julho 15, 2010

Capítulo 05 - CURA E INTEGRIDADE

Capítulo 5 - CURA E INTEGRIDADE

Introdução

1. Curar é fazer feliz. Eu te disse para pensar em quantas oportu­nidades tens tido para alegrar-te e quantas tens recusado. Isso é o mesmo que dizer que tens te recusado a curar-te. A luz que te pertence é a luz da alegria. A radiância não está associada com o pesar. A alegria suscita uma disposição integrada da vontade para compartilhá-la e promove o impulso natural da mente para responder como uma só. Aqueles que tentam curar sem ser total­mente alegres suscitam simultaneamente diferentes tipos de respostas, privando assim os outros da alegria de responder com todo o coração.

2. Para ser de todo o coração, tens que ser feliz. Se medo e amor não podem coexistir, se é impossível estar totalmente amedronta­do e permanecer vivo, o único estado possível de forma total é o do amor. Não há diferença entre amor e alegria. Assim sendo, o único estado que é totalmente possível é o de total alegria. Curar ou alegrar é, portanto, o mesmo que integrar e unificar. Por isso é indiferente a que parte ou através de que parte da Filiação é oferecida a cura. Todas as partes são beneficiadas e beneficiadas igualmente.

3. Tu estás sendo abençoado por qualquer pensamento benéfico de qualquer dos teus irmãos em qualquer lugar. Por gratidão, deverias querer abençoá-los em retribuição. Não precisas conhe­cê-los individualmente, nem eles a ti. A luz é tão forte que se irradia através da Filiação e retoma os agradecimentos ao Pai, por irradiar sobre ela a Sua alegria. Só as crianças santas de Deus são canais dignos da Sua bela alegria, porque só elas são suficien­temente belas para mantê-la por compartilhá-la. É impossível para uma criança de Deus amar a seu próximo a não ser como a si mesma. Por isso, a oração daquele que cura é:

Que eu conheça esse irmão como conheço a mim mesmo.


I. O convite ao Espírito Santo

1. A cura é um pensamento pelo qual duas mentes percebem a sua unicidade e vêm a ser contentes. Esse contentamento convo­ca todas as partes da Filiação a regozijarem-se com elas e permite que Deus se manifeste para elas e através delas. Só a mente cura­da pode experimentar a revelação com efeito duradouro, porque a revelação é uma experiência de pura alegria. Se não escolhes ser totalmente alegre, a tua mente não pode ter o que ela não escolhe ser. Lembra-te que o espírito não conhece diferença entre ter e ser. A mente superior pensa de acordo com as leis que o espírito obedece e assim honra apenas as leis de Deus. Para o espírito, obter é sem significado e dar é tudo. Tendo tudo, o espí­rito mantém todas as coisas dando-as e assim cria como o Pai criou. Embora esse tipo de pensamento seja totalmente alheio à posse de coisas, mesmo para a mente inferior é bastante com­preensível no que diz respeito às idéias. Se compartilhas uma posse física, de fato, divides essa propriedade. Se compartilhas uma idéia, porém, não a diminuis. Ela ainda é toda tua apesar de ter sido dada totalmente. Além disso, se a pessoa a quem a deste a aceita como sua própria, essa pessoa a reforça na tua men­te e assim a aumenta. Se o conceito de que o mundo é um mun­do de idéias é aceitável para ti, toda a crença na falsa associação que o ego faz entre dar e perder desaparece.

2. Vamos começar nosso processo de re-despertar com apenas uns poucos conceitos simples:

Os pensamentos aumentam por serem dados.

Quanto maior é o número dos que neles acreditam mais fortes passam a ser.

Tudo é uma idéia.

Como é possível, então, que dar e perder sejam as­sociados?

3. Esse é o convite ao Espírito Santo. Já tenho dito que posso alcançar o que está acima e trazer o Espírito Santo para ti, mas só posso trazê-Lo a ti com o teu próprio convite. O Espírito Santo está em tua mente certa, assim como estava na minha. A Bíblia diz, "Tende em vós a mesma mente que estava também em Cristo Jesus", e usa isso como uma bênção. É a benção da mente dispos­ta para o milagre. Ela pede que possas pensar como eu pensei, unindo-te a mim no pensamento de Cristo.

