julho 15, 2010

Capítulo 12 - O CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO

Capítulo 12 - O CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO

1. O julgamento do Espírito Santo

1. Foi dito a ti para não fazer com que o erro seja real e o caminho para isso é muito simples. Se queres acreditar no erro, terás que torná-lo real porque ele não é verdadeiro. Mas a verdade é real em seu próprio direito e para acreditar na verdade, tu não tens que fazer nada. Compreende que não respondes a nada diretamente, mas à tua interpretação das coisas. A tua interpretação vem a ser, então, a justificativa para a resposta. E por isso que analisar os motivos dos outros te é prejudicial. Se decides que alguém está realmente tentando atacar-te, abandonar-te ou escravizar-te, reagirás como se ele, de fato, o tivesse feito, pois fizeste com que o seu erro seja real para ti. Interpretar o erro é dar-lhe poder e tendo feito isso, tu não verás a verdade.

2. A análise da motivação egótica é muito complicada, muito obscura e nunca é feita sem o envolvimento do teu próprio ego. Todo o processo representa uma tentativa clara de demonstrar a tua própria capacidade de compreender o que percebes. Isso é comprovado pelo fato de que reages às tuas interpretações como se elas fossem corretas. Podes, então, controlar as tuas reações a nível de comportamento, mas não a nível emocional. Isso obviamente seria uma quebra ou um ataque à integridade da tua mente, colocando um nível contra outro dentro dela.

3. Existe apenas uma interpretação de qualquer motivação que faz sentido. E porque é o julgamento do Espírito Santo, não requer nenhum esforço da tua parte. Todo pensamento de amor é verdadeiro. Tudo o mais é um apelo por cura e ajuda, independente da forma que tome. É possível justificar alguém que responde com raiva ao pedido de ajuda de um irmão? Nenhuma resposta pode ser apropriada exceto a disponibilidade de lhe dar ajuda, pois é isso e só isso o que ele está pedindo. Oferecendo qualquer outra coisa estás assumindo o direito de atacar a sua realidade, interpretando-a como consideras adequado. Talvez o perigo disso para a tua própria mente não esteja ainda totalmente claro. Se acreditas que um apelo por ajuda é alguma outra coisa, reagirás a alguma outra coisa. A tua resposta será, então, inadequada à realidade tal como ela é, mas não à tua percepção da realidade.

4. Não existe nada que te impeça de reconhecer todos os pedidos de ajuda exatamente pelo que são, exceto a tua própria necessidade imaginária de atacar. É apenas isso o que faz com que estejas disposto a te engajares em “batalhas” sem fim com a realidade, nas quais negas a realidade da necessidade da cura, fazendo com que ela seja irreal. Não farias isso a não ser devido à recusa da tua vontade em aceitar a realidade tal como ela é, afastando-a, portanto, de ti mesmo.

5. Com certeza é um bom conselho te dizer que não julgues o que não compreendes. Ninguém que tenha um investimento pessoal é uma testemunha confiável, pois para ele a verdade veio a ser o que ele quer que seja. Se te recusas a perceber um pedido de ajuda pelo que é, é porque te recusas a dar e receber ajuda. Não reconhecer um pedido de ajuda é recusar ajuda. Afirmarias que não precisas dela? E, no entanto, é o que estás afirmando quando te recusas a reconhecer o apelo de um irmão, pois só respondendo ao apelo que ele te faz é que podes ser ajudado. Nega o teu auxílio a ele e não reconhecerás a Resposta de Deus para ti. O Espírito Santo não precisa da tua ajuda para interpretar a motivação, mas tu precisas da Sua.

6. Só a apreciação é uma resposta adequada para o teu irmão. A gratidão é devida a ele tanto por seus pensamentos amorosos como pelos seus pedidos de ajuda, pois ambos são capazes de trazer o amor à tua consciência, se os perceberes verdadeiramente. E todo o teu senso de tensão provem das tuas tentativas de não fazeres apenas isso. Como é simples, então, o plano de Deus para a salvação. Existe apenas uma resposta para a realidade, posto que ela não faz surgir qualquer conflito. Existe apenas um Professor da realidade Que compreende o que ela é. Ele não muda a própria Mente acerca da realidade porque a realidade não muda. Embora as tuas interpretações da realidade sejam sem significado no teu estado dividido, as Suas permanecem consistentemente verdadeiras. Ele as dá a ti porque elas são para ti. Não tentes “ajudar” um irmão a teu modo, porque não és capaz de ajudar a ti mesmo. Mas escuta o seu chamado pela Ajuda de Deus e reconhecerás a tua própria necessidade do Pai.

7. As tuas interpretações das necessidades do teu irmão são interpretações das tuas próprias necessidades. Dando ajuda estarás pedindo-a e se perceberes apenas uma única necessidade em ti

mesmo, estarás curado. Pois estarás reconhecendo a Resposta de Deus como queres que Ela seja e se A queres na verdade, Ela será verdadeiramente tua. Todo apelo a que respondes em Nome de Cristo traz para mais perto da tua consciência a lembrança do teu Pai. Assim sendo, em favor da tua necessidade, ouve todo pedido de ajuda como ele é, de forma que Deus possa responder a ti.

8. Aplicando a interpretação que o Espírito Santo faz das reações dos outros cada vez mais consistentemente, ganharás uma consciência crescente de que os Seus critérios são igualmente aplicáveis a ti. Pois reconhecer o medo não é suficiente para escapares dele, embora o reconhecimento seja necessário para demonstrar a necessidade de escapar. Ainda é necessário que o Espírito Santo traduza o medo em verdade. Se fosses deixado com o medo, depois de tê-lo reconhecido, estarias dando um passo para mais longe da realidade, ao invés de estar avançando em sua direção. Entretanto, repetimos constantemente a necessidade de reconhecer o medo e enfrentá-lo sem disfarces como um passo crucial para o desfazer do ego. Considera, então, o quanto te servirá a interpretação que o Espírito Santo dá aos motivos dos outros. Tendo te ensinado a só aceitar nos outros pensamentos amorosos e a considerar todas as outras coisas como um pedido de ajuda, Ele te ensinou que o medo em si mesmo é um pedido de ajuda. É isso o que realmente significa reconhecer o medo. Se não protegeres o medo, Ele vai reinterpretá-lo. Esse é o valor máximo que há em se aprender a perceber o ataque como um pedido de amor. Nós já aprendemos que o medo e o ataque estão inevitavelmente associados. Se apenas o ataque produz medo e se vês o ataque como o pedido de ajuda que de fato é, a irrealidade do medo tem que despontar em ti. Pois o medo é um pedido de amor, em reconhecimento inconsciente do que foi negado.

