julho 15, 2010

Capítulo 01 - O SIGNIFICADO DOS MILAGRES

Capítulo 1 - O SIGNIFICADO DOS MILAGRES

I. Princípios dos milagres

1. Não há ordem de dificuldades em milagres. Um não é mais “difícil” nem “maior” do que o outro. Todos são o mesmo. Todas as expressões de amor são máximas.

2. Milagres em si não importam. A única coisa que importa é a sua Fonte, Que está muito além de qualquer avaliação.

3. Milagres ocorrem naturalmente como expressões de amor. O amor que os inspira é o milagre real. Nesse sentido, tudo o que vem do amor, é um milagre.

4. Todos os milagres significam vida, e Deus é o Doador da vida. A Sua Voz vai dirigir-te de forma muito específica. Tudo o que precisas saber te será dito.

5. Milagres são hábitos e devem ser involuntários. Não devem estar sob controle consciente. Milagres conscientemente selecionados podem ser guiados de forma equivocada.

6. Milagres são naturais. Quando não ocorrem, algo errado aconteceu.

7. Milagres são um direito de todos; antes, porém, a purificação é necessária.

8. Milagres são curativos porque suprem uma falta; são apresentados por aqueles que temporariamente tem mais para aqueles que temporariamente tem menos.

9. Milagres são uma espécie de troca. Como todas as expressões de amor, que são sempre miraculosas no sentido verdadeiro, a troca reverte às leis físicas. Trazem mais amor tanto para o doador quanto para aquele que recebe.

10. O uso dos milagres como espetáculos para induzir a crença é uma compreensão equivocada do seu propósito.

11. A oração é o veículo dos milagres. É um meio de comunicação do que foi criado com o Criador. Através da oração o amor é recebido e através dos milagres o amor é expressado.

12. Milagres são pensamentos. Pensamentos podem representar o nível mais baixo ou corporal da experiência, ou o nível mais alto ou espiritual da experiência. Um faz o físico e o outro cria o espiritual.

13. Milagres são tanto princípios como fins, e assim alteram a ordem temporal. São sempre afirmações de renascimento, que parecem retroceder mas realmente avançam. Eles desfazem o passado no presente e assim liberam o futuro.

14. Milagres dão testemunho da verdade. São convincentes porque surgem da convição. Sem convição deterioram-se em mágica, que não faz uso da mente e é, portanto, destrutiva; ou melhor, é o uso não-criativo da mente.

15. Cada dia deve ser devotado aos milagres. O propósito do tempo é fazer com que sejas capaz de aprender como usá-lo construtivamente. É, portanto, um instrumento de ensino e um meio para um fim. O tempo cessará quando não for mais útil para facilitar o aprendizado.

16. Milagres são instrumentos de ensino para demonstrar que dar é tão bem-aventurado quanto receber. Eles simultaneamente aumentam a força do doador e suprem a força de quem recebe.

17. Milagres transcendem o corpo. São passagens súbitas para a invisibilidade, distante do nível corporal. É por isso que curam.

18. Um milagre é um serviço. É o serviço máximo que podes prestar a um outro. E uma forma

de amar o teu próximo como a ti mesmo. Reconheces o teu próprio valor e o do teu próximo

simultaneamente.

19. Milagres fazem com que as mentes sejam uma só em Deus. Eles dependem de cooperação porque a Filiação é a soma de tudo o que Deus criou. Milagres, portanto, refletem as leis da eternidade, não do tempo.

20. Milagres despertam novamente a consciência de que o espírito, não o corpo, é o altar da verdade. É esse o reconhecimento que conduz ao poder curativo do milagre.

21. Milagres são sinais naturais de perdão. Através dos milagres aceitas o perdão de Deus por

estendê-lo a outros.

22. Milagres só são associados com o medo devido à crença em que a escuridão possa ocultar. Tu acreditas que aquilo que os teus olhos físicos não podem ver não existe. Isso conduz a uma negação da visão espiritual.

23. Milagres rearranjam a percepção e colocam todos os níveis em perspectiva verdadeira. Isso é cura porque a doença vem da confusão de níveis.