4. O Espírito Santo é a única parte da Santíssima Trindade que tem uma função simbólica. Ele é chamado o Curador, o Consola­dor e o Guia. Ele também é descrito como algo "separado", à parte do Pai e do Filho. Eu mesmo disse: "Se eu me for, eu vos enviarei um outro Consolador, e Ele habitará convosco." Sua fun­ção simbólica faz com que o Espírito Santo seja difícil de com­preender porque o simbolismo é aberto à interpretações diferentes. Como homem e também como uma das criações de Deus, o meu pensamento certo, que veio do Espírito Santo ou a Inspiração Uni­versal, ensinou-me em primeiro lugar e acima de tudo que essa Inspiração é para todos. Eu mesmo não poderia tê-La em mim sem saber disso. A palavra "conhecer" é apropriada nesse contex­to, porque o Espírito Santo está tão próximo do conhecimento que o traz à tona ou melhor, permite que ele venha. Eu falei anterior­mente da percepção superior ou "verdadeira" que está tão próxi­ma da verdade que o próprio Deus pode fluir através da pequena brecha entre eles. O conhecimento está sempre pronto para fluir a toda parte, mas não pode se opor. Assim sendo podes obstruí­lo, embora nunca possas perdê-lo.

5. O Espírito Santo é a Mente de Cristo que é ciente do conheci­mento que está além da percepção. Ele veio a ser com a separa­ção, como uma proteção, ao mesmo tempo inspirando o princípio da Expiação. Antes disso, não havia nenhuma necessidade de cura, pois não havia ninguém sem consolo. A Voz do Espírito Santo é o Chamado para a Expiação ou a restauração da integri­dade da mente. Quando a Expiação for completa e toda a Filia­ção estiver curada, não haverá nenhum chamado para retornar. Mas o que Deus cria é eterno. O Espírito Santo vai permanecer com os Filhos de Deus para abençoar suas criações e mantê-los na luz da alegria.

6. Deus honrou mesmo as criações equivocadas de Suas crianças porque elas as tinham feito. Mas, também abençoou Suas crian­ças com um modo de pensar capaz de elevar as suas percepções a tal ponto que quase poderiam alcançá-Lo de novo. O Espírito Santo é a Mente da Expiação. Ele representa um estado mental suficientemente próximo da mente disposta para o que é Uno, que transferi-lo para ela é finalmente possível. A percepção não é conhecimento, mas pode ser transferida para o conhecimento ou atravessar a ponte para ele. Talvez seja até mais útil usar aqui o significado literal da palavra transferida, ou seja, "transportada", uma vez que o último passo é dado por Deus.

7. O Espírito Santo, a Inspiração compartilhada de toda a Filia­ção, induz a um tipo de percepção no qual muitos elementos são iguais àqueles no próprio Reino do Céu: Primeiro, sua universalidade é perfeitamente clara e ninguém que a tenha alcançado poderia acreditar, nem por um instante, que compartilhá-la envolve qualquer outra coisa que não seja ga­nhar. Segundo, ela é incapaz de atacar e está, portanto, verdadeira­mente aberta. Isso significa que, apesar de não engendrar conhe­cimento, não o obstrui de modo algum. Finalmente, indica o caminho para além da cura que ela traz e conduz a mente além da sua própria integração, rumo aos cami­nhos da criação. É nesse ponto que ocorre uma mudança quanti­tativa suficiente para produzir um deslocamento qualitativo real.


II. A Voz por Deus

1. A cura não é criação, é reparação. O Espírito Santo promove a cura olhando além dela para o que eram as crianças de Deus antes que a cura fosse necessária, e para o que serão quando tive­rem sido curadas. Essa alteração da seqüência temporal deveria ser bastante familiar porque é muito similar ao deslocamento na percepção do tempo que o milagre introduz. O Espírito Santo é a motivação para a mentalidade milagrosa; a decisão de curar a separação, deixando que ela se vá. A tua vontade ainda está em ti porque Deus colocou-a em tua mente e embora possas mantê-la adormecida, não podes obliterá-la. O próprio Deus mantém a tua vontade viva, transmitindo-a a partir da Sua Mente para a tua enquanto o tempo existir. O milagre em si é um reflexo dessa união de vontade entre Pai e Filho.

2. O Espírito Santo é o espírito da alegria. Ele é o Chamado para o retorno com o qual Deus abençoou as mentes de Seus Filhos separados. Essa é a vocação da mente. 4A mente não tinha ne­nhuma vocação* até a separação, porque antes disso tinha apenas o que ela é e não teria compreendido o chamado para o pensa­ mento certo.

* "He is the Call to return with which God blessed the minds of His separated Sons. This is the vocation of the mind. The mind had no calling until the separation..." É interessante notar o emprego das palavras "Call" e "calling" que é impossível reproduzir em português.

