julho 15, 2010

Capítulo 24 - A META DO ESPECIALISMO

Capítulo 24 - A META DO ESPECIALISMO

Introdução

1. Não te esqueças de que a motivação deste curso é alcançar e manter o estado da paz. Nesse estado, a mente está quieta e a condição na qual Deus é lembrado é atingida. Não é necessário dizer a Ele o que fazer. Ele não falhará. Onde Ele pode entrar, Ele já está. E é possível que Deus não possa entrar onde é Sua Vontade estar? A paz será tua porque essa é a Sua Vontade. Podes acreditar que uma sombra é capaz de deter a Vontade que man­tém o universo em segurança? Deus não espera por ilusões que permitam que Ele seja Ele próprio. Nem Seu Filho tampouco. Eles são. E que ilusão, que pareça vagar em vão entre Eles, tem o poder de derrotar o que é a Vontade de Deus e de Seu Filho?

2. Aprender esse curso requer disponibilidade para questionar todos os valores que manténs. Nenhum pode ser mantido oculto e obscuro sem pôr em risco o teu aprendizado. Nenhuma crença é neutra. Todas têm o poder de ditar cada decisão que tomas. Pois uma decisão é uma conclusão baseada em todas as coisas nas quais acreditas. É o resultado da tua crença e decorre dela com tanta certeza quanto o sofrimento se segue à culpa e a liber­dade à impecabilidade. Não há substitutos para a paz. O que Deus cria não tem alternativa. A verdade surge do que Ele co­nhece. E as tuas decisões vêm das tuas crenças com tanta certe­za quanto toda a criação surgiu na Sua Mente devido ao que Ele conhece.


I. O especialismo como um substituto para o amor

1. Amor é extensão. Deixar de dar a menor das dádivas é não conhecer o propósito do amor. O amor oferece tudo para sem­pre. Retém apenas uma crença, um oferecimento e o amor se vai, porque pediste a um substituto que tomasse o seu lugar. E agora a guerra, o substituto para a paz, não pode deixar de vir com a única alternativa que podes escolher para o amor. A tua escolha dá a essa alternativa toda a realidade que ela parece ter.

2. As crenças jamais atacarão umas às outras abertamente porque resultados conflitantes são impossíveis. Mas uma crença não re­conhecida é uma decisão de guerrear em segredo, onde os resultados do conflito permanecem desconhecidos e nunca são trazidos à razão para serem avaliados quanto ao sentido que fazem ou não. E muitos resultados sem sentido têm sido alcançados e decisões sem significado tomadas e mantidas ocultas, para virem a ser crenças às quais agora se dá o poder de dirigir todas as decisões subseqüentes. Não te enganes quanto ao poder desses guerreiros ocultos para perturbar a tua paz. Pois ela fica à sua mercê enquanto decides deixá-la lá. Os inimigos secretos da paz, a tua menor decisão de escolher o ataque em vez do amor, irreconheci­dos e ágeis para te desafiar ao combate e a uma violência muito mais inclusiva do que tu imaginas, lá estão por escolha tua. Não negues a sua presença nem os seus terríveis resultados. Tudo o que pode ser negado é a sua realidade, mas não o seu resultado.

3. Em todos os momentos, a única crença que é mantida zelosa­mente oculta e que é defendida embora não seja reconhecida, é fé no especialismo. Isso toma muitas formas, mas sempre se choca com a realidade da criação de Deus e com a grandeza que Ele deu a Seu Filho. Que outra coisa poderia justificar o ataque? Pois quem poderia odiar alguém cujo Ser é o seu próprio e a Quem conhece? Só os especiais poderiam ter inimigos, pois eles são diferentes e não o mesmo. E qualquer tipo de diferença impõe ordens de realidade e uma necessidade de julgar à qual não se pode escapar.

4. O que Deus criou não pode ser atacado, pois nada há no uni­verso que não seja como ele próprio. Mas o que é diferente exige julgamentos, que têm que vir de alguém ‘melhor’, de alguém incapaz de ser como aquilo que condena, alguém que esteja ‘aci­ma’ disso, impecável em comparação a isso. E assim o especia­lismo vem a ser um meio e um fim simultaneamente. Pois o especialismo não apenas aparta como serve de justificativa a par­tir da qual o ataque àqueles que parecem situar-se ‘abaixo’ da pessoa especial é ‘natural’ e ‘justo’. Os especiais sentem-se fra­cos e frágeis devido a diferenças, pois aquilo que quer fazer com que sejam especiais é inimigo para com eles. No entanto, eles protegem sua inimizade e o chamam de ‘amigo’. Em função dele, lutam contra o universo, pois não há nada no mundo que valorizem mais. .

5. O especialismo é o grande ditador de decisões erradas. Aqui está a grande ilusão a respeito do que tu és e do que é o teu irmão. E aqui está o que não pode deixar de fazer com que o corpo seja querido e digno de ser preservado. O especialismo tem que ser defendido. As ilusões podem atacá-lo e, de fato, o fazem. Pois o que o teu irmão não pode deixar de ser para man­ter o teu especialismo é uma ilusão. Ele, que é ‘pior’ do que tu, tem que ser atacado de maneira que o teu especialismo possa viver às custas da sua derrota. Pois o especialismo é triunfo e a tua vitória é a derrota e a vergonha do teu irmão. Como pode ele viver com todos os teus pecados sobre ele? E quem, senão tu, não pode deixar de conquistá-lo?

6. Seria possível odiar o teu irmão se tu fosses como ele? Pode­rias atacá-lo se reconhecesses que a tua jornada é com ele e rumo a uma meta que é a mesma? Tu não o ajudarias a alcançá-la de todas as formas que pudesses, se a sua realização fosse percebida como a tua? És seu inimigo no especialismo; amigo, em um pro­pósito compartilhado. O especialismo nunca pode compartilhar, pois depende de metas que só podes alcançar sozinho. E é neces­sário que ele jamais as alcance ou a tua própria meta é posta em risco. É possível que o amor tenha significado onde a meta é o triunfo? E que decisão pode ser tomada em favor disso que não vá ferir-te?

7. O teu irmão é teu amigo porque o Pai o criou como tu. Não há diferença. Tu foste dado ao teu irmão de maneira que o amor pudesse ser estendido, e não tirado do teu irmão. O que deixas de dar está perdido para ti. Deus Se deu a ti e ao teu irmão e lembrar disso é agora o único propósito que compartilhais. E assim é o único que tendes. Poderias atacar o teu irmão se tives­ses escolhido não ver especialismo algum entre tu e ele? Olha com equanimidade o que quer que seja que faz com que dês ape­nas boas-vindas parciais ao teu irmão, ou quer fazer com que penses que estás em melhor situação estando separado. Não é sempre a tua crença segundo a qual o teu especialismo fica limi­tado pelo teu relacionamento? E não é esse o ‘inimigo’ que faz de ti e do teu irmão ilusões um para o outro?