24. Milagres fazem com que sejas capaz de curar os doentes e ressuscitar os mortos porque tu mesmo fizeste a doença e a morte, podes, portanto, abolir ambos. Tu és um milagre, capaz de criar como o teu Criador. Tudo o mais é o teu próprio pesadelo e não existe. Somente as criações da luz são reais.

25. Milagres são parte de uma cadeia interligada de perdão que, quando completa, é a Expiação. A Expiação funciona durante todo o tempo e em todas as dimensões do tempo.

26. Milagres representam a libertação do medo. ”Expiar” significa “desfazer”. Desfazer o medo e uma parte essencial do valor dos milagres na Expiação.

27. Um milagre é uma benção universal de Deus através de mim para todos os meus irmãos. O privilégio dos perdoados é perdoar.

28. Milagres são um caminho para ganhar a liberação do medo. A revelação induz a um estado

no qual o medo já foi abolido. Milagres são assim um meio e a revelação é um fim.

29. Milagres louvam a Deus através de ti. Eles O louvam, honrando Suas criações, afirmando que são perfeitas. Curam porque negam a identificação com o corpo e afirmam a identificação com o espírito.

30. Por reconhecerem o espírito, os milagres ajustam os níveis da percepção e os mostram em alinhamento adequado. Isso coloca o espírito no centro, onde ele pode comunicar-se diretamente.

31. Milagres devem inspirar gratidão, não reverência. Deves agradecer a Deus pelo que realmente és. As crianças de Deus são santas e os milagres honram a sua santidade, que pode estar oculta mas nunca perdida.

32. Eu inspiro todos os milagres, que são realmente intercessões.

Eles intercedem pela tua santidade e fazem com que as tuas percepções sejam santas. Colocando-te além das leis físicas, eles te erguem à esfera da ordem celestial. Nesta ordem, tu és perfeito.

33. Milagres te honram porque és amável. Eles dissipam ilusões a respeito de ti mesmo e percebem a luz em ti. Assim expiam os teus erros libertando-te dos teus pesadelos. Por liberar a tua mente da prisão das tuas ilusões, restauram a tua sanidade.

34. Milagres restauram a mente à sua plenitude. Por expiar o senso de carência, estabelecem proteção perfeita. A forca do espírito não deixa lugar para intrusões.

35. Milagres são expressões de amor, mas podem não ter sempre efeitos observáveis.

36. Milagres são exemplos do pensamento certo, alinhando as tuas percepções com a verdade tal como Deus a criou.

37. Um milagre e uma correção introduzida por mim num pensamento falso. Age como catalisador, quebrando a percepção errônea e reorganizando-a adequadamente. Isso te coloca sob o princípio da Expiação onde a percepção é curada. Até que isso tenha ocorrido, o conhecimento da Ordem Divina é impossível.

38. O Espírito Santo é o mecanismo dos milagres. Ele reconhece tanto as criações de Deus quanto as tuas ilusões. Ele separa o verdadeiro do falso através da Sua capacidade de perceber de forma total e não seletiva.

39.O milagre dissolve o erro porque o Espírito Santo o identifica como falso ou irreal. Isso é o mesmo que dizer que por perceber a luz, a escuridão automaticamente desaparece.

40. O milagre reconhece todas as pessoas como teu irmão e meu também. É um caminho para se perceber a marca universal de Deus.

41. A integridade é o conteúdo perceptivo dos milagres. Assim, corrigem ou expiam a percepção defeituosa da falta.

42. Uma das maiores contribuições dos milagres é a sua forca para liberar-te do teu falso senso de isolamento, privação e falta.

43. Milagres surgem de um estado milagroso da mente, ou um estado de prontidão para o milagre.

44. O milagre e uma expressão da consciência interior de Cristo e da aceitação da Sua Expiação.

45. Um milagre nunca se perde. Pode tocar muitas pessoas que nem mesmo encontraste e produzir mudanças nunca sonhadas em situações das quais nem mesmo estás ciente.

