julho 15, 2010

Capítulo 16 - O PERDÃO DAS ILUSÕES

Capítulo 16 - O PERDÃO DAS ILUSÕES

I. A verdadeira empatia

1. Sentir empatia não significa unir-te em sofrimento, pois é isto o que tens que te recusar a compreender. Essa é a interpretação do ego acerca da empatia e sempre é usada para formar um relacionamento especial, no qual se compartilha o sofrimento. A capacidade de sentir empatia é muito útil para o Espírito Santo, desde que permitas que Ele a use a Seu modo. Seu modo é muito diferente. Ele não compreende o sofrimento e quer que ensines que o sofrimento não é compreensível. Quando Ele se relaciona através de ti, não se relaciona através do teu ego com outro ego. O Espírito Santo não se une à dor, compreendendo que a cura da dor não se dá através de tentativas delusórias de entrar nela e aliviá-la por compartilhar a delusão.

2. A prova mais clara de que a empatia, como o ego a usa, é destrutiva está no fato de que só é aplicada a determinados tipos de problemas e a determinados tipos de pessoas. Ele os seleciona e se une a eles. E nunca se une a não ser com o intuito de fortalecer a si mesmo. Tendo se identificado com aquilo que pensa que compreende, o ego vê a si mesmo e quer aumentar a si mesmo compartilhando o que é como ele. Não cometas nenhum equívoco acerca dessa manobra: sempre que o ego sente empatia o faz para enfraquecer e enfraquecer é sempre atacar. Tu não conheces o significado da empatia. Entretanto, de uma coisa podes estar certo: se apenas te sentares serenamente à parte e deixares que o Espírito Santo se relacione através de ti, terás empatia com força e ganharás em força, não em fraqueza.

3. A tua parte é apenas a de lembrar-te disso: não queres que nada do que valorizas venha a ti através de um relacionamento. Não escolhes feri-lo nem curá-lo ao teu próprio modo. Não sabes o que é a cura. Tudo o que aprendeste acerca da empatia vem do passado. E não há nada do passado que queiras compartilhar, pois não há nada do passado que queiras guardar. Não uses a empatia para fazer com que o passado seja real e assim perpetuá-lo. Deixa-te ficar gentilmente de lado e permite que a cura seja realizada para ti. Mantém em mente apenas um único pensamento e não o percas de vista, por mais que sejas tentado a julgar uma situação qualquer e a determinar a tua reação por julgá-la. Concentra a tua mente apenas nisso:

Eu não estou só e não iria impor o passado a meu Hóspede.

Eu O convidei e Ele está aqui. Eu não preciso fazer nada, exceto não interferir.

4. A verdadeira empatia é Daquele Que tem o conhecimento do que ela é. Aprenderás a Sua interpretação da empatia se permitires que Ele use a tua capacidade para a força e não para a fraqueza. Ele não irá abandonar-te, mas certifica-te de que tu não o abandonarás. A humildade é força apenas nesse sentido: reconhecer e aceitar o fato de que tu não sabes, é reconhecer e aceitar o fato de que Ele sabe. Não estás certo de que Ele fará a Sua parte, porque nunca fizeste, até agora, a tua completamente. Não podes saber como responder ao que não compreendes. Não sejas tentado nisso e não cedas ao uso triunfal que o ego faz da empatia para a sua própria glória.

5. O triunfo da fraqueza não é o que queres oferecer a um irmão. E, no entanto, não reconheces nenhum triunfo exceto esse. Isso não é conhecimento e a forma de empatia que acarretaria isso é tão deformada que aprisionaria aquilo que quer liberar. Os não redimidos não podem redimir, no entanto, têm um Redentor. Não tentes ensiná-Lo. Tu és o aprendiz, Ele o Professor. Não confundas o teu papel com o Seu, pois isso nunca trará paz a ninguém. Oferece a tua empatia a Ele, pois é a Sua percepção e a Sua força que queres compartilhar. E deixa que Ele te ofereça a Sua força e a Sua percepção para serem compartilhadas através de ti.

6. O significado do amor se perde em qualquer relacionamento que procure a fraqueza e espere lá achar o amor. O poder do amor, que é o significado do relacionamento, está na força de Deus que paira sobre ele e o abençoa silenciosamente, envolvendo-o nas asas da cura. Deixa que assim seja e não tentes substituir isso pelo teu “milagre”. Eu disse que se um irmão te pede para fazeres alguma coisa tola, que a faças. Mas estejas certo de que isso não significa fazer alguma coisa tola que vá ferir a ele ou a ti, pois o que ferisse um, feriria ao outro. Os pedidos tolos são tolos simplesmente porque conflitam, já que sempre contêm algum elemento de especialismo. Só o Espírito Santo reconhece as necessidades tolas assim como as reais. E Ele te ensinará como satisfazer a ambas, sem perder nenhuma delas.

7. Tu tentarás fazer isso só em segredo. E pensarás que, ao satisfazer as necessidades de uma, não comprometerás a outra, porque as manténs separadas e secretas. Esse não é o caminho, pois não leva à vida e à verdade. Nenhuma necessidade ficará por muito tempo sem ser satisfeita se as deixares todas Àquele Cuja função é satisfazê-las. Essa é a Sua função, não a tua. Ele não as satisfará secretamente, pois quer compartilhar tudo o que dás através Dele. É por isso que Ele dá. O que dás através Dele é para toda a Filiação não apenas para uma parte dela. Deixa a Ele a função que Lhe pertence, pois Ele a cumprirá se apenas Lhe pedires que entre em teus relacionamentos e os abençoe para ti.


II. O poder da santidade

1. Ainda podes pensar que é impossível compreender a santidade, porque não podes ver como ela pode ser estendida para incluir todas as pessoas. E te foi dito que ela tem que incluir todas as pessoas para ser santa. Não te preocupes com a extensão da santidade, pois não compreendes a natureza dos milagres. Nem és tu quem os faz. É a sua extensão, muito além dos limites que percebes, que demonstra que tu não os fazes. Por que deverias te preocupar com a forma pela qual o milagre se estende a toda a Filiação, quando não compreendes o milagre em si mesmo? Um atributo não é mais difícil de compreender do que o todo. Se os milagres existem de qualquer forma, os seus atributos têm que ser milagrosos, sendo parte deles.

2. Há uma tendência a fragmentar e depois a se preocupar com a verdade de apenas uma pequena parte do todo. E isso não passa de uma forma de evitares o todo ou de olhares para onde ele não está, para te concentrares naquilo que tu pensas que serias mais capaz de compreender. Pois essa não é senão mais uma forma através da qual ainda queres tentar manter a compreensão como algo que é só teu. Uma forma melhor e muito mais útil para pensar nos milagres é a seguinte: tu não os compreendes, nem em parte, nem no todo. No entanto, eles foram realizados através de ti. Portanto, a tua compreensão não pode ser necessária. Mesmo assim ainda é impossível realizar o que não podes compreender. E, portanto, tem que haver Algo em ti que, de fato, compreende.

