele. Eles testemunham aquilo que tu não conheces e à medida que alcançam a porta do Céu, Deus a abrirá. Pois jamais Ele deixaria Seu próprio Filho amado do lado de fora e além de Si Mesmo.
IX. A nuvem da culpa
1. A culpa continua sendo a única coisa que oculta o Pai, pois a culpa é o ataque ao Seu Filho. Os culpados sempre condenam e tendo feito isso, eles ainda condenarão ligando o futuro ao passado conforme a lei do ego. A fidelidade a essa lei não permite a entrada da luz, pois ela exige fidelidade à escuridão e proíbe o despertar. As leis do ego são rígidas e as violações severamente punidas. Portanto, não obedeças de jeito nenhum às suas leis, pois são as leis da punição. E aqueles que as seguem acreditam que são culpados e assim têm que condenar. Entre o futuro e o passado, as leis de Deus têm que intervir se queres te libertar. A Expiação se interpõe entre eles como uma lâmpada que brilha com tal fulgor que a cadeia de escuridão na qual prendeste a ti mesmo desaparecerá.
2. A liberação da culpa é o desfazer de todo o ego. Não faças ninguém ficar com medo, pois a culpa do outro é a tua e obedecendo às ordens duras do ego trazes para ti mesmo a sua condenação e não escaparás da punição que ele oferece àqueles que o obedecem. O ego recompensa a fidelidade a ele com dor, pois ter fé no ego é dor. E a fé só pode ser recompensada em termos da crença na qual foi depositada. A fé faz o poder da crença e a recompensa que ela te dá é determinada por onde a investes. Pois a fé sempre é dada àquilo que se considera um tesouro e o que é um tesouro para ti te é devolvido.
3. O mundo só pode te dar o que deste a ele, pois nada sendo além da tua própria projeção, não tem significado à parte do que achaste nele e de onde depositaste a tua fé. Sê fiel à escuridão e não verás, porque a tua fé será recompensada assim como a deste. Tu vais aceitar o teu tesouro e se depositas a tua fé no passado, o futuro será como ele. Seja o que for que valorizes, pensas que é teu. O poder da tua avaliação fará com que seja assim.
4. A Expiação traz uma reavaliação de tudo o que aprecias, pois é o meio através do qual o Espírito Santo pode separar o falso e o verdadeiro, os quais aceitaste em tua mente sem distinções. Portanto, não podes valorizar um sem valorizar o outro e a culpa veio a ser tão verdadeira para ti quanto a inocência. Não acreditas que o Filho de Deus é sem culpa porque vês o passado e não o vês. Quando condenas um irmão, estás dizendo: "Eu, que era culpado, escolho continuar sendo." Tu negaste a sua liberdade e ao fazer isso negaste o testemunho da tua. Poderias com a mesma facilidade tê-lo libertado do passado e erguido da mente do teu irmão a nuvem de culpa que o prende a ele. E na sua liberdade estaria a tua própria.
5. Não coloques a sua culpa sobre ele, pois a sua culpa está em seu pensamento secreto de que foi ele quem fez isso a ti. Irias tu, então, ensinar-lhe que ele está certo em sua delusão? A idéia de que o Filho de Deus sem culpa pode atacar a si mesmo e se fazer culpado é insana. Sob qualquer forma, em qualquer pessoa, não acredites nisso. Pois pecado e condenação são a mesma coisa e a crença em um deles é fé no outro invocando a punição em vez do amor. Nada pode justificar a insanidade e invocar punição para ti mesmo não pode deixar de ser insano.
6. Não vejas, portanto, ninguém como culpado e assim afirmarás a verdade da inculpabilidade para ti mesmo. Em toda condenação que ofereces ao Filho de Deus está a convição da tua própria culpa. Se queres que o Espírito Santo te liberte da culpa, aceita a Sua oferta da Expiação para todos os teus irmãos. Pois assim aprendes que ela é verdadeira para ti. Lembra-te sempre que é impossível condenar o Filho de Deus parcialmente. Aqueles que vês como culpados vêm a ser as testemunhas da culpa em ti e lá a verás, pois ela está lá enquanto não for desfeita. A culpa sempre está na tua mente, que condenou a si mesma. Não a projetes, pois quando o fazes, ela não pode ser desfeita. Por cada um que liberas da culpa, grande é a alegria no Céu, onde as testemunhas da tua paternidade se regozijam.