46. O Espírito Santo é o mais elevado veículo de comunicação. Milagres não envolvem esse tipo de comunicação, porque são instrumentos temporários de comunicação. Quando retornas a tua forma original de comunicação com Deus, por revelação direta, a necessidade de milagres acaba.

47. O milagre é um instrumento de aprendizado que faz com que a necessidade de tempo diminua. Ele estabelece um intervalo temporal fora do padrão, que não está sujeito às leis usuais do tempo. Nesse sentido ele é intemporal.

48. O milagre é o único instrumento a tua disposição imediata para controlar o tempo. Só a revelação o transcende, não tendo absolutamente nada a ver com o tempo.

49. O milagre não faz distinções entre graus de percepção equivocada. É um instrumento para a correção da percepção que é eficiente, sem levar em consideração o grau ou a direção do erro. É isso o que faz com que ele seja verdadeiramente indiscriminado.

50. O milagre compara o que tu fazes com a criação, aceitando como verdadeiro o que está de acordo com ela e rejeitando como falso o que está em desacordo.


II. Revelação, tempo e milagres

1. A revelação induz a suspensão completa, porém temporária, da dúvida e do medo. Reflete a forma original de comunicação entre Deus e as Suas criações, envolvendo o sentido extremamente pessoal da criação às vezes buscado em relacionamentos físicos. A intimidade física não é capaz de consegui-la. Milagres, todavia, são genuinamente interpessoais e resultam em verdadeira intimidade com os outros. A revelação te une diretamente a Deus. Milagres te unem diretamente ao teu irmão. Nenhum dos dois emana da consciência, mas ambos são lá experimentados. A consciência é o estado que induz à ação, embora não a inspire. Tu és livre para acreditar no que escolheres, e o que fazes atesta o que acreditas.

2. A revelação e intensamente pessoal e não pode ser traduzida de forma significativa. E por isso que qualquer tentativa de descrevê-la com palavras é impossível. A revelação só induz a experiência. Milagres, por outro lado, induzem à ação. Eles são mais úteis agora devido a sua natureza interpessoal. Nessa fase do aprendizado é importante trabalhar com milagres porque a libertação do medo não pode ser imposta a ti. A revelação é literalmente indizível porque é uma experiência de amor indizível.

3. A reverência deve ser reservada para a revelação, a qual pode ser aplicada correta e perfeitamente. Ela não é apropriada para milagres porque o estado de reverência é pleno de adoração, implicando que alguém de ordem menor se encontra diante do seu Criador. Tu es uma criação perfeita e deves experimentar reverência somente na presença do Criador da perfeição. O milagre é, portanto, um sinal de amor entre iguais. Iguais não devem se reverenciar um ao outro, pois a reverência implica desigualdade. É, portanto, uma reação inadequada a mim. Um irmão mais velho tem direito ao respeito por sua maior experiência e a obediência por sua maior sabedoria. Ele também tem direito ao amor, porque é um irmão e a devoção, se é devotado. E somente a minha devoção que me dá direito a tua. Não há nada em mim que tu não possas atingir. Eu nada tenho que não venha de Deus. A diferença entre nós agora e que eu não tenho nada mais. Isso me deixa em um estado que em ti e apenas potencial.

4. “Ninguém vem ao Pai senão por mim” não significa que eu seja de qualquer modo separado ou diferente de ti exceto no tempo, e o tempo realmente não existe. A declaração é mais significativa em termos de um eixo vertical do que horizontal. Tu estás abaixo de mim e eu estou abaixo de Deus. No processo de “subida”, eu estou mais acima, porque sem mim a distância entre Deus e o homem seria grande demais para abrangeres. Eu faço a ponte sobre essa distância como teu irmão mais velho de um lado e como um Filho de Deus do outro. Minha devoção aos meus irmãos me pôs a cargo da Filiação, que eu torno completa porque compartilho. isso pode parecer contradizer a declaração “Eu e meu Pai somos um”, mas há dois lados nesta declaração em reconhecimento de que o Pai é major.

