julho 15, 2010

Capítulo 07 - AS DÁDIVAS DO REINO

Capítulo 7- AS DÁDIVAS DO REINO

1. O último passo

1. O poder criativo de Deus e de Suas criações é ilimitado, mas não estão em uma relação recíproca. Tu te comunicas inteiramente com Deus, como Ele faz contigo. Esse é um processo em andamento no qual compartilhas e porque compartilhas, és inspirado para criar como Deus. Entretanto, na criação não estás em uma relação recíproca com Deus, uma vez que Ele te criou, mas tu não O criaste. Eu já te disse que somente nesse aspecto o teu poder criativo difere do Seu. Mesmo nesse mundo há um paralelo. Os pais dão à luz as crianças, mas as crianças não dão à luz aos pais. Contudo eles dão à luz as suas crianças e assim dão à luz como os seus pais.

2. Se criasses a Deus e Ele te criasse, o Reino não poderia aumentar através do seu próprio pensamento criativo. A criação seria, portanto, limitada e vós não seríeis co-criadores com Deus. Assim como o Pensamento criativo de Deus procede Dele para ti, assim também o teu pensamento criativo tem que proceder de ti para as tuas criações. Somente deste modo é que todo poder criativo pode se estender para fora. As realizações de Deus não são tuas, mas as tuas são como as Suas. Ele criou a Filiação e tu a aumentas. Tens o poder de adicionar ao Reino, embora não tenhas o poder de adicionar ao Criador do Reino. Tu reivindicas esse poder quando vens a ser vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino. Ao aceitar esse poder como teu, aprendes a lembrar o que tu és.

3. O lugar das tuas criações é em ti, assim como o teu lugar é em Deus. Tu és parte de Deus, como os teus filhos são parte dos Seus Filhos. Criar é amar. O amor se estende para fora simplesmente porque não pode ser contido. Sendo sem limites, não pára. Ele cria para sempre, mas não no tempo. As criações de Deus sempre existiram, porque Ele sempre existiu. As tuas criações sempre existiram, porque só podes criar como Deus cria. A eternidade é tua, porque Ele te criou eterno.

4. O ego, por outro lado, sempre exige direitos recíprocos porque é competitivo ao invés de ser amoroso. Está sempre disposto a barganhar, mas não pode compreender que ser como o outro significa que nenhuma barganha é possível. Para ganhar, tens que dar, não barganhar. Barganhar é limitar a dádiva e não é essa a Vontade de Deus. Unir a tua vontade à de Deus é criar como Ele. Deus não limita as Suas dádivas de modo algum. Vós sois as Suas dádivas de modo que as vossas dádivas têm que ser como as Suas. As vossas dádivas ao Reino têm que ser como as Suas dádivas a vós.

5. Eu dei só amor ao Reino porque acreditava que era isso o que eu era. O que acreditas que és determina as tuas dádivas e se Deus te criou estendendo-Se a ti, só podes estender-te como Ele fez. Só a alegria aumenta para sempre, já que a alegria e a eternidade são inseparáveis. Deus Se estende além dos limites e além do tempo e tu que és co-criador com Ele estendes o Seu Reino para sempre e além de todos os limites. A eternidade é o selo indelével da criação. O eterno está em paz e alegria para sempre.

6. Pensar como Deus é compartilhar a Sua certeza do que tu és e criar como Ele é compartilhar o Amor perfeito que Ele compartilha contigo. O Espírito Santo te conduz a isso, para que a tua alegria possa ser completa pois o Reino de Deus é íntegro. Eu tenho dito que o último passo no despertar do conhecimento é dado por Deus. Isso é verdadeiro, mas é difícil explicar em palavras, porque as palavras são símbolos e nada do que é verdadeiro precisa ser explicado. No entanto, o Espírito Santo tem a tarefa de traduzir o inútil em útil, o sem significado em significativo e o temporário em intemporal. Ele pode, portanto, dizer-te alguma coisa a respeito deste último passo.

7. Deus não dá passos, porque as Suas realizações não são graduais. Ele não ensina, porque as Suas criações são imutáveis. Ele não faz nada por último, porque criou em primeiro lugar e para sempre. E necessário compreender que a palavra “primeiro” quando aplicada a Ele, não é um conceito de tempo. Ele é primeiro no sentido de que é o Primeiro na própria Santíssima Trindade. Ele é o Criador Primeiro, porque criou Seus co-criadores. Como Ele o fez, o tempo não se aplica nem a Ele nem ao que Ele criou. O “último passo” que Deus dará era, portanto, verdadeiro no início, é verdadeiro agora e será verdadeiro para sempre. O que é intemporal está sempre presente, porque tudo o que é é eternamente imutável. Não muda por aumentar, porque foi para sempre criado para aumentar. Se tu o percebes como se não estivesse aumentando, não conheces o que é isso. Também não conheces Quem o criou. Deus não te revela isso porque isso nunca foi escondido. A Sua luz nunca foi obscurecida, porque é Sua Vontade compartilhá-la. Como é possível que o que é inteiramente compartilhado possa ser negado e então revelado?


II. A lei do Reino

1. Curar é o único tipo de pensamento nesse mundo que se assemelha ao Pensamento de Deus e, devido aos elementos que ambos compartilham, pode facilmente transferir-se para ele. Quando um irmão percebe a si mesmo como doente, está se percebendo como se não fosse íntegro e, portanto, necessitado. Se também o vês desse modo, estás vendo-o como se ele estivesse ausente ou separado do Reino, fazendo com que o Reino em si se torne obscuro para ambos. A doença e a separação não são de Deus, mas o Reino é. Se obscureces o Reino, estás percebendo o que não é de Deus.

2. Curar, então, é corrigir a percepção em teu irmão e em ti mesmo compartilhando o Espírito Santo com ele. Isso coloca ambos dentro do Reino e restaura a integridade do Reino na tua mente. Isso reflete a criação, porque unifica por aumentar e integra por estender. O que projetas ou estendes é real para ti. Essa é uma lei imutável da mente nesse mundo, assim como no Reino. Contudo, o conteúdo é diferente nesse mundo, porque os pensamentos que ela governa são muito diferentes dos Pensamentos do Reino. As leis têm que ser adaptadas às circunstâncias quando se quer que elas mantenham a ordem. A principal característica das leis da mente, assim como operam nesse mundo, é que obedecendo-as, e eu te asseguro que tens que obedecê-las, podes chegar a resultados diametralmente opostos. Isso é assim porque as leis foram adaptadas às circunstâncias desse mundo, no qual resultados diametralmente opostos parecem possíveis porque tu podes responder a duas vozes conflitantes.

3. Fora do Reino, a lei que prevalece dentro dele é adaptada para: “O que projetas, tu acreditas.” Essa é a forma na qual ela pode ser ensinada, porque fora do Reino, o aprendizado é essencial. Essa forma implica que vais aprender o que tu és a partir do que tens projetado sobre os outros e, portanto, acreditas que eles sejam. No Reino não há ensino ou aprendizado, porque não há crença.

Só há certeza. Deus e Seus Filhos, na segurança do que é, têm o conhecimento de que o que tu estendes, tu és. Essa forma da lei não é adaptada de modo algum, sendo a lei da criação. O próprio Deus criou a lei criando através dela. E Seus Filhos, que criam como Ele, a seguem com contentamento tendo o conhecimento de que o aumento do Reino depende dela assim como dependeu a própria criação deles.

4. As leis têm que ser comunicadas se é que serão úteis. Com efeito, elas têm que ser traduzidas para aqueles que falam línguas diferentes. No entanto, um bom tradutor, embora tenha que alterar a forma do que traduz, nunca muda o significado. De fato, todo o seu propósito é mudar a forma de tal modo que se mantenha o significado original. O Espírito Santo é o tradutor das leis de Deus para aqueles que não as compreendem. Não poderias fazê-lo por conta própria, porque uma mente conflitada não pode ser fiel a um único significado e irá, portanto, mudar o significado para preservar a forma.