O Espírito Santo é a Resposta de Deus à separação, o meio pelo qual a Expiação cura até que toda a mente volte outra vez a criar.

3. O princípio da Expiação e a separação começaram ao mesmo tempo. Quando o ego foi feito, Deus colocou na mente o chama­do para a alegria. Esse chamado é tão forte que o ego sempre se dissolve ao seu som. Essa é a razão pela qual tens que escolher ouvir uma dentre as duas vozes dentro de ti mesmo. Uma tu mesmo fizeste e essa não é de Deus. Mas a outra te foi dada por Deus, Que apenas te pede para escutá-la. O Espírito Santo está em ti num sentido muito literal. Sua é a Voz Que te chama de volta para onde antes estavas e estarás outra vez. Mesmo nesse mundo é possível ouvir apenas essa Voz e nenhuma outra. É preciso esforço e muita disposição para aprender. É a lição final que eu aprendi e os Filhos de Deus são tão iguais como aprendi­zes quanto como filhos.

4. Tu és o Reino do Céu, mas tens permitido que a crença nas trevas entre na tua mente e, portanto, precisas de uma nova luz. Tens que permitir que o Espírito Santo, que é radiância, possa banir a idéia da escuridão. Sua é a glória diante da qual a disso­ciação cai por terra e o Reino do Céu penetra no que lhe é próprio. Antes da separação, não precisavas de orientação. Tu conhecias como virás a conhecer novamente, mas como não conheces agora.

5. Deus não guia, porque Ele só pode compartilhar o conhecimen­to perfeito. A orientação é avaliativa, porque pressupõe que exista um caminho certo e também um caminho errado, um caminho a ser escolhido e outro a ser evitado. Ao escolher um, desistes do outro. A escolha pelo Espírito Santo é a escolha por Deus. Deus não está em ti em um sentido literal, tu és parte Dele. Quando escolheste deixá-Lo, Ele te deu uma Voz para falar por Ele, pois não podia mais compartilhar Seu conhecimento contigo sem im­pedimento. A comunicação direta foi quebrada porque tinhas fei­to uma outra voz.

6. O Espírito Santo te chama tanto para lembrar como para es­quecer. Tu escolheste estar em um estado de oposição no qual opostos são possíveis. Como resultado, há escolhas que tens que fazer. No estado de santidade a vontade é livre, de forma que seu poder criativo é ilimitado e a escolha é sem significado. A liberdade de escolher é ó mesmo poder que a liberdade de criar, mas sua aplicação é diferente. A escolha depende de uma mente dividida. O Espírito Santo é um modo de escolher. Deus não deixou Suas crianças sem consolo, mesmo que elas tenham esco­lhido deixá-Lo. A voz que puseram em suas mentes não foi a Voz pela Vontade de Deus em nome da qual fala o Espírito Santo.

7. A Voz do Espírito Santo não comanda, pois é incapaz de ar­rogância. Não exige, porque não busca o controle. Não vence, porque não ataca. Simplesmente lembra. É capaz de compelir devido apenas ao que ela te relembra. Traz à tua mente o outro caminho, permanecendo quieta mesmo em meio ao tumulto que possas fazer. A Voz por Deus é sempre quieta porque fala de paz. A paz é mais forte do que a guerra porque cura. A guerra é divi­são, não soma. Ninguém ganha com a discórdia. Que aprovei­tará a um homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? Se escutas a voz errada, perdeste de vista a tua alma. Tu não podes perdê-la, mas podes não conhecê-la. Assim sendo, ela está "perdida" para ti até que escolhas certo.

8. O Espírito Santo é o teu Guia na escolha. Ele está na parte da tua mente que sempre fala a favor da escolha certa, porque fala por Deus. Ele é a tua comunicação remanescente com Deus, que podes interromper, mas não podes destruir. O Espírito Santo é o caminho no qual a Vontade de Deus é feita assim na terra como no Céu. Tanto o Céu quanto a terra estão em ti, porque o chama­do de ambos está na tua mente. A Voz por Deus vem dos teus próprios altares a Ele. Estes altares não são coisas, são devoções. No entanto, tu tens outras devoções agora. A tua devoção divi­dida te deu as duas vozes e tens que escolher em que altar queres servir. O chamado a que respondes agora é uma avaliação, por­que é uma decisão. A decisão é muito simples. Ela é tomada tendo por base qual é o chamado que tem maior valor para ti.

