julho 15, 2010

Capítulo 06 - AS LIÇÕES DE AMOR

Capítulo 6 - AS LIÇÕES DE AMOR

Introdução

1. A relação da raiva como ataque é óbvia, mas a relação da raiva com o medo nem sempre é tão evidente. A raiva sempre envolve a projeção da separação, que deve ser, em última instância, aceita como responsabilidade da própria pessoa em vez de ser imputa­da aos outros. A raiva não pode ocorrer a menos que acredites que foste atacado, que o teu ataque por sua vez é justificado e tu não és de forma alguma responsável por ele. Dadas essas três premissas totalmente irracionais, não se pode deixar de chegar à conclusão igualmente irracional de que um irmão merece ser ata­cado ao invés de amado. O que se pode esperar de premissas insanas exceto uma conclusão insana? O modo de desfazer uma conclusão insana é considerar a sanidade das premissas em que se baseia. Tu não podes ser atacado, o ataque não tem justificativa e tu és responsável por aquilo em que acreditas.

2. Foi pedido a ti que me tomasse como teu modelo de aprendi­zado, já que um exemplo extremo é particularmente útil como instrumento de aprendizado. Todo mundo ensina e ensina o tempo todo. Essa é uma responsabilidade que assumes inevita­velmente no momento em que aceitas qualquer premissa e nin­guém pode organizar a própria vida sem algum sistema de pensamento. Uma vez que tenhas desenvolvido qualquer siste­ma de pensamento, vives em função dele e o ensinas. A tua capa­cidade de te aliares a um sistema de pensamento pode estar mal colocada, mas ainda assim é uma forma de fé e pode ser redirigi­da.


I. A mensagem da crucificação

1. Com o propósito de aprender, vamos considerar mais uma vez a crucificação. Eu não me alonguei nisso antes devido às conota­ções amedrontadoras que podes associar a ela. A única ênfase que lhe foi dada até aqui tem sido dizer que não é uma forma de punição. Porém, nada pode ser explicado somente em termos ne­gativos. Há urna interpretação positiva da crucificação que está totalmente destituída de medo e, portanto, é totalmente benigna no que ensina se é propriamente compreendida.

2. A crucificação nada mais é senão um exemplo extremo. Seu valor, como o valor de qualquer instrumento de ensino, está ape­nas no tipo de aprendizado que facilita. Pode ser e tem sido compreendida de forma equivocada. Isso se deu somente por­que aqueles que têm medo estão predispostos a perceber temero­samente. Eu já te disse que podes sempre recorrer a mim para compartilhar a minha decisão e assim fortalecê-la. Eu também te disse que a crucificação foi a última jornada inútil que a Filiação precisa fazer e que representa a liberação do medo para qualquer pessoa que a compreenda. Embora anteriormente eu só tenha dado ênfase à ressurreição, o propósito da crucificação e como ela, de fato, conduziu à ressurreição não foi ainda esclarecido. No entanto, ela tem uma contribuição definitiva a fazer para a tua própria vida e se a considerares sem medo, ela te ajudará a compreender o teu próprio papel como professor.

3. É provável que por muitos anos tenhas reagido como se esti­vesses sendo crucificado. Essa é uma tendência marcante dos separados, que sempre se recusam a considerar o que têm feito a si mesmos. Projeção significa raiva, raiva fomenta agressão e agressão promove medo. A significação real da crucificação está na intensidade aparente da agressão de alguns dos Filhos de Deus a outro. Isso, é claro, é impossível e tem que ser inteiramente compreendido como impossível. De outro modo, eu não posso servir como um modelo para o aprendizado.

4. A agressão, em última instância, só pode ser feita ao corpo. Não há muita dúvida de que um corpo pode agredir um outro e pode até mesmo destruí-lo. Mas, se a própria destruição é impos­sível, qualquer coisa que seja destrutível não pode ser real. Sua destruição, portanto, não justifica raiva. Na medida em que acre­ditas que justifica, estás aceitando falsas premissas e ensinando-as a outros. A mensagem que a crucificação pretendia ensinar era a de que não é necessário que se perceba nenhuma forma de agres­são na perseguição, porque não podes ser perseguido. Se respon­des com raiva, não podes deixar de estar te igualando ao que é destrutível e, portanto, considerando a ti mesmo de forma insana.

5. Tenho tornado perfeitamente claro que eu sou como tu e que és como eu, mas a nossa igualdade fundamental só pode ser de­monstrada através de uma decisão conjunta. És livre para perce­ber a ti mesmo como um perseguido, se assim escolheres. Con­tudo, quando escolhes reagir desse modo poderias te lembrar que, segundo o julgamento do mundo, eu fui perseguido e não compartilhei dessa avaliação de mim mesmo. E porque não a compartilhei, não a fortaleci. Ofereci, portanto, uma interpreta­ção diferente do ataque, interpretação essa que quero comparti­lhar contigo. Se acreditares nela, vais me ajudar a ensiná-la.

6. Como eu já disse, "Assim como ensinas, aprenderás." Se rea­ges como se estivesses sendo perseguido, estás ensinando a perse­guição. Essa não é uma lição que um Filho de Deus deva querer

ensinar se quer realizar a sua própria salvação. Ao invés disso, ensina a tua própria imunidade perfeita que é a verdade em ti, e reconhece que ela não pode ser atacada. Não tentes protegê-la tu mesmo, ou estarás acreditando que ela é atacável. Não te é pedi­do que sejas crucificado, o que foi parte da minha própria contri­buição para o ensino. A ti está sendo pedido meramente que sigas o meu exemplo diante de tentações muito menos extremas de per­ceber de forma equivocada e que não as aceites como falsas justifi­cativas para a raiva. Não pode haver justificativa para o injustificável. Não acredites que haja e nem ensines que há. Lembra-te sempre de que aquilo em que acreditas tu ensinarás. Acredita comigo e nós viremos a ser iguais como professores.

7. A tua ressurreição é o teu re-despertar. Eu sou o modelo para o renascimento, mas o renascimento em si é apenas o alvorecer na tua mente do que já está presente nela. O próprio Deus o colocou aí e, portanto, ele é verdadeiro para sempre. Eu acreditei nele e por conseguinte aceitei-o como verdadeiro para mim. Aju­da-me a ensiná-lo aos nossos irmãos em nome do Reino de Deus, mas antes acredites que é verdadeiro para ti ou estarás ensinando erroneamente. Meus irmãos dormiram durante a assim chamada "agonia no jardim", mas eu não poderia ter tido raiva porque sabia que não poderia ser abandonado.