3. Para ti o milagre não pode parecer natural, porque o que fizeste para ferir a tua mente faz com que ela seja tão anti-natural que não se lembra mais do que é natural para ela. E quando te é dito o que é natural, não és capaz de compreender. O reconhecimento da parte como todo e do todo em cada parte é perfeitamente natural, pois é assim que Deus pensa e o que é natural para Ele é natural para ti. A percepção totalmente natural iria te mostrar instantaneamente que a ordem de dificuldades em milagres é impossível, pois ela envolve uma contradição a respeito do que os milagres significam. E se pudesses compreender o seu significado, dificilmente os seus atributos poderiam causar-te perplexidade.

4. Tu fizeste milagres, mas é bastante evidente que não os fizeste sozinho. Tiveste sucesso todas as vezes em que alcançaste outra mente e te uniste a ela. Quando duas mentes se unem em uma só e compartilham igualmente uma idéia, foi estabelecido o primeiro elo na consciência da Filiação como um só. Quando tiveres feito essa união, como o Espírito Santo te pede que faças, e quando a tiveres oferecido a Ele para que Ele a use como achar adequado, a Sua percepção natural da tua dádiva permite que Ele a compreenda e que tu uses a Sua compreensão a teu favor. É impossível convencer-te da realidade do que claramente foi realizado através da tua disponibilidade enquanto acreditares que tens que compreender o que aconteceu ou não terá sido real.

5. Como é possível que a fé na realidade seja tua enquanto estás determinado a fazer com que ela seja irreal? E estarás, de fato, mais seguro mantendo a realidade das ilusões do que aceitando alegremente a verdade pelo que ela é e dando graças por ela? Honra a verdade que te foi dada e fica contente porque não a compreendes. Os milagres são naturais para Aquele Que fala por Deus. A Sua tarefa é traduzir o milagre no conhecimento que representa, o qual está escondido para ti. Permite que a Sua compreensão do milagre seja suficiente para ti e não voltes as costas para todas as testemunhas que Ele te deu da Sua realidade.

6. Nenhuma evidência vai te convencer da verdade do que não queres. No entanto, o teu relacionamento com Ele é real. Não consideres isso com medo, mas com alegria. Aquele que chamaste está contigo. Dá-Lhe as boas-vindas e honra as testemunhas que te trazem as boas-novas de que Ele veio. É verdade, exatamente como temes, que reconhecê-Lo é negar tudo aquilo que pensas que conheces. Mas o que pensas que conheces nunca foi verdadeiro. Que benefício há para ti em prender-te a isso e negar a evidência da verdade? Pois chegaste por demais perto da verdade para renunciar a ela agora e vais te render à sua atração irresistível. Podes adiar isso agora, mas só por pouco tempo. O Anfitrião de Deus te chamou e tu ouviste. Nunca mais estarás totalmente disposto a não escutar.

7. Esse é um ano de alegria no qual a tua capacidade de escutar aumentará e a paz crescerá com isso. O poder da santidade e a fraqueza do ataque estão ambos sendo trazidos à tua consciência. E isso foi realizado em uma mente firmemente convencida de que a santidade é fraqueza e o ataque é poder. Não deveria isso ser um milagre suficiente para te ensinar que o teu Professor não vem de ti? Mas lembra-te também de que sempre que ouviste a Sua interpretação, os resultados te trouxeram alegria. Irias preferir os resultados da tua interpretação, considerando com honestidade o que têm sido? A Vontade de Deus para ti é algo melhor. Não poderias olhar com maior caridade a quem Deus ama com perfeito amor?

8. Não interpretes contra o Amor de Deus, pois tens muitas testemunhas que falam dele com tanta clareza que só os cegos e os surdos poderiam deixar de vê-las e ouvi-las. Esse ano determina-te a não negar o que te foi dado por Deus. Desperta e compartilha o que te foi dado, pois essa é a única razão pela qual Ele te chamou. A Sua Voz tem falado claramente e, no entanto, tens tão pouca fé no que ouviste porque preferiste depositar mais fé no desastre que fizeste. Hoje, vamos nos resolver juntos a aceitar as boas-novas de que o desastre não é real e de que a realidade não é desastre. A realidade é certa e segura e totalmente benigna para com todas as pessoas e para com todas as coisas. Não existe amor maior do que aceitar isso e ficar contente. Pois o amor só pede que sejas feliz e te dará tudo o que faz a felicidade.

9. Nunca entregaste ao Espírito Santo nenhum problema que Ele não tenha resolvido para ti e nem jamais o farás. Nunca tentaste resolver sozinho coisa alguma que tivesse sucesso. Não é tempo de juntares estes fatos e extraíres deles algum sentido? Esse é o ano para a aplicação das idéias que te foram dadas. Pois as idéias são forças poderosas para serem usadas e não para serem mantidas em vão. Elas já te provaram suficientemente o seu poder para que deposites nelas a tua fé e não em negá-las. Esse ano, investe na verdade e deixa que ela trabalhe em paz. Tem fé Naquele Que tem fé em ti. Pensa no que realmente viste e ouviste e o reconheças. É possível estares sozinho com testemunhas como estas?


III. A recompensa do ensino

1. Nós já aprendemos que todas as pessoas ensinam e ensinam todo o tempo. Podes ter ensinado bem e, no entanto, ainda assim é possível que não tenhas aprendido como aceitar o consolo do teu ensinamento. Se considerares o que ensinaste e como isso é alheio ao que pensavas que conhecias, serás compelido a reconhecer que o teu Professor veio de além do teu sistema de pensamento. Portanto, Ele pôde olhá-lo de forma justa e percebê-lo como não sendo verdadeiro. Ele tem que ter feito isso com base em um sistema de pensamento muito diferente, que não tem nada em comum com o teu. Pois certamente, o que Ele tem ensinado e o que tu tens ensinado através Dele, nada tem em comum com o que ensinaste antes que Ele viesse. E os resultados foram trazer paz aonde havia dor e o sofrimento desapareceu para ser substituído pela alegria.

2. Podes ter ensinado a liberdade, mas não aprendeste como ser livre. Eu disse anteriormente: “Pelos seus frutos os conhecereis, e eles conhecerão a si mesmos”. Pois é certo que julgas a ti mesmo de acordo com o teu ensinamento. O ensino do ego produz resultados imediatos porque as suas decisões são imediatamente aceitas como sendo a tua escolha. E essa aceitação significa que estás disposto a julgar a ti mesmo de acordo com isso. Causa e efeito são muito claros no sistema de pensamento do ego, porque todo o teu aprendizado foi dirigido no sentido de estabelecer a relação entre eles. E não terias fé no que tão diligentemente ensinaste a ti mesmo a acreditar? No entanto, lembra-te do cuidado que despendeste na escolha das tuas testemunhas, evitando aquelas que falavam pela causa da verdade e de seus efeitos.