8. O medo de Deus e do teu irmão vem de cada crença não reco­nhecida no especialismo. Pois tu exiges que o teu irmão se curve a ele contra a sua vontade. E o próprio Deus tem que honrar o especialismo ou sofrer a tua vingança. Cada pontada de malícia, cada punhalada de ódio ou desejo de separar surge aqui. Pois aqui, o propósito que tu e teu irmão compartilhais vem a ser obscuro para ambos. Queres te opor a esse curso porque ele te ensina que tu e teu irmão sois iguais. Vós não tendes nenhum propósito que não seja o mesmo e nenhum que o vosso Pai não compartilhe convosco. Pois o vosso relacionamento foi limpo de metas especiais. E queres agora derrotar a meta da santidade que o Céu deu a ele? Que perspectiva pode ter o que é especial que não mude com cada golpe aparente, cada julgamento leve ou imaginário que se faz sobre ele?

9. Aqueles que são especiais têm que defender ilusões contra a verdade. Pois o que é o especialismo senão um ataque à Vontade de Deus? Tu não amas o teu irmão enquanto for isso o que queres defender contra ele. Isso é o que ele ataca e tu proteges. Aqui está a razão da batalha que promoves contra ele. Aqui, ele tem que ser teu inimigo e não teu amigo. Nunca pode haver paz entre o que é diferente. Ele é teu amigo porque vós sois o mesmo.


II. A traição do especialismo

1. A comparação tem que ser um mecanismo do ego, pois o amor não faz nenhuma. O especialismo sempre faz comparações. É estabelecido por uma falta que é vista no outro e é mantido pela busca de faltas e por deixar a vista todas as faltas que for capaz de perceber. Isso é o que ele busca e é para isso que olha. E aquele que ele assim diminui viria sempre a ser o teu salvador se não tivesses escolhido, ao contrário, fazer dele uma medida dimi­nuta do teu especialismo. Frente à pequenez que vês nele, ficas alto e nobre, limpo e honesto, puro e sem mancha em compara­ção com o que vês. E nem sequer compreendes que assim é a ti mesmo que diminuis.

2. Perseguir o especialismo sempre se dá à custa da paz. Quem pode atacar seu salvador e abatê-lo e ainda reconhecer o seu forte apoio? Quem pode detrair a sua onipotência e ainda comparti­lhar o seu poder? E quem pode usá-lo como a medida da peque­nez e liberar-se de limites Tens uma função na salvação. Perse­guir a salvação te trará alegria. Mas perseguir o especialismo necessariamente te trará dor. Aqui está uma meta que quer der­rotar a salvação e assim ir contra a Vontade de Deus. Valorizar o especialismo é estimar uma vontade alheia, para a qual as ilusões de ti mesmo são mais caras do que a verdade.

3. O especialismo é a idéia do pecado que se fez real. É impossí­vel até mesmo imaginar o pecado sem essa base. Pois o pecado surgiu dela, surgiu do nada; uma flor maléfica totalmente sem raízes. Aqui está aquele que fez a si mesmo “salvador”, o “cria­dor” que não cria como o Pai, e que fez o Seu Filho como a si mesmo e não como Ele. Seus filhos “especiais” são muitos, nunca um só, cada um exilado de si mesmo e Daquele de Quem é parte. E também não amam a Unicidade Que os criou unos com Ela. Escolheram o seu especialismo em vez do Céu e da paz e envolvem-no cuidadosamente no pecado para mantê-lo “a salvo” da verdade.

4. Tu não és especial. Se pensas que és e queres defender o teu especialismo contra a verdade do que realmente és, como podes conhecer a verdade? Que resposta que o Espírito Santo te dê pode “alcançar-te, quando é ao teu especialismo que escutas e é ele que pergunta e responde? Tudo o que tu escutas é a sua res­posta diminuta, que não tem nenhum som na melodia que trans­borda de Deus para ti eternamente louvando com amor o que tu és. E essa imensa canção de honra e amor pelo que tu és parece silenciosa e inaudível diante da sua “magnificência”. Tu te esfor­ças para que teus ouvidos ouçam a sua voz sem som e, no entan­to, o Chamado do próprio Deus é insonoro para ti.

5. Podes defender o teu especialismo, mas nunca ouvirás a Voz que fala por Deus ao seu lado. Elas falam línguas diferentes e caem em ouvidos diferentes. Para cada pessoa especial a verda­de é uma mensagem diferente, com significado diferente. No en­tanto, como é possível que a verdade seja diferente para cada um? As mensagens especiais que os especiais ouvem os conven­cem de que eles são diferentes e à parte, cada um em seus peca­dos especiais e “a salvo” do amor, que absolutamente não vê o seu especialismo. A visão de Cristo é “inimiga” para com eles, pois não vê o objeto de seus olhares e quer mostrar-lhes que o especialismo que pensam que vêem é uma ilusão.

6. O que poderiam ver em seu lugar? A brilhante radiância do Filho de Deus, tão semelhante a seu Pai que a memória do Pai salta à mente no mesmo instante. E com essa memória, o Filho se lembra das suas próprias criações tão semelhantes a ele quanto ele em relação a seu Pai. E todo o mundo que ele fez e todo o seu especialismo e todos os pecados que manteve em defesa disso e contra si mesmo se desvanecerão, à medida que a sua mente aceita a verdade sobre ele mesmo, à medida que ela retorna para ocupar o lugar de tudo isso. Esse é o único “custo” da ver­dade: não mais verás o que nunca existiu, nem ouvirás o que não tem som. É um sacrifício não desistir de nada e receber o Amor de Deus para sempre?

7. Tu, que acorrentaste o teu salvador ao teu especialismo e deste a ele o seu lugar, lembra-te disso: ele não perdeu o poder de te perdoar todos os pecados que pensas que colocaste entre ele e a função da salvação que lhe foi dada para ti. E tu também não mudarás a sua função, assim como não és capaz de mudar a ver­dade nele ou em ti mesmo. Mas estejas certo de que a verdade é exatamente a mesma em ambos. Ela não dá mensagens diferen­tes e tem um único significado. E é um significado que tu e teu irmão podeis compreender, um significado que traz a liberação para ambos. Aqui está o teu irmão com a chave do Céu em sua mão estendida para ti. Não permitas que o sonho do especialis­mo permaneça entre vós. O que é um está unido em verdade.