9. A minha mente sempre será como a tua porque nós fomos cria­dos como iguais. Foi apenas a minha decisão que me deu todo o poder no Céu e na terra. Minha única dádiva a ti é ajudar-te a tomar a mesma decisão. Essa decisão é a escolha de compartilhá-­la, porque a decisão em si é a decisão de compartilhar. Ela é tomada pelo ato de dar, sendo, portanto, a única escolha que se assemelha à criação verdadeira. Eu sou o teu modelo para a de­cisão. Decidindo-me por Deus eu te mostrei que essa decisão pode ser tomada e que tu podes torná-la.

10. Eu te assegurei que a Mente que decidiu por mim está também em ti, e que podes deixar que ela mude a ti assim como mudou a mim. Essa Mente é inequívoca, pois ouve apenas uma Voz e res­ponde de apenas um modo. Tu és a luz do mundo comigo. O descanso não vem do sono, mas do despertar. O Espírito Santo é o chamado para despertar e ser contente. O mundo está muito cansado porque ele é a idéia da exaustão. Nossa tarefa é a obra alegre de despertá-lo para o Chamado Daquele que fala por Deus. Todos responderão ao Chamado do Espírito Santo, ou a Filiação não pode ser una. Que melhor vocação poderia haver para qual­quer parte do Reino, do que restaurá-lo à integração perfeita ca­paz de fazê-lo íntegro? Ouve apenas isso através do Espírito Santo dentro de ti e ensina os teus irmãos a escutar assim como eu estou te ensinando.

11. Quando és tentado pela voz errada, chama por mim para lem­brar-te como curar compartilhando a minha decisão e fazendo com que ela seja mais forte. Na medida em que compartilhamos essa meta, aumentamos o seu poder para atrair toda a Filiação e trazê-la de volta à unicidade em que foi criada. Lembra-te que "jugo" significa "união" e "fardo" significa "mensagem*." Va­mos reformular "Meu jugo é suave e meu fardo é leve", deste modo: "Vamos nos unir pois a minha mensagem é Luz."

12. Eu determinei que te comportasses como eu me comportei, mas para fazer isso nós temos que responder à mesma Mente. Essa Mente é o Espírito Santo, Cuja Vontade é sempre a favor de Deus. Ele te ensina como ter em mim o modelo para o teu pensa­mento e conseqüentemente comportar-te como eu. O poder de nossa motivação conjunta está além da crença, mas não além da realização. O que nós podemos realizar juntos não tem limites, pois o Chamado Daquele que fala por Deus é o chamado ao ilimi­tado. Criança de Deus, minha mensagem é para ti, para que a ouças e a transmitas aos outros à medida em que respondes ao Espírito Santo dentro de ti.

* Remember that "yoke" means "join together," and "burden" means "message." Em inglês antigo essas palavras continham os respectivos significados que não existem em português.


III. O Guia para a salvação

1. O caminho para reconhecer o teu irmão é pelo reconhecimento do Espírito Santo nele. Eu já disse que o Espírito Santo é a ponte para a transferência da percepção ao conhecimento, de modo que podemos usar esses termos como se estivessem relacionados por­que em Sua Mente eles estão. Essa relação tem que estar na Sua Mente porque se não estivesse, a separação entre os dois modos de pensar não estaria aberta à cura. Ele é parte da Santíssima Trindade porque a Sua Mente é em parte tua e em parte de Deus. Isso precisa ser esclarecido, não em palavras mas em experiência.

2. O Espírito Santo é a idéia da cura. Sendo pensada, a idéia ga­nha à medida em que é compartilhada. Sendo o Chamado Da­quele que fala por Deus é também a idéia de Deus. Como és parte de Deus, és também a idéia de ti mesmo, assim como a de todas as Suas criações. A idéia do Espírito Santo compartilha as caracterís­ticas de outras idéias porque segue as leis do Universo do qual faz parte. Ela é fortalecida ao ser dada a outros. 'Aumenta em ti na medida em que a dás ao teu irmão. Teu irmão não precisa estar ciente do Espírito Santo nele mesmo ou em ti para que esse mila­gre ocorra. Ele pode ter dissociado o Chamado por Deus, assim como tu fizeste. Essa dissociação é curada nos dois à medida que tu vens a estar ciente do Chamado Daquele que fala por Deus nele, e assim reconheces o que é esse Chamado.