9. O medo é um sintoma do teu próprio sentimento profundo de perda. Se, ao perceberes esse sentimento nos outros, aprendes a suprir a perda, a causa básica do medo é removida. Através disso, ensinas a ti mesmo que o medo não existe em ti. O meio de removê-lo está em ti mesmo, e demonstras isso dando-o. Medo e amor são as únicas emoções de que és capaz. Uma é falsa, pois foi feita a partir da negação e a negação depende da crença no que foi negado para a sua própria existência. Ao interpretar o medo corretamente, como uma afirmação positiva da crença subjacente que ele mascara, estás minando a utilidade percebida nele, tornando-o inútil. As defesas que não funcionam em absoluto são automaticamente descartadas. Se elevas aquilo que o medo oculta a uma predominância clara e inequívoca, o medo passa a ser sem significado. Negaste o poder do medo de ocultar o amor, que era o seu único propósito. O véu com o qual encobriste a face do amor desapareceu.

10. Se queres olhar para o amor, que é a realidade do mundo, o que poderias fazer de melhor além de reconhecer em todas as defesas contra ele, o apelo subjacente por ele? E como poderias aprender melhor a realidade do amor além de responder a esse apelo dando amor? A interpretação que o Espírito Santo faz do medo o dissipa, pois a consciência da verdade não pode ser negada. Assim o Espírito Santo substitui o medo por amor e traduz o erro em verdade. E assim tu aprenderás com Ele como substituir o teu sonho de separação pelo fato da unidade. Pois a separação é apenas a negação da união e, corretamente interpretada, atesta o teu conhecimento eterno de que a união é verdadeira.


II. O caminho para lembrar-se de Deus

1. Milagres são meramente a tradução da negação em verdade. Se amar a si mesmo é curar a si mesmo, aqueles que estão doentes não amam a si próprios. Portanto, estão pedindo o amor que os curaria, mas que estão negando a si mesmos. Se conhecessem a verdade acerca de si mesmos, não poderiam estar doentes. A tarefa do trabalhador de milagres vem a ser, então, negar a negação da verdade. Os doentes têm que curar a si mesmos, pois a verdade está neles. No entanto, tendo-a obscurecido, a luz em outra mente tem que brilhar nas suas, porque essa luz é deles.

2. A luz brilha neles com a mesma intensidade apesar da densidade do nevoeiro que a obscurece. Se não deres ao nevoeiro nenhum poder para obscurecer a luz, ele não terá nenhum. Pois ele só tem poder se o Filho de Deus o der. Ele próprio precisa retirar esse poder, lembrando-se que todo poder é de Deus. Podes lembrar-te disso por toda a Filiação. Não permitas a teu irmão que ele não se lembre, pois o seu esquecimento é o teu. Mas a tua lembrança é a sua, pois não se pode lembrar de Deus sozinho. É isso que tens esquecido. Perceber a cura do teu irmão como a tua própria é, assim, o caminho para lembrar-te de Deus. Pois esqueceste os teus irmãos com Ele e a Resposta de Deus para O teu esquecimento não é senão o caminho para a lembrança.

3. Percebe na doença apenas mais um pedido de amor e oferece ao teu irmão aquilo que ele acredita que não é capaz de oferecer a si mesmo. Qualquer que seja a doença, existe apenas um remédio. Tu te tomarás íntegro na medida em que tornas íntegro, pois perceber na doença um apelo à saúde é reconhecer no ódio o pedido de amor. E dar a um irmão o que ele realmente quer é oferecer a mesma coisa a ti mesmo, pois é a Vontade do teu Pai que conheças o teu irmão como a ti mesmo. Responde ao pedido de amor do teu irmão e o teu é respondido. A cura é o Amor de Cristo por Seu Pai e por Si Mesmo.

4. Lembra-te do que foi dito sobre as percepções assustadoras das crianças pequenas, que as aterrorizam porque elas não as compreendem. Se pedem esclarecimento e o aceitam, seus medos desaparecem. Mas, se escondem os seus pesadelos, os guardarão. É fácil ajudar uma criança incerta, posto que ela reconhece que não compreende o que significam as próprias percepções. Todavia, tu acreditas que, de fato, compreendes as tuas. Pequena criança, estás escondendo a tua cabeça debaixo dos pesados cobertores que estendeste sobre ti mesma. Estás escondendo os teus pesadelos na escuridão da tua própria certeza falsa e recusando-te a abrir os olhos e olhar para eles.

5. Não vamos guardar pesadelos, pois são oferendas impróprias para Cristo e, portanto, são dádivas impróprias para ti. Tira as cobertas e olha para o que temes. Só a antecipação te amedrontará, pois a realidade do que não existe não pode ser amedrontadora. Não atrasemos isso, pois o teu sonho de ódio não te deixará sem uma ajuda e a Ajuda está aqui. Aprende a ficar quieto no meio do tumulto, pois a quietude é o fim do sofrimento e essa é a jornada para a paz. Olha diretamente para cada imagem que surgir para te atrasar, pois a meta é inevitável porque é eterna. A meta do amor não é senão o teu direito e te pertence apesar dos teus sonhos.

6. Ainda queres o que é a Vontade de Deus e nenhum pesadelo é capaz de derrotar uma criança de Deus em seu propósito. Pois o teu propósito te foi dado por Deus e tens que realizá-lo porque é a Vontade de Deus. Desperta e lembra-te do teu propósito, pois é tua vontade fazer isso. O que foi realizado para ti tem que ser teu. Não permitas que o teu ódio se interponha no caminho do amor, pois nada pode superar o Amor de Cristo por Seu Pai ou o Amor de Seu Pai por Ele.

7. Mais um pouco e tu me verás, pois eu não estou escondido porque tu estás te escondendo. Eu despertar-te-ei tão seguramente quanto despertei a mim mesmo, pois despertei por ti. Na minha ressurreição está a tua liberação. Nossa missão é escapar da crucificação, não da redenção. Confia na minha ajuda, pois eu não caminhei sozinho e caminharei contigo, assim como nosso Pai caminhou comigo. Tu não sabes que eu caminhei com Ele em paz? E isso não significa que a paz vem conosco nesta jornada?

8. No amor perfeito não existe medo. Nós só estaremos fazendo com que seja perfeito para ti o que já é perfeito em ti. Não tens medo do desconhecido, mas sim do conhecido. Não vais falhar na tua missão porque eu não falhei na minha. Dá-me apenas um pouco de confiança em nome da confiança plena que eu tenho em ti e nós realizaremos facilmente a meta da perfeição juntos. Pois a perfeição é e não pode ser negada. Negar a negação da perfeição não é tão difícil quanto negar a verdade e o que nós podemos realizar juntos terá crédito quando tu o vires como já tendo sido realizado.