8. Eu lamento quando meus irmãos não compartilham a minha decisão de ouvir apenas uma Voz, porque isso os enfraquece como professores e como aprendizes. No entanto, eu sei que não po­dem realmente trair a si mesmos ou a mim, e que ainda é sobre eles que devo edificar a minha igreja. Não há escolha nisso, por­que só tu podes ser o fundamento da igreja de Deus. Só há uma igreja aonde há um altar e é a presença do altar que faz com que a igreja seja santa. Uma igreja que não inspira amor tem um altar escondido, que não está servindo ao propósito para o qual Deus o destinou. Eu tenho que fundar a Sua igreja sobre ti, porque aque­les que me aceitam como modelo são literalmente meus discípu­los. Discípulos são seguidores e, se o modelo que seguem escolheu preservá-los da dor em todos os aspectos, não seria sábio da parte deles não segui-lo.

9. Escolhi, para o teu bem e o meu, demonstrar que a agressão mais ultrajante segundo o julgamento do ego não importa. Se­gundo o julgamento do mundo sobre essas coisas, mas não segundo o conhecimento de Deus, eu fui traído, abandonado, es­pancado, rasgado e finalmente morto. Estava claro que isso so­mente aconteceu devido à projeção de outros sobre mim, já que eu não causei dano a ninguém e curei a muitos.

10. Ainda somos iguais como aprendizes, embora não seja neces­sário que tenhamos experiências iguais. O Espírito Santo fica contente quando consegues aprender com as minhas e ser re-des­pertado através delas. Esse é o seu único propósito e esse é o único modo no qual eu posso ser percebido como o caminho, a verdade e a vida. Quando ouves apenas uma Voz, nunca és cha­mado para o sacrifício. Ao contrário, por seres capaz de ouvir o Espírito Santo nos outros, podes aprender com as suas experiên­cias e ganhar por meio delas, mesmo sem vivenciá-las diretamen­te. Isso acontece porque o Espírito Santo é um e qualquer pessoa que escute é inevitavelmente conduzida a demonstrar o Seu caminho para todos.

11. Tu não és perseguido e nem eu fui. Não te é pedido que repi­tas as minhas experiências porque o Espírito Santo, a Quem com­partilhamos, faz com que isso seja desnecessário. Porém, para usares as minhas experiências construtivamente, ainda tens que seguir o meu exemplo na forma de percebê-las. Os meus irmãos e os teus estão constantemente engajados em justificar o injustifi­cável. A minha única lição, que eu tenho que ensinar como aprendi, é que nenhuma percepção que esteja em desacordo com o julgamento do Espírito Santo pode ser justificada. Eu assumi mostrar que isso foi verdadeiro em um caso extremo, meramente porque dessa forma serviria como um bom recurso de ensino para aqueles cuja tentação de se entregar à raiva e à agressão não seria tão extrema. Minha vontade unida à de Deus é que ne­nhum de Seus Filhos sofra.

12. A crucificação não pode ser compartilhada porque é o símbolo da projeção, mas a ressurreição é o símbolo do compartilhar por­que o re-despertar de cada Filho de Deus é necessário para que a Filiação seja capaz de conhecer a sua integridade. Só isso é co­nhecimento.

13. A mensagem da crucificação é perfeitamente clara:

Ensina só amor, pois é isso que tu és.

14. Se interpretares a crucificação de qualquer outro modo, tu a estás usando como uma arma para agredir em vez do chamado para a paz para o qual ela foi destinada. Os Apóstolos muitas vezes a compreenderam de forma equivocada pela mesma razão que qualquer pessoa a compreende de forma equivocada. Como o próprio amor que tinham era imperfeito, isso fez com que fos­sem vulneráveis à projeção e em função de seu próprio medo, falaram da "ira de Deus" como Sua arma de retaliação. E nem poderiam falar da crucificação inteiramente sem raiva, porque seu senso de culpa tinha-os tornado raivosos.

15. Esses são alguns dos exemplos de pensamento invertido no Novo Testamento, embora seu evangelho seja realmente só a men­sagem do amor. Se os Apóstolos não tivessem se sentido culpa­dos, nunca poderiam ter me citado como se eu tivesse dito "Não vim trazer paz, mas uma espada." Isso é claramente o oposto de tudo o que eu ensinei. Nem poderiam ter descrito as minhas rea­ções a Judas como o fizeram, se tivessem realmente me compreen­dido. Eu não poderia ter dito "Com um beijo traís o Filho do Homem?", a não ser que eu acreditasse em traição. Toda a mensa­gem da crucificação era simplesmente que eu não acreditava. A "punição" que se diz que eu invoquei para Judas é outro equívoco similar. Judas era meu irmão e um Filho de Deus, tão parte da Filiação quanto eu mesmo. Seria provável que eu o tivesse conde­nado quando estava pronto para demonstrar que a condenação é impossível?

16. Quando leres os ensinamentos dos Apóstolos, lembra-te de que eu próprio lhes disse que havia muita coisa que iriam com­preender mais tarde, porque não estavam totalmente prontos para me seguir naquela ocasião. Eu não quero que permitas que qualquer medo entre no sistema de pensamento rumo ao qual eu estou te guiando. Não estou chamando mártires, mas professo­res. Ninguém é punido por pecados e os Filhos de Deus não são pecadores. Qualquer conceito de punição envolve a projeção da acusação e reforça a idéia de que a acusação é justificada. O re­sultado é uma lição de acusação pois todo comportamento ensina as crenças que o motivam. A crucificação foi o resultado de siste­mas de pensamento claramente opostos, o símbolo perfeito do "conflito" entre o ego e o Filho de Deus. Esse conflito parece ser agora tão real quanto antes e suas lições têm que ser aprendidas agora, assim como naquele tempo.

17. Eu não preciso de gratidão, mas tu precisas desenvolver a tua capacidade enfraquecida de ser grato, ou não podes apreciar a Deus. Ele não precisa da tua apreciação, mas tu sim. Não podes amar o que não aprecias, pois o medo faz com que a apreciação seja impossível. Quando tens medo do que tu és, não o aprecias e portanto irás rejeitá-lo. Como resultado, vais ensinar a rejeição.

18. O poder dos Filhos de Deus está presente todo o tempo, por­que foram criados como criadores. A influência de uns sobre os outros é sem limites e tem que ser usada para a sua salvação conjunta. Cada um tem que aprender a ensinar que todas as formas de rejeição são sem significado. A separação é a noção de rejeição. Enquanto ensinares isso, acreditarás nisso. Não é assim que Deus pensa e tu tens que pensar como Ele se queres conhecê­-Lo outra vez.

19. Lembra-te de que o Espírito Santo é o elo de comunicação en­tre Deus Pai e os Seus Filhos separados. Se escutares a Sua Voz saberás que não podes ferir nem ser ferido e que muitos precisam da tua bênção para ajudá-los a ouvir isso por si mesmos. Quan­do perceberes essa única necessidade neles e não responderes a nenhuma outra, terás aprendido comigo e estarás tão ansioso para compartilhar o teu aprendizado quanto eu estou.