5. O propósito do Espírito Santo ao traduzir é exatamente o oposto. Ele traduz só para preservar o sentido original em todos os aspectos e em todas as línguas. Portanto, Ele se opõe à idéia de que as diferenças na forma são significativas, sempre enfatizando que essas diferenças não importam. O significado da Sua mensagem é sempre o mesmo; só o significado importa. A lei da criação de Deus não envolve o uso da verdade para convencer Seus Filhos da verdade. A extensão da verdade, que é a lei do Reino, se baseia apenas no conhecimento do que é a verdade. Essa é a tua herança e não requer nenhum aprendizado, mas quando deserdaste a ti mesmo, vieste a ser um aprendiz da necessidade.

6. Ninguém questiona a conexão entre o aprendizado e a memória. O aprendizado é impossível sem memória, já que tem que ser consistente para ser lembrado. E por isso que o ensinamento do Espírito Santo é uma lição em lembrar. Eu disse anteriormente que Ele ensina a lembrança e o esquecimento, mas o esquecimento serve apenas para tornar a lembrança consistente. Tu esqueces de modo a lembrar melhor. Não vais compreender as Suas traduções, enquanto escutas duas maneiras de interpretá-las. Portanto, tens que esquecer ou abandonar uma para compreender a outra. Esse é o único caminho no qual podes aprender a consistência de modo que possas afinal ser consistente.

7. O que pode significar a perfeita consistência do Reino para aqueles que estão confusos? É evidente que a confusão interfere com o significado e, portanto, impede o aprendiz de apreciá-lo. Não há nenhuma confusão no Reino porque há apenas um significado. Esse significado vem de Deus e é Deus. Porque também é o que tu és, tu o compartilhas e estendes como fez o teu Criador. Ele não precisa de tradução porque é perfeitamente compreendido, mas necessita de extensão porque significa extensão. A comunicação é perfeitamente direta e perfeitamente unida. É totalmente livre, porque nada discordante jamais entra. É por isso que é o Reino de Deus. Pertence a Ele e é, portanto, como Ele. Essa é a sua realidade e nada pode agredi-la.


III. A realidade do Reino

1. O Espírito Santo ensina uma lição e a aplica a todos os indivíduos em todas as situações. Sendo livre de conflitos, Ele maximiza todos os esforços e todos os resultados. Ao ensinar o poder do Reino do próprio Deus, ensina-te que todo poder é teu. A sua aplicação não importa. Ele é sempre máximo. A tua vigilância não o estabelece como teu, mas te capacita a usá-lo sempre e de todas as maneiras. Quando eu disse “Estou contigo sempre” literalmente quis dizer isso. Não me ausento de ninguém em nenhuma situação. Como eu estou sempre contigo, tu és o caminho, a verdade e a vida. Não fizeste esse poder, assim como eu também não o fiz. Ele foi criado para ser compartilhado e, por conseguinte, não pode ser percebido de forma significativa se atribuído a qualquer pessoa em detrimento de outra. Tal percepção faz com que ele seja sem significado por eliminar ou deixar de ver o seu único e real significado.

2. O significado de Deus espera no Reino, porque é onde Ele o colocou. Não espera no tempo. Meramente descansa no Reino, porque lá é o seu lugar assim como o teu. Como é possível que tu, que és o significado de Deus, percebas a ti mesmo como se estivesses ausente dele? Só podes ver a ti mesmo como se estivesses separado do teu significado, vivenciando-te como irreal. É por isso que o ego é insano: ensina que tu não és o que és. Isso é tão contraditório que é claramente impossível. Essa é, portanto, uma lição que não podes realmente aprender e, portanto, não podes realmente ensinar. Porém, estás sempre ensinando. Por conseguinte, tens que estar ensinando alguma outra coisa, mesmo que o ego não saiba o que é. O ego, então, está sempre sendo desfeito e suspeita dos teus motivos. A tua mente não pode ser unificada em aliança com o ego, porque a mente não pertence a ele. Assim sendo, o que é “traiçoeiro” para o ego é fiel à paz. O “inimigo” do ego é, portanto, teu amigo.

3. Eu já disse que o amigo do ego não é parte de ti, porque o ego se percebe em guerra e, portanto, necessita de aliados. Tu, que não estás em guerra, tens que procurar irmãos e reconhecer como irmãos todos aqueles que vês, porque só os iguais estão em paz. Como os Filhos iguais de Deus têm tudo, não podem competir.

No entanto, se percebem qualquer um de seus irmãos como qualquer outra coisa que não seja seus iguais perfeitos, a idéia de competição entra em suas mentes. Não subestimes a tua necessidade de ser vigilante contra essa idéia, porque todos os teus conflitos vêm dela. Essa é a crença em que interesses conflitantes são possíveis e, portanto, tu aceitaste o impossível como verdadeiro. Isso é diferente de dizer que percebes a ti mesmo como irreal?

4. Estar no Reino é meramente enfocar toda a tua atenção nele.

Enquanto acreditares que podes tratar do que não é verdadeiro, estás aceitando o conflito como tua escolha. É realmente uma escolha? Parece ser, mas a aparência e a realidade dificilmente são a mesma coisa. Tu que és o Reino não estás preocupado com aparências. A realidade é tua porque és realidade. E assim que ter e ser em última instância se reconciliam, não no Reino, mas na tua mente. Lá, o altar é a única realidade. O altar está perfeitamente claro no pensamento, porque é um reflexo do Pensamento perfeito. A tua mente certa vê só irmãos, porque só vê na sua própria luz.

5. O próprio Deus iluminou a tua mente e a mantém iluminada pela Sua Luz porque a Sua Luz é o que é a tua mente. Isso está totalmente além do questionamento e quando o questionas, és respondido. A Resposta simplesmente desfaz a questão estabelecendo o fato de que questionar a realidade é um questionamento sem significado. E por isso que o Espírito Santo nunca questiona. Sua única função é desfazer o questionável e, assim, conduzir à certeza. O que estão certos são perfeitamente calmos porque não estão em dúvida. Não levantam questões porque nada de questionável entra em suas mentes. Isso os mantém em perfeita serenidade, porque isso é o que compartilham, conhecendo o que são.


IV. A cura como reconhecimento da verdade

1. A verdade só pode ser reconhecida e só precisa ser reconhecida. A inspiração é do Espírito Santo e a certeza é de Deus de acordo com as Suas leis. Ambas, portanto, vêm da mesma Fonte, já que a inspiração vem da Voz por Deus e a certeza vem das leis de Deus. A cura não vem diretamente de Deus, Que conhece Suas criações como perfeitamente íntegras. Entretanto, a cura ainda assim é de Deus porque procede da Sua Voz e das Suas leis. E o seu resultado em um estado mental que não O conhece. Esse estado é desconhecido para Ele e portanto não existe, mas aqueles que dormem não estão cientes. Porque não estão cientes, não conhecem.

2. O Espírito Santo tem que trabalhar através de ti para te ensinar que Ele está em ti. Esse é um passo intermediário rumo ao conhecimento de que estás em Deus, porque és parte Dele. Os milagres que o Espírito Santo inspira não podem ter ordem de dificuldades porque todas as partes da criação são da mesma ordem. Essa é a Vontade de Deus e a tua. As leis de Deus estabelecem isso e o Espírito Santo lembra isso a ti. Quando curas, estás lembrando as leis de Deus e esquecendo as leis do ego. Eu disse anteriormente que esquecer é meramente um modo de lembrar melhor. Não é, portanto, o oposto de lembrar quando percebido apropriadamente. Impropriamente percebido, induz a uma percepção de conflito com alguma outra coisa como faz toda percepção incorreta. Percebido apropriadamente, pode ser usado como uma saída do conflito, como é o caso de toda percepção apropriada.

3. O ego não quer ensinar a todo mundo tudo o que tem aprendido, porque isso derrotaria o seu propósito. Por conseguinte, ele absolutamente não aprende nada. O Espírito Santo te ensina a usar o que o ego tem feito para ensinar o oposto do que o ego tem “aprendido.” O tipo de aprendizado é tão irrelevante quanto é irrelevante a capacidade particular que foi aplicada ao aprendizado. Tudo o que precisas fazer é o esforço para aprender, pois o Espírito Santo tem uma meta unificada para o esforço. Se diferentes capacidades são aplicadas durante um tempo suficientemente longo a uma meta, as próprias capacidades vêm a ser unificadas. Isso acontece porque elas são canalizadas em uma única direção, ou seja, em um único caminho. Em última instância, todas elas contribuem para um resultado único e, ao fazê-lo, o que é enfatizado é a sua similaridade ao invés de suas diferenças.