9. Tu, que tentaste banir o amor, não tiveste êxito, mas tu que escolheste banir o medo, não podes deixar de ter sucesso. O Senhor é contigo, embora não o saibas. Porém, o teu Redentor vive e está para sempre em ti, na paz da qual Ele foi criado. Não trocarias a consciência do medo por essa consciência? Quando nós tivermos superado o medo—não escondendo-o, não minimizando-o, não negando o seu impacto total de forma alguma—é isso o que realmente verás. Não podes deixar de lado os obstáculos à visão real sem olhar para eles, pois deixar de lado significa julgar de forma contrária. Se olhares, o Espírito Santo julgará e Ele julgará verdadeiramente. No entanto, Ele não pode dissipar com Seu brilho aquilo que manténs escondido, porque não o ofereceste a Ele e Ele não pode tirá-lo de ti.

10. Nós estamos, por conseguinte, embarcando em um programa organizado, bem estruturado e cuidadosamente planejado, com o objetivo de aprender como oferecer ao Espírito Santo tudo o que não queres. Ele sabe o que fazer com essas coisas. Tu não compreendes como usar o que Ele conhece. Qualquer coisa dada a Ele que não seja de Deus, desaparece. Contudo, tu mesmo tens que olhar para isso com perfeita disponibilidade, pois de outro modo o Seu conhecimento permanece sendo inútil para ti. Certamente Ele não falhará em ajudar-te, pois a ajuda é o Seu único propósito. Não tens mais razão para ter medo do mundo tal como o percebes, do que para olhar para a causa do medo e assim deixar que ele se vá para sempre?


III. O investimento na realidade

1. Uma vez eu te pedi que vendesses tudo o que tinhas, que o desses aos pobres e me seguisses. O que eu queria dizer era isso: se não tens nenhum investimento em coisa alguma desse mundo, podes ensinar aos pobres onde está o tesouro que lhes pertence. Os pobres são simplesmente aqueles que investiram de forma errada e eles, de fato, são pobres! Posto que estão em necessidade te é dado ajudá-los, já que estás entre eles. Considera com que perfeição a tua lição seria aprendida se não estivesses disposto a compartilhar essa pobreza. Pois pobreza é falta e existe apenas uma falta, uma vez que existe apenas uma necessidade.

2. Suponhas que um irmão insista para que faças algo que achas que não queres fazer. A própria insistência do teu irmão deveria dizer-te que ele acredita que a salvação está nisso. Se insistes em recusar e vivencias uma reação rápida de oposição, estás acreditando que a tua salvação está em não fazer isso. Nesse caso, estás cometendo o mesmo equívoco que ele e estás fazendo com que o seu erro seja real para os dois. Insistência significa investimento e aquilo em que investes está sempre relacionado com a tua noção de salvação. A questão sempre se divide em duas: em primeiro lugar, o que tem que ser salvo? E em segundo lugar, como pode ser salvo?

3. Sempre que ficas com raiva de um irmão, por qualquer motivo que seja, estás acreditando que o ego tem que ser salvo e salvo pelo ataque. Se ele ataca, estás concordando com essa crença e, se tu atacas, estás reforçando-a. Lembra-te que aqueles que atacam são pobres. A pobreza dos teus irmãos pede dádivas, não mais empobrecimento. Tu, que poderias ajudá-los, com certeza estás agindo de maneira destrutiva se aceitas a sua pobreza como tua. Se não tivesses investido como eles, nunca te ocorreria não ver a necessidade dos teus irmãos.

4. Reconhece o que não importa e se os teus irmãos te pedem algo “ultrajante”, faze, precisamente porque não importa. Recusa e a tua oposição estabelece que isso importa para ti. Contudo, foi apenas tu que fizeste com que o pedido fosse ultrajante e todo pedido de um irmão é para ti. Por que insistirias em negar-lhe? Pois fazê-lo é negar a ti mesmo e empobrecer a ambos. Ele está pedindo salvação assim como tu. A pobreza é do ego e nunca de Deus. Nenhum pedido “ultrajante” pode ser feito a alguém que reconhece o que tem valor e não quer aceitar nenhuma outra coisa.

5. A salvação é para a mente e é obtida através da paz. Essa é a única coisa que pode ser salva e esse o único caminho para salvá-la. Qualquer resposta, que não seja o amor, nasce de uma confusão a respeito do “o que” e do “como” da salvação e essa é a única resposta. Nunca percas isso de vista e nunca te permitas acreditar, mesmo por um instante, que existe outra resposta. Pois com certeza irás colocar-te entre os pobres, que não compreendem que vivem na abundância e que a salvação já veio.

6. Identificar-se com o ego é atacar a si mesmo e tornar-se pobre. É por isso que cada um que se identifica com o ego se sente destituído. O que ele vivencia, então, é depressão ou raiva, porque o que fez foi trocar o amor ao seu Ser pelo ódio a si mesmo, fazendo com que tenha medo de si próprio. Ele não se dá conta disso. Mesmo se está completamente ciente da ansiedade, não percebe a fonte do problema como a sua própria identificação com o ego e sempre tenta lidar com isso fazendo algum tipo de “arranjo” insano com o mundo. Ele sempre percebe esse mundo como algo exterior a ele, pois isso é crucial ao seu ajustamento. Ele não reconhece que faz esse mundo, pois fora dele não existe qualquer mundo.

7. Se apenas os pensamentos amorosos do Filho de Deus são a realidade do mundo, o mundo real tem que estar em sua mente. Seus pensamentos insanos, também, têm que estar em sua mente, mas ele não é capaz de tolerar um conflito interno dessa magnitude. Uma mente dividida está em perigo e o reconhecimento de que ela abrange pensamentos completamente opostos dentro de si é intolerável. Por conseguinte, a mente projeta a divisão e não a realidade. Tudo o que percebes como o mundo exterior é meramente a tua tentativa de manter a tua identificação com o ego, pois todos acreditam que identificação é salvação. No entanto, considera o que tem acontecido, pois pensamentos de fato têm conseqüências para aquele que os pensa. Tu entraste em conflito com o mundo conforme o percebes, porque pensas que ele te é antagônico. Isso é uma conseqüência necessária do que tens feito. Tens projetado para fora o que é antagônico ao que está dentro e, portanto, terias que perceber as coisas desse modo. E por isso que tens que reconhecer que o teu ódio está em tua mente e não fora dela antes de poderes livrar-te dele; e é por isso que tens que livrar-te do teu ódio antes de poderes perceber o mundo tal como realmente é.

8. Eu já disse que Deus tanto amou o mundo que o deu a Seu Filho único. Deus, de fato, ama o mundo real e aqueles que percebem essa realidade não podem ver o mundo da morte. Pois a morte não pertence ao mundo real, no qual todas as coisas refletem o eterno. Deus te deu o mundo real em troca daquele que fizeste a partir da tua mente dividida, e que é o símbolo da morte. Pois se realmente pudesses separar-te da Mente de Deus, tu morrerias.