5. As revelações são indiretamente inspiradas por mim porque estou perto do Espírito Santo e alerta à prontidão-para-revelação dos meus irmãos. Assim eu posso trazer para eles mais do que eles podem atrair para si mesmos. O Espírito Santo medeia a comunicação superior para a inferior, mantendo o canal direto de Deus para ti aberto para a revelação. A revelação não é recíproca. Procede de Deus para ti mas não de ti para Deus.

6. O milagre minimiza a necessidade de tempo. No plano longitudinal ou horizontal, o reconhecimento da igualdade dos membros da Filiação parece envolver um tempo quase sem fim. Contudo, o milagre acarreta uma passagem repentina da percepção horizontal para a vertical. Isto introduz um intervalo do qual ambos, tanto o doador como quem recebe, emergem mais adiante no tempo do que teriam estado de outra forma. O milagre tem então a propriedade única de abolir o tempo, na medida em que torna desnecessário o intervalo de tempo que atravessa. Não há relação entre o tempo que leva um milagre e o tempo que ele cobre. O milagre substitui um aprendizado que poderia ter levado milhares de anos. Faz isso através do reconhecimento subjacente da perfeita igualdade entre quem dá e quem recebe na qual o milagre se baseia. O milagre encurta o tempo, colapsando-o, assim eliminando certos intervalos dentro dele. Faz isso, porém, dentro de uma seqüência temporal mais ampla.


III. Expiação e milagres

1. Eu estou a cargo do processo da Expiação que empreendi começar. Quando ofereces um milagre a qualquer um dos meus irmãos, tu o fazes para ti mesmo e para mim. A razão pela qual vens antes de mim e que eu não necessito de milagres para a minha própria Expiação, mas estou no final no caso de falhares temporariamente. A minha parte na Expiação é cancelar todos os erros que, de outra forma, não poderias corrigir. Quando tiveres sido restaurado ao reconhecimento do teu estado original, tu mesmo naturalmente passas a ser parte da Expiação. Na medida em que compartilhas da minha recusa em aceitar o erro em ti e nos outros, não podes deixar de unir-te à grande cruzada para corrigi-lo; escuta a minha voz, aprende a desfazer o erro e age para corrigi-lo. O poder de trabalhar em milagres te pertence. Eu proverei as oportunidades de fazê-los, mas tens que estar pronto e disposto. Fazê-los vai trazer a convição dessa capacidade, pois a convição vem através da realização. A capacidade é o potencial, a realização é sua expressão e a Expiação, que é a profissão natural das crianças de Deus, e o propósito.

2. “Passará o céu e a terra” significa que não continuarão a existir como estados separados. Minha palavra, que é a ressurreição e a vida, não passará porque a vida é eterna. Tu és o trabalho de Deus e o Seu trabalho e totalmente amável e totalmente amoroso. E assim que um homem tem que pensar a respeito de si mesmo no seu coração, pois é isso o que ele é.

3. Os perdoados são o meio da Expiação. Sendo plenos de espírito, eles perdoam em retribuição. Aqueles que são liberados tem que se unir na liberação dos seus irmãos, pois esse e o plano da Expiação. Milagres são o caminho através do qual as mentes que servem ao Espírito Santo se unem a mim para a salvação ou liberação de todas as criações de Deus.

4. Eu sou o único que pode apresentar milagres de modo indiscriminado porque eu sou a Expiação. Tu tens um papel na Expiação que eu ditar-te-ei. Pergunta a mim quais os milagres que deves apresentar. Isso te poupa esforço desnecessário, porque estarás agindo sob comunicação direta. A natureza impessoal do milagre é um ingrediente essencial, porque me capacita a dirigir a sua aplicação, e sob a minha orientação, os milagres conduzem a experiência altamente pessoal da revelação. Um guia não controla, mas de fato dirige, deixando a ti a decisão de segui-lo. “Não nos deixeis cair em tentação” significa “Reconhece os teus erros e escolhe abandoná-los, seguindo a minha orientação”.

5. O erro não pode ameaçar realmente a verdade, que sempre pode resistir a ele. De fato, só o erro é vulnerável. És livre para estabelecer o teu reino onde achares adequado, mas a escolha certa é inevitável se te lembrares disso:

O espírito está em estado de graça para sempre.