II. A alternativa para a projeção

1. Qualquer divisão na mente envolve necessariamente a rejeição de alguma parte dela e essa é a crença na separação. A integrida­de de Deus, que é a Sua paz, não pode ser apreciada exceto por uma mente íntegra que reconheça a integridade da criação de Deus. Nesse reconhecimento, ela conhece seu Criador. Exclusão e separação são sinônimos, assim como separação e dissociação. Dissemos anteriormente que separação era e é dissociação e uma vez que ocorre, a sua principal defesa ou o dispositivo que a mantém é a projeção. A razão disso, porém, pode não ser tão óbvia quanto pensas.

2. O que tu projetas, desaproprias e, portanto, não acreditas que seja teu. Tu estás te excluindo por te julgares diferente daquele sobre o qual projetas. Já que também julgaste contra o que proje­tas, continuas atacando-o porque continuas a mantê-lo separado. Fazendo isso inconscientemente, tentas manter o fato de que ata­caste a ti mesmo fora da tua consciência e assim imaginas teres te posto a salvo.

3. Entretanto, a projeção sempre vai ferir-te. Ela reforça a tua crença em tua própria mente dividida e seu único propósito é manter a separação. É apenas um instrumento do ego para fazer com que te sintas diferente dos teus irmãos e separado deles. O ego justifica isso alegando que faz com que te sintas "melhor" do que eles, assim obscurecendo ainda mais a tua igualdade em rela­ção a eles. Projeção e ataque estão inevitavelmente relacionados porque a projeção é sempre um meio de justificar o ataque. Rai­va sem projeção é impossível. O ego usa a projeção só para des­truir a tua percepção tanto de ti próprio quanto de teus irmãos. O processo começa com a exclusão de algo que existe em ti, mas que não queres, e te conduz diretamente a excluir-te dos teus irmãos.

4. Nós aprendemos, no entanto, que há uma alternativa para a projeção. Cada capacidade do ego é passível de melhor uso, por­que suas capacidades são dirigidas pela mente que tem uma Voz melhor. O Espírito Santo estende e o ego projeta. Como as suas metas são opostas, assim também é o resultado.

5. O Espírito Santo começa por perceber-te perfeito. Sabendo que essa perfeição é compartilhada, Ele a reconhece em outros, assim fortalecendo-a em ambos. Em lugar de raiva, isso desperta amor por ambos, pois estabelece a inclusão. Percebendo a igualdade, o Espírito Santo percebe necessidades iguais. Isso automaticamente convida a Expiação, uma vez que a Expiação é a única necessida­de nesse mundo que é universal. Perceber a ti mesmo deste modo é o único modo pelo qual podes achar felicidade no mundo. Isso é assim porque é o reconhecimento de que não estás nesse mundo, pois o mundo é infeliz.

6. De que outra maneira podes achar alegria em um local sem alegria, exceto reconhecendo que não é lá que estás? Não podes estar em lugar algum a menos que Deus tenha te posto lá, pois Deus te criou como parte Dele. Isso inclui o que tu és e onde estás. Isso é completamente inalterável. Isso é inclusão total. Tu não podes mudar isso nem agora nem nunca. Isso é para sempre verdadeiro. Não é uma crença, mas um Fato. Qualquer coisa criada por Deus é tão verdadeira quanto Ele é. Sua verdade está apenas em sua perfeita inclusão Nele, o único Que é perfeito. Negar isso é negar a ti mesmo e a Ele, posto que é impossível aceitar um sem o outro.

7. A igualdade perfeita da percepção do Espírito Santo é o reflexo da igualdade perfeita do conhecimento de Deus. Não há equiva­lente em Deus para a percepção do ego, mas o Espírito Santo permanece sendo a ponte entre percepção e conhecimento. Ca­pacitando-te a usar a percepção de um modo que reflita o conheci­mento, vais, em última instância, lembrar-te dele. O ego preferiria acreditar que essa memória é impossível, no entanto, é a tua per­cepção que o Espírito Santo guia. A tua percepção vai terminar onde começou. Todas as coisas se encontram em Deus, porque tudo foi criado por Ele e Nele.

8. Deus criou Seus Filhos estendendo o Seu Pensamento e reten­do as extensões do Seu Pensamento em Sua Mente. Todos os Seus Pensamentos são assim perfeitamente unidos entre si e em si mesmos. O Espírito Santo te capacita a perceber essa integri­dade agora. Deus te criou para criar. Não podes estender o Seu Reino enquanto não conheceres a sua integridade.

9. Os pensamentos têm início na mente de quem pensa, de onde alcançam o que está fora. Isso é tão verdadeiro em relação ao Pensamento de Deus quanto em relação ao teu. Como a tua men­te está dividida, podes perceber assim como pensar. Entretanto, a percepção não pode escapar das leis básicas da mente. Tu perce­bes a partir da tua mente e projetas as tuas percepções para fora. Embora qualquer tipo de percepção seja irreal, tu a fizeste e por­tanto o Espírito Santo pode fazer bom uso dela. Ele pode inspirar a percepção e conduzi-la para Deus. Essa convergência só parece estar no futuro distante porque a tua mente não está perfeitamen­te alinhada com a idéia e, portanto, tu não a queres agora.

10. O Espírito Santo usa o tempo, mas não acredita nele. Como Ele veio de Deus, usa todas as coisas para o bem e não acredita no que não é verdadeiro. Como o Espírito Santo está na tua mente, a tua mente também só pode acreditar no que é verdadeiro. O Espírito Santo só pode falar em favor disso, porque fala por Deus. Ele te diz para voltar toda a tua mente para Deus, porque ela nunca O deixou. Se a mente nunca O deixou, só precisas perce­bê-la como é e já terás retornado. Assim sendo, a consciência plena da Expiação é o reconhecimento de que a separação nunca ocorreu. O ego não pode prevalecer contra isso porque é uma declaração explícita de que o ego nunca ocorreu.

11. O ego pode aceitar a idéia de que o retorno é necessário porque pode muito facilmente fazer com que a idéia pareça difícil. En­tretanto, o Espírito Santo te diz que mesmo o retorno é desneces­sário, porque o que nunca aconteceu não pode ser difícil. Apesar disso, podes fazer com que a idéia do retorno seja tão necessária quanto difícil. Porém, certamente está claro que o perfeito não necessita de nada e tu não podes experimentar a perfeição como uma realização difícil, porque isso é o que tu és. Se deste modo que tens que perceber as criações de Deus, trazendo todas as tuas percepções para a única linha que o Espírito Santo vê. Essa linha é a linha direta de comunicação com Deus que permite à tua mente convergir com a Sua. Não há conflito em nenhum ponto dessa percepção, porque ela significa que toda percepção é guia­da pelo Espírito Santo, Cuja Mente está fixa em Deus. Só o Espí­rito Santo pode resolver conflitos, porque só o Espírito Santo está livre do conflito. Ele percebe apenas o que é verdadeiro em tua mente e o estende apenas para o que é verdadeiro em outras mentes.