9. O mundo que percebes é um mundo de separação. Talvez estejas disposto a aceitar até mesmo a morte para negar o teu Pai. Entretanto, Ele não quis que fosse assim e por isso não é assim.

Ainda não podes ter uma vontade contrária à Sua e é por isso que não tens controle sobre o mundo que fizeste. Não é um mundo de vontade porque é governado pelo desejo de ser diferente de Deus e esse desejo não é vontade. O mundo que fizeste é, portanto, totalmente caótico, governado por “leis” arbitrárias, sem sentido e sem qualquer significado. Pois é feito de coisas que não queres, projetadas a partir da tua mente porque tens medo delas. Entretanto, esse mundo está apenas na mente daquele que o fez, junto com a sua salvação real. Não acredites que ele esteja fora de ti, pois só reconhecendo onde ele está terás controle sobre ele. Pois tu, na realidade, tens controle sobre a tua mente, já que a mente é o mecanismo da decisão.

10. Se reconheceres que todo o ataque que percebes está em tua própria mente e em nenhum outro lugar, terás afinal localizado a fonte do ataque e ali onde ele começa tem que terminar. Pois nesse mesmo lugar está também a salvação. É lá o altar de Deus onde Cristo habita. Tu profanaste o altar, mas não o mundo. No entanto, Cristo colocou a Expiação sobre o altar para ti. Traze a esse altar as tuas percepções do mundo, pois é o altar à verdade. Lá terás a tua visão mudada e lá aprenderás a ver verdadeiramente. Deste lugar, onde Deus e Seu Filho habitam em paz e onde tu és bem-vindo, olharás para fora em paz e contemplarás o mundo verdadeiramente. Contudo para achares o lugar, tens que abandonar o teu investimento no mundo conforme o projetas, permitindo ao Espírito Santo estender o mundo real para ti a partir do altar de Deus.


IV. Buscar e achar

1. O ego está certo de que o amor é perigoso e esse é sempre o seu ensinamento central. Ele nunca coloca isso desse modo, pelo contrário, todo aquele que acredita que o ego é a salvação parece estar intensamente engajado na busca do amor. Todavia, o ego, embora encoraje ativamente a busca do amor, tem uma cláusula: não o aches. Seus ditames podem ser então simplesmente resumidos dessa forma: “Busca e não aches.” Essa é a única promessa que o ego te faz e a única que cumprirá. Pois o ego persegue a sua meta com uma insistência fanática e seu julgamento, embora seriamente deteriorado, é completamente consistente.

2. A busca que o ego empreende está, portanto, condenada a fracassar. E uma vez que ele também ensina que está identificado contigo, a sua orientação te conduz a uma jornada que necessariamente terminará na percepção do teu próprio fracasso. Pois o ego não é capaz de amar e na sua busca frenética de amor, está buscando o que tem medo de achar. A busca é inevitável porque o ego é parte da tua mente e devido à sua origem, ele não está totalmente separado ou não se poderia acreditar nele em absoluto. Pois é a tua mente que acredita nele e dá existência a ele. Entretanto, é também a tua mente que tem o poder de negar a existência do ego, o que farás com certeza quando reconheceres exatamente qual é a jornada a que o ego te induz.

3. Com certeza é óbvio que ninguém quer achar aquilo que iria derrotá-lo totalmente. Sendo incapaz de amar, o ego seria totalmente inadequado na presença do amor, pois não poderia responder de forma alguma. Então, terias que abandonar a orientação do ego, pois ficaria bastante evidente que ele não te ensinou a resposta de que precisas. O ego, portanto, distorcerá o amor e ensinar-te-á que o amor realmente pede as respostas que o ego pode ensinar. Assim sendo, segue o seu ensinamento e buscarás o amor, mas não o reconhecerás.

4. Reconheces que o ego precisa te induzir a uma jornada que não pode conduzir senão a um sentimento de futilidade e depressão? Buscar e não achar dificilmente traz alegria. É essa a promessa que queres manter? O Espírito Santo te oferece outra promessa, uma promessa que conduzirá à alegria. Pois a Sua promessa sempre é “Buscai e achareis” e, sob a Sua orientação, não podes ser derrotado. A Sua jornada é rumo à realização e a meta que Ele coloca diante de ti, Ele te dará. Pois Ele jamais enganará o Filho de Deus a quem ama com o Amor do Pai.

5. Tu irás empreender uma jornada, pois não estás em casa nesse mundo. E irás buscar o teu lar, reconhecendo ou não onde ele está. Se acreditas que está fora de ti, a busca será fútil, pois estarás buscando onde ele não está. Tu não te lembras como olhar para dentro, pois não acreditas que lá é o teu lar. No entanto, o Espírito Santo lembra-Se por ti e Ele te guiará ao teu lar porque é essa a Sua missão. À medida que Ele cumpre a Sua missão, Ele te ensinará a tua, pois a tua missão é a mesma que a Sua. Ao guiar teus irmãos ao lar, estás apenas seguindo-O.

6. Contempla o Guia que o teu Pai te deu para que possas aprender que tens vida eterna. Pois a morte não é a Vontade do teu Pai e nem a tua e tudo o que é verdadeiro é a Vontade do Pai. Tu não pagas nenhum preço pela vida, pois ela te foi dada, mas pagas um preço pela morte e um preço muito pesado. Se a morte é o teu tesouro, venderás tudo o mais para comprá-la. E acreditarás que a compraste porque terás vendido todo o resto. No entanto, não podes vender o Reino do Céu. A tua herança não pode ser comprada nem vendida. Não podem existir partes deserdadas da Filiação, pois Deus é íntegro e todas as Suas extensões são como Ele.

7. A Expiação não é o preço da tua integridade, mas é o preço da tua consciência da tua integridade. Pois o que escolheste “vender” tinha que ser guardado para ti, já que não o poderias “comprar” de volta. Todavia, tens que investir nisso, não com dinheiro, mas com espírito. Pois espírito é vontade e vontade é o “preço” do Reino. A tua herança aguarda apenas o reconhecimento de que foste redimido. O Espírito Santo te guia à vida eterna, mas tu precisas abandonar o teu investimento na morte ou não verás a vida, apesar dela estar em tudo à tua volta.


V. O currículo são

1. Só o amor é forte porque não é dividido. O forte não ataca porque não vê nenhuma necessidade de fazê-lo. Antes que a idéia do ataque possa entrar em tua mente, é preciso que tenhas te percebido fraco. Como atacaste a ti mesmo e acreditaste que o ataque foi eficaz, contemplas a ti mesmo como enfraquecido. Não mais percebendo os teus irmãos como teus iguais e considerando-te mais fraco, tentas “igualar” a situação que fizeste. Usas o ataque para isso, porque acreditas que o ataque teve sucesso em enfraquecer-te.