7. A culpa te cega, pois enquanto vires uma única mancha de culpa dentro de ti, não verás a luz. E ao projetá-la, o mundo parece ser escuro e estar amortalhado na tua culpa. Jogas um véu escuro sobre ele e não podes vê-lo porque não podes olhar para dentro. Tens medo do que irias ver lá, mas isso não está lá. Essa coisa que temes se foi. Se olhasses para dentro verias apenas a Expiação brilhando em quietude e em paz sobre o altar ao teu Pai.
8. Não tenhas medo de olhar para dentro. O ego te diz que tudo é negro de culpa dentro de ti e pede que não olhes. Em vez disso, pede que olhes para os teus irmãos e vejas neles a culpa. No entanto, isso não podes fazer sem permaneceres cego. Pois aqueles que vêem os seus irmãos no escuro, e culpados no escuro no qual eles os amortalharam, estão por demais temerosos para olhar para a luz interior. Dentro de ti não está aquilo que acreditas que esteja e no qual depositas a tua fé. Dentro de ti está o sinal santo da fé perfeita que o teu Pai tem em ti. Ele não te avalia como tu te avalias. Ele Se conhece e conhece a verdade em ti. Ele tem o conhecimento de que não há diferença, pois não conhece diferenças.Podes ver culpa onde Deus tem conhecimento da inocência perfeita? Podes negar o Seu conhecimento, mas não podes mudá-lo. Olha, então, para a luz que Ele colocou dentro de ti e aprende que o que temias que estivesse lá foi substituído pelo amor.
X. A liberação da culpa
1. Estás acostumado com a noção de que a mente pode ver a fonte da dor onde ela não está. O serviço duvidoso que presta esse deslocamento é esconder a fonte real da culpa e manter longe da tua consciência a percepção plena de que ela é insana. O deslocamento é sempre mantido pela ilusão de que a fonte da culpa, da qual se desloca a atenção, tem que ser verdadeira e tem que ser assustadora, ou não a terias deslocado para o que acreditas ser menos amedrontados. Estás, então, disposto a olhar para todos os tipos de "fontes", desde que elas não sejam a fonte mais profunda, com a qual não têm qualquer relacionamento real.
2. As idéias insanas não têm nenhum relacionamento real e é por isso que são insanas. Nenhum relacionamento real pode se basear na culpa, nem sequer reter uma pequena mancha de culpa para macular a sua pureza. Pois todos os relacionamentos que a culpa tocou são usados só para evitar a pessoa e a culpa. Que estranhos relacionamentos fizeste com esse estranho propósito! E te esqueceste que relacionamentos reais são santos e não podem ser usados por ti de forma alguma. São usados exclusivamente pelo Espírito Santo e é isso o que faz com que sejam puros. Se deslocas a tua culpa e a colocas sobre eles, o Espírito Santo não pode usá-los. Pois se, de antemão, consomes para os teus próprios fins o que deverias ter dado a Ele, Ele não pode usá-lo para a tua liberação. Ninguém que queira unir-se de qualquer modo com qualquer outra pessoa para a sua salvação individual vai achá-la nesse estranho relacionamento. Ele não é compartilhado e, portanto, não é real.
3. Em qualquer união com um irmão na qual busques colocar nele a tua culpa, ou compartilhá-la com ele, ou perceber a sua, tu te sentirás culpado. E nem encontrarás satisfação e paz com ele, porque a tua união com ele não é real. Verás culpa nesse relacionamento porque lá a terás colocado. É inevitável que aqueles que sofrem de culpa tentem deslocá-la porque acreditam nela. Apesar disso, embora sofram, não olharão para dentro e não permitirão que ela se vá. Eles não podem ter o conhecimento de que amam e não podem compreender o que é o amor. Sua preocupação principal é perceber a fonte da culpa fora de si mesmos, além do seu próprio controle.