12. A diferença entre a projeção do ego e a extensão do Espírito Santo é muito simples. O ego projeta para excluir e, portanto, para enganar. O Espírito Santo estende por reconhecer a Si mes­mo em cada mente e assim percebe-as como uma só. Nada está em conflito nesta percepção, porque na percepção do Espírito San­to todos são o mesmo. Aonde quer que Ele olhe, vê a Si Mesmo e porque está unido oferece sempre todo o Reino. Essa é a única mensagem que Deus deu a Ele e em nome da qual Ele tem que falar, porque é isso o que Ele é. A paz de Deus está nesta mensa­gem, assim a paz de Deus está em ti. A grande paz do Reino brilha na tua mente para sempre, mas ela tem que brilhar em dire­ção ao que está fora para fazer com que fiques ciente dela.

13. O Espírito Santo te foi dado com perfeita imparcialidade e só reconhecendo-O imparcialmente podes reconhecê-Lo. O ego é le­gião, mas o Espírito Santo é um. Em parte alguma do Reino habi­ta a escuridão, mas a tua parte é apenas a de não permitires que a escuridão habite em tua própria mente.

Esse alinhamento com a luz é ilimitado, pois está em alinhamento com a luz do mundo. Cada um de nós é a luz do mundo e unindo as nossas mentes nesta luz, proclamamos o Reino de Deus juntos e como um só.


III. Como abandonar o ataque

1. Como já enfatizamos, toda idéia tem início na mente de quem a pensa. Portanto, o que se estende da mente ainda está nela e ela conhece a si mesma por aquilo que estende. A palavra "conhe­cer" está correta aqui, porque o Espírito Santo ainda mantém o conhecimento a salvo em tua mente através da Sua percepção imparcial. Por não atacar nada, Ele não apresenta nenhuma bar­reira para a comunicação de Deus. Portanto, o que é, nunca é ameaçado. A tua mente, que é como a de Deus, não pode jamais ser profanada. O ego nunca foi nem nunca será parte dela, mas através do ego tu podes ouvir, ensinar e aprender o que não é verdadeiro. Tu tens te ensinado a acreditar que não és o que és.

Não podes ensinar o que não aprendeste e o que ensinas, tu fortaleces em ti mesmo porque o estás compartilhando. Cada lição que ensinas, tu estás aprendendo.

2. É por isso que tens que ensinar apenas uma lição. Se é que vais ser livre de todo conflito, tens que aprender só com o Espíri­to Santo e tens que ensinar só através Dele. Tu és só amor, mas quando negas isso, fazes do que és algo que tens que aprender a lembrar. Eu já disse que a mensagem da crucificação foi "Ensina só amor, pois é isso o que tu és." Essa é a única lição perfeita­mente unificada, pois é a única lição que é una. Só ensinando-a podes aprendê-la. "Conforme ensinas, assim aprenderás." Se isso é verdadeiro e, de fato, é verdadeiro, não te esqueças de que o que tu ensinas está ensinando a ti mesmo. E naquilo que proje­tas ou estendes, tu acreditas.

3. A única segurança está em estender o Espírito Santo, porque na medida em que vês a Sua gentileza nos outros, a tua própria men­te percebe a si mesma como totalmente inofensiva. Uma vez que possa aceitar isso plenamente, ela não vê nenhuma necessidade de se proteger. A proteção de Deus então desponta sobre ela, asse­gurando-lhe estar perfeitamente segura para sempre. Os que são perfeitamente seguros são totalmente benignos. Eles abençoam porque sabem que são abençoados. Sem ansiedade, a mente é totalmente benigna e porque estende beneficência, é beneficente. A segurança é o abandono completo do ataque. Nenhuma transi­gência é possível nisso. Ensina o ataque, em qualquer forma, e tu o terás aprendido e serás ferido por ele. Porém, esse aprendiza­do não é imortal e podes desaprendê-lo deixando de ensiná-lo.

4. Já que não podes deixar de ensinar, a tua salvação está em ensinar exatamente o oposto de tudo aquilo em que o ego acredita. É deste modo que vais aprender a verdade que vai libertar-te e manter-te livre enquanto os outros a aprendem de ti. O único caminho para se ter paz é ensinar a paz. Ensinando a paz, tu mesmo tens que aprendê-la, porque não podes ensinar o que ain­da dissocias. Só assim podes ganhar de volta o conhecimento que jogaste fora. Tu tens que ter uma idéia para compartilhá-la.

Ela desperta na tua mente através da convição que vem de ensi­ná-la. Tudo o que ensinas, estás aprendendo. Ensina só amor e aprende que o amor é teu e que tu és amor.


IV A única resposta

1. Lembra-te que o Espírito Santo é a Resposta, não a pergunta. O ego sempre fala em primeiro lugar. É caprichoso e não quer o bem do seu autor. Ele acredita e corretamente, que o seu autor pode retirar seu apoio a qualquer momento. Se ele te quisesse bem, ficaria contente, assim como o Espírito Santo ficará contente quando tiver te trazido para casa e não mais necessitares da Sua orientação. O ego não se considera parte de ti. Aí está seu erro primário, o fundamento de todo o seu sistema de pensamento.

2. Quando Deus te criou, Ele fez de ti parte de Si próprio. É por isso que o ataque é impossível dentro do Reino. Fizeste o ego sem amor e, portanto, ele não te ama. Não poderias permanecer den­tro do Reino sem amor e uma vez que o Reino é amor, tu acreditas que estás sem ele. Isso faz com que o ego se considere separado e pense que está fora do seu autor, assim falando pela parte da tua mente que acredita que tu estás separado e fora da Mente de Deus. O ego então levantou a primeira questão jamais colocada, questão essa que ele nunca pode responder. Essa questão - "O que és tu?" - foi o começo da dúvida. O ego nunca respondeu a nenhuma questão desde então, embora tenha levantado um gran­de número delas. 'As mais inventivas atividades do ego nunca fizeram mais do que obscurecer a questão, porque tu tens a res­posta e o ego tem medo de ti.

3. Tu não podes compreender o conflito enquanto não compreen­deres o fato básico de que o ego não pode conhecer coisa alguma. O Espírito Santo não fala em primeiro lugar, mas Ele sempre res­ponde. Todos já apelaram para Ele querendo ajuda em uma ou outra ocasião, de uma ou de outra forma e têm sido respondidos. Como o Espírito Santo responde verdadeiramente, Ele responde para todo o sempre, o que significa que todos têm a resposta agora.