8. Pensa na beleza que verás dentro de ti mesmo, quando tiveres olhado para ele como para um amigo. Ele é o inimigo do especia­lismo e amigo só daquilo que é real em ti. Nenhum dos ataques que pensaste ter lançado contra ele, arrebatou-lhe a dádiva que Deus quer que ele te dê. A sua necessidade de te dar essa dádiva é tão grande quanto a tua necessidade de possuí-la. Permite que ele te perdoe todo o teu especialismo e faze com que tu sejas íntegro na tua mente e um com ele. Ele espera pelo teu perdão somente para que possa devolvê-lo a ti. Não foi Deus Quem condenou Seu Filho, mas tu, para salvar o seu especialismo e matar o seu Ser.

9. Vieste até muito longe no caminho para a verdade, longe de­mais para hesitares agora. Mais um passo apenas e todo vestígio do medo de Deus se fundirá em amor. O especialismo do teu irmão e o teu são inimigos e estão ligados no ódio para matar um ao outro e negar que vós sois o mesmo. Entretanto, não são as ilusões que alcançaram esse obstáculo final que parece fazer com que Deus e o Céu sejam tão remotos que não se pode alcançá-Los. Aqui, nesse lugar santo, a verdade está esperando para receber a ti e ao teu irmão em bênção silenciosa e em uma paz tão real e abrangedora que nada fica de fora. Deixa todas as ilusões acerca de ti mesmo fora deste lugar ao qual vieste em esperança e ho­nestidade.

10. Aqui está aquele que pode te salvar do teu especialismo. Ele tem necessidade da tua aceitação dele próprio como parte de ti, assim como tu tens da dele. Vós sois iguais para Deus, assim como Deus é para Si Mesmo. Ele não é especial, pois não quer guardar parte do que Ele é só para Si Mesmo, negando-a a Seu Filho e reservando-a só para Si. E é disso que tens medo, pois se Ele não é especial, então é Sua Vontade que Seu Filho seja como Ele e o teu irmão é como tu. Não especial, mas possuidor de todas as coisas, incluindo a ti. Dá-lhe apenas o que ele já tem, lembran­do que Deus Se deu a ti e ao teu irmão em amor igual para que ambos possais compartilhar o universo com Aquele Que escolheu que o amor nunca poderia ser dividido nem mantido separado do que ele é e não pode deixar de ser para sempre.

11. Tu és do teu irmão, uma parte do amor não foi negada a ele. Mas é possível que tenhas perdido porque ele é completo? O que foi dado a ele faz com que tu sejas completo, assim como ele. O Amor de Deus te deu a ele e ele a ti porque Ele deu a Si Mesmo. O que é o mesmo, sendo o que Deus é, é um com Ele. E só o especialismo poderia fazer com que a verdade segundo a qual Deus e tu são um só parecesse ser qualquer outra coisa que não o Céu com a esperança da paz por fim à vista.

12. O especialismo é o selo da traição sobre a dádiva do amor. Qualquer coisa que sirva ao seu propósito tem que ser dada para matar. Nenhuma dádiva que ostente o seu selo oferece senão traição a quem a dá e a quem a recebe. Nenhum olhar que venha de olhos velados pelo especialismo pode olhar para outra coisa que não seja a vista da morte. Ninguém que acredite em sua potência busca outra coisa senão barganhas e transigências que querem estabelecer o pecado como substituto do amor e servi-lo fielmente. E nenhum relacionamento que valorize esse propósito faz outra coisa senão agarrar-se ao assassinato como a arma de segurança e o defensor supremo de todas as ilusões contra a “ameaça” do amor.

13. A esperança do especialismo faz com que pareça possível que Deus tenha feito o corpo como a prisão que mantém Seu Filho afastado Dele próprio. Pois o especialismo exige um lugar espe­cial, onde Deus não possa entrar e um esconderijo onde ninguém é bem-vindo, exceto o teu ser diminuto. Nada aqui é sagrado a não ser para ti e só para ti, à parte e separado de todos os teus irmãos; a salvo de todas as intrusões da sanidade sobre as ilu­sões; a salvo de Deus e salvo para o conflito que dura para sem­pre. Aqui está a porta do inferno que fechaste sobre ti mesmo para governar na loucura e na solidão o teu reino especial, à parte de Deus, longe da verdade e da salvação.

14. A chave que jogaste fora, Deus a deu ao teu irmão, cujas mãos santas querem oferecê-la a ti quando estiveres pronto para aceitar o Seu plano para a tua salvação em lugar do teu. Como poderia essa prontidão ser atingida a não ser que vejas toda a tua miséria e tenhas a consciência de que o teu plano falhou e para sempre falhará em trazer-te qualquer tipo de paz e alegria? Através desse desespero viajas agora, no entanto, é apenas uma ilusão de deses­pero. A morte do especialismo não é a tua morte, mas o teu des­pertar para a vida eterna. Tu simplesmente emerges de uma ilusão do que és para a aceitação de ti mesmo como Deus te criou.


III. O perdão do especialismo

1. O perdão é o fim do especialismo. Só ilusões podem ser per­doadas e então desaparecem. O perdão é liberação de todas as ilusões, por isso é impossível perdoar apenas parcialmente. Ninguém que se agarre a uma ilusão pode ver a si mesmo sem peca­do, pois mantém para si um erro como algo que ainda é belo. E assim ele o chama de “imperdoável” e faz com que seja um peca­do. Como pode, então, dar o seu perdão totalmente se não quer recebê-lo para si mesmo? Pois é certo que o receberia totalmente no instante em que assim o desse. E deste modo sua culpa secre­ta desapareceria, perdoada por ele próprio.

2. Qualquer que seja a forma de especialismo que alimentes, fi­zeste o pecado. Ele fica inviolado, fortemente defendido com todo o teu cômico poder contra a Vontade de Deus. E assim ele fica contra ti, o teu inimigo, não o inimigo de Deus. Desse modo ele parece dividir-te afastando-te de Deus e fazer com que estejas separado Dele, como defensor do pecado. Queres proteger o que Deus não criou. E, no entanto, esse ídolo que parece te dar poder levou-o embora. Pois deste a ele o direito que o teu irmão rece­beu ao nascer, deixando-o sozinho e sem perdão, e a ti mesmo no pecado ao seu lado, ambos na miséria, diante do ídolo que não pode salvá-los.