A tua realidade é só o espírito.

Portanto tu estás em estado de graça para sempre.

A Expiação desfaz todos os erros nesse sentido e assim extirpa a fonte do medo. Todas às vezes que vivencias as garantias de Deus como ameaça é porque estás defendendo uma lealdade mal colocada ou mal dirigida. Quando projetas isso para outros, tu os aprisionas, mas só na medida em que reforças erros que já tenham feito. Isso faz com que sejam vulneráveis às distorções de outros, já que a sua própria percepção de si mesmos é distorcida. O trabalhador de milagres só pode abençoá-los, e isso desfaz as suas distorções e os liberta da prisão.

6. Tu respondes ao que percebes, e como percebes assim te comportarás. A Regra de Ouro te pede que faças aos outros o que queres que façam a ti. Isso significa que a percepção de ambos tem que ser acurada. A Regra de Ouro é a regra para o comportamento apropriado. Tu não podes comportar-te apropriadamente a não ser que percebas corretamente. Já que tu e o teu próximo sois membros iguais de uma família, assim como percebes a ambos assim farás a ambos. A partir da percepção da tua própria santidade, deves olhar para a santidade dos outros.

7. Milagres surgem da mente que está pronta para eles. Por estar unida, essa mente vai a todos, mesmo sem que o próprio trabalhador de milagres saiba disso. A natureza impessoal dos milagres deve-se ao fato da Expiação em si mesma ser uma só, unindo todas as criações com o seu Criador. Como uma expressão do que és na verdade, o milagre coloca a mente em um estado de graça. A mente, então, dá boas-vindas com naturalidade ao Anfitrião interior e ao forasteiro do lado de fora. Quando acolhes o forasteiro, ele vem a ser teu irmão.

8. Que o milagre possa ter efeitos sobre os teus irmãos que possas não reconhecer, não concerne a ti. O milagre sempre te abençoará. Os milagres que não te foram pedidos não perderam seu valor. Ainda são expressões do teu próprio estado de graça, mas o aspecto de ação do milagre deve ser controlado por mim, devido a minha completa consciência de todo o plano. A natureza impessoal da mente voltada para o milagre assegura a tua graça, mas só eu estou em posição de saber onde eles podem ser concedidos.

9. Milagres são seletivos só no sentido de que são dirigidos para aqueles que podem usá-los para si mesmos. Já que isso faz com que seja inevitável que eles os estendam a outros, e soldada uma forte cadeia de Expiação. Todavia, essa seletividade não leva em conta a magnitude do milagre em si, porque o conceito de tamanho existe em um plano que é, em si mesmo, irreal. Já que o milagre tem por objetivo restaurar a consciência da realidade, não seria útil se fosse limitado por leis que governam o erro que ele tem por objetivo corrigir.


IV. Como escapar da escuridão

1. Escapar da escuridão envolve dois estádios: primeiro, o reconhecimento de que a escuridão não pode ocultar. Esse passo usualmente acarreta medo. Segundo, o reconhecimento de que não há nada que queiras ocultar ainda que pudesses. Esse passo traz o escapar do medo. Quando tiveres passado a estar disposto a não esconder nada, não só estarás disposto a entrar em comunhão, como também compreenderás a paz e a alegria.

2. A santidade nunca pode estar realmente oculta na escuridão, mas podes enganar a ti mesmo a esse respeito. Esse engano faz com que fiques amedrontado porque reconheces, no teu coração, que é um engano e fazes enormes esforços para estabelecer a sua realidade. O milagre põe a realidade onde ela deve estar. A realidade só pode estar no espírito, e o milagre reconhece só a verdade. Assim, dissipa ilusões sobre ti mesmo e te coloca em comunhão contigo e com Deus. O milagre participa da Expiação colocando a mente a serviço do Espírito Santo. Isso estabelece a função própria da mente e corrige os seus erros, que são apenas faltas de amor. A tua mente pode estar possuída por ilusões, mas o espírito é eternamente livre. Se a mente percebe sem amor, percebe uma concha vazia e não está ciente do espírito interior. Mas a Expiação restitui o espírito ao lugar que lhe é próprio. A mente que serve ao espírito é invulnerável.