4. O ego não é capaz de ouvir o Espírito Santo, mas acredita que parte da mente que o fez está contra ele. Interpreta isso como uma justificativa para atacar seu autor. Ele acredita que a melhor forma de defesa é o ataque e quer que tu acredites nisso. A não ser que acredites, não estarás do seu lado e o ego sente grande necessidade de aliados, embora não de irmãos. Percebendo algu­ma coisa estranha a si mesmo dentro da tua mente, o ego volta-se para o corpo como seu aliado, porque o corpo não é parte de ti. Isso faz do corpo o amigo do ego. É uma aliança abertamente baseada na separação. Se estiveres de acordo com essa aliança, sentirás medo, porque estás a favor de uma aliança de medo.

5. O ego usa o corpo para conspirar contra a tua mente, e porque o ego reconhece que seu "inimigo" pode acabar com ambos mera­mente reconhecendo que ambos não são parte de ti, eles se unem no ataque conjunto. Talvez essa seja a mais estranha de todas as percepções, se considerares o que ela realmente envolve. O ego, que não é real, tenta persuadir a mente, que é real, de que a mente é o instrumento de aprendizado do ego; e além disso de que o corpo é mais real do que a mente. Ninguém em sua mente certa poderia acreditar nisso e ninguém em sua mente certa acredita nisso.

6. Ouve, então, a única resposta do Espírito Santo para todas as questões que o ego levanta: tu és uma criança de Deus, uma parte inestimável de Seu Reino, que Ele criou como parte de Si Mesmo. Nada mais existe e só isso é real. 3ens escolhido um sono no qual tens tido sonhos ruins, mas esse sono não é real e Deus te chama para despertar. 4Não sobrará nada do teu sonho quando tu O ouvires, porque despertarás. Os teus sonhos contêm muitos dos símbolos do ego e eles te confundiram. Entretanto, isso só aconteceu porque estavas dormindo e não sabias. Quando acor­dares, verás a verdade em torno de ti e em ti e não mais acredita­rás em sonhos, porque não terão nenhuma realidade para ti. No entanto, o Reino e tudo o que lá tens criado terão grande realida­de para ti porque são bonitos e verdadeiros.

7. No Reino, há certeza perfeita quanto ao lugar aonde estás e quanto ao que és. Não há nenhuma dúvida, porque a primeira questão nunca foi perguntada. Tendo afinal sido totalmente res­pondida, ela nunca existiu. Só o que é vive no Reino, onde tudo vive em Deus sem questionamento. O tempo gasto com questio­namentos no sonho cedeu lugar à criação e à sua eternidade. A tua certeza é como a de Deus porque és tão verdadeiro quanto Ele é, mas o que uma vez foi certo em tua mente veio a ser apenas a capacidade para a certeza.

8. A introdução das capacidades no que é, foi o início da incerteza porque as capacidades são potenciais, não realizações. As tuas capacidades são inúteis na presença das realizações de Deus e também das tuas. As realizações são resultados que foram atingi­dos. Quando são perfeitos, as capacidades são sem significado. É curioso que o perfeito agora tenha que ser aperfeiçoado. De fato, isso é impossível. Lembra-te, porém, que quando te pões em uma situação impossível, acreditas que o impossível é possível.

9. As capacidades têm que ser desenvolvidas antes que possas usá-las. Isso não é verdadeiro em relação a coisa alguma que Deus tenha criado, mas é a solução mais benigna possível para o que tu fizeste. Em uma situação impossível, podes desenvolver as tuas capacidades a ponto de poderem fazer-te sair disso. Tens um Guia para mostrar-te como desenvolvê-las, mas não tens outro comandante a não ser tu mesmo. Isso te deixa a cargo do Reino, tendo ambos: um Guia para achá-lo e um meio para conservá-lo. Tens um modelo a seguir que fortalecerá o teu comando e nunca te desviará dele de modo algum. Portanto, tu és aquele que retém o lugar central na tua escravidão imaginada, que em si mesma demonstra que não estás escravizado.

10. Estás em uma situação impossível só porque pensas que é pos­sível estar. Estarias em uma situação impossível se Deus te mos­trasse a tua perfeição e te provasse que estavas errado. Isso demonstraria que os perfeitos são inadequados para trazer a si mesmos à consciência da própria perfeição, e assim estaria de acordo com a crença segundo a qual aqueles que têm tudo preci­sam de ajuda e, portanto, são impotentes. Esse é o tipo de "racio­cínio" em que se engaja o ego. Deus, Que sabe que as Suas criações são perfeitas, não as afronta. Isso seria tão impossível quanto a noção do ego que pensa tê-Lo afrontado.

11. É por isso que o Espírito Santo nunca comanda. Comandar é assumir a desigualdade, que o Espírito Santo demonstra que não existe. A fidelidade à premissas é uma lei da mente e tudo o que Deus criou é fiel às Suas leis. Porém a fidelidade a outras leis é também possível, não porque as leis sejam verdadeiras, mas por­que tu as fizeste. O que seria ganho se Deus te provasse que tens pensado de modo insano? É possível que Deus perca a Sua própria certeza? Eu disse freqüentemente que o que tu ensinas, tu és. Quererias tu que Deus te ensinasse que tens pecado? Se Ele confrontasse o ser que tu fizeste com a verdade que Ele criou para ti, o que poderias ser senão medroso? Duvidarias da tua mente certa, que é o único lugar onde podes achar a sanidade que Deus te deu.

12. Deus não ensina. Ensinar implica uma falta, que Deus sabe que não existe. Deus não é conflitado. O ensino tem por objeti­vo a mudança, mas Deus apenas criou o imutável. A separação não foi uma perda da perfeição, mas um fracasso na comunica­ção. Uma forma de comunicação áspera e estridente surgiu como a voz do ego. Ela não podia estilhaçar a paz de Deus, mas podia estilhaçar a tua. Deus não a silenciou, porque erradicá-la seria atacá-la. Sendo questionado, Ele não questionou. Simples­mente deu a Resposta. A Sua Resposta é o teu Professor.


V As lições do Espírito Santo

1. Como qualquer bom professor, o Espírito Santo conhece mais do que tu agora, mas só ensina para fazer com que sejas igual a Ele. Já havias ensinado errado a ti mesmo, tendo acreditado no que não era verdadeiro. 'Não acreditaste na tua própria perfei­ção. Iria Deus ensinar-te que tinhas feito uma mente dividida quando Ele só conhece a tua mente íntegra? O que Deus sabe é

que Seus canais de comunicação não estão abertos para Ele, de modo que Ele não pode transmitir a Sua alegria e saber que Suas crianças são totalmente alegres. A doação da Sua alegria é um processo em andamento, não no tempo, mas na eternidade. A extensão de Deus para fora, embora não a Sua completeza, é blo­queada quando a Filiação não se comunica com Ele como um só. Assim Ele pensou: "Minhas crianças dormem e têm que ser des­pertadas”.