3. Existem dois modos diametralmente opostos de ver o teu ir­mão. Ambos têm que estar em tua mente, porque tu és aquele que percebe. Eles também têm que estar na dele, porque tu o estás percebendo. Vê o teu irmão através do Espírito Santo na sua mente e O reconhecerás na tua. O que reconheces no teu irmão, estás reconhecendo em ti mesmo e o que compartilhas, tu fortaleces.

4. A Voz do Espírito Santo é fraca em ti. É por isso que tens que compartilhá-La. Ela tem que aumentar em força antes que pos­sas ouvi-La. É impossível ouvi-La em ti mesmo enquanto Ela está tão fraca em tua mente. Ela não é fraca em Si, mas está limitada pela tua recusa em ouvi-La. Se cometeres o equívoco de procurar o Espírito Santo apenas em ti mesmo, os teus pensa­mentos vão assustar-te porque, por adotar o ponto de vista do ego, estás empreendendo uma viagem que é alheia ao ego usan­do o ego como guia. Isso está fadado a produzir medo.

5. O atraso é do ego, porque o tempo é um conceito egótico. Tan­to o atraso como o tempo são sem significado na eternidade. Eu já disse antes que o Espírito Santo é a Resposta de Deus ao ego. Tudo que o Espírito Santo te lembra está em oposição direta às noções do ego, porque percepções verdadeiras e falsas são opos­tas em si mesmas. O Espírito Santo tem a tarefa de desfazer o que o ego tem feito. Ele o desfaz no mesmo nível em que o ego opera, ou a mente não seria capaz de compreender a mudança.

6. Eu tenho enfatizado repetidamente que um nível da mente não é compreensível para outro. Assim é com o ego e o Espírito San­to, com o tempo e a eternidade. A eternidade é uma idéia de Deus, logo o Espírito Santo a compreende perfeitamente. O tem­po é uma crença do ego, então a mente inferior, que é o domínio do ego, aceita-a sem questionamento. O único aspecto do tempo que é eterno é o agora.

7. O Espírito Santo é o Mediador entre as interpretações do ego e o conhecimento do espírito. Sua capacidade de lidar com símbo­los faz com que Ele seja capaz de trabalhar com as crenças do ego em sua própria linguagem. Sua capacidade de olhar para o que está além dos símbolos na eternidade, torna-O capaz de com­preender as leis de Deus pelas quais Ele fala. O Espírito Santo pode, portanto, desempenhar a função de re-interpretar o que o ego faz, não pela destruição, mas pela compreensão. A compreen­são é luz, e luz conduz ao conhecimento. O Espírito Santo está na luz porque Ele está em ti que és luz, mas tu mesmo não tens co­nhecimento disso. Portanto, é tarefa do Espírito Santo re-interpretar-te a favor de Deus.

8. Não podes compreender a ti mesmo sozinho. Isso é assim por­que não tens significado à parte do teu lugar de direito na Filiação e o lugar de direito da Filiação é em Deus. Essa é a tua vida, a tua eternidade e o teu Ser. É isso que o Espírito Santo te lembra. É isso o que o Espírito Santo vê. Essa visão assusta o ego porque é tão calma. A paz é o maior inimigo do ego porque, de acordo com a sua interpretação da realidade, a guerra é a garantia da sua pró­pria sobrevivência. O ego vem a ser forte na discórdia.Se acredi­tas que há discórdia, vais reagir de forma perversa, pois a idéia de perigo entrou em tua mente. A idéia em si mesma é um apelo ao ego. O Espírito Santo é tão vigilante quanto o ego ao chamado do perigo, opondo-Se ao perigo com a Sua força, assim como o ego o recebecom boas-vindas. O Espírito Santo neutraliza essas boas-vindas dando boas-vindas à paz. A eternidade e a paz estão tão intimamente relacionadas quanto o tempo e a guerra.

9. O significado da percepção é derivado dos relacionamentos. Aqueles que aceitas são os fundamentos das tuas crenças. A se­paração é apenas um outro termo para a mente dividida. O ego é o símbolo da separação, assim como o Espírito Santo é o símbolo da paz. O que percebes nos outros, estás fortalecendo em ti mes­mo. Podes permitir que a tua mente perceba de modo equivoca­do, mas o Espírito Santo permite que a tua mente re-interprete as tuas próprias percepções equivocadas.