4. Quando afirmas que és culpado, mas que a fonte da tua culpa está no passado, não estás olhando para dentro. O passado não está em ti. As tuas estranhas associações com ele não têm significado no presente. No entanto, deixas que elas se interponham entre tu e os teus irmãos, com quem não encontras quaisquer relacionamentos reais. Podes esperar usar os teus irmãos como um meio de "resolver" o passado e ainda assim vê-los como eles realmente são? A salvação não é achada por aqueles que usam os seus irmãos para resolver problemas que não existem. Tu não quiseste a salvação no passado. lrias impor os teus desejos vãos ao presente e esperar achar a salvação agora?
5. Determina-te, então, a não ser como foste. Não uses nenhum relacionamento para prender-te ao passado, mas com cada um deles nasce de novo a cada dia. Um minuto, e até menos, será suficiente para libertar-te do passado e entregar a tua mente em paz à Expiação. Quando todas as pessoas forem bem-vindas para ti assim como queres ser bem-vindo para o teu Pai, não verás culpa nenhuma em ti mesmo. Pois terás aceito a Expiação que brilhou dentro de ti por todo o tempo em que estiveste sonhando com culpa, sem querer olhar para dentro e ver.
6. Enquanto acreditas que a culpa é justificada de alguma forma, em qualquer um, não importa o que ele faça, não olharás para dentro onde sempre irias achar a Expiação. O fim da culpa nunca virá enquanto acreditares que há uma razão para ela. Pois tens que aprender que a culpa sempre é totalmente insana e não tem razão. O Espírito Santo não busca dissipar a realidade. Se a culpa fosse real, a Expiação não seria. O propósito da Expiação é o de dissipar ilusões, não o de estabelecê-las como reais e então perdoá-las.
7. O Espírito Santo não mantém ilusões em tua mente para assustar-te e nem as mostra a ti, de maneira amedrontadora, para demonstrar do que Ele te salvou. Aquilo de que Ele te salvou se foi. Não dês realidade à culpa e não vejas razão para ela. O Espírito Santo faz o que Deus quer que Ele faça e sempre fez assim. Ele tem visto a separação, mas conhece a união. Ele ensina a cura mas também conhece a criação. 'Ele quer que tu vejas e ensines como Ele faz e através Dele. Entretanto, o conhecimento que Ele tem tu não tens, embora seja teu.
8. Agora te é dado curar e ensinar, para fazeres o que vai ser o agora. Por enquanto, ainda não é agora. O Filho de Deus acredita que está perdido em culpa, sozinho em um mundo escuro onde a dor que vem de fora o pressiona em toda parte. Quando tiver olhado para dentro e visto a radiância que se encontra lá, lembrar-se-á do quanto seu Pai o ama. Se parecerá inacreditável que ele jamais tenha pensado que seu Pai não o amava e olhava para ele como para um condenado. 6No momento em que reconheceres que a culpa é insana, totalmente injustificada e totalmente sem razão, não terás medo de olhar para a Expiação e aceitá-la totalmente.
9. Tu, que não tens sido misericordioso para contigo mesmo, não te lembras do Amor do teu Pai. E olhando sem misericórdia para os teus irmãos, não te lembras do quanto tu O amas. Entretanto isso é para sempre verdadeiro. Na paz brilhante dentro de ti está a perfeita pureza em que foste criado. Não tenhas medo de olhar para a bela verdade em ti. bolha através da nuvem de culpa que turva a tua visão e olha para o que vem depois da escuridão, para o lugar santo onde verás a luz. O altar para o teu Pai é tão puro quanto Aquele Que o ergueu para Si Mesmo. Nada pode afastar de ti o que Cristo quer que vejas. A Sua Vontade é como a do Seu Pai e Ele oferece misericórdia a toda criança de Deus, como quer que tu o faças.