3. O fato de não teres aprendido o que ensinaste não te mostra que não percebes a Filiação como um só? Não te mostra, também, que tu não te consideras uno em ti mesmo? Pois é impossível ensinar com sucesso totalmente sem convição e é igualmente impossível que a convição esteja fora de ti. Nunca poderias ter ensinado a liberdade a não ser que acreditasses nela. E o que ensinaste não pode deixar de ter vindo de ti mesmo. Entretanto, esse Ser tu claramente não conheces e não O reconheces, mesmo que Ele funcione. O que funciona tem que estar presente. E só se negares o que Ele tem feito é que poderás negar a Sua presença.

4. Esse é um curso que te ensina como conhecer a ti mesmo. Tens ensinado o que tu és, mas não tens permitido que o que és te ensine. Tens sido muito cuidadoso em evitar o óbvio e em não ver a relação real de causa e efeito que é perfeitamente evidente. Entretanto, dentro de ti está tudo o que ensinaste. O que será isso que não aprendeu? Tem que ser essa parte que realmente está fora de ti, não por tua própria projeção, mas na verdade. E é essa parte, que levaste para dentro, que não és. O que aceitas em tua mente não a muda na realidade. Ilusões não são senão crenças no que não existe. E o aparente conflito entre verdade e ilusão só pode ser resolvido separando-te da ilusão e não da verdade.

5. O teu ensinamento já fez isso, pois o Espírito Santo é parte de ti. Criado por Deus, Ele não deixou a Deus nem a Sua criação. Ele é Deus e tu, assim como tu és Deus e Ele juntos. Pois a Resposta de Deus à separação adicionou mais a ti do que o que tentaste tirar. Ele protegeu a ambos, a ti e às tuas criações juntos, mantendo em unidade contigo o que querias excluir. E as tuas criações tomarão o lugar do que levaste para dentro de ti para substituí-las. Elas são muito reais, são parte do Ser que não conheces. Elas se comunicam contigo através do Espírito Santo e o seu poder e gratidão para contigo pela sua criação, elas oferecem com contentamento ao teu ensinamento de ti mesmo, que para elas é o lar onde habitam. Tu, que és o anfitrião de Deus, és também anfitrião para com elas. Pois nada do que é real jamais deixou a mente do seu criador. E o que não é real nunca esteve lá.

6. Tu não és dois “seres” em conflito. O que está além de Deus? Se tu, que O abraças e a quem Ele abraça são o universo, tudo o mais tem que estar fora, onde não há nada. Ensinaste isso e de muito longe no universo, embora não além de ti mesmo, as testemunhas do teu ensinamento se reuniram para ajudar-te a aprender. A sua gratidão uniu-se à tua e à de Deus para fortalecer a tua fé no que ensinaste. Pois o que ensinaste é verdadeiro. Sozinho, estás fora do teu ensinamento e à parte dele. Mas com elas não pode deixar de aprender que não ensinaste senão a ti mesmo e aprendeste da convição que compartilhaste com elas.

7. Esse ano, começarás a aprender e tornarás o aprendizado proporcional ao ensino. Escolheste isso pela tua própria vontade de ensinar. Embora pareças ter sofrido por isso, a alegria de ensinar ainda será tua. Pois a alegria do ensino está no aprendiz que a oferece ao professor em gratidão e a compartilha com ele. Na mesma medida em que aprendes, a tua gratidão para com o teu Ser, Que te ensina o que Ele é, há de crescer e ajudar-te a honrá-Lo. E aprenderás o Seu poder, força e pureza e amá-Lo-ás como Seu Pai O ama. Seu Reino não tem limites nem tem fim e nada existe Nele que não seja perfeito e eterno. Tudo isso tu és e nada fora disso é o que tu és.

8. Ao teu Ser mais santo toda honra é devida pelo que és e pelo que é Aquele que te criou como tu és. Mais cedo ou mais tarde, todas as pessoas terão que fazer uma ponte sobre a brecha que imaginam existir entre os seus “seres”. Cada um constrói essa ponte, que o conduz através da brecha, assim que estiver disposto a fazer um pequeno esforço para atravessá-la. Seus pequenos esforços são poderosamente complementados pela força do Céu e pela vontade unida de todos os que fazem do Céu o que ele é, estando unidos dentro dele. Assim, aquele que quer fazer a travessia é literalmente transportado até lá.

9. A tua ponte está edificada com mais firmeza do que imaginas e o teu pé está firmemente plantado sobre ela. Não tenhas medo de que a atração daqueles que estão do outro lado e te esperam, não te impulsione para atravessares com segurança. Pois virás aonde queres estar e onde o teu Ser te espera.


IV. A ilusão e a realidade do amor

1. Não tenhas medo de olhar para o relacionamento especial de ódio, pois a liberdade está em olhar para ele. Seria impossível não conhecer o significado do amor exceto por isso. Pois o relacionamento especial de amor, no qual está escondido o sentido do amor, é empreendido somente para fazer com que o ódio não seja visto, mas não para deixar que ele se vá. A tua salvação despontará com clareza diante dos teus olhos abertos à medida que olhares para isso. Não podes limitar o ódio. O relacionamento especial de amor não vai fazer com que ele não seja visível, vai apenas empurrá-lo para o subsolo e escondê-lo de vista. É essencial trazê-lo para ser visto e não fazer nenhuma tentativa de escondê-lo. Pois é a tentativa de equilibrar o ódio com o amor que faz com que o amor seja sem significado para ti. Não reconheces a extensão da ruptura que existe nisso. E até que o faças, ela permanecerá sem reconhecimento e, portanto, sem cura.

2. Os símbolos do ódio contra os símbolos do amor encenam um conflito que não existe. Pois símbolos representam uma outra coisa e o símbolo do amor não tem significado se o amor é tudo. Passarás por esse último desfazer sem nenhum dano e emergirás daí, finalmente, como tu mesmo. Esse é o último passo para se estar pronto para Deus. Não desistas da tua vontade agora; estás perto demais e vais cruzar a ponte em perfeita segurança, traduzido em quietude da guerra para a paz. Pois a ilusão do amor nunca irá satisfazer-te, mas a sua realidade, que te espera do outro lado, te dará tudo.