3. A escuridão é falta de luz, assim como o pecado é falta de amor. Não tem propriedades exclusivas em si mesma. É um exemplo da crença na “escassez”, da qual só o erro pode proceder. A verdade é sempre abundante. Aqueles que percebem e reconhecem que tem tudo, não tem necessidades de espécie alguma. O propósito da Expiação é restituir tudo a ti, ou melhor restituir tudo a tua consciência. Tudo te foi dado quando foste criado assim como a todos.

4. O vazio engendrado pelo medo tem que ser substituído pelo perdão. É isso o que a Bíblia quer dizer com: “Não existe morte” e é por isso que eu pude demonstrar que a morte não existe. Eu vim para cumprir a lei, reinterpretando-a. A lei em si mesma, se compreendida de modo adequado, só oferece proteção. Foram aqueles que ainda não mudaram as suas mentes que trouxeram para ela o conceito do “fogo do inferno”. Eu te asseguro que darei testemunho de qualquer um que me permitir e em qualquer medida que ele me permitir. O teu testemunho demonstra a tua crença e assim a fortalece. Aqueles que testemunham por mim estão expressando através dos seus milagres que abandonaram a crença na privação em favor da abundância que, como aprenderam, a eles pertence.


V. Integridade e espírito

1. O milagre é muito parecido com o corpo no sentido de que ambos são recursos de aprendizado, facilitando um estado no qual vêm a ser desnecessários. Quando o estado original de comunicação direta do espírito é atingido, nem o corpo nem o milagre servem a qualquer propósito. Todavia, enquanto acreditas que estás em um corpo, podes escolher entre canais de expressão sem amor ou canais milagrosos. Tu podes fazer uma concha vazia, mas não podes deixar de expressar alguma coisa. Podes esperar, adiar, paralisar a ti mesmo ou reduzir a tua criatividade a quase nada, mas não podes aboli-la. Podes destruir o teu veículo de comunicação, mas não o teu potencial. Não criaste a ti mesmo.

2. A decisão básica daquele que tem a mente voltada para o milagre é não esperar no tempo mais do que o necessário. O tempo pode desperdiçar assim como ser desperdiçado. O trabalhador de milagres, portanto, aceita com contentamento o fator de controle do tempo. Ele reconhece que cada colapso de tempo traz a todos para mais perto da liberação final do tempo, na qual o Filho e o Pai são um. Igualdade não implica igualdade agora. Quando todos reconhecem que tem tudo, contribuições individuais a Filiação já não serão mais necessárias.

3. Quando a Expiação tiver sido completada, todos os talentos serão compartilhados por todos os Filhos de Deus. Deus não é parcial. Todas as Suas crianças tem Seu Amor total e todas as Suas dádivas são dadas livremente a todas por igual. “Se não vos tornardes como as criancinhas” significa que a menos que reconheças plenamente a tua completa dependência de Deus, não podes conhecer o poder real do Filho em seu verdadeiro relacionamento com o Pai. O especialismo dos Filhos de Deus não brota da exclusão, mas da inclusão. Todos os meus irmãos são especiais. Se acreditam que são privados de alguma coisa, sua percepção vem a ser distorcida. Quando isso ocorre, toda a família de Deus, ou a Filiação, tem seus relacionamentos prejudicados.

4. Em última instância, cada membro da família de Deus tem que retornar. O milagre chama cada um a voltar porque o abençoa e o honra, mesmo que ele possa estar ausente em espírito. “De Deus não se zomba” não é uma ameaça, mas uma garantia. Ter-se-ia zombado de Deus caso faltasse santidade a qualquer uma de Suas criações. A criação é íntegra e a marca da integridade é a santidade. Milagres são afirmações da Filiação, que é um estado de completeza e abundância.