10. Libera da culpa do mesmo modo como queres ser liberado. Não há nenhum outro modo de olhar para dentro e ver a luz do amor, brilhando tão constantemente e com tanta segurança quanto o próprio Deus tem sempre amado Seu Filho. E como Seu Filho O ama. Não existe medo no amor, porque o amor é sem culpa. Tu, que sempre amaste o teu Pai, não podes ter medo, por nenhuma razão, de olhar para dentro e ver a tua santidade. Não podes ser como acreditavas que eras. A tua culpa não tem razão porque ela não está na Mente de Deus, onde tu estás. E isso é razão, que o Espírito Santo quer restaurar em ti. Ele só removerá ilusões. Tudo o mais Ele quer te fazer ver. E na visão de Cristo, Ele vai mostrar-te a pureza perfeita que está para sempre dentro do Filho de Deus.
11. Tu não podes entrar em nenhum relacionamento real com nenhum dos Filhos de Deus a não ser que os ames a todos e igualmente. O amor não é especial. Se selecionas uma parte da Filiação para o teu amor, estás impondo a culpa a todos os teus relacionamentos e fazendo com que todos sejam irreais. Tu só podes amar como Deus ama. Não busques amar de modo diferente do Seu, pois não há amor à parte do Seu. Até que reconheças que isso é verdadeiro, não terás nenhuma idéia de como é o amor. Ninguém que condene um irmão é capaz de ver-se sem culpa e na paz de Deus. Se ele é sem culpa e está em paz mas não vê, ele é delusório e não olhou para si mesmo. A ele, eu digo:
Eis aqui o Filho de Deus, olha para a sua pureza e pára. Em quietude olha para a sua santidade, e dá graças ao seu Pai porque nenhuma culpa jamais o tocou.
12. Nenhuma ilusão que possas jamais ter mantido contra ele tocou a sua inocência de forma alguma. A sua pureza resplandecente, totalmente intocada pela culpa e totalmente amorosa, está brilhando dentro de ti. Vamos olhar para ele juntos e amá-lo. Pois no amor a ele está a tua inculpabilidade. Apenas olha para ti mesmo e o contentamento e a apreciação pelo que vês banirão a culpa para sempre. Graças Te dou, Pai, pela pureza do Teu santíssimo Filho, a quem Tu criaste sem culpa para sempre.
13. Como tu, a minha fé e a minha crença estão centradas naquilo que é o meu tesouro. A diferença está em que eu amo somente o que Deus ama comigo e por causa disso, eu te valorizo além do valor que estabeleceste para ti mesmo; eu te valorizo com o mesmo valor que Deus colocou em ti. Eu amo tudo o que Ele criou e ofereço a isso toda a minha fé e toda a minha crença. Minha fé em ti é tão forte quanto todo o amor que eu dou ao meu Pai. Minha confiança em ti é sem limites e sem medo de que não vás me ouvir. Eu agradeço ao Pai pela tua beleza e pelas muitas dádivas que vais permitir que eu ofereça ao Reino em honra da sua integridade, que é de Deus.
14. Que o louvor seja dado a ti que fazes com que o Pai seja um com o Seu próprio Filho. Sozinhos, todos somos pequenos, mas juntos brilhamos com um fulgor tão intenso que nenhum de nós por si mesmo pode sequer imaginar. Diante da radiância gloriosa do Reino a culpa se desmancha e, transformada em benignidade, nunca mais será o que foi. Cada reação que experimentas será tão purificada, que poderá ser usada como um hino de louvor ao teu Pai. Vê apenas louvor a Ele no que Ele criou, pois Ele nunca cessará o Seu louvor a ti. Unidos nesse louvor estamos diante da porta do Céu, onde com certeza entraremos na nossa impecabilidade. Deus te ama. Poderia eu, então, não ter fé em ti e amá-Lo perfeitamente?