3. O relacionamento especial de amor é uma tentativa de limitar os efeitos destrutivos do ódio, achando um abrigo na tempestade da culpa. Não faz nenhuma tentativa de erguer-se acima da tempestade, à luz do sol. Ao contrário, enfatiza a culpa fora do abrigo tentando construir barricadas contra ela e manter-se do lado de dentro. O relacionamento especial de amor não é percebido como um valor em si mesmo, mas como um lugar de segurança, do qual o ódio é cortado e mantido à parte. O parceiro especial no amor é aceitável só enquanto ele serve a esse propósito. O ódio pode entrar e é até mesmo bem-vindo em certos aspectos do relacionamento, mas ele ainda é mantido pela ilusão do amor. Se a ilusão se vai, o relacionamento é rompido ou vem a ser insatisfatório com base na desilusão.

4. O amor não é uma ilusão. É um fato. Onde a desilusão é possível, não houve amor, mas ódio. Pois o ódio é uma ilusão e o que pode mudar nunca foi amor. É certo que aqueles que selecionam determinadas pessoas como parceiros para qualquer aspecto da vida e as usam para qualquer propósito que não compartilhariam com os outros, estão tentando viver com culpa ao invés de morrer de culpa. Essa é a escolha que vêem. E o amor, para eles, é apenas uma maneira de escapar da morte. Eles o buscam desesperadamente, porém não na paz na qual, com contentamento, o amor viria a eles em quietude. E quando descobrem que o medo da morte ainda paira sobre eles, o relacionamento de amor perde a ilusão de que é o que não é. Quando as barricadas contra ele são quebradas, o medo invade e o ódio triunfa.

5. Não existem triunfos de amor. Só o ódio tem qualquer ligação com o “triunfo do amor”. A ilusão do amor pode triunfar sobre a ilusão do ódio, mas sempre ao preço de fazer de ambos ilusões. Enquanto durar a ilusão do ódio, nessa mesma medida o amor será uma ilusão para ti. E então, a única escolha que permanece possível é determinar qual a ilusão que preferes. Não há conflito na escolha entre verdade e ilusão. Vendo isso nesses termos, ninguém hesitaria. O conflito entra no instante em que a escolha parece se fazer entre ilusões, porém essa escolha não tem importância. Onde uma escolha é tão perigosa quanto a outra, a decisão tem que ser uma decisão de desespero.

6. A tua tarefa não é buscar o amor, mas simplesmente buscar e achar todas as barreiras que construíste dentro de ti contra ele. Não é necessário buscar o que é verdadeiro, mas é necessário buscar o que é falso. Toda ilusão é uma ilusão de medo, não importa a forma que tome. E a tentativa de escapar de uma ilusão para outra tem que falhar. Se buscas o amor fora de ti mesmo, podes estar certo de que percebes o ódio dentro de ti e tens medo desse ódio. No entanto, a paz nunca virá da ilusão do amor, mas só da sua realidade.

7. Reconhece isso posto que é verdadeiro, e a verdade tem que ser reconhecida se é que queremos distingui-la da ilusão: o relacionamento especial de amor é uma tentativa de trazer o amor para a separação. E como tal não é nada mais do que uma tentativa de trazer o amor para o medo e fazer com que ele seja real no medo. Violando fundamentalmente a única condição do amor, o relacionamento especial de amor quer realizar o impossível. Como, a não ser em ilusões, isso poderia ser feito? É essencial que olhemos bem de perto exatamente o que é que pensas que podes fazer para resolver esse dilema que te parece muito real, mas que não existe. Vieste até aqui e estás próximo da verdade e só isso se interpõe entre ti e a ponte que te conduz a ela.

8. O Céu espera silenciosamente e as tuas criações estendem as mãos para ajudar-te a atravessar e dar boas-vindas a elas. Pois é a elas que buscas. Não buscas senão a tua própria completeza e são elas que te tornam completo. O relacionamento especial de amor não é senão um pobre substituto para aquilo que te faz íntegro na verdade, não em ilusões. O teu relacionamento com elas é sem culpa e isso te permite olhar todos os teus irmãos com gratidão, porque as tuas criações foram criadas em união com eles. A aceitação das tuas criações é a aceitação da unicidade da criação, sem a qual jamais poderias ser completo. Nenhum especialismo é capaz de te oferecer o que Deus te deu e o que tu és unido a Ele no dar.

9. Do outro lado da ponte está a tua completeza, pois estarás totalmente em Deus, sem vontade de ter nada em especial, mas apenas ser totalmente como Ele, completando-O pela tua completeza. Não tenhas medo de atravessar para a morada da paz e da santidade perfeita. Somente lá está a completeza de Deus e de Seu Filho estabelecida para sempre. Não busques isso no desolado mundo da ilusão, onde nada é certo e onde tudo falha em satisfazer. Em Nome de Deus, estejas totalmente disposto a abandonar todas as ilusões. Em qualquer relacionamento no qual estejas totalmente disposto a aceitar a completeza, e só isso, lá Deus é completado e Seu Filho com Ele.

10. A ponte que conduz à união em ti mesmo tem necessariamente que conduzir ao conhecimento, pois foi construída com Deus ao teu lado e te conduzirá diretamente a Ele, onde está a tua completeza totalmente compatível com a Dele. Toda ilusão que aceitas em tua mente, julgando-a atingível, remove o teu próprio senso de completeza e assim nega a Integridade do teu Pai. Qualquer fantasia, seja ela de amor ou de ódio, priva-te do conhecimento, pois as fantasias são o véu por trás do qual se oculta a verdade. Para levantar o véu, que parece tão escuro e pesado, só é preciso valorizar a verdade além de qualquer fantasia e estar inteiramente disposto a não te satisfazeres com a ilusão no lugar da verdade.

11. Não queres ir através do medo para o amor? Pois tal parece ser a jornada. O amor chama, mas o ódio quer que fiques. Não escutes o chamado do ódio e não vejas fantasias, pois a tua completeza está na verdade e em nenhum outro lugar. Vê no chamado do ódio e em qualquer fantasia que surja para atrasar-te apenas o pedido de ajuda que se eleva sem cessar de ti ao teu Criador. Não iria Ele te responder, já que a tua completeza é a Sua? Ele te ama totalmente sem ilusões, como tu tens que amar. Pois o amor é totalmente sem ilusões e, portanto, totalmente sem medo. Aquele de quem Deus se lembra não pode deixar de ser íntegro. E Deus nunca esqueceu o que O faz íntegro. Na tua completeza está a memória da Sua Integridade e da Sua gratidão para contigo pela Sua completeza. No Seu elo contigo estão ambas, a Sua incapacidade de esquecer e a tua capacidade de lembrar. Nele estão unidos a tua disponibilidade para amar e todo o Amor de Deus, Que não te esqueceu.