2. É por isso que o reconhecimento da tua própria invulnerabilidade é tão importante para a restauração da tua sanidade. Pois se aceitas a tua invulnerabilidade, estás reconhecendo que o ataque não tem efeito. Embora tenhas atacado a ti mesmo, estarás demonstrando que nada aconteceu realmente. Portanto, ao atacares, tu nada fizeste. Uma vez que tiveres reconhecido isso, já não verás qualquer sentido no ataque, pois ele obviamente não funciona e não pode proteger-te. Entretanto, o reconhecimento da tua invulnerabilidade tem mais do que um valor negativo. Se os teus ataques a ti mesmo fracassaram no sentido de enfraquecer-te, ainda és forte. Não tens, portanto, nenhuma necessidade de “igualar” a situação para estabelecer a tua força.

3. Nunca vais reconhecer a total inutilidade do ataque a não ser reconhecendo que o teu ataque a ti mesmo não tem efeitos. Pois os outros reagem ao ataque se o percebem e, se estás tentando atacá-los, não serás capaz de evitar interpretar isso como uma confirmação. O único lugar onde podes cancelar toda confirmação é em ti mesmo. Pois tu és sempre o primeiro alvo do teu ataque e, se isso nunca aconteceu, não tem conseqüências.

4. O Amor do Espírito Santo é a tua força, pois a tua está dividida e não é, portanto, real. Não podes confiar no teu próprio amor quando o atacas. Não podes aprender sobre o amor perfeito com a mente dividida, porque a mente dividida fez de si mesma um aprendiz deficiente. Tu tentaste fazer com que a separação fosse eterna, porque querias reter as características da criação, mas com o teu próprio conteúdo. No entanto, a criação não pertence a ti e aprendizes deficientes necessitam de ensino especial.

5. Tu tens deficiências de aprendizado em um sentido muito literal. Há áreas nas tuas capacidades de aprendizado tão deterioradas, que só podes progredir sob constante e clara orientação dada por um Professor Que pode transcender os teus recursos limitados. Ele vem a ser o teu Recurso, porque por ti mesmo não podes aprender. A situação de aprendizado em que te colocaste é impossível e nessa situação obviamente requeres um Professor especial e um currículo especial. Aprendizes deficientes não são uma boa escolha enquanto professores, nem para si mesmos, nem para nenhuma outra pessoa. Dificilmente te voltarias para eles a fim de estabelecer o currículo através do qual pudessem escapar das suas próprias limitações. Se compreendessem o que está além de si mesmos não seriam deficientes.

6. Tu não conheces o significado do amor e é essa a tua deficiência. Não tentes ensinar a ti mesmo o que não compreendes e não tentes estabelecer metas para o currículo quando as tuas claramente falharam. A meta do teu aprendizado tem sido não aprender e isso não pode levar ao sucesso do aprendizado. Tu não podes transferir o que não aprendeste e a deterioração da capacidade de generalizar é um fracasso crucial do aprendizado. Pedirias àqueles que fracassaram em aprender que te dissessem para que servem os recursos de aprendizado? Eles não sabem. Se pudessem interpretar os recursos corretamente, teriam aprendido com eles.

7. Eu tenho dito que a regra do ego é “Busca e não aches.” Traduzida em termos curriculares, isso quer dizer “Tenta aprender mas não tenhas sucesso.” O resultado dessa meta curricular é óbvio. Todo recurso legítimo de aprendizado, toda instrução real, toda orientação sensata no aprendizado serão interpretados equivocadamente, já que tudo isso serve para facilitar o aprendizado contra o qual se coloca esse estranho currículo. Se estás tentando aprender como não aprender e o objetivo do teu ensino é derrotar o próprio propósito, o que podes esperar além de confusão? Tal currículo não faz sentido. Essa tentativa de “aprender” de tal forma enfraqueceu a tua mente, que não podes amar, pois o currículo que escolheste é contra o amor e não passa de um curso que te ensina como atacar a ti mesmo. Uma meta suplementar desse currículo é aprender como não superar a divisão que dá credibilidade ao seu objetivo básico. E tu não superarás a divisão nesse currículo, pois todo o teu aprendizado estará a favor disso. Todavia, a tua mente protesta contra o teu aprenderado, assim como o teu aprendizado protesta contra a tua mente e assim lutas contra qualquer aprendizado e tens sucesso, pois é isso o que queres. Mas talvez não reconheças, mesmo agora, que existe algo que queres aprender e que podes aprender porque é tua escolha fazê-lo.

8. Tu, que tens tentado aprender o que não queres, deves te encorajar, pois embora o currículo que estabeleceste para ti mesmo seja, de fato, deprimente, é apenas ridículo se olhares para ele. Será possível que o caminho para alcançar uma meta seja não atingi-la? Demite-te agora mesmo do cargo de professor de ti mesmo. Essa demissão não conduzirá à depressão. É meramente o resultado de uma apreciação honesta daquilo que ensinaste a ti mesmo e dos efeitos do aprendizado que daí resultaram. Sob as condições apropriadas de aprendizado, que tu não podes prover nem compreender, tornar-te-ás um excelente aluno e um excelente professor. Mas ainda não é assim e não será assim enquanto toda a situação de aprendizado que estabeleceste não for revertida.

9. O teu potencial de aprendizado, propriamente compreendido, é ilimitado porque vai conduzir-te a Deus. Tu podes ensinar o caminho até Ele e aprendê-lo, seguindo o Professor Que conhece o caminho até Ele e compreende o Seu currículo para aprendê-lo. O currículo não contém ambigüidade alguma, porque a meta não é dividida e o meio e o fim estão em pleno acordo. Só tens que oferecer atenção, uma atenção que não seja dividida. Tudo o mais te será dado. Pois na realidade queres aprender corretamente e nada pode se opor à decisão do Filho de Deus. O seu aprendizado é tão ilimitado quanto ele.


VI. A visão de Cristo

1. O ego está tentando ensinar-te como ganhar todo o mundo e perder a tua própria alma. O Espírito Santo te ensina que não podes perder a tua alma e que não há ganho no mundo, pois em si mesmo não há nada que seja proveitoso no mundo. Investir sem lucrar seguramente é empobrecer a ti mesmo e as despesas são altas. Não só não há lucro no investimento, como o custo para ti é enorme. Pois esse investimento te custa a realidade do mundo, pois nega a tua e nada te dá em troca. Não podes vender a tua alma, mas podes vender a consciência que tens dela. Não podes perceber a tua alma, mas não a conhecerás enquanto perceberes alguma outra coisa como mais valiosa.