4. Portanto, todas as capacidades devem ser entregues ao Espírito Santo, Que compreende como usá-las de forma apropriada. Ele as usa só para a cura, porque só te conhece íntegro. Curando, aprendes sobre a integridade e aprendendo sobre a integridade, aprendes a lembrar de Deus. Tu O tens esquecido, mas o Espírito Santo compreende que o teu esquecimento tem que ser traduzido em um modo de lembrar.

5. A meta do ego é tão unificada quanto a do Espírito Santo e é por causa disso que as suas metas nunca podem ser reconciliadas de modo algum e em nenhuma extensão. O ego sempre busca dividir e separar. O Espírito Santo sempre busca unificar e curar. Conforme curas, és curado, porque o Espírito Santo não vê ordem de dificuldades na cura. Curar é a maneira de desfazer a crença em diferenças, sendo a única forma de perceber a Filiação como um só. Essa percepção está, portanto, de acordo com as leis de Deus mesmo em um estado mental que não esteja de acordo com o Seu. A força da percepção certa é tão grande que traz a mente para o que está de acordo com a Sua Mente, porque ela serve à Sua Voz Que está em todos vós.

6. Pensar que podes te opor à Vontade de Deus é realmente uma delusão. O ego acredita que pode e que pode te oferecer a sua própria “vontade” como uma dádiva. Tu não a queres. Ela não é uma dádiva. Não é absolutamente nada. Deus te deu uma dádiva que ao mesmo tempo tens e és. Quando não a usas, tu te esqueces que a tens. Por não lembrares dela, não conheces o que és. A cura, então, é uma maneira de aproximar-te do conhecimento por pensar de acordo com as leis de Deus e reconhecer a sua universalidade. Sem esse reconhecimento, tens feito com que as leis sejam sem significado para ti. Entretanto, elas não são sem significado, já que todo o significado está contido por elas e está nelas.

7. Busca em primeiro lugar o Reino dos Céus porque é lá que as leis de Deus operam verdadeiramente e elas só podem operar verdadeiramente porque são as leis da verdade. Mas busques apenas isso, porque não podes achar nada mais. Não há nada mais. Deus é Tudo em todos em um sentido muito literal. Tudo o que é está Nele, Que é tudo o que É. Portanto, tu estás Nele, já que o que és é Dele. A cura é um modo de esquecer o senso de perigo que o ego tem induzido em ti, por não reconheceres sua existência no teu irmão. Isso fortalece o Espírito Santo em ambos, porque é uma recusa a admitir o medo. O amor só precisa deste convite. Ele vem livremente a toda a Filiação, sendo o que é a Filiação. Através do teu despertar para ele, estás meramente esquecendo daquilo que não és. Isso te permite lembrar o que és.


V. A cura e a imutabilidade da mente

1. O corpo nada mais é senão uma estrutura para o desenvolvimento de capacidades, que está bastante à parte da utilidade que elas têm. Isso é uma decisão. Os efeitos da decisão do ego em relação a essa questão são tão evidentes que não necessitam de elaboração, mas a decisão do Espírito Santo de usar o corpo só para comunicação tem uma conexão tão direta com a cura que precisa de esclarecimento. ~O curador não curado obviamente não compreende a sua própria vocação.

2. Só as mentes se comunicam. Uma vez que o ego não pode obliterar o impulso de se comunicar, porque também é o impulso de criar, ele só pode ensinar-te que o corpo pode fazer as duas coisas, comunicar-se e criar e, portanto, não necessita da mente. O ego tenta assim ensinar-te que o corpo pode agir como a mente e é portanto auto-suficiente. Entretanto, nós temos aprendido que o comportamento não é o nível em que o aprendizado ou o ensino tem lugar, uma vez que podes agir de acordo com o que não acreditas. Fazer isso, no entanto, vai enfraquecer-te como professor e como aprendiz porque, como tem sido enfatizado repetidamente, tu ensinas o que de fato acreditas. Uma lição inconsistente será mal ensinada e mal aprendida. Se ensinas ambas, doença e cura, és tanto um mau professor como um mau aprendiz.

3. A cura é a única capacidade que todos podem e têm que desenvolver caso queiram ser curados. A cura é a forma de comunicação do Espírito Santo nesse mundo e a única que Ele aceita. Ele não reconhece nenhuma outra porque não aceita a confusão do ego entre mente e corpo. As mentes podem comunicar-se, mas não podem ferir. O corpo a serviço do ego pode ferir outros corpos, mas isso não pode ocorrer a menos que o corpo já tenha sido confundido com a mente. Essa situação também pode ser usada para a cura ou para a mágica, mas tens que lembrar que a mágica sempre envolve a crença em que a cura causa danos. Essa crença é a sua premissa totalmente insana e a mágica procede de acordo com ela.

4. A cura só fortalece. A mágica sempre tenta enfraquecer. A cura nada percebe no curador que todas as outras pessoas não compartilhem com ele. A mágica sempre vê algo de “especial” no curador, alguma coisa que ele acredita que pode oferecer como dádiva a uma outra pessoa que não a tem. Ele pode acreditar que a dádiva vem de Deus para ele, mas é bastante evidente que não compreende a Deus se pensa que tem alguma coisa que falte aos outros.

5. O Espírito Santo não trabalha por acaso e a cura que é Dele sempre funciona. A não ser que o curador sempre cure através Dele, os resultados vão variar. No entanto, a cura em si mesma é consistente, já que só a consistência está livre de conflito e só o que está livre de conflito é íntegro. Aceitando exceções e admitindo que às vezes pode curar e às vezes não, o curador obviamente está aceitando a inconsistência. Ele está, portanto, em conflito e está ensinando o conflito. É possível que alguma coisa de Deus não seja para todos e para sempre? O amor é incapaz de quaisquer exceções. Só se existe medo a idéia de exceções pode parecer significativa. As exceções são amedrontadoras porque são feitas pelo medo. O “curador amedrontado” é uma contradição nos próprios termos e, por conseguinte, é um conceito que só a mente conflitada poderia perceber como significativo.

6. O medo não alegra. A cura sim. O medo sempre faz exceções. cura nunca faz. O medo produz dissociação, porque induz à separação. A cura sempre produz harmonia, porque procede da integração. E previsível porque se pode contar com ela. Pode-se contar com tudo o que é de Deus, porque tudo o que é de Deus é totalmente real. Pode-se contar com a cura porque ela é inspirada pela Sua Voz e está de acordo com as Suas leis. Apesar disso, se a cura é consistente, ela não pode ser compreendida de maneira inconsistente. A compreensão significa consistência porque Deus significa consistência. Já que é esse o Seu significado também é o teu. O teu significado não pode estar em desacordo com o Seu, porque todo o teu significado e o teu único significado vem do Seu e é como o Seu. Deus não pode estar em desacordo Consigo Mesmo e tu não podes estar em desacordo com Ele. Não podes separar o teu Ser do teu Criador, Que te criou compartilhando contigo o que Ele é.

7. O curador não curado quer gratidão de seus irmãos, mas não é grato a eles. Isso acontece porque ele pensa que está lhes dando alguma coisa e não está recebendo algo igualmente desejável em troca. Seu ensino é limitado porque está aprendendo tão pouco. A sua lição de cura é limitada pela sua própria ingratidão que é uma lição de doença. O verdadeiro aprendizado é constante e tão vital em seu poder de mudar que um Filho de Deus pode reconhecer seu poder em um instante e mudar o mundo no instante seguinte. Isso é assim porque, ao mudar a sua mente, ele mudou o mais poderoso mecanismo que jamais lhe foi dado para mudar. Isso não contradiz de modo algum a imutabilidade da mente tal como Deus a criou, mas tu pensas que a tens mudado na medida em que aprendes através do ego. Isso te coloca na posição de precisar aprender uma lição que aparenta ser contraditória;—tens que aprender a mudar a tua mente a respeito da tua mente. Só através disso podes aprender que ela é imutável.