5. Qualquer coisa que seja verdadeira é eterna, e não pode mudar nem ser mudada. O espírito é, portanto, inalterável porque já é perfeito, mas a mente pode eleger a que escolhe servir. O único limite imposto à sua escolha é que não pode servir a dois senhores. Se escolhe fazer as coisas deste modo, a mente pode vir a ser o veículo pelo qual o espírito cria segundo a linha da sua própria criação. Se não escolhe livremente fazer assim, retém seu potencial criativo mas coloca-se sob um controle tirânico, ao invés do controle da Autoridade. Como resultado ela aprisiona, pois tais são os ditames dos tiranos. Mudar a tua mente significa colocá-la a disposição da verdadeira Autoridade.

6. O milagre é um sinal de que a mente escolheu ser guiada por mim a serviço de Cristo. A abundância de Cristo é o resultado natural da escolha de segui-Lo. Todas as raízes superficiais tem ser arrancadas pois não são suficientemente profundas para sustentar-te. A ilusão de que raízes superficiais podem ser aprofundadas e assim te servir de apoio é uma das distorções em que se baseia o reverso da Regra de Ouro. À medida que se desiste dessas fundações falsas, o equilíbrio é temporariamente experimentado como instável. Contudo, nada é menos estável do que uma orientação invertida, de cabeça para baixo. E nada que a mantenha invertida pode conduzir a uma estabilidade crescente.


VI. A ilusão das necessidades

1. Tu, que queres paz, só podes achá-la no perdão completo. Ninguém aprende a menos que queira e acredite que precisa do aprendizado de alguma forma. Embora não exista nenhuma falta na criação de Deus, ela é bem evidente no que tu fizeste. De fato, essa é a diferença essencial entre um e outro. Falta implica em que estarias melhor se estivesses em um estado de algum modo diferente daquele em que estás. Até a “separação”, que é o significado da “queda”, nada estava faltando. Não existiam quaisquer necessidades. Necessidades só surgem quando tu te privas. Ages de acordo com a ordem particular de necessidades que estabeleces. Isso, por sua vez, depende da tua percepção do que tu és.

2. O senso de separação de Deus é a única falta que realmente precisas corrigir. Esse senso de separação nunca teria surgido se não tivesses distorcido a tua percepção da verdade e assim percebido a ti mesmo corno se algo estivesse te faltando. A idéia de ordem de necessidades surgiu porque, tendo feito esse erro fundamental, já tinhas te fragmentado em níveis com diferentes necessidades. 4A medida em que te integras vens a ser uno e as tuas necessidades conseqüentemente vêm a ser uma só. Necessidades unificadas conduzem à ação unificada porque isso produz uma ausência de conflitos.

3. A idéia de ordem de necessidades, que decorre do erro original segundo o qual alguém pode ser separado de Deus, requer correção no seu próprio nível, antes que o erro de perceber níveis possa ser de alguma forma corrigido. Tu não podes comportar-te de maneira eficaz enquanto funcionares em níveis diferentes. Todavia, enquanto o fazes, a correção tem que ser introduzida verticalmente, de baixo para cima. Isso é assim porque pensas que vives no espaço, onde conceitos tais como “para cima” e “para baixo” são significativos. Em última instância, o espaço é tão sem significado quanto o tempo. Ambos são meramente crenças.

4. O propósito real desse mundo e ser usado para corrigir a tua descrença. Tu nunca podes controlar os efeitos do medo por ti mesmo, porque fizeste o medo e acreditas no que fizeste. 3Em atitude, então, embora não no conteúdo, te assemelhas ao teu Criador Que tem fé perfeita em Suas criações porque Ele as criou. A crença produz a aceitação da existência. E por isso que tu podes acreditar em algo que ninguém mais pensa que e verdadeiro. E verdadeiro para ti porque foi feito por ti.

5. Todos os aspectos do medo são inverídicos, porque não existem no nível criativo e, portanto, absolutamente não existem. Qualquer que seja a extensão da tua disponibilidade para submeter as tuas crenças a esse teste, nessa mesma extensão as tuas percepções são corrigidas. Para separar o falso do verdadeiro, o milagre procede nestas linhas:

O amor perfeito exclui o medo.

Se o medo existe, então não há amor perfeito.

Mas:

Só o amor perfeito existe.