2. O Espírito Santo é a tua força porque Ele só te conhece como espírito. Ele é perfeitamente ciente de que não conheces a ti mesmo e perfeitamente ciente de como ensinar-te a lembrar do que és. Como Ele te ama, ensinar-te-á de bom grado o que Ele ama, pois é Sua Vontade compartilhar isso. Lembrando-Se sempre de ti, Ele não pode deixar que te esqueças do teu valor. Pois o Pai nunca cessa de lembrar-Lhe do Seu Filho e Ele nunca cessa de lembrar o Pai à Seu Filho. Deus está na tua memória por causa Dele. Escolhes esquecer o teu Pai, mas não queres realmente fazê-lo e, portanto, podes decidir outra coisa. Assim como foi a minha decisão, assim é a tua.

3. Não queres o mundo. A única coisa de valor que existe nele são aquelas partes para as quais olhas com amor. Isso lhe dá a única realidade que jamais terá. O seu valor não está nele mesmo, mas o teu próprio valor está em ti. Como a valorização do ser vem da extensão do ser, assim também a percepção do valor do ser vem da extensão dos pensamentos amorosos para o que está fora. Faze com que o mundo seja real para contigo, pois o mundo real é a dádiva do Espírito Santo e, portanto, pertence a ti.

4. A correção é para todos os que não podem ver. Abrir os olhos dos cegos é a missão do Espírito Santo, pois Ele sabe que eles não perderam a sua visão, mas meramente dormem. Ele quer despertá-los do sono do esquecimento para a lembrança de Deus. Os olhos de Cristo estão abertos e Ele olhará para qualquer coisa que vejas com amor, se aceitares como tua a Sua visão. O Espírito Santo guarda a visão de Cristo para todo Filho de Deus que dorme. Em Sua visão, o Filho de Deus é perfeito e Ele anseia por compartilhar a Sua visão contigo. Ele te mostrará o mundo real porque Deus te deu o Céu. Através Dele, o teu Pai chama o Seu Filho à lembrança. O despertar do Seu Filho começa com o seu investimento no mundo real e por meio disso ele aprenderá a reinvestir em si mesmo. Pois a realidade é una com o Pai e o Filho, e o Espírito Santo abençoa o mundo real em Nome Deles.

5. Quando tiveres visto esse mundo real, como certamente verás, tu te lembrarás de Nós. Todavia tens que aprender o custo do sono e recusar-te a pagá-lo. Só então vais decidir despertar. E assim o mundo real saltará à tua vista, pois Cristo nunca esteve dormindo. Ele está esperando para ser visto, pois Ele nunca te perdeu de vista. Ele olha em quietude para o mundo real, o qual quer compartilhar contigo, porque Ele conhece o Amor do Pai por Ele. E conhecendo isso, Ele quer te dar o que é teu. Em perfeita paz Ele te espera no altar de Seu Pai, oferecendo o Amor do Pai a ti na luz serena da bênção do Espírito Santo. Pois o Espírito Santo conduzirá cada um para sua casa e para o seu Pai, onde Cristo o espera como Seu Ser.

6. Toda criança de Deus é una em Cristo, pois o que ela é está em Cristo assim como o que Cristo é está em Deus. O Amor de Cristo por ti é o Seu Amor por Seu Pai, que Ele conhece porque conhece o Amor do Seu Pai por Ele. Quando o Espírito Santo afinal tiver te conduzido a Cristo, no altar ao Seu Pai, a percepção fundir-se-á em conhecimento porque a percepção veio a ser tão santa que sua transferência à santidade é simplesmente a sua extensão natural. O amor transfere-se ao amor sem nenhuma interferência, pois os dois são um só. À medida em que percebes cada vez mais elementos comuns em todas as situações, a transferência do treinamento sob a orientação do Espírito Santo aumenta e vem a ser generalizada. Gradualmente, aprendes a aplicá-la a todas as pessoas e a todas as coisas, pois a possibilidade de sua aplicação é universal. Quando isso tiver sido realizado, a percepção e o conhecimento vêm a ser tão similares que compartilham a unificação das leis de Deus.

7. O que é um não pode ser percebido como separado e a negação da separação é a reafirmação do conhecimento. No altar de Deus, a santa percepção do Filho de Deus vem a ser tão iluminada que a luz flui para ela e o espírito do Filho de Deus brilha na Mente do Pai e vem a ser um com ela. Muito gentilmente Deus brilha sobre Si Mesmo, amando a extensão de Si Mesmo que é o Seu Filho. O mundo não tem propósito à medida em que se funde com o Propósito de Deus. Pois o mundo real silenciosamente deslizou para o Céu, onde tudo o que é eterno sempre esteve. Lá o Redentor e os redimidos unem-se no amor perfeito de Deus e de uns pelos outros. O Céu é a tua casa e sendo em Deus tem que ser também em ti.


VII. Olhar para dentro

1. Os milagres demonstram que o aprendizado ocorreu sob a orientação certa, pois o aprendizado é invisível e o que foi aprendido só pode ser reconhecido pelos seus resultados. Sua generalização é demonstrada à medida em que o usas em um número cada vez maior de situações. Reconhecerás que aprendeste que não existe ordem de dificuldades em milagres quando os aplicares a todas as situações. Não existe nenhuma situação à qual os milagres não se apliquem e aplicando-os a todas as situações ganharás o mundo real. Pois nesta percepção santa a integridade ser-te-á restaurada e da tua aceitação da Expiação para ti mesmo ela se irradiará a todos aqueles que o Espírito Santo te enviar para a tua benção. Em toda criança de Deus está a Sua bênção e na tua bênção às crianças de Deus está a Sua bênção a ti.

2. Todos no mundo têm que desempenhar seu próprio papel na sua redenção de forma a reconhecerem que o mundo foi redimido. Não podes ver o invisível. Entretanto, se vires os seus efeitos, terás o conhecimento de que ele não pode deixar de estar presente. Por perceberes o que ele faz, reconheces o que ele é. E pelo que ele faz, aprendes o que ele é. Não podes ver as tuas forças, mas adquires confiança no fato de que elas existem à medida em que te capacitam a agir. E os resultados das tuas ações tu podes ver.

3. O Espírito Santo é invisível, mas podes ver os resultados da Sua Presença e através deles aprenderás que Ele está presente. O que Ele te capacita a fazer, com toda a clareza não é desse mundo, pois milagres violam todas as leis da realidade conforme esse mundo a julga. Todas as leis de tempo e espaço, de magnitude e massa são transcendidas, pois o que o Espírito Santo te capacita a fazer está claramente além de todas elas. Percebendo os Seus resultados, compreenderás aonde Ele tem que estar e finalmente conhecerás o que Ele é.