XI. A paz do Céu
1. Segundo o conselho do ego, o esquecimento, o sono e até mesmo a morte vêm a ser a melhor forma de se lidar com o que se percebe como a intrusão áspera da culpa na paz. Entretanto, ninguém se vê em conflito, devastado por uma guerra cruel, a não ser que acredite que ambos os oponentes na guerra são reais. Acreditando russo, ele tem que escapar, pois uma tal guerra com toda certeza acabaria com a paz da sua mente e o destruiria. Contudo, se ele pudesse apenas reconhecer que tal guerra se dá entre poderes reais e irreais, poderia olhar para si mesmo e ver a própria liberdade. Ninguém se acha devastado e dilacerado em batalhas sem fim, se ele próprio as percebe como totalmente sem significado.
2. Deus não quer que o Seu Filho viva em batalhas e assim, o "inimigo" imaginado do Seu Filho é totalmente irreal. Estás apenas tentando escapar de uma guerra amarga, da qual já escapaste. A guerra acabou. Pois ouviste o hino da liberdade erguendo-se ao Céu. O contentamento e a alegria pertencem a Deus pela tua liberação, porque não a fizeste. Entretanto, assim como não fizeste a liberdade, também não fizeste uma guerra que pudesse colocar em perigo a liberdade. Nada destrutivo jamais foi ou será. A guerra, a culpa, o passado, foram-se como um só para a irrealidade de onde vieram.
3. Quando estivermos todos unidos no Céu, não valorizarás nada do que valorizas aqui. Pois nada do que valorizas aqui, valorizas totalmente e assim não o valorizas em absoluto. O valor está onde Deus o colocou e o valor do que Deus aprecia não pode ser julgado, pois foi estabelecido. O seu valor é total. Pode meramente ser apreciado ou não. Valorizá-lo parcialmente é não conhecer o seu valor. No Céu está tudo o que Deus valoriza e nada mais. O Céu é perfeitamente sem ambigüidade. Tudo é claro e brilhante e invoca uma única resposta. Não há nenhuma escuridão e não há nenhum contraste. Não há nenhuma variação. Não há nenhuma interrupção. Há um senso de paz tão profundo que nenhum sonho nesse mundo jamais trouxe nem sequer um leve indício do que seja isso.
4. Nada nesse mundo pode dar essa paz porque nada nesse mundo é totalmente compartilhado. A percepção perfeita simplesmente pode mostrar-te o que pode ser totalmente compartilhado. Pode também mostrar-te os resultados do compartilhar, enquanto ainda te lembras dos resultados de não-compartilhar. O Espírito Santo aponta serenamente o contraste, tendo o conhecimento de que vais afinal permitir que Ele julgue a diferença para ti, deixando que Ele demonstre o que não pode deixar de ser verdadeiro. Ele tem fé perfeita no teu julgamento final, porque Ele tem o conhecimento de que o fará para ti. Duvidar disso seria duvidar de que a Sua missão vai ser cumprida. Como isso é possível, se a Sua missão é de Deus?
5. Tu, cuja mente está escurecida pela dúvida e pela culpa, lembra-te disso: Deus te deu o Espírito Santo e deu a Ele a missão de remover toda dúvida e todo traço de culpa que o Seu Filho querido lançou sobre si mesmo. É impossível que essa missão falhe. Nada pode impedir a realização daquilo que Deus quer realizar. Quaisquer que sejam as tuas reações à Voz do Espírito Santo, a que estranhas vozes escolhes ouvir, que estranhos pensamentos possam te ocorrer, a Vontade de Deus é feita. Tu acharás a paz na qual Ele te estabeleceu porque Ele não muda a Sua Mente. Ele é tão invariável quanto a paz em que tu habitas e da qual o Espírito Santo te lembra.