8. Quando curas, isso é exatamente o que estás aprendendo. Estás reconhecendo a mente imutável em teu irmão, reconhecendo que ele não poderia ter mudado a sua mente. É assim que percebes o Espírito Santo nele. E só o Espírito Santo nele que nunca muda a Sua Mente. Ele próprio pode pensar que pode, ou não se perceberia doente. Ele, portanto, não conhece o que é o seu Ser. Se tu só vês o imutável nele, realmente não o mudaste. Ao mudar a tua mente a respeito da sua para ele, tu o ajudas a desfazer a mudança que o seu ego pensa ter feito nele.

9. Assim como podes ouvir duas vozes, podes ver de dois modos. Um dos modos te mostra uma imagem, ou um ídolo que podes adorar em função do medo, mas nunca vais amar. A outra só te mostra a verdade, que vais amar, porque vais compreende-la. A compreensão é apreciação, porque podes te identificar com o que compreendes e por fazê-lo parte de ti mesmo, tu o aceitaste com amor. E assim que o próprio Deus te criou, em compreensão, em apreciação e em amor. O ego é totalmente incapaz de compreender isso porque não compreende o que faz, não o aprecia e não o ama. Ele incorpora para tirar. Literalmente acredita que cada vez que priva alguém de alguma coisa, ele aumenta. 9Eu tenho falado muitas vezes do aumento do Reino pelas tuas criações, que só podem ser criadas como tu foste. A glória total e a alegria perfeita que é o Reino estão em ti para serem dadas.Tu não queres dá-lo?

10. Não podes esquecer o Pai porque eu estou contigo e eu não posso esquecê-Lo. Esquecer-me é esquecer a ti mesmo e a Ele Que te criou. Nossos irmãos são esquecidos. E por isso que precisam da tua memória de mim e Daquele Que criou a mim. Através dessa lembrança, podes mudar as suas mentes a respeito de si mesmos, assim como eu posso mudar a tua. A tua mente é uma luz tão poderosa que podes olhar dentro das suas e iluminá-las, assim como eu posso iluminar a tua. Eu não quero compartilhar o meu corpo em comunhão porque isso é não compartilhar coisa alguma. Tentaria eu compartilhar uma ilusão com os filhos santíssimos de um Pai santíssimo? No entanto, eu de fato quero compartilhar minha mente contigo porque somos uma só Mente e essa Mente é nossa. Vê só essa Mente em toda parte, porque só essa está em toda a parte e em todas as coisas. “Ela é todas as coisas porque abrange todas as coisas em si mesma. Bem-aventurado és tu que percebes só isso, porque percebes só o que é verdadeiro.

11. Vem, então, a mim, e aprende sobre a verdade que está em ti. A mente que compartilhamos é compartilhada por todos os nossos irmãos e, na medida em que os vemos verdadeiramente, serão curados. Deixa que a tua mente brilhe sobre as suas mentes junto com a minha e através da nossa gratidão para com eles, faze-os cientes da luz que há neles. Essa luz brilhará de volta sobre ti e sobre toda a Filiação, porque essa é a dádiva apropriada que tu ofereces a Deus. Ele a aceitará e a dará à Filiação porque é aceitável para Ele e, portanto, para os Seus Filhos. Isso é comunhão verdadeira com o Espírito Santo, Que vê o altar de Deus em todas as pessoas e ao trazê-lo à tua apreciação, Ele te chama para que ames a Deus e à Sua criação. Só podes apreciar a Filiação como um só. Isso é parte da lei da criação e, portanto, governa todo pensamento.


VI. Da vigilância à paz

1. Embora só possas amar a Filiação como um só, podes percebê-la fragmentada. É impossível, porém, ver alguma coisa em uma parte dela que não atribuas ao todo. E por isso que o ataque nunca é restrito e é por isso que se tem que abandoná-lo inteiramente. Se não o abandonas inteiramente, não o abandonas em absoluto. Medo e amor fazem ou criam, dependendo de quem os procria ou inspira, o ego ou o Espírito Santo, mas irão voltar à mente daquele que pensa e afetarão sua percepção total. Isso inclui o seu conceito de Deus, das criações divinas e das suas próprias. Não apreciará nenhum deles se os considerar com medo. Apreciará a todos se os considerar com amor.

2. A mente que aceita o ataque não pode amar. 2lsso é assim porque ela acredita que pode destruir o amor e, portanto, não compreende o que é o amor. Se não compreende o que é o amor, não pode se perceber amorosa. Isso faz perder a consciência do que é, induz a sentimentos de irrealidade e resulta em profunda confusão. O teu pensamento tem feito isso por causa do poder que ele tem, mas o teu pensamento também é capaz de salvar-te disso, porque esse poder não é feito por ti. A tua capacidade de dirigir o teu pensamento da forma que escolheres é parte do poder que ele tem. Se não acreditas que podes fazer isso, negaste o poder do teu pensamento e assim o tornaste impotente em tua crença.

3. A engenhosidade do ego para se preservar é enorme, mas brota do próprio poder da mente que o ego nega. Isso significa que o ego ataca aquilo que o está preservando, o que necessariamente resulta em extrema ansiedade. E por essa razão que o ego nunca reconhece o que está fazendo. E perfeitamente lógico, mas claramente insano. O ego suga da única fonte que é totalmente inimiga da sua existência para a sua existência. Com medo de perceber o poder dessa fonte, é forçado a depreciá-lo. Isso ameaça a sua própria existência, um estado que acha intolerável. Permanecendo lógico, mas ainda insano, o ego resolve esse dilema completamente insano de uma maneira completamente insana. Ele não percebe a própria existência como ameaçada, projetando a ameaça sobre ti e percebendo o que tu és como não existente. 10Isso assegura a continuação do ego, se ficares do seu lado, garantindo que não conhecerás a tua própria Segurança.

4. O ego não pode se dar ao luxo de conhecer coisa alguma. O conhecimento é total e o ego não acredita em totalidade. Essa descrença é a sua origem e apesar do ego não te amar, ele é fiel aos próprios antecedentes, gerando como foi gerado. A mente sempre reproduz do modo como foi produzida. Produzido pelo medo, o ego reproduz o medo. Essa é a aliança do ego e essa aliança faz com que ele seja traiçoeiro para com o amor, porque tu és amor. O amor é o teu poder, que o ego tem que negar. Ele também tem que negar tudo que esse poder te dá porque ele te dá tudo. Ninguém que tenha tudo quer o ego. Seu próprio autor, então, não o quer. A rejeição é, portanto, a única decisão que o ego poderia encontrar se a mente que o fez conhecesse a si mesma. E se ela reconhecesse qualquer parte da Filiação, conheceria a si mesma.

5. O ego, portanto, se opõe a toda apreciação, a todo reconhecimento, a toda percepção sã e a todo conhecimento. Percebe a ameaça destas coisas como total, porque sente que todos os compromissos que a mente faz são totais. 3Forçado, então, a se desprender de ti, está disposto a se ligar a qualquer outra coisa. Mas não há nenhuma outra coisa. A mente pode, no entanto, inventar ilusões e se o fizer, vai acreditar nelas, porque é assim que as fez.

6. O Espírito Santo desfaz ilusões sem atacá-las porque não pode absolutamente percebê-las. Portanto, elas não existem para Ele. Ele resolve o conflito aparente que elas engendram, percebendo o conflito como sem significado. Eu já disse que o Espírito Santo percebe o conflito exatamente como é, e ele é sem significado. O Espírito Santo não quer que tu compreendas o conflito, Ele quer que reconheças que, porque o conflito não tem significado, é incompreensível. Como eu já disse, a compreensão traz apreciação e a apreciação traz amor. Nada mais pode ser compreendido porque nada mais é real e, portanto, nada mais tem significado.

7. Se mantiveres em mente o que o Espírito Santo te oferece, não podes ser vigilante a favor de coisa alguma, a não ser de Deus e do Seu Reino. A única razão pela qual podes achar isso difícil de aceitar é que podes ainda pensar que existe algo mais. A crença não requer vigilância a não ser que seja conflitada. Se é, existem componentes conflitantes dentro dela que conduziram a um estado de guerra e a vigilância, então, veio a ser essencial. A vigilância não tem lugar na paz. Ela é necessária contra crenças que não são verdadeiras e nunca o Espírito Santo teria apelado para isso, se não tivesses acreditado no que não é verdadeiro. Quando acreditas em alguma coisa, fazes com que seja verdadeira para ti. Quando acreditas no que Deus não conhece, o teu pensamento parece contradizer o Seu e isso faz com que pareça que O estás atacando.