4. Não podes ver o Espírito Santo, mas podes ver as Suas manifestações. E a não ser que as vejas, não reconhecerás que Ele está presente. Milagres são as Suas testemunhas e falam pela Sua Presença. O que não podes ver só vem a ser real para ti através das testemunhas que falam a favor Disso. Pois podes estar ciente do que não podes ver e Isso pode vir a ser indiscutivelmente real para ti à medida em que a Presença Disso vem a se manifestar através de ti. Faze o trabalho do Espírito Santo, pois tu compartilhas a Sua função. Como a tua função no Céu é a criação, assim a tua função na terra é a cura. Deus compartilha a Sua função contigo no Céu e o Espírito Santo compartilha a Dele contigo na terra. Enquanto acreditares que tens outras funções, nessa medida necessitarás de correção. Pois essa crença é a destruição da paz, uma meta que está em oposição direta ao propósito do Espírito Santo.

5. Tu vês o que esperas e esperas o que convidas. A tua percepção é o resultado do teu convite, vindo a ti em função do que pediste. De quem são as manifestações que queres ver? De que presença queres ser convencido? Pois acreditarás naquilo que manifestas e do mesmo modo como olhas para o que está fora de ti, verás o que está dentro. Dois modos de olhar para o mundo estão na tua mente e a tua percepção vai refletir a orientação que escolheste.

6. Eu sou a manifestação do Espírito Santo e, quando me vires, será porque O terás convidado. Pois Ele te enviará as Suas testemunhas se apenas olhares para elas. Lembra-te sempre que vês aquilo que buscas, pois o que buscas, tu acharás. O ego acha o que busca e só isso. Ele não acha o amor, pois não é isso o que está buscando. No entanto, buscar e achar são a mesma coisa e se buscas duas metas, tu as acharás mas não reconhecerás nenhuma das duas. Pensarás que elas são a mesma porque queres ambas. A mente sempre luta pela integração e se ela está dividida e quer manter a divisão, ainda acreditará que tem uma única meta, fazendo com que pareça ser uma só.

7. Eu disse anteriormente que o que projetas ou estendes depende de ti, mas tens que fazer uma coisa ou outra, pois essa é uma lei da mente e tens que olhar para dentro antes de olhar para fora. Conforme olhas para dentro, escolhes o guia para o teu modo de ver. E então olhas para fora e contemplas as suas testemunhas. É por isso que achas o que buscas. O que queres em ti mesmo tu farás com que seja manifestado e o aceitarás do mundo, porque o puseste lá por querer que fosse assim. Quando pensas que estás projetando o que não queres, ainda assim é porque, de fato, o queres. Isso conduz diretamente à dissociação, pois representa a aceitação de duas metas, cada uma percebida em um local diferente; uma separada da outra, porque tu as fizeste diferentes. A mente, então, vê um mundo dividido fora de si mesma, mas não dentro. Isso dá a ela uma ilusão de integridade e a capacita a acreditar que está perseguindo uma única meta. No entanto, enquanto perceberes o mundo dividido, não estás curado. Pois estar curado é perseguir uma única meta, porque só aceitaste uma e queres apenas uma.

8. Quando quiseres só o amor, não verás nenhuma outra coisa. A natureza contraditória das testemunhas que percebes é meramente um reflexo dos teus convites conflitantes. Olhaste para a tua mente e aceitaste lá a oposição, tendo-a buscado lá. Mas não acredites, então, que as testemunhas pela oposição são verdadeiras, pois elas somente atestam a tua decisão a respeito da realidade, devolvendo a ti as mensagens que tu lhes deste. Também o amor é reconhecido pelos seus mensageiros. Se fazes com que o amor se manifeste, seus mensageiros virão a ti porque os convidaste.

9. O poder de decisão é a única liberdade que te restou como prisioneiro desse mundo. Podes decidir vê-lo de modo certo. O que fizeste dele não é a sua realidade, pois a sua realidade é só o que tu lhe dás. Não podes realmente dar nada que não seja amor a ninguém ou a coisa alguma, nem podes realmente receber deles nada que não seja amor. Se pensas que recebeste qualquer outra coisa, isso se deve ao fato de teres olhado para dentro e pensado ter visto o poder de dar alguma outra coisa dentro de ti. Foi apenas essa decisão que determinou o que achaste, pois foi a decisão pelo que buscavas.

10. Tu tens medo de mim porque olhaste para dentro e tens medo do que viste. No entanto, não poderias ter visto a realidade, pois a realidade da tua mente é a mais bela das criações de Deus. Vinda apenas de Deus, seu poder e sua grandeza só poderiam te trazer paz se realmente tivesses olhado para ela. Se estás com medo, é porque viste alguma coisa que não está lá. Entretanto, naquele mesmo lugar, poderias ter olhado para mim e para todos os teus irmãos na segurança perfeita da Mente que nos criou. Pois nós estamos lá, na paz do Pai, Cuja Vontade é estender a Sua paz através de ti.

11. Quando tiveres aceito a tua missão de estender a paz, acharás a paz, pois fazendo com que ela se manifeste, tu a verás. Suas testemunhas santas irão cercar-te porque as terás chamado e elas virão a ti. Eu ouvi o teu chamado e te respondi, mas não é tua vontade olhar para mim nem ouvir a resposta que buscavas. Isso acontece porque ainda não queres apenas isso. Entretanto, à medida que venho a ser mais real para ti, aprenderás que queres apenas isso. E verás a mim quando olhares para dentro e nós olharemos para o mundo real juntos. Através dos olhos de Cristo, só o mundo real existe e só o mundo real pode ser visto. Assim como decides, tu verás. E tudo o que vês só testemunha a tua decisão.

12. Quando olhares para dentro e vires a mim, será porque terás decidido manifestar a verdade. E à medida em que a manifestas, tu a verás tanto fora quanto dentro. Tu a verás fora porque a viste em primeiro lugar dentro. Tudo o que contemplas fora é um julgamento do que contemplaste dentro. Se for o teu julgamento, ele estará errado, pois o julgamento não é a tua função. Se for o julgamento do Espírito Santo, estará certo, pois o julgamento é a Sua função. Compartilhas a Sua função somente julgando como Ele julga, sem reservar absolutamente nenhum julgamento para ti mesmo. Tu julgarás contra ti, mas Ele julgará a favor de ti.

13. Lembra-te, então, que sempre que olhas para fora e reages desfavoravelmente ao que vês, tu te julgaste indigno e te condenaste à morte. A pena de morte é a meta última do ego, pois ele acredita inteiramente que és um criminoso, tão merecedor da morte quanto Deus tem o conhecimento de que és merecedor da vida. A pena de morte nunca deixa a mente do ego, porque é isso o que ele sempre te reserva no final. Querendo matar-te, como expressão final do seu sentimento por ti, ele permite que vivas apenas para esperar a morte. Ele te atormentará enquanto viveres, mas o seu ódio não será satisfeito até que morras. Pois a tua destruição é o único fim em cuja direção ele trabalha e o único fim com o qual ele ficará satisfeito.