3. Não és tu que és tão vulnerável e aberto ao ataque que apenas uma palavra, um pequeno sussurro do qual não gostes, uma cir­cunstância que não te agrade ou um acontecimento que não ante­cipaste pode transtornar o teu mundo e lançar-te no caos. A verdade não é frágil. Ilusões deixam-na perfeitamente intocada e imperturbada. Mas o especialismo não é a verdade em ti. Ele pode ser posto em desequilíbrio por qualquer coisa. O que repousa no nada nunca pode ser estável. Não importa o quanto ele possa parecer grande e super-inflado, ainda assim não pode deixar de balançar, virar e rodopiar por aí com cada brisa.

4 Sem fundamento coisa alguma é segura. Deus deixaria o Seu Filho em um estado no qual a segurança não tem sentido? Não, o Seu Filho está a salvo, repousando Nele. É o teu especialismo que é atacado por todas as coisas que caminham e respiram, rastejam ou se arrastam ou simplesmente vivem. Nada está a salvo do seu ataque e ele não está a salvo de nada. Ele será para sem­pre incapaz de perdoar, pois isso é o que ele é: um voto secreto segundo o qual o que Deus quer para ti nunca será e tu te oporás à Sua Vontade para sempre. Também não é possível que as duas jamais venham a ser a mesma, enquanto o especialismo estiver entre elas como a espada flamejante da morte, fazendo com que sejam inimigas.

5. Deus pede o teu perdão. Ele não quer nenhuma separação, como uma vontade alheia, surgindo entre o que é a Sua Vontade para ti e o que é a tua vontade. Elas são a mesma, pois nenhuma das duas quer o especialismo. Como poderiam querer a morte do próprio amor? No entanto, são impotentes para atacar ilusões. Elas não são corpos; como uma única Mente esperam que todas as ilusões lhes sejam trazidas e deixadas para trás. A salva­ção não desafia nem mesmo a morte. E o próprio Deus, Que sabe que a morte não é a tua vontade, tem que dizer: “Seja feita a tua vontade”, porque tu pensas que é.

6. Perdoa o grande Criador do universo, a Fonte da vida, do amor e da santidade, o Pai perfeito de um Filho perfeito, pelas tuas ilusões do teu especialismo. Aqui está o inferno que escolheste para ser o teu lar. Ele não escolheu isso para ti. Não Lhe peças que entre nisso. O caminho está bloqueado para o amor e a salva­ção. Entretanto, se queres liberar o teu irmão das profundezas do inferno, terás perdoado Aquele Cuja Vontade é que repouses para sempre nos braços da paz, em perfeita segurança e sem o calor e a malícia de um único pensamento de especialismo para frustrar o teu repouso. Perdoa ao Santíssimo o especialismo que Ele não poderia dar e que, em vez disso, tu fizeste.

7. Os especiais estão todos dormindo, cercados por um mundo de beleza que não vêem. A liberdade, a paz e a alegria estão lá, ao lado do ataúde onde dormem e os chamam para vir para fora e despertar do seu sonho de morte. No entanto, eles nada ouvem. Estão perdidos em sonhos de especialismo. Odeiam o chamado que quer despertá-los e amaldiçoam a Deus porque Ele não fez do seu sonho realidade. Amaldiçoam a Deus e morrem, mas não por causa Dele Que não fez a morte; apenas em sonhos. Abre um pouco os teus olhos, vê o salvador que Deus te deu para que pudesses olhar para ele e devolver a ele o direito que ele recebeu ao nascer. Esse direito é o teu.

8. Os escravos do especialismo ainda serão livres. Tal é a Vontade de Deus e a de Seu Filho. Iria Deus condenar a Si Mesmo ao inferno e à perdição? E queres que isso seja feito com o teu salva­dor? Deus te chama a partir dele para que te unas à Sua Vontade com o fim de salvar a ambos do inferno. Olha o sinal dos cravos nas mãos que Ele exibe para que tu o perdoes. Deus pede a tua misericórdia para o Seu Filho e para Ele próprio. Não a negues a Eles. Eles te pedem apenas que a tua vontade seja feita. Buscam o teu amor para que possas amar a ti mesmo. Não ames o teu especialismo em vez Deles. O sinal dos cravos está em tuas mãos também. Perdoa ao teu Pai por não ter sido Sua Vontade que sejas crucificado.


IV. Especialismo versus impecabilidade

1. O especialismo é uma falta de confiança em todos exceto em ti mesmo. A fé é investida apenas em ti mesmo. Tudo o mais vem a ser teu inimigo: temido e atacado, mortal e perigoso, odiado e merecendo apenas ser destruído. Qualquer gentileza que ele te ofereça é apenas engano, mas o seu ódio é real. Estando em peri­go de ser destruído, o especialismo não pode deixar de matar e tu és atraído para ele para matá-lo primeiro. E tal é a atração da culpa. Aqui se entroniza a morte como o salvador; agora, a cruci­ficação é redenção e a salvação só pode significar a destruição do mundo, excluindo a ti.

2. Qual poderia ser o propósito do corpo senão o especialismo? E é isso o que faz com que ele seja frágil e impotente em defesa própria. Foi concebido para fazer com que tu sejas frágil e impo­tente. A meta da separação é a sua maldição. No entanto, corpos não têm nenhuma meta. O propósito é da mente. E mentes po­dem mudar de acordo com o que desejam. Não podem mudar o que são e todos os seus atributos. Mas o que mantêm como pro­pósito para si mesmas pode ser mudado e os estados do corpo não podem deixar de variar de acordo com isso. Por si mesmo, o corpo nada pode fazer. Se o vês como um meio de ferir, ele é ferido. Se o vês como um meio de curar, ele é curado.

3. Só podes ferir a ti mesmo. Isso foi repetido muitas vezes, mas é difícil de apreender por enquanto. Para mentes empenhadas no especialismo é impossível. Entretanto, para aqueles que desejam curar e não atacar é bastante óbvio. O propósito do ataque está na mente e seus efeitos são sentidos apenas onde ela está. A mente também não é limitada, assim sendo o propósito danoso necessa­riamente fere todas as mentes como uma só. Nada poderia fazer menos sentido para o especialismo. Nada poderia fazer mais sen­tido para os milagres. Pois milagres são meramente uma mudan­ça do propósito de ferir para o de curar. Essa alteração do propósito, de fato, “coloca em perigo” o especialismo, mas só no sentido de que todas as ilusões são “ameaçadas” pela verdade. Elas não se manterão diante dela. Entretanto, que consolo ja­mais houve nelas, para que queiras negar a dádiva que o teu Pai te pede e, em vez de dá-la a Ele, queres dá-la a elas? Se a deres a Ele, o universo é teu. Oferecida a elas, nenhuma dádiva pode ser atribuída. Aquilo que deste ao especialismo te levou à falência e deixou o teu tesouro despojado e vazio, com a porta aberta convidando todas as coisas que querem perturbar a tua paz para que entrem e destruam.