8. Enfatizei repetidamente que o ego acredita que pode atacar a Deus e tenta persuadir-te de que é isso o que tens feito. Se a mente não pode atacar, o ego parte de maneira perfeitamente lógica para acreditar que tens que ser um corpo. Por não ver-te como és, ele pode se ver como quer ser. Ciente da própria fraqueza, o ego quer a tua aliança, mas não como tu realmente és. O ego, portanto, quer engajar a tua mente no seu próprio sistema delusório, pois de outro modo, a luz da tua compreensão o dissiparia. Ele não quer nenhuma parte da verdade, porque o ego em si mesmo não é verdadeiro. Se a verdade é total, o não verdadeiro não pode existir. O compromisso com uma coisa ou outra tem que ser total, elas não podem coexistir na tua mente sem dividi-la. Se não podem coexistir em paz e se tu queres a paz, tens que desistir da idéia de conflito inteiramente e para todo o sempre. Isso requer vigilância só enquanto tu não reconheces o que é verdadeiro. Enquanto acreditares que dois sistemas de pensamento totalmente contraditórios compartilham a verdade, a tua necessidade de vigilância é evidente.

9. A tua mente está dividindo a própria aliança entre dois remos e tu não estás totalmente comprometido com nenhum dos dois. A tua identificação com o Reino está totalmente fora de qualquer questionamento, a não ser para ti quando estás pensando de forma insana. O que tu és não é estabelecido pela tua percepção e não é influenciado por ela em nada. Os problemas percebidos na identificação em qualquer nível não são problemas de fato. São problemas de compreensão, já que a sua presença implica em que acreditas que o que tu és, cabe a ti decidir. O ego acredita totalmente nisso, estando inteiramente comprometido com isso. Isso não é verdadeiro. Portanto, o ego está totalmente comprometido com a inverdade, percebendo em total contradição com o Espírito Santo e com o conhecimento de Deus.

10. Tu só podes ser percebido significativamente pelo Espírito Santo porque o que tu és é o conhecimento de Deus. Qualquer crença que aceites à parte disso vai obscurecer a Voz de Deus em ti e, portanto, obscurecerá Deus para ti. A não ser que percebas a Sua criação verdadeiramente, não podes conhecer o Criador, pois Deus e a Sua criação não são separados. A unicidade do Criador e da criação é a tua integridade, a tua sanidade e o teu poder sem limites. Esse poder sem limites é a dádiva de Deus para ti, porque ele é o que tu és. Se dissocias dele a tua mente, estás percebendo a mais poderosa força do universo como se ela fosse fraca, porque não acreditas que és parte dela.

11. Percebida sem a tua parte nela, a criação de Deus é vista como se fosse fraca e aqueles que se vêem enfraquecidos, de fato, atacam. No entanto, o ataque tem que ser cego, porque nada há que atacar. Portanto, eles inventam imagens, percebem-nas como indignas e as atacam por sua indignidade. Isso é tudo o que é o mundo do ego. Nada. Ele não tem significado. Não existe. Não tentes compreendê-lo porque, se o fizeres, estás acreditando que ele pode ser compreendido e é, portanto, capaz de ser apreciado e amado. Isso justificaria a sua existência, a qual não pode ser justificada. Tu não podes fazer com que o que é sem significado seja significativo. Isso só pode ser uma tentativa insana.

12. Permitir a entrada da insanidade em tua mente significa que não julgaste a sanidade como algo totalmente desejável. Se queres alguma outra coisa, vais fazer alguma outra coisa, mas pelo fato de ser outra coisa, ela vai atacar o teu sistema de pensamento e dividir a tua aliança. Tu não podes criar nesse estado dividido e tens que ser vigilante contra esse estado dividido, porque só a paz pode ser estendida. A tua mente dividida está bloqueando a extensão do Reino e a sua extensão é a tua alegria. Se não estendes o Reino, não estás pensando com o teu Criador nem criando como Ele criou.

13. Nesse estado deprimente, o Espírito Santo te lembra com gentileza que estás triste porque não estás realizando a tua função enquanto co-criador com Deus e estás, por conseguinte, privando a ti mesmo da alegria. Essa não é uma escolha de Deus, mas tua. 3Se a tua mente pudesse estar em desacordo com a de Deus, estarias tendo uma vontade sem significado. Entretanto, porque a Vontade de Deus é imutável, nenhum conflito de vontade é possível. Esse é o ensinamento perfeitamente consistente do Espírito Santo. A criação, e não a separação, é a tua vontade porque é a de Deus e nada que se oponha a isso significa coisa alguma. Sendo essa uma realização perfeita, a Filiação só pode realizar com perfeição estendendo a alegria na qual foi criada e identificando-se tanto com seu Criador como com suas criações, com o conhecimento de que são um só.


VII. A totalidade do Reino

1. Sempre que negares uma bênção a um irmão, tu te sentirás privado, porque a negação é tão total quanto o amor. É tão impossível negar parte da Filiação quanto amá-la em parte. Também não é possível amá-la totalmente às vezes. Não podes estar totalmente comprometido apenas às vezes. A negação não tem poder em si mesma, mas tu podes dar a ela o poder da tua mente, poder esse que é sem limites. Se a usas para negar a realidade, a realidade se vai para ti. A realidade não pode ser apreciada parcialmente. É por isso que negar qualquer parte dela significa que tu perdeste a consciência de toda a realidade. Entretanto, a negação é uma defesa e assim pode ser usada positivamente bem como negativamente. Usada de forma negativa, ela será destrutiva porque será usada para o ataque.Mas a serviço do Espírito Santo, pode ajudar-te a reconhecer parte da realidade e assim apreciá-la toda. A mente é por demais poderosa para estar sujeita à exclusão. Tu jamais serás capaz de te excluir dos teus pensamentos.

2. Quando um irmão age insanamente, ele está te oferecendo uma oportunidade de abençoá-lo. A sua necessidade é a tua. Necessitas da bênção que podes oferecer a ele. Não há nenhum outro modo de tê-la, a não ser dando-a. Essa é a lei de Deus e ela não tem exceções. O que tu negas te falta, não porque esteja faltando, mas porque o tens negado em outro e não estás, portanto, ciente disso em ti mesmo. Toda resposta que dás é determinada pelo que pensas que és e o que queres ser é o que pensas que és. Assim sendo, o que queres ser determina necessariamente toda resposta que dás.

3. Não precisas da bênção de Deus porque isso tens para sempre, mas precisas da tua. O retrato que o ego faz de ti é de privação, desamor e vulnerabilidade. Não podes amar isso. No entanto, podes muito facilmente escapar dessa imagem deixando-a para trás. Tu não estás lá e aquilo não é o que tu és. Não vejas esse retrato em ninguém ou o terás aceito como o que tu és. Todas as ilusões acerca da Filiação são dissipadas conjuntamente, assim como foram feitas conjuntamente. Não ensines a ninguém que ele é o que tu não queres ser. O teu irmão é o espelho no qual vês a imagem de ti mesmo enquanto durar a percepção. E a percepção vai durar até que a Filiação se conheça como um todo. Tu fizeste a percepção e ela tem que durar enquanto a quiseres.

4. As ilusões são investimentos. Elas durarão enquanto tu as valorizares. Os valores são relativos, mas são poderosos porque são julgamentos mentais. A única maneira de dissipar ilusões é retirar delas todo o investimento e deixarão de ter vida para ti, pois as terás colocado fora da tua mente. Enquanto as incluis em tua mente, tu lhes dás vida. No entanto, nelas não há nada para receber a tua dádiva.

5. A dádiva da vida é tua para ser dada, porque te foi dada. Não és ciente da tua dádiva porque não a dás. Não podes fazer com que o nada viva, já que o nada não pode ser vivificado. Por conseguinte, não estás estendendo a dádiva que tu ao mesmo tempo tens e és e assim não conheces o que és. Toda a confusão vem de não estenderes a vida, porque não é essa a Vontade do teu Criador. Tu não podes fazer nada à parte Dele, e efetivamente nada fazes à parte Dele. Segue o Seu caminho para lembrar-te de ti e ensina o Seu caminho para que tu mesmo não o esqueças. Dá só honra aos Filhos do Deus vivo e inclue-te no meio deles com contentamento.