12. O teu Pai não é mais capaz de esquecer a verdade em ti do que tu és capaz de falhar em lembrá-la. O Espírito Santo é a ponte até Ele, feita da tua disponibilidade para unir-te a Ele e criada pela Sua alegria em união contigo. A jornada que parecia sem fim está quase completa, pois o que é sem fim está muito próximo. Quase o reconheceste. Afasta-te comigo firmemente de todas as ilusões agora e não deixes que nada obstrua o caminho da verdade. Nós vamos empreender a última jornada inútil longe da verdade juntos e então, juntos, iremos diretamente a Deus em alegre resposta ao Seu chamado para a Sua completeza.

13. Se relacionamentos especiais de qualquer tipo querem impedir a completeza de Deus, podem ter qualquer valor para ti? O que interferiria com Deus, tem que interferir também contigo. Só no tempo parece ser possível a interferência na completeza de Deus. A ponte, através da qual Ele quer carregar-te, te elevaria do tempo para a eternidade. Desperta do tempo e responde sem medo ao chamado Daquele que te deu a eternidade na tua criação. Desse lado da ponte que leva à intemporalidade, tu nada compreendes. Mas conforme fores pisando levemente sobre ela, seguro pela intemporalidade, és dirigido diretamente ao Coração de Deus. No seu centro e somente lá, estás a salvo para sempre porque estás completo para sempre. Não há nenhum véu que o Amor de Deus em nós juntos não possa levantar. O caminho para a verdade está aberto. Segue-o comigo.


V. A escolha a favor da completeza

1. Ao olhar para o relacionamento especial é necessário em primeiro lugar reconhecer que nele está envolvida uma grande quantidade de dor. Tanto a ansiedade como o desespero, a culpa e o ataque, todos esses estados estão presentes nele, interrompidos por períodos em que parecem ter desaparecido. Todos têm que ser compreendidos como realmente são. Não importa que forma tomem são sempre um ataque ao próprio ser para fazer com que o outro seja culpado. Eu falei disso anteriormente, mas existem alguns aspectos do que se está realmente tentando fazer que não foram tocados.

2. Em termos muito simples, a tentativa de fazer com que o outro seja culpado é sempre dirigida contra Deus. Pois o ego quer que tu O vejas, e apenas Ele, como culpado, deixando a Filiação aberta ao ataque e sem proteção contra isso. O relacionamento especial de amor é a principal arma do ego para manter-te afastado do Céu. Ele não parece ser uma arma, mas se considerares como o valorizas e porque, reconhecerás que não pode deixar de ser assim.

3. O relacionamento especial de amor é a dádiva de que o ego mais se vangloria e aquela que maior apelo tem para aqueles que não querem renunciar à culpa. É aqui que a “dinâmica” do ego fica mais clara, pois contando com a atração desse oferecimento, as fantasias que se formam em torno dele são freqüentemente bastante evidentes. Aqui em geral se julga que elas são aceitáveis e até mesmo naturais. Ninguém considera esquisito amar e odiar ao mesmo tempo e até aqueles que acreditam que odiar é pecado, apenas sentem-se culpados, mas não corrigem isso. Essa é a condição “natural” da separação e aqueles que aprendem que ela não é de forma alguma natural, parecem ser.. os anti-naturais. Pois esse mundo é o oposto do Céu, tendo sido feito para ser o seu oposto e todas as coisas aqui tomam a direção exatamente oposta daquilo que é verdadeiro. No Céu, onde o significado do amor. é conhecido, o amor é a mesma coisa que a união. Aqui, onde a ilusão do amor é aceita no lugar do amor, o amor é percebido como separação e exclusão.

4. É no relacionamento especial, nascido do desejo oculto do amor especial de Deus, que o ódio do ego triunfa. Pois o relacionamento especial é a renúncia ao Amor de Deus e a tentativa de garantir para o próprio ser o especialismo que Ele negou. É essencial para a preservação do ego que acredites que esse especialismo não é o inferno, mas o Céu. Pois o ego não quer que jamais vejas que a separação só poderia ser uma perda, sendo a única condição na qual o Céu não poderia existir.

5. Para todos, o Céu é completeza. Não pode haver nenhum desacordo em relação a isso, porque ambos, o ego e o Espírito Santo, o aceitam. No entanto, eles estão em completo desacordo em relação ao que seja a completeza e como realizá-la. O Espírito Santo tem o conhecimento de que a completeza está em primeiro lugar na união e depois na extensão da união. Para o ego, a completeza está no triunfo e na extensão da “vitória” até o triunfo final sobre Deus. Nisso ele vê a liberdade última do ser, pois nada permaneceria para interferir com o ego. Essa é a sua idéia do Céu. E portanto a união, que é uma condição na qual o ego não pode interferir, tem que ser o inferno.

6. O relacionamento especial é um instrumento do ego, estranho e anti-natural, com o fim de unir inferno e Céu e fazer com que sejam indistintos. E a tentativa de achar o que se imagina de “melhor” dos dois mundos simplesmente tem levado a fantasias de ambos e à incapacidade de perceber um ou outro tal como é. O relacionamento especial é o triunfo dessa confusão. É um tipo de união do qual a união está excluída e a base para a tentativa da união repousa na exclusão. Que melhor exemplo poderia haver da máxima do ego: “Busca, mas não aches?”

7. O mais curioso de tudo é o conceito do ser que o ego apregoa no relacionamento especial. Esse “ser” busca o relacionamento para se tornar completo. Entretanto, quando acha o relacionamento especial no qual pensa que pode realizar isso, ele se desfaz de si mesmo e tenta se “trocar” pelo ser do outro. Isso não é união, pois, não existe aí aumento nem extensão. Cada parceiro tenta sacrificar o ser que não quer em troca daquele que pensa que preferiria. E sente-se culpado. pelo “pecado” de tomar e nada dar de valor em troca. Quanto valor pode ele dar a um ser do qual quer se desfazer em.troca de outro “melhor”?

8. O ser “melhor” que o ego busca é sempre um mais especial. E qualquer um que pareça possuir um ser especial é “amado” pelo que pode ser tirado dele. Nos casos em que ambos os parceiros vêem esse ser especial um no outro, o ego vê “uma união feita no Céu.” Pois nenhum dos dois irá reconhecer que pediu o inferno e, portanto, não irá interferir com a ilusão que o ego tem do Céu, e é essa que ele oferece para interferir com o Céu. No entanto, se todas as ilusões são feitas de medo e não podem ser feitas de nada mais, a ilusão do Céu nada mais é senão uma forma” atraente’“ de medo, na qual a culpa é profundamente enterrada e emerge na forma de “amor”.