4. Anteriormente eu disse: “Não consideres os meios através dos quais se atinge a salvação, nem como alcançá-la.” Mas considera e considera bem, se é teu desejo poder ver o teu irmão sem peca­do. Para o especialismo a resposta tem que ser “não”. Um irmão sem pecado é seu inimigo, enquanto o pecado, se fosse possível, seria seu amigo. O pecado do teu irmão justificaria o especialis­mo e lhe daria o significado que a verdade nega. Tudo o que é real proclama a impecabilidade do teu irmão. Tudo o que é falso proclama que os seus pecados são reais. Se ele é pecador, então a tua realidade não é real, mas apenas um sonho de especialismo que dura um instante e desaba no pó.

5. Não defendas esse sonho sem sentido, no qual Deus é privado do que Ele ama e tu permaneces além da salvação. Só isso é certo nesse mundo passageiro que, na realidade, não tem nenhum sig­nificado: quando a paz não está inteiramente contigo e quando sofres qualquer espécie de dor, olhaste para algum pecado no teu irmão e te regozijaste com o que pensaste que estava lá. O teu especialismo pareceu estar a salvo devido a isso. E assim salvas­te aquilo que indicaste para ser o teu salvador e crucificaste aquele que Deus te deu para substituí-lo. Com isso estás ligado a ele, pois vós sois um só. E, portanto o especialismo é o seu “inimigo” assim como também é o teu.


V. O Cristo em ti

1. O Cristo em ti é muito sereno. Ele olha para o que Ele ama e o conhece como a Si Mesmo. E assim Ele se regozija com o que vê, porque sabe que tudo o que vê é um com Ele e com Seu Pai. O especialismo também se alegra com o que vê, embora não seja verdadeiro. No entanto, o que buscas é uma fonte de alegria conforme a concebes. O que desejas é verdadeiro para ti. Também não é possível que desejes alguma coisa e te falte fé para que assim seja. Desejar algo faz com que isso seja real, assim como a vontade certamente cria. O poder de um desejo sustenta ilusões com tanta força quanto o amor estende a si mesmo. Exceto que um delude, o outro cura.

2. Não existe nenhum sonho de especialismo por mais oculto ou disfarçado em forma, por mais belo que possa parecer, por mais que ofereça delicadamente a esperança da paz e o escape da dor, no qual tu não sofras a tua condenação. Nos sonhos, efeito e causa são permutáveis, pois aqui aquele que faz o sonho acredita que o que fez está acontecendo com ele. Ele não reconhece que puxou um fio daqui, uma sobra de lá e teceu um retrato a partir do nada. Pois as partes não se adequam umas às outras e o todo em nada contribui às partes para lhes dar significado.

3. De onde mais poderia surgir a tua paz senão do perdão? O Cristo em ti olha só para a verdade e não vê nenhuma condena­ção que possa necessitar de perdão. Ele está em paz porque não vê o pecado. Identifica-te com Ele e o que terá Ele que tu não tenhas? Ele é os teus olhos, os teus ouvidos, as tuas mãos, os teus pés. Como são gentis as cenas que Ele vê, os sons que Ele ouve. Como é bela a Sua mão que segura a mão do Seu irmão e como Ele caminha com amor ao seu lado, mostrando-lhe o que pode ser visto e ouvido e onde não há nada a ser visto e nenhum som a ser ouvido.

4. Mas deixa que o teu especialismo dirija o seu caminho e tu seguirás. E ambos caminharão em perigo, na floresta escura dos que não vêem, sem iluminação a não ser os diminutos vislumbres passageiros do pecado, que cintilam por um ins­tante para logo apagarem-se, cada um com a intenção de conduzir o outro a um precipício inominável e de lá lança-lo para baixo. Pois o que pode deleitar o especialismo senão matar? O que busca ele além de ver a morte? Aonde conduz senão à destrui­ção? No entanto, não penses que ele olhou para o teu irmão em primeiro lugar, nem que o odiou antes de odiar-te. O pecado que seus olhos contemplam nele e amam contemplar, ele viu em ti e ainda olha para isso com alegria. Entretanto, é alegria olhar para a decadência e a loucura e acreditar que essa coisa que se arrasta, com a carne já a se desprender dos ossos e com buracos cegos no lugar dos olhos, é como tu és?

5. Regozija-te por não teres olhos para ver, ouvidos para escutar, nem mãos para segurar, nem pés para guiar. Contenta-te porque só Cristo pode te emprestar os Seus, enquanto tens essa necessidade. Eles são ilusões também, assim como os teus.. E, no entanto, porque servem a um propósito diferente, a força do seu propósito lhes é dada. E a luz é dada a tudo que vêem, ouvem, seguram e conduzem para que possas conduzir assim como foste conduzido.

6. O Cristo em ti é muito sereno. Ele sabe aonde estás indo e te conduz até lá com gentileza e muitas bênçãos por todo o cami­nho. O Seu Amor por Deus substitui todo o medo que pensaste ter visto dentro de ti mesmo. A Sua santidade te mostra o pró­prio Cristo naquele cuja mão seguras e a quem conduzes até Ele. E o que vês é como tu mesmo. Pois o que, senão Cristo, está presente para ver, ouvir, amar e seguir ao lar? Ele olhou para ti em primeiro lugar, mas reconheceu que não estavas completo. E assim buscou a tua completeza em cada coisa viva que Ele con­templa e ama. E ainda a busca, para que cada uma possa ofere­cer-te o Amor de Deus.

7. Apesar disso, Ele está em quietude, pois sabe que o amor está em ti agora e é mantido em ti com segurança pela mesma mão que segura a mão do teu irmão na tua. A mão de Cristo mantém todos os seus irmãos Nele Mesmo. Ele lhes dá visão para os seus olhos que não vêem e canta o que é do Céu para eles, de modo que os seus ouvidos não mais possam ouvir o som da batalha e da morte. Estendendo a Sua mão, Ele alcança outros através de­les para que todos possam abençoar todas as coisas vivas e ver a própria santidade. E Ele se regozija porque podes ver estas ce­nas, olhar para elas com Ele e compartilhar a Sua alegria. Cristo está livre de todo especialismo e é isso o que Ele te oferece para que possas salvar da morte todas as coisas vivas, recebendo de cada uma a dádiva da vida que o teu perdão oferece ao teu Ser. A visão de Cristo é tudo o que há para se ver. A canção de Cristo é tudo o que há para se ouvir. A mão de Cristo é tudo o que há para se segurar. Não há jornada que não seja caminhar com Ele.