6. Só a honra é dádiva adequada para aqueles que o próprio Deus criou dignos de honra e a quem Ele honra. Dá a eles a apreciação que Deus sempre lhes reserva, porque são os Seus amados Filhos, nos quais Ele Se compraz. Tu não podes estar à parte deles porque não estás à parte Dele. Descansa no Seu Amor e protege o teu descanso amando. Mas ames tudo o que Ele criou, do que tu és uma parte ou não podes aprender sobre a Sua paz e aceitar a Sua dádiva para ti mesmo e como tu mesmo. Não podes conhecer a tua própria perfeição enquanto não tiveres honrado todos aqueles que foram criados como tu.

7. Uma criança de Deus é o único professor suficientemente digno de ensinar a outra. Um único Professor está em todas as mentes e Ele ensina a mesma lição a todos. Ele sempre te ensina o valor inestimável de cada Filho de Deus, ensinando isso com paciência infinita, nascida do Amor infinito pelo qual Ele fala. Todo ataque é um chamado à Sua paciência, já que a Sua paciência é capaz de traduzir ataque em bênção. Aqueles que atacam não sabem que são abençoados. Atacam porque acreditam que são destituídos. Dá, então, da tua abundância e ensina aos teus irmãos a deles. Não compartilhes as suas ilusões sobre a escassez, ou perceber-te-ás como se algo estivesse te faltando.

8. O ataque jamais poderia promover ataque a não ser que tu o tenhas percebido como um meio de privar-te de alguma coisa que queres. No entanto, não podes perder coisa alguma a não ser que não a valorizes e, portanto, não a queiras. Isso te faz sentir-te privado dessa coisa e através da projeção da tua própria rejeição, acreditas então que os outros estão tirando-a de ti. Tens que estar amedrontado se acreditas que o teu irmão está te atacando com o fim de arrancar-te o Reino do Céu. Essa é a base fundamental para toda a projeção do ego.

9. Sendo a parte da tua mente que não acredita que é responsável por si mesma e sem aliança com Deus, o ego é incapaz de confiança. Ao projetar sua crença insana em que tu foste traidor para com o teu Criador, ele acredita que os teus irmãos, que são tão incapazes disso quanto tu, estão empenhados em tirar Deus de ti. Sempre que um irmão ataca outro, é nisso que ele acredita. A projeção sempre vê os seus desejos em outros. Se escolhes separar-te de Deus, é isso o que pensarás que os outros estão fazendo contigo.

10. Tu és a Vontade de Deus. Não aceites nada mais como a tua vontade, ou estás negando o que tu és. Nega isso e atacarás, acreditando que foste atacado. Mas vê o Amor de Deus em ti e tu o verás em toda a parte, porque ele está em toda a parte. Vê Sua abundância em todos e saberás que estás Nele com eles. Eles são parte de ti assim como tu és parte de Deus. Sem a compreensão disso, tu és tão solitário quanto o próprio Deus quando os Seus Filhos não O conhecem. A paz de Deus é essa compreensão. Só existe um caminho para sair do pensamento do mundo, assim como só existiu um caminho para entrar nele. Compreende totalmente compreendendo a totalidade.

11. Percebe qualquer parte do sistema de pensamento do ego como totalmente insano, totalmente delusório e totalmente indesejável e terás avaliado todo ele de forma correta. Essa correção te permite perceber qualquer parte da criação como totalmente real, totalmente perfeita e totalmente desejável. Querendo só isso terás só isso e dando só isso, serás só isso. As dádivas que ofereces ao ego são sempre vivenciadas como sacrifícios, mas as dádivas que ofereces ao Reino são dádivas para ti. Elas sempre serão guardadas como tesouros por Deus porque pertencem aos Seus Filhos amados que pertencem a Ele. Todo poder e toda glória são teus porque o Reino é Dele.


VIII. A crença inacreditável

1. Nós dissemos que sem projeção não pode haver raiva, mas também é verdade que sem extensão não pode haver amor. Estas afirmações refletem uma lei fundamental da mente e, portanto, uma lei que está sempre em operação. E a lei pela qual crias e foste criado. É a lei que unifica o Reino e o mantém na Mente de Deus. Para o ego, a lei é percebida como um meio de se livrar de algo que ele não quer. Para o Espírito Santo, é a lei fundamental do compartilhar pela qual dás aquilo que valorizas de modo a conservá-lo na tua mente. Para o Espírito Santo, é a lei da extensão. Para o ego, é a lei da privação. Ela produz, portanto, abundância ou escassez, dependendo de como tu escolhes aplicá-la. Essa escolha cabe a ti, mas não cabe a ti decidir se vais ou não usar a lei. Todas as mentes necessariamente projetam ou estendem, porque é assim que vivem e toda mente é vida.

2. O uso que o ego faz da projeção tem que ser inteiramente compreendido antes que a associação inevitável que se faz entre projeção e raiva possa ser finalmente desfeita. O ego sempre tenta preservar o conflito. Ele é muito engenhoso em inventar formas que pareçam diminuir o conflito, porque não quer que aches o conflito tão intolerável a ponto de vires a insistir em desistir dele. O ego tenta, então, persuadir-te de que ele pode libertar-te do conflito, contanto que não desistas dele e te libertes. Usando a sua própria versão distorcida das leis de Deus, o ego usa o poder da mente apenas para derrotar o propósito real da mente. Projeta o conflito da tua mente para outras mentes em uma tentativa de persuadir-te de que tu te livraste do problema.

3. Existem dois erros principais envolvidos nessa tentativa. Primeiro, estritamente falando, o conflito não pode ser projetado porque não pode ser compartilhado. Qualquer tentativa de manter parte dele e livrar-te de outra parte não significa realmente nada. Lembra-te que um professor conflitado é mau professor e mau aprendiz. As suas lições são confusas e o valor de transferência que elas têm é limitado pela sua confusão. O segundo erro é a idéia de que podes te livrar de alguma coisa que não queres, dando-a a outro. Dando-a tu a manténs, pois essa é a forma de mantê-la. O fato de acreditares que vendo-a do lado de fora tu a excluíste do que está dentro é uma completa distorção do que seja o poder da extensão. E por isso que aqueles que projetam são vigilantes em favor de sua própria segurança. Eles têm medo de que suas projeções retornem e os firam. Acreditando que apagaram as suas projeções de suas próprias mentes, acreditam também que as suas projeções estão tentando voltar a introduzirem-se nelas de modo furtivo. Uma vez que as projeções não deixaram as suas mentes, eles são forçados a engajaremse em uma atividade constante de forma a não reconhecer isso.

4. Tu não podes perpetuar uma ilusão acerca de um outro sem perpetuá-la acerca de ti mesmo. Para isso não há saída, porque é impossível fragmentar a mente. Fragmentar é quebrar em pedaços e a mente não pode atacar nem ser atacada. A crença em que ela pode, um erro que o ego sempre comete, está por trás de todo o seu uso da projeção. Ele não entende o que é a mente, e portanto não entende o que tu és. Apesar disso, a existência do ego depende da tua mente, porque o ego é crença tua. O ego é uma confusão na identificação. Não tendo nunca tido um modelo consistente, ele nunca se desenvolveu de maneira consistente. É o produto da aplicação indevida das leis de Deus por mentes distorcidas que estão usando o seu poder de forma equivocada.

5. Não tenhas medo do ego. Ele depende da tua mente e como tu o fizeste por acreditares nele, da mesma forma podes dissipá-lo retirando a tua crença nele. Não projetes a responsabilidade pela tua crença nele em mais ninguém, ou preservarás a crença. Quando estiveres disposto a aceitar sozinho a responsabilidade pela existência do ego, terás deixado de lado toda a raiva e todo o ataque, pois esses vêm de uma tentativa de projetar a responsabilidade pelos teus próprios erros. Mas tendo aceito esses erros como teus, não os mantenhas. Entrega-os rapidamente ao Espírito Santo de modo que possam ser completamente desfeitos, de tal modo que todos os seus efeitos desapareçam da tua mente e da Filiação como um todo.