6. Não vais te lembrar de mudança e deslocamentos no Céu. Só aqui tens necessidade de contrastes. Contrastes e diferenças são recursos de ensino necessários, pois através deles aprendes o que evitar e o que buscar. Quando tiveres aprendido isso, acharás a resposta que faz com que a necessidade de diferenças desapareça. A verdade vem por vontade própria ao que pertence a ela. Quando tiveres aprendido que pertences à verdade, ela fluirá suavemente sobre ti, sem qualquer tipo de diferenças. Pois não necessitarás de nenhum contraste para ajudar-te a reconhecer que isso, e só isso, é o que queres. Não tenhas medo de que o Espírito Santo vá falhar no que o Pai Lhe deu para fazer. A Vontade de Deus não pode falhar em nada. 7. Tem fé apenas nesta única coisa e será o suficiente: a Vontade de Deus é que estejas no Céu e nada pode manter-te longe do Céu ou o Céu longe de ti. As tuas mais estranhas percepções equivocadas, as tuas imaginações esquisitas, os teus mais negros pesadelos, nada significam. Eles não prevalecerão contra a paz que é a Vontade de Deus para ti. O Espírito Santo restaurará a tua sanidade porque a insanidade não é a Vontade de Deus. Se isso é suficiente para Ele, basta para ti. Não vais manter o que Deus quer que seja removido, porque isso quebra a comunicação contigo, com quem Ele quer Se comunicar. A Sua Voz será ouvida.
8. O elo de comunicação que o próprio Deus colocou dentro de ti, unindo a tua mente à Sua, não pode ser quebrado. Tu podes acreditar que queres fazê-lo e essa crença, de fato, interfere com a profunda paz na qual a doce e constante comunicação que Deus quer compartilhar contigo é conhecida. Entretanto, os Seus canais para a extensão não podem estar totalmente fechados e separados Dele. A paz será tua porque a Sua paz ainda flui para ti a partir Dele, Cuja Vontade é paz. Tu a tens agora. O Espírito Santo vai ensinar-te como usá-la e, estendendo-a, aprenderás que ela está em ti. A Vontade de Deus para ti é o Céu e nunca será nenhuma outra coisa. O Espírito Santo conhece apenas a Sua Vontade. Não há chance de que o Céu não venha a ser teu, pois Deus é certo e a Sua Vontade é tão certa quanto Ele.
9. Tu aprenderás a salvação porque aprenderás como salvar. Não será possível eximir-te daquilo que o Espírito Santo quer te ensinar. A salvação é tão certa quanto Deus. A Sua certeza basta. Aprende que mesmo o mais negro pesadelo que perturba a mente do Filho de Deus adormecido não tem qualquer poder sobre ele. Ele aprenderá a lição do despertar. Deus vela por ele e a luz o rodeia.
10. É possível que o Filho de Deus se perca em sonhos quando Deus colocou dentro dele o feliz chamado para despertar e ser feliz? Ele não pode separar a si mesmo do que está nele. O seu sono não resistirá ao chamado para o despertar. A missão da redenção será cumprida com tanta certeza quanto a criação permanecerá intocada através de toda a eternidade. Tu não precisas ter o conhecimento de que o Céu é teu para que ele o seja. É assim. No entanto, para conheceres isso a Vontade de Deus tem que ser aceita como a tua vontade.
11. O Espírito Santo desfará para ti tudo o que tiveres aprendido que ensine que o que não é verdadeiro tem que ser reconciliado com a verdade. Essa é a reconciliação que o ego quer substituir pela tua reconciliação com a sanidade e a paz. O Espírito Santo tem em Sua Mente um tipo muito diferente de reconciliação para ti, que Ele vai realizar com tanta certeza quanto o ego não vai realizar o que tenta. O fracasso é do ego, não de Deus. Tu não podes fugir de Deus e não existe possibilidade de que o plano que o Espírito Santo oferece a todas as pessoas, para a salvação de todos, não seja perfeitamente realizado. Serás liberado e não vais te lembrar de coisa alguma que tenhas feito que não tenha sido criada para ti e por ti em retribuição. Pois como é possível te lembrares do que nunca foi verdadeiro ou não te lembrares do que sempre foi? É nesta reconciliação com a verdade, e só com a verdade, que se encontra a paz do Céu.