9. O apelo do inferno está só na terrível atração da culpa que o ego oferece àqueles que depositam sua fé na pequenez. A convição da pequenez está em todo relacionamento especial, pois só quem se sente privado de algo pode valorizar o especialismo. A exigência do especialismo e a percepção de dar o especialismo como um ato de amor faria com que o amor fosse odioso. O real propósito do relacionamento especial, em estrita concordância com as metas do ego, é destruir a realidade e substituí-la pela ilusão. Pois o ego é, ele próprio, uma ilusão, e só as ilusões podem ser testemunhas da sua “realidade”.

10. Se percebesses o relacionamento especial como um triunfo sobre Deus, tu o quererias? Não pensemos em sua natureza amedrontadora, nem na culpa que ele necessariamente acarreta, nem na tristeza, nem na solidão. Pois esses são apenas atributos de toda a religião da separação e do contexto total no qual se pensa que ela ocorre. O tema central em sua litania de sacrifícios é que Deus tem que morrer para que tu possas viver. E é esse tema que é encenarão no relacionamento especial. Através da morte do teu ser, pensas que podes atacar outro ser e arrancá-lo do outro para substituir o ser que desprezas. E o desprezas porque não pensas que ele oferece o especialismo que exiges. E odiando-o, tu o tornaste pequeno e indigno, porque tens medo dele.

11. Como podes dar poder ilimitado àquilo que pensas que atacaste? A verdade veio a ser para ti tão amedrontadora, que a não ser que ela fosse fraca, pequena e indigna de ser valorizada, não terias coragem de olhar para ela. Pensas que é mais seguro dotar o pequeno ser que fizeste com o poder que arrebataste da verdade, triunfando sobre ela e deixando-a impotente. Vê quão exatamente esse ritual é encenado no relacionamento especial. Um altar é erigido entre duas pessoas separadas, no qual cada uma busca matar o seu ser e instaurar em seu corpo um outro ser que tire o seu* poder da sua morte. Muitas e muitas vezes esse ritual é encenado. E nunca se completa, nem nunca será completado. O ritual da completeza não pode completar, pois a vida não surge da morte, nem o Céu do inferno.

12. Sempre que uma forma qualquer de relacionamento especial te tentar a buscar o amor em um ritual, lembra-te de que o amor é conteúdo e não forma de espécie alguma. O relacionamento especial é um ritual de forma, com o objetivo de elevar a forma para que ela tome o lugar de Deus, às custas do conteúdo. Não há nenhum significado na forma e nunca haverá. O relacionamento especial tem que ser reconhecido pelo que é: um ritual sem sentido, no qual a força é extraída da morte de Deus e investida em Seu assassino como sinal de que a forma triunfou sobre o conteúdo e o amor perdeu o seu significado. Queres que isso seja possível, mesmo sem considerar a sua evidente impossibilidade? Se fosse possível, terias feito de ti mesmo um impotente. Deus não está com raiva. Ele meramente não poderia deixar que isso acontecesse. Não podes mudar a Mente de Deus. Nenhum dos rituais que tenhas inventado, nos quais a dança da morte te deleite, pode trazer morte ao eterno. E o substituto que escolheste para a Integridade de Deus também não pode ter qualquer influência sobre ela.

13. Não vejas no relacionamento especial nada além de uma tentativa sem significado de erguer outros deuses diante Dele e, adorando-os, obscurecer a insignificância que lhes é própria e a Sua grandeza. Em nome da tua completeza, não queres isso. Pois cada ídolo que ergues para colocar diante Dele, se coloca diante de ti, no lugar do que tu és.

14. A salvação está no simples fato de que as ilusões não são amedrontadoras porque não são verdadeiras. Elas apenas aparentam ser amedrontadoras, na medida em que falhas em reconhecê-las pelo que são; e falharás nisso na medida em que quiseres que sejam verdadeiras. E nessa mesma medida estás negando a verdade e assim falhando em fazer a simples escolha entre verdade e ilusão, Deus e fantasia. Lembra-te disso e não terás dificuldade em perceber a decisão exatamente como ela é e nada mais.

15. O núcleo da ilusão da separação está simplesmente na fantasia da destruição do significado do amor. E a não ser que o significado do amor seja restaurado para ti, não podes conhecer a ti mesmo, já que compartilhas esse significado. A separação é apenas a decisão de não conhecer a ti mesmo. Todo esse sistema de pensamento é uma experiência de aprendizado cuidadosamente inventada e programada para conduzir para longe da verdade e para dentro da fantasia. Entretanto, para cada aprendizado que te feriria, Deus te oferece correção e a possibilidade de escapar completamente de todas as suas conseqüências.

16. A decisão de escutar ou não esse curso e segui-lo é somente a escolha entre a verdade e a ilusão. Pois aqui está a verdade, separada da ilusão e não confundida com ela em absoluto. Como essa escolha vem a ser simples quando é percebida apenas como é. Pois só fantasias fazem com que a confusão na escolha seja possível e elas são totalmente irreais.

17. Esse ano é, então, o tempo de tomar a decisão mais fácil com a qual jamais foste confrontado e ao mesmo tempo a única. Atravessarás a ponte para a realidade simplesmente porque reconhecerás que Deus está do outro lado e aqui não há absolutamente nada. É impossível não tomar a decisão natural quando isso é reconhecido.


VI. A ponte para o mundo real

1. A busca do relacionamento especial é um sinal de que te igualas ao ego e não a Deus. Pois o relacionamento especial só tem valor para o ego. Para o ego, a não ser que um relacionamento tenha valor especial, não tem significado pois o ego percebe todo amor como especial. Entretanto, isso não pode ser natural, pois não é como o relacionamento de Deus e de Seu Filho, e todos os relacionamentos que não são como esse têm que ser anti-naturais. Pois Deus criou o amor como Ele quer que seja e deu esse amor como ele é. O amor não tem significado exceto como o seu Criador o definiu pela Sua Vontade. É impossível defini-lo de outro modo e compreendê-lo.

2. O amor é liberdade. Procurá-lo colocando a ti mesmo em cativeiro é separar-te dele. Pelo Amor de Deus; não busques mais a união na separação, nem a liberdade em cativeiro! À medida em que tu liberas, na mesma medida serás liberado. Não te esqueças disso ou o amor será incapaz de achar-te e consolar-te.

3. Há uma forma na qual o Espírito Santo pede a tua ajuda, se queres a Sua. O instante santo é o recurso mais útil que Ele tem para proteger-te da atração da culpa, o verdadeiro chamariz no relacionamento especial. Não reconheces que ela é a atração real nesse relacionamento, pois o ego te ensinou que a liberdade está nele. No entanto, quanto mais de perto olhas para o relacionamento especial, mais evidente fica que ele não pode deixar de fomentar a culpa e, portanto, tem que aprisionar.