8. Tu, que ficarias contente com o especialismo e que buscas a salvação em uma guerra com o amor considera isso: o santo Senhor do Céu desceu Ele próprio a ti, para te oferecer a tua própria completeza. O que é Seu é teu porque na tua completeza está a Sua. Ele, Cuja Vontade não é ser sem Seu Filho, nunca poderia determinar que ficasses sem os teus irmãos. E iria Ele te dar um irmão que não fosse perfeito como tu e exatamente igual a Ele em santidade, assim como tu não podes deixar de ser?

9. Tem que haver dúvida antes que possa haver conflito. E toda dúvida tem que ser a respeito de ti mesmo. Cristo não tem dúvi­da e da Sua certeza vem a Sua quietude. Ele trocará a Sua certeza por todas as tuas dúvidas, se concordares que Ele é um contigo e que essa unicidade é sem fim, sem tempo, e está dentro do teu alcance porque as tuas mãos são as Suas. Ele está dentro de ti, no entanto, caminha a teu lado e diante de ti, mostrando o caminho pelo qual Ele tem que seguir para achar-Se completo. A Sua quie­tude vem a ser a tua certeza. E onde está a dúvida quando a certeza veio?


VI. Como salvar-se do medo

1. Diante da santidade do teu irmão, o mundo fica imóvel e a paz desce sobre ele em gentileza e com. uma bênção tão completa que nenhum vestígio de conflito ainda permanece para assombrar-te na escuridão da noite. Ele é o teu salvador dos sonhos feitos de medo. Ele é a cura do teu senso de sacrifício e do teu medo de que o que tens se dispersará no vento e se converterá em pó. Nele está a tua garantia de que Deus está aqui e de que está contigo agora. Enquanto ele é o que é, podes estar certo de que é possível conhecer a Deus e de que Ele será conhecido por ti. Pois Ele jamais poderia deixar a Sua própria criação. E o sinal de que isso é assim está no teu irmão que te é oferecido de forma que todas as tuas dúvidas a respeito de ti mesmo possam desaparecer diante da sua santidade. Vê nele a criação de Deus. Pois nele o seu Pai espera pelo teu reconhecimento de que Ele o criou como parte de Si Mesmo.

2. Sem ti, haveria uma falta em Deus, um Céu incompleto, um filho sem um Pai. Não poderia haver nenhum universo e nenhu­ma realidade. Pois o que é Vontade de Deus é total e parte Dele, porque a Sua Vontade é uma só. Nada vive que não seja parte Dele e nada existe que não viva Nele. A santidade do teu irmão te mostra que Deus é um com ele e contigo; que o que ele tem é teu porque não és separado dele nem do seu Pai.

3. Nada está perdido para ti em todo o universo. Nada do que Deus criou Ele deixou de colocar diante de ti com amor, para ser teu para sempre. E nenhum Pensamento dentro da Sua Mente está ausente da tua. É a Sua Vontade que compartilhes o Seu Amor por ti e olhes para ti mesmo tão amorosamente quanto Ele te concebeu antes do mundo ter início e como Ele ainda te conhe­ce. Deus não muda a Sua Mente a respeito do Seu Filho por circunstâncias passageiras que nenhum significado têm diante da eternidade, onde Ele habita e tu com Ele. O teu irmão é como Ele o criou. E é isso que te salva de um mundo que Ele não criou.

4. Não te esqueças de que o mundo serve apenas para curar o Filho de Deus. Esse é o único propósito que o Espírito Santo vê e, por conseguinte, o único que ele tem. Até que vejas a cura do Filho como tudo o que desejas que seja realizado por esse mun­do, pelo tempo e por todas as aparências, não conhecerás o Pai e nem a ti mesmo. Pois usarás o mundo para o que não é o seu propósito e não escaparás às suas leis de violência e morte. No entanto, é dado a ti estar além de todas as suas leis em todos os aspectos, em todas as formas e em todas as circunstâncias; em toda tentação de perceberes o que não está presente e em todas as crenças nas quais o Filho de Deus é capaz de sofrer dor porque ele se vê como não é.

5. Olha para o teu irmão, contempla nele toda a inversão das leis que parecem governar esse mundo. Vê na sua liberdade a tua, pois é assim. Não permitas que o seu especialismo obscureça a verdade que existe nele, pois não escaparás a nenhuma das lei da morte às quais tu o prendas. E não há um pecado que vejas nele que não mantenha ambos no inferno. Entretanto, a sua perfeita impecabilidade vos liberará, pois a santidade é bastante impar­cial, tendo um só julgamento para todos aqueles que contempla. E esse julgamento é feito, não por ti mesmo, mas através da Voz que fala por Deus em todas as coisas que vivem e compartilham o Seu Ser.

6. É a Sua impecabilidade que olhos que vêem podem contem­plar. A Sua beleza que vêem em todas as coisas. E é a Ele que procuram em toda parte e não acha nenhuma paisagem, nenhum lugar nem tempo onde Ele não esteja. Dentro da santidade do teu irmão, a moldura perfeita para a tua salvação e para a salvação do mundo, está colocada a brilhante memória Daquele em Quem vive o teu irmão e tu junto com ele. Não permitas que os teus olhos fiquem cegos com o véu do especialismo que escon­de a face de Cristo dele e também de ti. E não deixes que o medo de Deus afaste de ti por mais tempo a visão que vieste ver. O corpo do teu irmão não te mostra Cristo. Cristo é demonstrado dentro da sua santidade.

7. Escolhe, então, o que queres ver, o seu corpo ou a sua santidade, e o que escolheres é teu para a tua contemplação. Entretanto, terás que escolher em situações incontáveis e através de um tem­po que parece não ter fim, até que a verdade seja a tua decisão. Pois não se ganha outra vez a eternidade através de mais uma negação de Cristo em teu irmão. E onde está a tua salvação, se ele não é mais do que um corpo? Onde está a tua paz, senão na sua santidade? E onde está o próprio Deus, a não ser naquela parte Dele que Ele estabeleceu para sempre na santidade do teu irmão, para que possas ver a verdade acerca de ti mesmo afinal demonstrada em termos que és capaz de reconhecer e compreen­der?