6. O Espírito Santo vai ensinar-te a perceber o que está além da tua crença porque a verdade está além da crença e a Sua percepção é verdadeira. O ego pode ser completamente esquecido a qualquer momento porque é uma crença totalmente inacreditável e ninguém pode manter uma crença que tenha julgado inacreditável. Quanto mais aprendes sobre o ego, mais reconheces que não se pode acreditar nele. Aquilo em que não se pode crer não pode ser compreendido porque é inacreditável. A falta de significado da percepção baseada no inacreditável é evidente, mas pode não ser reconhecida como estando além da crença, pois é feita pela crença.

7. Todo o propósito deste curso é ensinar-te que o ego é e será para sempre inacreditável. Tu que fizeste o ego acreditando no inacreditável não podes fazer esse julgamento sozinho. Ao aceitares a Expiação para ti mesmo, estás te decidindo contra a crença em que podes ser sozinho, assim dissipando a idéia da separação e afirmando a tua verdadeira identificação com todo o Reino literalmente como parte de ti. Essa identificação está além da dúvida assim como está além da crença. A tua integridade não tem limites porque o que é tem que ser infinito.


IX. A extensão do Reino

1. Só tu podes limitar o teu poder criativo, mas a Vontade de Deus é liberar-te. A Vontade de Deus não te privaria das tuas criações assim como Ele não privar-Se-ia das Suas. Não negues as tuas dádivas à Filiação, ou estás te negando a Deus! O egoísmo é do ego, mas a plenitude do Ser é do espírito, porque é assim que Deus o criou. O Espírito Santo está na parte da mente que fica entre o ego e o espírito, sendo mediador entre eles sempre em favor do espírito. 6Para o ego, isso é parcialidade e ele responde como se algo estivesse se colocando contra ele. Para o espírito, isso é verdade porque ele conhece a própria plenitude e não pode conceber que haja parte alguma da qual esteja excluído.

2. O espírito sabe que a consciência de todos os seus irmãos está incluída na sua própria, assim como está incluída em Deus. O poder de toda a Filiação e de seu Criador é, portanto, a própria plenitude do espírito, tornando as criações do espírito igualmente íntegras e iguais em perfeição. O ego não pode prevalecer contra uma totalidade que inclui a Deus e qualquer totalidade necessariamente inclui a Deus. A tudo o que Deus criou é dado todo o Seu poder porque é parte Dele e compartilha com Ele O Que Ele E. Criar é o oposto de perder, como a bênção é o oposto do sacrifício. O que é tem que ser estendido. E deste modo que retém o conhecimento de si mesmo. O espírito anseia por compartilhar o que ele é assim como fez o seu Criador. Criado pelo compartilhar, sua vontade é criar. Não deseja conter a Deus, mas sua vontade é estender o Que Ele É.

3. A extensão do Que é Deus é a única função do espírito. A plenitude do espírito não pode ser contida, assim como a plenitude do seu Criador. Plenitude é extensão. Todo o sistema de pensamento do ego bloqueia a extensão e assim bloqueia a tua única função. Bloqueia, portanto, a tua alegria, de tal modo que tu te percebes como não sendo pleno. A não ser que cries, não serás pleno, mas Deus não conhece o que não é pleno, portanto, não podes deixar de criar. Podes não conhecer as tuas próprias criações, mas isso não pode interferir com a sua realidade, assim como o fato de não estares ciente do teu espírito não interfere com o que ele é.

4. O Reino está se estendendo para sempre porque está na Mente de Deus. Tu não conheces a tua alegria porque não conheces a plenitude do Teu próprio Ser. Exclui qualquer parte do Reino de ti mesmo e não és íntegro. Uma mente dividida não pode perceber sua plenitude e necessita que o milagre da sua integridade desponte sobre ela para curá-la. Isso re-desperta a integridade nela e a devolve ao Reino devido à sua aceitação da integridade. A plena apreciação da plenitude do Ser, que é mental, faz com que o egoísmo seja impossível e a extensão inevitável. É por isso que há perfeita paz no Reino. O espírito está realizando a sua função e só a realização completa é paz.

5. As tuas criações são protegidas para ti porque o Espírito Santo, Que está em tua mente, tem conhecimento delas e pode trazê-las à tua consciência sempre que permitires que Ele o faça. Elas estão aí como parte do que tu és, porque a tua plenitude as inclui. As criações de cada Filho de Deus são tuas já que cada criação pertence a todos, tendo sido criada para a Filiação como um todo.

6. Tu não falhaste em aumentar a herança dos Filhos de Deus, portanto, não falhaste em garanti-la para ti mesmo. Como foi Vontade de Deus dá-la a ti, Ele a deu para sempre. Como foi Sua Vontade que tu a tivesses para sempre, Ele te deu os meios de mantê-la. E assim tens feito. Desobedecer a Vontade de Deus só tem significado para o insano. Na verdade é impossível. A plenitude do teu Ser é tão ilimitada quanto a de Deus. Como a Sua, Ela se estende para sempre e em perfeita paz. Sua radiância é tão intensa que Ela cria em alegria perfeita e só o que é íntegro pode nascer da Sua integridade.

7. Sê confiante em que nunca perdeste a tua Identidade e as extensões que A mantém na integridade e na paz. Milagres são uma expressão dessa confiança. Eles são reflexos tanto da tua identificação apropriada com os teus irmãos quanto da tua consciência de que a tua identificação é mantida pela extensão. O milagre é uma lição de percepção total. Ao incluir qualquer parte da totalidade na lição, tu incluíste o todo.


X. A confusão entre dor e alegria

1. O Reino é o resultado de premissas, assim como esse mundo. Podes ter levado o raciocínio do ego à sua conclusão lógica que é confusão total a respeito de tudo. Se realmente visses esse resultado, não poderias querer isso. A única razão pela qual poderias talvez querer qualquer parte disso, seria não estares vendo o todo. Tu estás disposto a olhar para as premissas do ego, mas não para o seu resultado lógico. Não é possível que tenhas feito a mesma coisa com as premissas de Deus? As tuas criações são o resultado lógico das Suas premissas. O pensamento de Deus as estabeleceu para ti. Elas estão exatamente onde devem estar. Pertencem à tua mente como parte da tua identificação com a Sua Mente, mas o estado da tua mente e o teu reconhecimento do que está nela dependem do que acreditas em relação à tua mente.Sejam quais forem essas crenças, elas são as premissas que vão determinar o que aceitas em tua mente.

2. Com certeza está claro que podes fazer duas coisas: aceitar na tua mente o que não está lá e negar o que está. Entretanto, a função que o próprio Deus deu à tua mente através da Sua, podes negar mas não podes impedir. É o resultado lógico do que tu és. A capacidade de ver um resultado lógico depende da tua disponibilidade para vê-lo, mas a verdade nada tem a ver com a tua vontade. A verdade é a Vontade de Deus. Compartilha a Sua Vontade e compartilhas o que Ele conhece. Nega a Sua Vontade enquanto tua e estarás negando o Seu Reino e o teu.

3. O Espírito Santo vai dirigir-te só para evitar a dor. Com certeza, ninguém faria objeções a essa meta se a reconhecesse. O problema não é saber se o que o Espírito Santo diz é verdadeiro, mas se queres ouvir o que Ele diz. Tu és tão incapaz de reconhecer o que é doloroso quanto de saber o que é alegre e estás, de fato, muito propenso a confundir os dois. A principal função do Espírito Santo é ensinar-te a fazer a distinção entre eles. O que te dá alegria é doloroso para o ego, e enquanto estiveres em dúvida a respeito do que és, estarás confuso em relação à dor e à alegria. Essa confusão é a causa de toda a idéia de sacrifício. Obedece ao Espírito Santo e estarás desistindo do ego. Mas não estarás sacrificando nada. Ao contrário, estarás ganhando tudo. Se acreditasses nisso, não haveria nenhum conflito.