2. Como se pode despertar crianças de maneira mais benigna do que com uma Voz gentil Que não as assustará, mas apenas lhes lembrará que terminou a noite e veio a luz? Tu não as informas de que os pesadelos que tanto as assustaram não eram reais, por­que crianças acreditam em mágica. Meramente asseguras a elas de que agora estão a salvo. Então, tu as treinas para que reconhe­çam a diferença entre estar dormindo e estar desperto, de forma que compreendam que não precisam ter medo de sonhos. Assim, quando vêm os sonhos maus, por si mesmas chamarão a luz para dispersá-los.

3. Um professor sábio ensina através da aproximação e não pela abstenção. Não enfatiza o que tem que ser evitado de modo a escapar dos danos, mas o que precisa ser aprendido para se ter alegria. Considera o medo e a confusão que uma criança experi­mentaria se lhe fosse dito: "Não faças isso porque vai machucar-te e não estarás a salvo; mas se em vez disso fizeres aquilo, escaparás do dano, estarás a salvo e assim não sentirás medo." Com certe­za, é melhor usar só três palavras: "Faze apenas isso." Essa sim­ples afirmação é perfeitamente clara, facilmente compreendida e muito facilmente lembrada.

4. O Espírito Santo nunca faz uma lista dos erros porque não assusta as crianças e aqueles a quem falta juízo são crianças. En­tretanto, Ele sempre responde aos seus chamados e Sua fidedigni­dade faz com que elas tenham mais certeza. As crianças, de fato, confundem fantasia e realidade e se assustam porque não reco­nhecem a diferença. O Espírito Santo não faz nenhuma distinção entre sonhos. Simplesmente os ilumina, afastando-os. A Sua luz é sempre o chamado para o despertar, seja o que for que estejas sonhando. Não há nada que perdure nos sonhos e o Espírito San­to, brilhando com a luz do próprio Deus, fala apenas em favor daquilo que perdura para sempre.

A. Para ter, dá tudo a todos

1. Quando o teu corpo, o teu ego e os teus sonhos se forem, sabe­rás que durarás para sempre. Talvez penses que isso se realize através da morte, mas nada é realizável através da morte, porque a morte não é nada. 3Tudo é realizado através da vida e a vida é da mente e está na mente. O corpo nem vive nem morre, porque não pode conter a ti, que és vida. 5Se nós compartilhamos a mes­ma mente, tu podes superar a morte porque eu a superei. A mor­te é uma tentativa de resolver o conflito sem decidir nada. Como qualquer das outras soluções impossíveis que o ego tenta, essa não vai funcionar.

2. Deus não fez o corpo porque ele pode ser destruído e, portan­to, não é do Reino. O corpo é o símbolo do que pensas que és. É com toda a clareza um instrumento de separação e portanto não existe. O Espírito Santo, como sempre, toma o que tu fizeste e o traduz em um instrumento de aprendizado. Mais uma vez, como sempre, Ele re-interpreta o que o ego usa como argumento para a separação como uma demonstração contra isso. Se a men­te pode curar o corpo, mas o corpo não pode curar a mente, nesse caso, a mente tem que ser mais forte do que o corpo. Todo mila­gre demonstra isso.

3. Eu já disse que o Espírito Santo é a motivação para os milagres. Ele sempre te diz que só a mente é real, porque só a mente pode ser compartilhada. O corpo é separado e, portanto, não pode ser parte de ti. Ser uma única mente tem significado, mas ser um único corpo não tem. Nesse caso, pelas leis da mente, o corpo é sem significado.

4. Para o Espírito Santo não há ordem de dificuldades em mila­gres. Isso já te é bastante familiar a essa altura, mas ainda não veio a ser verossímil. Portanto, não compreendes e não podes usar isso. Nós temos muito a realizar em favor do Reino para deixar esse conceito crucial passar despercebido. É realmente uma pedra fundamental do sistema de pensamento que eu ensi­no e quero que tu ensines. Não podes apresentar milagres sem acreditar nisso, porque essa é a crença na perfeita igualdade. Só uma dádiva igual pode ser oferecida aos Filhos iguais de Deus e isso é apreciação plena. Nada mais e nada menos. Sem uma escala, a ordem de dificuldades não tem significado e não deve haver nenhuma escala naquilo que ofereces ao teu irmão.

5. O Espírito Santo, Que conduz a Deus, traduz a comunicação naquilo que é, do mesmo modo que Ele em última instância tra­duz percepção em conhecimento. Tu não perdes o que comuni­cas. O ego usa o corpo para o ataque, para o prazer e para o orgulho. A insanidade dessa percepção faz com que ela seja, de fato, amedrontadora. O Espírito Santo vê o corpo só como um meio de comunicação e como comunicar é compartilhar, ele vem a ser comunhão. Talvez penses que o medo, assim como o amor, pode ser comunicado e, portanto, compartilhado. No entanto, isso não é tão real como pode parecer. Aqueles que comunicam o medo estão promovendo o ataque e o ataque sempre quebra a comunicação, fazendo com que ela seja impossível. Os egos de fato se unem em aliança temporária, mas sempre em função do que cada um pode conseguir separadamente. O Espírito Santo só comunica o que cada um pode dar a todos. Ele nunca toma coisa alguma de volta porque quer que tu a conserves. Portanto. Seu ensinamento começa com a lição:

Para ter, dá tudo a todos.

6. Esse é um passo muito preliminar e o único que tens que dar por conta própria. Não é nem mesmo necessário que completes esse passo por ti mesmo, mas é necessário que te voltes nesta direção. Tendo escolhido ir por esse caminho, te colocas no co­mando da jornada onde tu e somente tu tens que permanecer. Esse passo pode aparentar exacerbar o conflito ao invés de resol­vê-lo, porque é o passo inicial para reverter a tua percepção e virá-Ia de cabeça para cima. Isso entra em conflito com a percep­ção invertida que ainda não abandonaste, ou não teria sido neces­sária a mudança de direção. Algumas pessoas permanecem nesse ponto durante um longo tempo, experimentando um conflito muito agudo. A essa altura, podem tentar aceitar o conflito ao invés de dar o próximo passo para a sua resolução. Tendo dado o primeiro passo, porém, serão ajudadas. Uma vez tendo escolhido o que não podem completar sozinhas, não estão mais sozinhas.

B. Para ter paz, ensina a paz para aprendê-la

1. Todas as pessoas que acreditam na separação têm um medo básico de retaliação e abandono. Acreditam em ataque e rejeição de modo que é isso que percebem, ensinam e aprendem. Essas idéias insanas são claramente o resultado da dissociação e da pro­jeção. O que ensinas, tu és, mas é bastante evidente que podes ensinar errado e podes, portanto, ensinar errado a ti mesmo. Muitos pensaram que eu os estava atacando, embora fosse evi­dente que não estava. Um aprendiz insano aprende lições estra­nhas. 'O que tens que reconhecer é que quando não compartilhas um sistema de pensamento, tu o estás enfraquecendo. Aqueles que acreditam nele, portanto, percebem isso como um ataque a si próprios. Isso porque todos se identificam com seu sistema de pensamento e todo sistema de pensamento está centrado no que tu acreditas que és. Se o centro do sistema de pensamento é verdadeiro, só a verdade se estende a partir dele. Mas se uma mentira está no centro, só o engano procede dele.