Se há medo, ele produz um estado que não existe.

Acredita nisso e tu serás livre. Só Deus pode estabelecer essa solução e essa fé é o Seu dom.


VII. Distorções dos impulsos para o milagre

1. As tuas percepções distorcidas produzem uma cobertura densa sobre os impulsos para os milagres, fazendo com que seja difícil para eles alcançarem a tua própria consciência. A confusão entre impulsos milagrosos e impulsos físicos e uma das maiores distorções da percepção. Os impulsos físicos são impulsos milagrosos dirigidos equivocadamente. Todo o prazer real vem de se fazer a Vontade de Deus. Isso é assim porque não fazê-la é uma negação do Ser. A negação do Ser resulta em ilusões, enquanto a correção do erro traz a liberação disso. Não enganes a ti mesmo acreditando que podes te relacionar em paz com Deus ou com teus irmãos através de qualquer coisa externa.

2. Criança de Deus, tu foste criada para criar o que é bom, o que é belo e o que é santo. Não esqueças disso. Por pouco tempo, o Amor de Deus ainda tem que ser expresso através de um corpo para outro porque a visão ainda é tão tênue. A melhor forma de usar o teu corpo é utilizá-lo para te ajudar a ampliar a tua percepção de modo que possas conseguir a visão real, da qual o olho físico é incapaz. Aprender a fazer isso é a única utilidade verdadeira do corpo.

3. A fantasia é uma forma distorcida de visão. Quaisquer tipos de fantasias são distorções, porque sempre envolvem a torção da percepção em irrealidade. Ações que brotam de distorções são literalmente as reações daqueles que não sabem o que fazem. A fantasia é uma tentativa de controlar a realidade de acordo com necessidades falsas. Torce a realidade em qualquer sentido e estás percebendo de maneira destrutiva. Fantasias são um meio de fazer associações falsas e tentar obter prazer através delas. Mas embora possas perceber associações falsas, jamais podes fazer com que sejam reais exceto para ti mesmo. Tu acreditas no que fazes. Se ofereceres milagres serás igualmente forte na tua crença neles. A força da tua convição sustentará, então, a crença de quem recebe o milagre. Fantasias vêm a ser totalmente desnecessárias a medida em que natureza inteiramente satisfatória da realidade vêm a ser aparente tanto para quem dá como para quem recebe. A realidade é “perdida” através da usurpação, que produz tirania. Enquanto restar um único “escravo” andando na terra, a tua liberação não e completa. A restauração completa da Filiação é a única meta daquele que tem a mente voltada para o milagre.

4. Esse é um curso de treinamento da mente. Todo aprendizado envolve atenção e estudo em algum nível. Algumas partes posteriores do curso se baseiam tanto nestas seções iniciais, que elas requerem um estudo feito com cuidado. Tu também necessitarás delas para a preparação. Sem isso podes ficar temeroso demais com o que virá para usar o curso construtivamente. Contudo, a medida em que fores estudando estas partes iniciais, começarás a ver algumas das implicações que serão ampliadas posteriormente.

5. É necessário um fundamento sólido devido à confusão entre medo e reverência, a qual já me referi e que é feita freqüentemente. Eu disse que a reverência não é apropriada em relação aos Filhos de Deus porque não deves experimentar reverência na presença dos teus iguais. Todavia foi também enfatizado que a reverência é apropriada na presença do teu Criador. Eu tenho sido cuidadoso em esclarecer meu papel na Expiação sem exagerá-lo ou atenuá-lo. Estou também tentando fazer o mesmo com o teu. Tenho salientado que a reverência não e uma reação apropriada a mim devido a nossa igualdade inerente. Alguns dos passos que vêm mais tarde nesse curso, no entanto, envolvem uma aproximação mais direta com o próprio Deus. Não seria prudente iniciar estes passos sem uma preparação cuidadosa, ou a reverência será confundida com medo e a experiência será mais traumática do que beatífica. No fim, a cura é de Deus. Os meios te estão sendo cuidadosamente explicados. A revelação pode ocasionalmente te revelar o fim, mas para alcançá-lo, os meios são necessários.