4. É por isso que necessitas demonstrar o óbvio a ti mesmo. Não é óbvio para ti. Acreditas que fazer o oposto à Vontade de Deus pode ser melhor para ti. Também acreditas que é possível fazer o oposto da Vontade de Deus. Portanto, acreditas que uma escolha impossível esteja aberta para ti, escolha essa que é ao mesmo tempo amedrontadora e desejável. No entanto, Deus exerce a própria Vontade. Ele não deseja. A tua vontade é tão poderosa quanto a Sua porque é a Sua. Os desejos do ego não significam coisa alguma, porque o ego deseja o impossível. Podes desejar o impossível, mas só podes exercer a tua vontade com Deus. Essa é a fraqueza do ego e a tua força.

5. O Espírito Santo sempre está ao teu lado e ao lado da tua força. Enquanto evitares a Sua orientação de qualquer forma, queres ser fraco. Todavia, a fraqueza é assustadora. Que outra coisa, então, pode significar essa decisão a não ser que queres estar amedrontado? O Espírito Santo nunca pede sacrifícios, mas o ego sempre o faz. Quando estás confuso acerca dessa distinção na motivação, isso só pode ser devido à projeção. A projeção é uma confusão na motivação e dada essa confusão, a confiança vem a ser impossível. Ninguém obedece de boa vontade a um guia em quem não confia, mas isso não significa que o guia não seja confiável. Nesse caso, sempre significa que o seguidor não é confiável. Contudo, isso também é apenas uma questão da própria crença que ele tem. Acreditando que ele é capaz de trair, acredita que tudo pode traí-lo. Porém, tudo isso acontece apenas porque ele escolheu seguir uma orientação falsa. Incapaz de seguir essa orientação sem medo, associa medo com orientação e se recusa a seguir qualquer orientação que seja. Se o resultado dessa decisão é a confusão, não é surpreendente.

6. O Espírito Santo é perfeitamente confiável, como tu o és. O próprio Deus confia em ti e, portanto, a tua confiabilidade está além do que é questionável. Ela sempre estará além do questionável, por mais que possas questioná-la. Eu já disse que és a Vontade de Deus. A Sua Vontade não é um desejo vão e a tua identificação com a Sua Vontade não é opcional, já que ela é o que tu és. Compartilhar a Sua Vontade comigo, na realidade, não é uma escolha que esteja aberta, embora possa parecer estar. Toda a separação está nesse erro. A única saída do erro é decidir que tu não tens que decidir coisa alguma. Tudo te foi dado por decisão de Deus. Essa é a Sua Vontade e tu não podes desfazê-la.

7. Mesmo o abandono da tua falsa prerrogativa de tomar decisões, que o ego guarda tão zelosamente, não é realizado através do teu desejo. Foi realizado para ti através da Vontade de Deus, Que não te deixou sem consolo. A Sua Voz vai te ensinar como distinguir entre dor e alegria e te conduzirá para fora da confusão que tens feito. Não há confusão na mente de um Filho de Deus, cuja vontade tem que ser a Vontade do Pai, porque a Vontade do Pai é Seu Filho.

8. Milagres estão de acordo com a Vontade de Deus, Vontade essa que tu não conheces porque estás confuso em relação à qual é a tua vontade. Isso significa que estás confuso em relação ao que tu és. Se tu és a Vontade de Deus e não aceitas a Sua Vontade, estás negando a alegria. O milagre é, portanto, uma lição acerca do que é a alegria. Sendo uma lição acerca do compartilhar, uma lição de amor que é alegria. Todo milagre é, então, uma lição sobre a verdade e por oferecer a verdade, estás aprendendo a diferença entre dor e alegria.


XI. O estado de graça

1. O Espírito Santo sempre te guiará verdadeiramente porque a tua alegria é a Sua. Essa é a Sua Vontade para todos porque Ele fala pelo Reino de Deus, que é alegria. Segui-Lo é, portanto, a coisa mais fácil no mundo e a única coisa que é fácil, porque não é do mundo. É, portanto, natural. O mundo vai contra a tua natureza, estando em desacordo com as leis de Deus. O mundo percebe ordens de dificuldades em todas as coisas. Isso é assim porque o ego não percebe nada como totalmente desejável. Demonstrando a ti mesmo que não há nenhuma ordem de dificuldades em milagres, vais te convencer de que, em teu estado natural, não há dificuldade alguma porque é um estado de graça.

2. A graça é o estado natural de todo Filho de Deus. Quando ele não está em estado de graça, está fora de seu ambiente natural e não funciona bem. Tudo o que faz passa a ser uma tensão, pois ele não foi criado para o ambiente que tem feito. Portanto, não é capaz de se adaptar a ele e nem de adaptá-lo a si. Não há sentido em tentar. Um Filho de Deus só é feliz quando sabe que está com Deus. Esse é o único ambiente em que ele não vivenciará tensão, porque é o seu lugar. É também o único ambiente digno dele, porque seu próprio valor está além de qualquer coisa que ele possa fazer.

3. Considera o reino que tens feito e julga o seu valor de forma justa. Ele é digno de ser um lar para uma criança de Deus? Protege a sua paz e irradia amor sobre ela? Mantém seu coração intocado pelo medo e lhe permite dar sempre sem qualquer senso de perda? Ele lhe ensina que dar é a sua alegria, e que o próprio Deus lhe agradece pelo que dá? Esse é o único ambiente no qual podes ser feliz. Tu não podes fazê-lo, assim como não podes fazer a ti mesmo. Ele foi criado para ti, como tu foste criado para ele. Deus cuida das Suas crianças e não lhes nega nada. Entretanto, quando O negam não sabem disso, porque negam tudo a si mesmas.Tu, que poderias dar o Amor de Deus a tudo o que vês, tocas e relembras, estás literalmente negando o Céu a ti mesmo.

4. Peço-te que te lembres que eu te escolhi para ensinar o Reino ao Reino. Não há exceções nesta lição, pois a ausência de exceções é a lição. Todo Filho que retorna ao Reino com essa lição no seu coração curou a Filiação e deu graças a Deus. Cada pessoa que aprende essa lição vem a ser o professor perfeito porque a aprendeu do Espírito Santo.

5. Quando uma mente tem só luz, ela só conhece luz. A sua prória radiância brilha em tudo à sua volta e se estende até a escuridão de outras mentes, transformando-as em majestade. A Majestade de Deus está lá, para que a reconheças e a aprecies e a conheças. Reconhecer a Majestade de Deus como o teu irmão é aceitar a tua própria herança. Deus só dá com igualdade. Se reconheceres a Sua dádiva em qualquer pessoa, terás admitido o que Ele tem dado a ti. Nada é tão fácil de reconhecer como a verdade. Esse é o reconhecimento que é imediato, claro e natural. Tu te treinaste para não reconhecê-lo e isso tem sido muito difícil para ti.

6. Fora do teu ambiente natural, bem podes perguntar: “O que é a verdade?” já que a verdade é o ambiente pelo qual e para o qual tu foste criado. Não conheces a ti mesmo porque não conheces o teu Criador. Não conheces as tuas criações porque não conheces os teus irmãos, que as criaram contigo. Eu já disse que só toda a Filiação é digna de ser co-criadora com Deus, porque só toda a Filiação pode criar como Ele. Sempre que curas um irmão por reconhecer o seu valor, estás reconhecendo o seu poder de criar e o teu. Ele não pode ter perdido aquilo que reconheces e tu tens que ter a glória que vês nele. Ele é um co-criador com Deus e contigo. Nega o seu poder criativo e estás negando o teu e o de Deus Que te criou.

7. Não podes negar parte da verdade. Tu não conheces as tuas criações porque não conheces o seu criador. Não conheces a ti mesmo porque não conheces o teu Criador. As tuas criações não podem estabelecer a tua realidade, tanto quanto não podes estabelecer a de Deus. Mas podes conhecer ambas. O que é tem que ser conhecido pelo compartilhar. Porque Deus compartilhou o Que Ele É contigo, podes conhecê-Lo. Mas é necessário que também conheças tudo o que Ele criou para ter o conhecimento do que compartilharam. Sem o teu Pai, não vais conhecer a tua paternidade. O Reino de Deus inclui todos os Seus Filhos e as suas crianças, que são como os Filhos assim como eles são como o Pai. Conhece, então, os Filhos de Deus e conhecerás toda a criação.