2. Todos os bons professores reconhecem que só uma mudança fundamental durará, mas eles não começam nesse nível. Fortale­cer a motivação para a mudança é a sua primeira e principal meta. É também a sua última e final. Aumentar a motivação para a mudança no aprendiz é tudo o que um professor precisa fazer para garantir a mudança. A mudança na motivação é uma mudança na mente e isso não pode deixar de produzir uma mu­dança fundamental porque a mente é fundamental.

3. O primeiro passo no processo de reversão ou desfazer é o des­fazer do conceito de receber. Correspondentemente, a primeira lição do Espírito Santo foi "Para ter, dá tudo a todos." Eu disse que isso pode aumentar o conflito temporariamente e podemos esclarecer isso ainda mais agora. Nesse ponto, a igualdade de ter e ser ainda não é percebida. Até que seja, ter aparenta ser o opos­to de dar. Portanto, a primeira lição parece conter uma contradi­ção, já que está sendo aprendida por uma mente conflitada. Isso significa motivação conflitante e assim a lição ainda não pode ser aprendida de modo consistente. Além disso, a mente do apren­diz projeta seu próprio conflito e assim não percebe consistência nas mentes dos outros, fazendo com que ele desconfie da motiva­ção dos outros. Essa é a razão real pela qual, em muitos aspectos, a primeira lição é a mais difícil de se aprender. Ainda ciente do ego em ti mesmo de modo muito forte e respondendo de maneira primária ao ego nos outros, estás sendo ensinado a reagir a am­bos como se o que acreditas não fosse verdadeiro.

4. O ego, como sempre de cabeça para baixo, percebe a primeira lição como insana. De fato, essa é a sua única alternativa, já que a outra possibilidade, que seria muito menos aceitável para ele, seria a de que, obviamente, ele é insano. O julgamento do ego aqui, como sempre, é pré-determinado pelo que ele é. A mudan­ça fundamental ainda ocorrerá com a mudança da mente naquele que pensa. Enquanto isso, a crescente clareza da Voz do Espírito Santo faz com que seja impossível para o aprendiz não escutar. Durante algum tempo, então, ele está recebendo mensagens con­flitantes e aceitando ambas.

5. A saída do conflito entre dois sistemas de pensamento que se opõem está claramente em escolher um e abandonar o outro. Se tu te identificas com o teu sistema de pensamento e não podes escapar disso e se aceitas dois sistemas de pensamento que estão em completo desacordo, é impossível ter a mente em paz. Se ensinas ambos, coisa que certamente farás na medida em que aceitas ambos, estás ensinando o conflito e aprendendo-o. No entanto, realmente queres paz, ou não terias apelado para a Voz pela paz para te ajudar. A Sua lição não é insana, o conflito sim.

6. Não pode haver conflito entre sanidade e insanidade. Só uma é verdadeira e, portanto, só uma é real. O ego tenta persuadir-te de que depende de ti decidir qual é a Voz verdadeira, mas o Espírito Santo te ensina que a verdade foi criada por Deus e a tua decisão não pode mudá-la. À medida em que começas a reco­nhecer o sereno poder da Voz do Espírito Santo e Sua perfeita consistência, com certeza despontará na tua mente que tu estás tentando desfazer uma decisão que foi irrevogavelmente tomada para ti. É por isso que eu sugeri antes que te lembres de permitir que o Espírito Santo decida a favor de Deus por ti.

7. Não te é solicitado que tomes decisões insanas, embora possas pensar que sim. Todavia, acreditar que depende de ti decidir o que são as criações de Deus não pode deixar de ser insano. O Espírito Santo percebe o conflito exatamente como é. Portanto, Sua segunda lição é:

Para ter paz, ensina paz para aprendê-la.

8. Esse ainda é um passo preliminar, já que ter e ser ainda não estão equiparados. No entanto, é mais avançado do que o pri­meiro passo, que é realmente apenas o começo da reversão do pensamento. O segundo passo é uma afirmação positiva do que queres. Esse é, portanto, um passo em direção à saída do confli­to, já que significa que as alternativas foram consideradas e uma foi escolhida como a mais desejável. No entanto, a expressão "mais desejável" ainda implica que o desejável tem graus. Portanto, embora esse passo seja essencial para a decisão definitiva, está claro que não é o passo final. A ausência de ordem de difi­culdades nos milagres ainda não foi aceita, porque nada que seja totalmente desejado é difícil. Desejar totalmente é criar e criar não pode ser difícil se o próprio Deus te criou como um criador.

9. Assim sendo, o segundo passo ainda é perceptivo, embora seja um passo gigantesco no sentido da percepção unificada que refle­te o conhecimento de Deus. Na medida em que dás esse passo e manténs essa direção, estarás abrindo caminho em direção ao cen­tro do teu sistema de pensamento, onde a mudança fundamental vai ocorrer. Na altura do segundo passo, o progresso é intermi­tente, mas o segundo passo é mais fácil do que o primeiro porque decorre dele. Reconhecer que ele não pode deixar de decorrer é uma demonstração de que tens uma consciência crescente de que o Espírito Santo te conduzirá para adiante.

C. Sê vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino

1. Dissemos anteriormente que o Espírito Santo é avaliador e tem que ser. Ele separa o verdadeiro do falso em tua mente e te ensi­na a julgar cada pensamento que permites que entre em tua men­te à luz do que Deus lá colocou. Qualquer coisa que esteja de acordo com essa luz, Ele retém para fortalecer o Reino em ti. O que está parcialmente de acordo com ela, Ele aceita e purifica. Mas o que está inteiramente em desacordo Ele rejeita julgando contra. É assim que Ele mantém o Reino perfeitamente consis­tente e perfeitamente unificado. Lembra-te, porém, de que o que o Espírito Santo rejeita, o ego aceita. $Isso é assim porque eles estão em desacordo fundamental sobre todas as coisas, estando em desacordo fundamental em relação ao que tu és. As crenças do ego em torno dessa questão crucial variam e é por isso que ele promove diferentes estados de ânimo. O Espírito Santo nunca varia nesse ponto e, assim, o único estado de ânimo que Ele en­gendra é a alegria. Ele a protege, rejeitando tudo que não nutre a alegria, e assim só Ele é capaz de manter-te totalmente alegre.