4. O relacionamento especial é totalmente sem significado sem um corpo. Se o valorizas, não podes deixar de valorizar o corpo também. E aquilo que valorizas, vais manter. O relacionamento especial é um mecanismo para limitar o teu ser a um corpo e para limitar a tua percepção dos outros aos seus corpos. Os Grandes Raios, se fossem vistos, estabeleceriam que o relacionamento especial é totalmente sem valor. Pois ao vê-los, o corpo desapareceria, porque o seu valor teria sido perdido. E assim todo o teu investimento em vê-lo seria retirado.

5. Vês o mundo que valorizas. Desse lado da ponte vês o mundo de corpos separados, buscando unir-se uns aos outros em uniões separadas e vir a ser um através da perda. Quando dois indivíduos buscam tornar-se um, estão tentando diminuir a sua magnitude. Cada um nega o seu poder, pois a união separada exclui o universo. Muito mais é deixado de fora do que levado para dentro, pois Deus é deixado de fora e nada é levado para dentro. Se uma única união desse tipo fosse feita em perfeita fé, o universo entraria nela. No entanto, o relacionamento especial que o ego busca não inclui nem mesmo um indivíduo inteiro. O ego quer apenas parte dele e vê apenas essa parte e nada mais.

6. Do outro lado da ponte é tão diferente! Por algum tempo o corpo ainda é visto, mas não de maneira exclusiva, como é visto aqui. A pequena centelha que mantém os Grandes Raios dentro dele também é visível e essa centelha não pode ser por muito tempo limitada à pequenez. Uma vez que tenhas atravessado a ponte, o valor do corpo é de tal forma diminuído na tua vista que não verás necessidade alguma de engrandecê-lo. Pois reconhecerás que o único valor que o corpo tem está em permitir que tragas os teus irmãos para a ponte contigo e lá sejam todos liberados juntos.

7. A ponte em si mesma nada mais é do que uma transição na perspectiva dá realidade. Desse lado, tudo o que vês é grosseiramente distorcido e completamente fora de perspectiva. O que é pequeno e insignificante é engrandecido e o que é forte e poderoso reduzido à pequenez. Na transição, há um período de confusão, no qual um sentimento de desorientação de fato pode ocorrer. Mas não tenhas medo, pois só significa que tens estado disposto a soltar o teu apego ao quadro de referências distorcido que aparentava manter o teu mundo no lugar. Esse quadro de referências é feito em torno do relacionamento especial. Sem essa ilusão, não poderia haver significado algum que ainda buscasses aqui.

8. Não tenhas medo de ser abruptamente erguido e jogado na realidade. O tempo é benigno e, se o usares em favor da realidade, ele manterá contigo um ritmo gentil na tua transição. A urgência está apenas em desalojar a tua mente da posição fixada aqui. Isso não te deixará sem lar e sem um quadro de referências. O período de desorientação, que precede à transição em si, é muito mais curto do que o tempo que levou para fixar a tua mente de forma tão firme em ilusões. O adiamento irá ferir-te agora mais do que antes, apenas porque reconheces que é adiamento e que escapar da dor é realmente possível. Acha esperança e conforto ao invés de desespero no seguinte: não poderias achar por muito tempo nem mesmo a ilusão do amor em qualquer relacionamento especial aqui. Pois já não estás mais totalmente insano e logo reconhecerias a culpa da auto-traição pelo que ela é.

9. Nada que busques fortalecer no relacionamento especial é realmente parte de ti. E não podes manter parte do sistema de pensamento que te ensinou que ele é real e compreender o Pensamento que conhece o que tu és. Permitiste que o Pensamento da tua realidade entrasse em tua mente e porque o convidaste, ele habitará contigo. O teu amor por ele não permitirá que traias a ti mesmo e não poderias entrar em um relacionamento no qual ele não pudesse ir contigo, pois não irias querer estar à parte dele.

10. Fica contente por teres escapado à caricatura de salvação que o ego te ofereceu e não olhes para trás com saudade do travesti grotesco que ele fez dos teus relacionamentos. Agora ninguém precisa sofrer, pois chegaste longe demais para ceder à ilusão da beleza e da santidade da culpa. Só os totalmente insanos poderiam olhar para a morte e o sofrimento, a doença e o desespero e vê-los dessa forma. O que a culpa tem formado é feio, amedrontador e muito perigoso. Não vejas nisso qualquer ilusão de verdade e beleza. E sê grato porque um lugar onde a verdade e a beleza esperam por ti. Vai em frente para encontrá-las com contentamento e aprende o quanto te espera pela tua simples disponibilidade para renunciar ao nada porque é nada.

11. A nova perspectiva que irás ganhar pela travessia será compreender aonde é o Céu. Desse lado, ele parece estar do lado de fora e depois da ponte. No entanto, à medida em que atravessas para unir-te a ele, ele unir-se-á a ti e virá a ser um contigo. E irás pensar, em feliz espanto, que por tudo isso a nada renunciaste! A alegria do Céu, que não tem limites, aumenta com cada luz que retorna para tomar seu lugar de direito dentro dela. Não esperes mais, por Amor a Deus e a ti mesmo. E que o instante santo te acelere no teu caminho como certamente o fará, se apenas deixares que ele venha a ti.

12. O Espírito Santo só te pede essa pequena ajuda: sempre que os teus pensamentos vagarem em torno de um relacionamento especial que ainda te atraia, entra com Ele em um instante santo e lá permite que Ele te libere. Ele só precisa da tua disponibilidade para compartilhar a Sua perspectiva para dá-lo a ti de forma completa. E a tua disponibilidade não precisa ser completa porque a Sua é perfeita. É Sua tarefa expiar a tua falta de disponibilidade através da Sua fé perfeita e é a Sua fé que compartilhas com Ele no instante santo. À partir do teu reconhecimento da tua falta de disponibilidade para liberar-te, a Sua disponibilidade perfeita te é dada. Chama por Ele, pois o Céu está ao Seu chamado. E deixa que Ele chame o Céu por ti.


VII. O fim das ilusões

1. É impossível soltar o passado sem abandonar o relacionamento especial. Pois o relacionamento especial é uma tentativa de re-encenar o passado e mudá-lo. Cenas imaginadas, dor relembrada, desapontamentos passados, injustiças percebidas e privações, tudo isso entra no relacionamento especial, que vem a ser uma maneira pela qual buscas restaurar a tua auto-estima ferida. Que base terias para escolher um parceiro especial sem o passado? Todas essas escolhas são feitas devido a algo de “mau” no passado a que te prendes e que alguma outra pessoa tem que expiar.