8. A santidade do teu irmão é sacramento e bênção para ti. Os seus erros não são capazes de impedir que a bênção de Deus esteja com ele, nem que ela esteja contigo que o vês verdadeira­mente. Os seus enganos podem causar um atraso, que é dado a ti anular para ele, de tal forma que ambos possam terminar uma jornada que jamais começou e não precisa ter fim. O que nunca existiu não faz parte de ti. Entretanto, pensarás que faz, enquan­to não te deres conta de que não faz parte daquele que está ao teu lado. Ele é o teu espelho e nesse espelho verás o julgamento que fizeste acerca de ambos. O Cristo em ti contempla a sua santida­de. O teu especialismo olha para o seu corpo e não o contempla.

9. Que o vejas como ele é para que a tua libertação não se demo­re. Vagar sem sentido, sem um propósito e sem qualquer tipo de realização é tudo o que a outra escolha é capaz de te oferecer. A futilidade da função não cumprida irá assombrar-te enquanto o teu irmão estiver adormecido, até que o que te foi atribuído tenha sido feito e ele ressuscitado do passado. Ele, que condenou a si mesmo e a ti também, te é dado para que tu o salves da condena­ção junto contigo. E ambos verão a glória de Deus no Seu Filho, que interpretaste equivocadamente como se fosse carne e limitas­te às leis que não têm qualquer poder sobre ele.

10. Não gostarias de reconhecer, com contentamento, que essas leis não são para ti? Então, não o vejas como prisioneiro delas. Não é possível que aquilo que governa uma parte de Deus não se mante­nha para todo o resto. Tu te colocas sob as leis que vês como aquelas que o governam. Pensa, então, em como deve ser grande o Amor de Deus por ti, a ponto de te dar uma parte de Si Mesmo para salvar da dor e te trazer felicidade. E nunca duvides de que o teu especialismo desaparecerá diante da Vontade de Deus, Que ama cada uma de Suas partes com o mesmo amor e o mesmo cuidado. O Cristo em ti é capaz de ver o teu irmão verdadeira­mente. Decidir-te-ias contra a santidade que Ele vê?

11. O especialismo é a função que tu te atribuíste. Ele só vale para ti sozinho, como coisa auto-criada, auto-mantida, sem necessida­de de nada e desunida em relação a qualquer coisa além do corpo. Aos seus olhos, tu és um universo separado, com todo o poder de se manter completo dentro de si mesmo, com todas as entradas fechadas contra qualquer invasão e todas as janelas bloqueadas contra a luz. Sempre atacado e sempre furioso, com uma raiva sempre inteiramente justificada, tens perseguido essa meta com uma vigilância que nunca pensaste em deixar e com esforço incessante. E toda essa sombria determinação era apenas para isso: querias que o especialismo fosse a verdade.

12. Agora, só te é pedido que sigas outra meta que exige muito menos vigilância; com um pequeno esforço, pouco tempo e com o poder de Deus como garantia da manutenção da meta e da promessa de êxito. No entanto, dentre as duas, é essa que achas a mais difícil. O “sacrifício” do ser tu compreendes e não consi­deras que seja um preço alto demais. Mas uma diminuta dose de boa vontade, um sinal de aprovação a Deus, um cumprimento ao Cristo que está em ti mesmo, consideras como uma carga exausti­va e tediosa, pesada demais para ser carregada. Apesar disso, para a dedicação à verdade conforme Deus a estabeleceu, não se pede sacrifício algum, esforço algum; e todo o poder do Céu e a força da própria verdade são dados para prover os meios e ga­rantir a realização da meta.

13. Tu, que acreditas que é mais fácil ver o corpo do teu irmão do que a sua santidade, estejas certo de compreender o que é que fez esse julgamento. Aqui se ouve com clareza a voz do especialis­mo, julgando contra o Cristo e colocando dentro de ti o propósito que podes alcançar e aquilo que não podes fazer. Não te esqueças de que esse julgamento tem que se aplicar ao que fazes com ele como teu aliado. Pois o que fazes através de Cristo, ele não sabe. Para Cristo, esse julgamento não faz qualquer sentido, pois só o que é a Vontade do Seu Pai é possível e não existe nenhuma outra alternativa para que Ele veja. Como não há nenhum conflito Nele, de lá vem a tua paz. E do Seu propósito vêm os meios para a realização sem esforço e para o descanso.


VII. O local do encontro

1. Como todas as pessoas ligadas a esse mundo defendem amar­gamente o especialismo que querem que seja a verdade! Seu de­sejo é lei para elas e o obedecem. Nada que o seu especialismo exija deixa de ser dado. Nada do que ele precise, elas negam ao que amam. E enquanto ele as chama, não ouvem nenhuma outra Voz. Nenhum esforço é grande demais, nenhum custo muito alto, nenhum preço muito caro para salvar o seu especialismo do me­nor arranhão, do mais leve ataque, da dúvida sussurrada, da suspeita de ameaça, de qualquer coisa que não seja a mais profunda reverência. Esse é o teu filho, amado por ti como és amado por teu Pai. No entanto, ele está no lugar das tuas criações que, de fato, são um filho para ti de modo que possas compartilhar a Pa­ternidade, de Deus, não arrancá-la Dele. O que é esse filho que fizeste para ser a tua força? O que é essa criança feita de terra sobre a qual tanto amor é dissipado? O que é essa paródia da criação de Deus que toma o lugar das tuas? E onde estão elas, agora que o anfitrião de Deus encontrou outro filho, o qual ele prefere?

2. A memória de Deus não brilha sozinha. O que está dentro do teu irmão contém ainda toda a criação, tudo o que foi criado e que está ainda criando, o que já nasceu e ainda por nascer, tudo o que ainda está no futuro ou aparentemente no passado. O que está nele é imutável e a tua imutabilidade é reconhecida no reconhecimento disso. A santidade em ti pertence a ele. E se a vês nele, ela retoma a ti. Todo o tributo que deste ao especialismo pertence a ele e assim retoma a ti. Todo o amor e todo o cuidado, a forte proteção, o pensamento dia e noite, a profunda preocupa­ção, a poderosa convição de que aquilo é o que tu és, tudo isso pertence a ele. Tudo o que deste ao especialismo pertence a ele. E nada do que é devido a ele deixa de ser devido a ti.

3. Como podes conhecer o teu valor se o especialismo te reivindica em seu lugar? Como podes deixar de conhecê-lo na santidade do teu irmão? Não busques tornar verdadeiro o teu especialis­mo, pois se fosse assim, estarias realmente perdido. Ao contrá­rio, que sejas grato porque te é dado ver a sua santidade, porque é verdade. E o que é verdadeiro nele tem que ser igualmente verdadeiro em ti.