2. O Espírito Santo não te ensina a julgar os outros, porque Ele não quer que ensines o erro e o aprendas. Dificilmente Ele seria consistente em Seu ensinamento se permitisse que fortalecesses o que precisas aprender a evitar. Na mente de quem pensa, por­tanto, Ele é julgador, mas só no sentido de unificar a mente de modo que ela possa perceber sem julgamento. Isso faz com que a mente seja capaz de ensinar sem julgamento e, por conseguinte, de aprender a ser sem julgamento. O desfazer só é necessário em tua mente, de modo que não venhas a projetar em lugar de esten­der. O próprio Deus estabeleceu o que podes estender com per­feita segurança. Assim sendo, a terceira lição do Espírito Santo é:

Sê vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino.

3. Esse é um passo da maior importância em direção à mudança fundamental. Contudo, ainda há nele um aspecto da reversão do pensamento, uma vez que implica que há alguma coisa contra a qual tens que ser vigilante. Avançou-se muito em relação à pri­meira lição, que é meramente o começo da reversão do pensa­mento e também em relação à segunda, que é essencialmente a identificação do que é mais desejável. Esse passo, que decorre do segundo assim como o segundo decorre do primeiro, enfatiza a dicotomia entre o desejável e o indesejável. Portanto, faz com que a escolha final seja inevitável. 4. Enquanto o primeiro passo parece aumentar o conflito e o se­gundo pode ainda acarretar conflito em certa medida, esse passo pede vigilância de forma consistente contra ele. Eu já te disse que podes ser tão vigilante contra o ego como a favor dele. Essa lição não ensina somente que podes ser, mas também que tens que ser. Ele não se preocupa com a ordem de dificuldades, mas com a prioridade clara que deve ser dada à vigilância. Essa lição é ine­quívoca no sentido de que ensina que é necessário não haver exce­ções, embora não negue que a tentação de fazer exceções vai ocorrer. Aqui, então, é feito um apelo à tua consistência apesar do caos. No entanto, o caos e a consistência não podem coexistir por muito tempo, já que são mutuamente exclusivos. Contudo, na medida em que tens que estar vigilante contra alguma coisa, não estás reconhecendo essa exclusividade mútua e ainda acreditas que podes escolher uma coisa ou outra. Ao ensinar o que escolher, o Espírito Santo, em última instância, vai ensinar-te que não preci­sas escolher de forma alguma. Isso finalmente libertará a tua mente da escolha e a dirigirá para a criação dentro do Reino.

5. A escolha através do Espírito Santo vai conduzir-te ao Reino. Tu crias através do que és verdadeiramente, mas o que és, tens que aprender a lembrar. O caminho para lembrar disso é ineren­te ao terceiro passo, que reune as lições implícitas nos outros e vai além rumo à integração real. Se te permitires ter em tua mente só o que Deus lá colocou, estás admitindo a tua mente tal como Deus a criou. Portanto, tu a estás aceitando como é. Já que ela é íntegra, estás ensinando paz, porque acreditas na paz. Deus ainda dará o passo final por ti, mas à altura do terceiro passo, o Espírito Santo já te preparou para Deus. Ele está te aprontando para a tradução de ter em ser pela própria natureza dos passos que tens que dar com Ele.

6. Tu, em primeiro lugar, aprendes que ter se baseia em dar e não em receber. Em seguida, aprendes que tu aprendes o que ensinas e que queres aprender paz. Essa é a condição para a identifica­ção com o Reino, já que é essa a condição do Reino. Tens acredita­do que estás sem o Reino, tendo portanto te excluído dele na tua crença. Por conseguinte, é essencial ensinar-te que não há dúvi­da quanto à tua inclusão e que a crença segundo a qual não estás incluído é a única coisa que tens que excluir.

7. O terceiro passo é, então, para a proteção da tua mente, permitindo-te identificar-te só com o centro, onde Deus colocou o altar a Si Mesmo. Altares são crenças, mas Deus e as Suas criações estão além da crença porque estão além do questionamento. A Voz por Deus só fala em favor da crença que está além do ques­tionamento, que é a preparação para ser sem questionamento. Enquanto a crença em Deus e em Seu Reino for assaltada por quaisquer dúvidas em tua mente, a Sua realização perfeita não é evidente para ti. É por isso que tens que ser vigilante a favor de Deus. O ego fala contra a Sua criação e engendra, portanto, a dúvida. Não podes ir além da crença enquanto não acreditares inteiramente.

8. Ensinar a toda a Filiação sem exceção demonstra que percebes a sua integridade e aprendeste que ela é una. Agora tens que ser vigilante para manter em tua mente essa unicidade, porque se permitires a entrada da dúvida, perderás a consciência da inte­gridade da mente e serás incapaz de ensiná-la. A integridade do Reino não depende da tua percepção, mas a tua consciência da sua integridade sim. É apenas a tua consciência que necessita de proteção, uma vez que aquilo que é não pode ser agredido. En­tretanto, não podes ter um senso real do que é, enquanto estive­res em dúvida quanto ao que tu és. É por isso que a vigilância é essencial. As dúvidas sobre o que é não devem entrar na tua mente, ou não poderás saber o que és com certeza. A certeza é de Deus para ti. A vigilância não é necessária para a verdade, mas é necessária contra as ilusões.

9. A verdade é sem ilusões e portanto está dentro do Reino. Tudo o que está fora do Reino é ilusão. Quando jogaste fora a verdade, tu te viste como se estivesses sem ele. Fazendo outro reino que valorizaste, não guardaste só o Reino de Deus em tua mente e assim colocaste parte da tua mente fora dele. O que fizeste apri­sionou a tua vontade e te deu uma mente doente que tem que ser curada. A tua vigilância contra essa doença é o caminho para curá-la. Uma vez que a tua mente está curada, ela irradia saúde e através disso ensina a cura. Isso te estabelece como um profes­sor que ensina como eu. A vigilância foi requerida de mim tanto quanto de ti e aqueles que escolhem ensinar a mesma coisa têm que estar de acordo sobre o que acreditam.

10. O terceiro passo, então, é uma declaração do que queres acre­ditar e implica em uma disponibilidade para abandonar tudo o mais. O Espírito Santo vai fazer com que sejas capaz de dar esse passo, se tu O seguires. A tua vigilância é o sinal de que queres que Ele te guie. A vigilância de fato requer esforço, mas só até que aprendas que o esforço em si é desnecessário. Tu despendes­te grande esforço para preservar o que fizeste porque não era verdadeiro. Portanto, agora, tens que voltar o teu esforço contra isso. Só assim é possível cancelar a necessidade do esforço e re­correr ao ser que tu ao mesmo tempo tens e és. Esse reconheci­mento é totalmente sem esforço, posto que já é verdadeiro e não necessita de proteção. Está na segurança perfeita de Deus. Por­tanto, a inclusão é total e a criação é sem limites.