2. O relacionamento especial se vinga do passado. Buscando remover o sofrimento no passado, não vê o presente em sua preocupação com o passado e seu total compromisso com ele. Nenhuma relação especial é vivenciada no presente. Sombras do passado a envolvem e fazem dela o que ela é. Não tem significado no presente e se nada significa agora, não pode ter absolutamente nenhum significado real. Como podes mudar o passado a não ser em fantasias? E quem pode te dar o que pensas que o passado tirou de ti? O passado não é nada. Não busques colocar a culpa da privação nele, pois o passado se foi. Não podes realmente não deixar que se vá aquilo que já se foi. Portanto, o que tem que estar acontecendo é que estás mantendo a ilusão de que ele não se foi, porque pensas que ele serve a algum propósito que queres que seja cumprido. E também é necessário que esse propósito não possa ser cumprido no presente, mas só no passado.

3. Não subestimes a intensidade da compulsão do ego para se vingar do passado. É completamente selvagem e completamente insana. Pois o ego lembra-se de todas as coisas que fizeste que o ofenderam e busca o pagamento que lhe deves. As fantasias que ele traz aos relacionamentos por ele escolhidos, nos quais encena o seu ódio, são fantasias da tua destruição. Pois o ego mantém o passado contra ti e se escapares do passado ele se vê privado da vingança que acredita que tão justamente mereces. No entanto, sem a tua aliança para a tua própria destruição, o ego não poderia te manter preso ao passado. No relacionamento especial, estás permitindo que a tua destruição aconteça. Que isso é insano, é óbvio. Mas o que é menos óbvio é que o presente é inútil para ti enquanto persegues a meta do ego como seu aliado.

4. O passado se foi; não busques preservá-lo no relacionamento especial que te prende a ele e que te ensinaria que a salvação é passado e que assim, tens que retornar ao passado para achares a salvação. Não existe nenhuma fantasia que não contenha o sonho da vingança pelo passado. Queres encenar esse sonho ou deixar que ele se vá?

5. No relacionamento especial, o que buscas não parece ser uma encenação da vingança. E mesmo quando o ódio e a selvageria brevemente transparecem, a ilusão do amor não é profundamente abalada. No entanto, a única coisa que o ego nunca permite que aflore à consciência é que o relacionamento especial é a encenação da vingança de ti mesmo. No entanto, que outra coisa poderia ser? Ao buscar o relacionamento especial, não procuras a glória em ti mesmo. Negaste que ela esteja aí e o relacionamento vem a ser o teu substituto para ela. E a vingança vem a ser o teu substituto para a Expiação e escapar da vingança vem a ser a tua perda.

6. Face à noção insana de salvação do ego, o Espírito Santo gentilmente coloca o instante santo. Nós dissemos anteriormente que o Espírito Santo tem que ensinar através de comparações e usa opostos para apontar para a verdade. O instante santo é o oposto da crença fixa do ego na salvação através da vingança do passado. No instante santo se compreende que o passado se foi e, com a sua passagem, a compulsão da vingança deixou de ter raízes e desapareceu. A serenidade e a paz do agora te envolvem em perfeita gentileza. Todas as coisas se foram, exceto a verdade.

7. Durante um certo tempo, podes tentar trazer ilusões ao instante santo para adiar a tua consciência total da diferença completa, em todos os aspectos, entre a tua experiência da verdade e a ilusão. Entretanto, não tentarás isso por muito tempo. No instante santo, o poder do Espírito Santo prevalecerá, porque te uniste a Ele. As ilusões que trazes contigo irão enfraquecer a tua experiência Dele por algum tempo e te impedirão de manter a experiência em tua mente. Todavia, o instante santo é eterno e as tuas ilusões temporais não impedirão o intemporal de ser o que é e nem te impedirão de vivenciá-lo como é.

8. O que Deus te deu é verdadeiramente dado e será verdadeiramente recebido. Pois as dádivas de Deus não têm realidade à parte do teu recebimento. O teu recebimento completa a Sua dádiva. Irás receber porque dar é a Vontade de Deus. Ele fez o instante santo para te ser dado e é impossível que não o recebas, porque Ele o deu. Quando foi a Vontade de Deus que o Filho de Deus fosse livre, o Filho foi livre. No instante santo, está o Seu lembrete de que Seu Filho sempre será exatamente como foi criado. E tudo o que o Espírito Santo ensina é para lembrar-te que recebeste o que Deus te deu.

9. Não há nada que possas manter contra a realidade. Tudo o que tem que ser perdoado são as ilusões que manténs contra os teus irmãos. A sua realidade não tem passado algum e só as ilusões podem ser perdoadas. Deus nada tem contra ninguém, pois Ele é incapaz de qualquer tipo de ilusões. Libera os teus irmãos da escravidão das suas ilusões, perdoando-os pelas ilusões que percebes neles. Assim irás aprender que foste perdoado, pois foste tu que lhes ofereceste ilusões. No instante santo isso é feito para ti no tempo, para te trazer a verdadeira condição do Céu.

10. Lembra-te de que sempre escolhes entre a verdade e a ilusão, entre a Expiação real que curaria e a “expiação” do ego, que destruiria. O poder de Deus e todo o Seu Amor sem limites irão apoiar-te à medida em que buscas apenas o teu lugar no plano da Expiação que surge do Seu Amor. Sê um aliado de Deus e não do ego buscando como a Expiação pode vir a ti. A Sua ajuda basta, pois o Seu Mensageiro compreende como restaurar o Reino para ti e colocar todo o teu investimento na salvação no teu relacionamento com Ele.

11. Busca e acha a Sua mensagem no instante santo, onde todas as ilusões são perdoadas. De lá o milagre se estende para abençoar a todas as pessoas e resolver todos os problemas, sejam eles percebidos como grandes ou pequenos, possíveis ou impossíveis. Não há nada que não ceda lugar a Ele e à Sua majestade. Unir-se a Ele em um relacionamento íntimo é aceitar os relacionamentos como reais e, através da sua realidade, entregar todas as ilusões pela realidade de teu relacionamento com Deus. Honra seja dada ao teu relacionamento com Ele e a nenhum outro. A verdade está lá e em nenhum outro lugar. Escolhe isso ou nada.

12. Pai, perdoa-nos as nossas ilusões e ajuda-nos a aceitar o nosso verdadeiro relacionamento Contigo, no qual não há ilusões e onde nenhuma jamais pode entrar. A nossa santidade é a Tua. O que pode haver em nós que precise ser perdoado quando a Tua é perfeita? O sono do esquecimento é apenas não querermos lembrar o Teu perdão e o Teu Amor. Não nos deixes cair em tentação, pois a tentação do Filho de Deus não é a Tua Vontade. E permite que recebamos apenas o que Tu nos deste e que aceitemos apenas isso nas mentes que Tu criaste e que Tu amas. Amém.