14. O ego não é um traidor para com Deus, para Quem a traição é impossível. Mas é um traidor para ti, que acreditas ter sido traiçoeiro para com teu Pai. E por isso que desfazer a culpa é uma parte essencial do ensinamento do Espírito Santo. Pois enquanto te sentires culpado estás ouvindo a voz do ego, que te diz que tens sido traiçoeiro para com Deus e mereces, portanto, a morte. Tu pensarás que a morte vem de Deus e não do ego, porque ao confundir-te com o ego, acreditas que queres a morte. E daquilo que queres, Deus não te salva.

15. Quando fores tentado a sucumbir diante do desejo da morte, lembra-te que eu não morri. Tu reconhecerás que isso é verdadeiro quando olhares para dentro e vires a mim. Teria eu superado a morte só para mim? E a vida eterna me teria sido dada pelo Pai a menos que tivesse sido dada também a ti? Quando aprenderes a fazer com que eu seja manifestado, nunca verás a morte. Pois terás olhado para o que não morre em ti mesmo e verás apenas o eterno ao olhares para um mundo lá fora que não pode morrer.


VIII. A atração do amor pelo amor

1. Tu realmente acreditas que podes matar o Filho de Deus? O Pai escondeu o Seu Filho com segurança dentro de Si Mesmo e o manteve muito distante dos teus pensamentos destrutivos, mas tu não conheces nem o Pai nem o Filho por causa deles. Atacas o mundo real todo dia, a toda hora e a todo minuto e apesar disso estás surpreso por não poderes vê-lo. Se buscas o amor com o fim de atacá-lo, jamais o acharás. Pois se o amor é compartilhar, como podes achá-lo a não ser através dele mesmo? Oferece-o e ele virá a ti, porque ele é atraído para si mesmo. Mas se ofereces o ataque o amor permanecerá escondido, pois ele só pode viver em paz.

2. O Filho de Deus está tão seguro quanto seu Pai, pois o Filho conhece a proteção de seu Pai e não pode ter medo. O Amor do Seu Pai o mantém em perfeita paz e não necessitando de nada, ele não pede nada. Entretanto, Ele, que é o teu Ser, está longe de ti, pois escolheste atacá-lo e ele desapareceu da tua vista em seu Pai. Ele não mudou, mas tu sim. Pois uma mente dividida e todas as suas obras não foram criadas pelo Pai e não poderiam viver no Seu conhecimento.

3. Quando fizeste com que fosse visível o que não é verdadeiro, o que é verdadeiro veio a ser invisível para ti. No entanto, não pode ser invisível em si mesmo, pois o Espírito Santo o vê com perfeita clareza. É invisível para ti porque estás olhando para uma outra coisa. No entanto, não cabe a ti decidir o que é visível e o que é invisível, como não cabe a ti decidir o que é a realidade. O que pode ser visto é o que o Espírito Santo vê. A definição da realidade é de Deus e não tua. Ele a criou e Ele conhece o que ela é. Tu, que conhecias, esqueceste e se Ele não tivesse te dado um caminho para lembrares, terias te condenado ao esquecimento.

4. Devido ao Amor do teu Pai, nunca poderás esquecê-Lo, pois ninguém é capaz de esquecer o que o próprio Deus colocou em sua memória. Podes negá-lo, mas não podes perdê-lo. Uma Voz responderá a cada questão que perguntares e uma visão corrigirá a percepção de tudo o que vês. Pois o que fizeste com que fosse invisível é a única verdade e o que não ouviste é a única Resposta. Deus quer que tu voltes a unir-te contigo mesmo e não te abandonou em tua aflição. Estás esperando apenas por Ele e não tens conhecimento disso. No entanto, a Sua memória brilha na tua mente e não pode ser obliterada. Não é mais passada do que futura, sendo eterna para sempre.

5. Tu só tens que pedir essa memória e vais te lembrar. Todavia, a memória de Deus não pode brilhar na mente que a obliterou e quer mantê-la assim. Pois a memória de Deus só pode nascer na mente que escolhe lembrar e que abandonou o desejo insano de controlar a realidade. Tu, que nem sequer podes controlar a ti mesmo, dificilmente deverias aspirar controlar o universo. Mas olha para o que fizeste do universo e regozija-te por não ser assim.

6. Filho de Deus, não te contentes com o nada! O que não é real não pode ser visto e não tem valor. Deus não poderia oferecer ao Seu Filho o que não tem valor e nem Seu Filho poderia recebê-lo. Foste redimido no instante em que pensaste que O tinhas desertado. Tudo o que fizeste nunca existiu e é invisível porque o Espírito Santo não o vê. Entretanto, o que Ele vê é teu para que tu contemples e, através da Sua visão, a tua percepção é curada. Fizeste com que fosse invisível a única verdade que esse mundo contém. Valorizando o nada, buscaste o nada. Fazendo com que o nada fosse real para ti, viste o nada. Mas isso não existe. E Cristo é invisível para ti devido ao que fizeste com que fosse visível para ti.

7. No entanto, não importa quanta distância tentaste interpor entre a tua consciência e a verdade. O Filho de Deus pode ser visto porque a sua visão é compartilhada. O Espírito Santo olha para ele e não vê nenhuma outra coisa em ti. O que é invisível para ti é perfeito em Sua vista e abrange tudo. Ele lembrou-Se de ti porque não esqueceu o Pai. Tu olhaste para o irreal e achaste o desespero. Todavia, buscando o irreal, que outra coisa poderias achar? O mundo irreal é algo desesperador, pois nunca poderá ser. E tu, que compartilhas o Ser de Deus com Ele, nunca poderias te contentar sem a realidade. O que Deus não te deu não tem poder sobre ti e a atração do amor pelo amor permanece irresistível. Pois é a função do amor unir todas as coisas em si mesmo e manter todas as coisas juntas por estender a sua integridade.

8. O mundo real te foi dado por Deus em uma troca amorosa pelo mundo que fizeste e pelo mundo que vês. Apenas toma-o das mãos de Cristo e olha para ele. A sua realidade fará com que todas as outras coisas sejam invisíveis, pois contemplá-lo é percepção total. E à medida em que olhas para ele, vais lembrar-te que sempre foi assim. O nada virá a ser invisível, pois afinal terás visto verdadeiramente. A percepção redimida é facilmente traduzida em conhecimento, pois só a percepção é capaz de erro e a percepção nunca existiu. Sendo corrigida, ela dá lugar ao conhecimento, que é para sempre a única realidade. A Expiação nada mais é do que o caminho de volta àquilo que nunca foi perdido. Teu Pai não poderia ter deixado de amar o Seu Filho.