4. Pergunta a ti mesmo o seguinte: tu és capaz de proteger a men­te? O corpo, sim, um pouco; não do tempo, mas temporariamen­te. E muito do que pensas que estás protegendo estás ferindo. Para quê irias protegê-lo? Pois nessa escolha se encontram tanto a sua saúde quanto o seu dano. Protege-o para mostrá-lo como isca para pegar outro peixe, para abrigar o teu especialismo em melhor estilo ou para tecer uma moldura de beleza em torno do teu ódio e o condenas à decadência e à morte. E se vês esse propósito no corpo do teu irmão, tal é a tua condenação do teu próprio. Ao contrário, tece uma moldura de santidade em torno do teu irmão para que a verdade possa brilhar sobre ele e salvar a ti da deterioração.

5. O Pai mantém o que Ele criou a salvo. Não podes tocar o que Ele criou com as falsas idéias que fizeste, porque não foste criado por ti. Não permitas que as tuas tolas fantasias te assustem. O que é imortal não pode ser atacado; o que é apenas temporal não tem efeito. Só o propósito que vês em cada coisa tem significado e se esse significado for verdadeiro, a sua segurança descansa na certeza. Se não for, não tem propósito e não é um meio para coisa alguma. Qualquer coisa que seja percebida como um meio para a verdade compartilha da santidade dela e descansa na luz, com tanta segurança quanto a própria verdade. Essa luz também não se apagará quando ela se for. O seu propósito santo lhe deu imor­talidade, colocando uma outra luz no Céu, onde as tuas criações reconhecem uma dádiva vinda de ti, um sinal de que não as es­queceste.

6. O teste para todas as coisas na terra é simplesmente esse: “Para quê serve isso?” A resposta faz com que sejam o que são para ti. Elas não têm significado em si mesmas, entretanto, tu podes lhes dar realidade de acordo com o propósito ao qual serves. Aqui és apenas um meio, junto com elas. Deus é um Meio assim como Fim. No Céu, meios e fim são um só e um com Ele. Esse é o estado da verdadeira criação, que não é encontrado no tempo, mas na eternidade. Não se pode descrever isso a ninguém aqui. Também não existe nenhuma maneira de se aprender o que significa essa condição. Não enquanto tu não ultrapassares o aprendizado e chegares ao que te é Dado, não enquanto não fizeres de novo um lar santo para as tuas criações; só depois disso, ela será compreendida.

7. Um co-criador com o Pai tem que ter um Filho. Entretanto, um Filho tem que ter sido criado como Ele próprio. Um ser perfeito, que tudo abrange e por tudo é abrangido, no qual não há nada a acrescentar e nada que possa ser retirado; um ser que não nasceu da que tem tamanho, nem em lugar algum, nem em tempo algum, nem preso a limites, nem a nenhuma espécie de incertezas. Aqui os meios e o fim se unem em um só e esse não tem fim. Tudo isso é verdadeiro, no entanto, não tem significado para qualquer pes­soa que ainda retenha em sua memória uma lição não aprendida, um pensamento de propósito ainda incerto ou um desejo com o objetivo dividido.

8. Esse curso não faz qualquer tentativa de ensinar o que não pode ser facilmente aprendido. O seu alcance não excede o teu próprio, a não ser para dizer que o que é teu virá a ti quando estiveres pronto. Aqui os meios e o propósito estão separados porque foram feitos assim e assim percebidos. E, portanto, nós lidamos com eles como se fossem. É essencial que se mantenha em mente que toda percepção ainda está de cabeça para baixo até que seu propósito seja compreendido. A percepção não parece ser um meio. E é isso que torna difícil apreender a quanto ela depende do propósito que tu vês nela. A percepção parece te ensinar o que vês. No entanto, não faz senão testemunhar o que ensinaste. É a figura exterior de um desejo, uma imagem que tu querias que fosse verdadeira.

9. Olha para ti mesmo e verás um corpo. Olha para esse corpo sob uma luz diferente e ele te parecerá diferente. E sem uma luz ele parecerá ter sumido. Entretanto, és reassegurado de que ele está presente porque ainda és capaz de senti-lo com as tuas mãos e ouvi-lo movimentar-se. Aqui está uma imagem que tu queres que seja o teu próprio ser. É o meio para fazer com que o teu desejo se realize. Ele dá os olhos com os quais olhá-lo, as mãos que o sentem e os ouvidos com os quais escutas os sons que ele faz. Ele mesmo prova a sua própria realidade a ti.

10. Assim, o corpo se torna uma teoria de ti mesmo, sem que te seja provida nenhuma evidência além dele e nenhuma escapató­ria dentro do seu modo de ver. O curso do corpo é certo quando visto através dos teus próprios olhos. Ele cresce e murcha, flores­ce e morre. E não podes conceber-te à parte dele. Tu o rotulas como pecador e odeias os seus atos, julgando-o mau. Entretanto, o teu especialismo sussurra: “Esse é o meu filho amado, no qual pus as minhas complacências.” Assim o “filho” vem a ser o meio para servir ao propósito de seu “pai”. Não é idêntico, nem mes­mo parecido, mas ainda assim um meio de oferecer ao “pai” o que ele quer. Tal é o travesti da criação de Deus. Pois assim como a criação de Seu Filho deu alegria a Deus e testemunhou o Seu Amor e compartilhou o Seu propósito, do mesmo modo o corpo testemunha a idéia que o fez e fala pela sua realidade e pela sua verdade.

11. E assim são feitos dois filhos e ambos parecem caminhar sobre a terra sem um local de encontro, sem encontrar-se jamais. Um deles percebes fora de ti mesmo, o teu próprio filho amado. O outro descansa lá dentro, o Filho do Seu Pai, dentro do teu Irmão assim coma ele está em ti. A diferença entre eles não está na aparência que têm, nem no rumo que tomam e nem mesmo nas coisas que fazem. Eles têm propósitos diferentes. É isso o que faz com que se unam aos que são como eles e o que separa cada um de todos os aspectos com um propósito diferente. O Filho de Deus retém a Vontade de seu Pai. O filho do homem percebe uma vontade alheia e deseja que assim seja. E assim a sua percepção serve ao seu desejo, dando a esse desejo a aparên­cia da verdade. No entanto, a percepção pode servir a outra meta. Ela não está ligada ao especialismo senão pela tua esco­lha. E te é dado fazer uma outra escolha e usar a percepção para um propósito diferente. E o que vês servirá bem a esse propósi­to e te provará a sua realidade.