10. O Espírito Santo é o professor perfeito. Ele usa apenas o que a tua mente já compreende para te ensinar que não a compreendes. O Espírito Santo pode lidar com um aluno relutante sem ir con­tra a mente do aluno, porque parte dela ainda é a favor de Deus. Apesar das tentativas do ego de ocultar essa parte, ela ainda é muito mais forte do que o ego, embora o ego não a reconheça. O Espírito Santo a reconhece perfeitamente porque é a Sua própria morada, o lugar na mente onde Ele está em casa. Tu também estás em casa nesse lugar, pois é um lugar de paz e a paz é de Deus. Tu, que és parte de Deus, não estás em casa a não ser na Sua paz. Se a paz é eterna, só estás em casa na eternidade.

11. O ego fez o mundo como o percebe, mas o Espírito Santo, que re-interpreta os feitos do ego, vê o mundo como um instrumento de ensino para trazer-te para casa. O Espírito Santo tem que per­ceber o tempo e re-interpretá-lo no que é intemporal. Ele tem que trabalhar através dos opostos, pois tem que trabalhar com a mente que está em oposição e por ela. Corrige e aprende e sê aberto ao aprendizado. Tu não fizeste a verdade, mas a verdade ainda pode libertar-te. Olha como o Espírito Santo olha e compreende como Ele compreende. A Sua compreensão olha de vol­ta para Deus em memória de mim. Ele está em comunhão com Deus sempre e Ele é parte de ti. Ele é teu guia para a salvação, porque guarda a memória de coisas passadas e por vir e as traz ao presente. Ele mantém esse contentamento de modo gentil em tua mente, pedindo apenas que tu o aumentes em Seu Nome, compartilhando-o, para aumentar a Sua alegria em ti.

IV Ensinando e curando

1. O que o medo escondeu ainda é parte de ti. Unir-te à Expiação é o caminho para sair do medo. O Espírito Santo te ajudará a re-interpretar tudo o que percebes como amedrontados e te ensi­nará que só o que é amoroso é verdadeiro. A verdade está além da tua capacidade de destruir, mas inteiramente dentro da tua capacidade de aceitar. Ela te pertence porque, como uma exten­são de Deus, tu a criaste com Ele. É tua porque é parte de ti, exatamente como és parte de Deus porque Ele te criou. Nada que seja bom pode ser perdido porque vem do Espírito Santo, a Voz pela criação. Nada que não seja bom nunca foi criado e, portanto, não pode ser protegido. A Expiação é a garantia da segurança do Reino e a união da Filiação é a sua proteção. O ego não pode prevalecer contra o Reino porque a Filiação é uni­da. Na presença daqueles que ouvem o chamado do Espírito Santo para que sejam um, o ego se desvanece e é desfeito.

2. O que o ego faz, ele guarda para si mesmo e assim ele é sem força. Sua existência não é compartilhada. Ele não morre, mera­mente nunca nasceu. O nascimento físico não é um início, é uma continuação. Tudo o que continua já nasceu. Aumentará à medi­da em que estejas disposto a devolver a parte não curada da tua mente à parte superior, devolvendo-a sem divisões à criação. 'Eu vim para dar-te o fundamento, de modo que os teus próprios pen­samentos possam realmente fazer com que sejas livre. Tu tens carregado a carga de idéias não compartilhadas que são por de­mais fracas para aumentarem, mas tendo-as feito, não tens reco­nhecido como desfazê-las. Tu não podes cancelar sozinho os teus erros passados. Eles não desaparecerão da tua mente sem a Ex­piação, um remédio que não foi feito por ti. A Expiação tem que ser compreendida como um ato puro de compartilhar. Foi isso o que eu quis dizer quando mencionei que mesmo nesse mundo é possível escutar uma única Voz. Se és parte de Deus e a Filiação é una, não podes te limitar ao ser que o ego vê.

3. Todos os pensamentos amorosos mantidos em qualquer parte da Filiação pertencem a todas as partes. São compartilhados por­que são amorosos. Compartilhar é o modo de Deus criar e tam­bém o teu. O ego pode te manter exilado do Reino, mas no próprio Reino ele não tem nenhum poder. As idéias do espírito não deixam a mente que as pensa, nem podem conflitar umas com as outras. Todavia, as idéias do ego podem conflitar porque ocor­rem em níveis diferentes e também incluem pensamentos opostos no mesmo nível. É impossível compartilhar pensamentos opostos. Tu só podes compartilhar os pensamentos que são de Deus e que Ele guarda para ti. Pois deles é o Reino do Céu. O resto permanece contigo até que o Espírito Santo os tenha re-interpretado à luz do Reino, fazendo com que eles também sejam dignos de serem com­partilhados.Quando estiverem suficientemente purificados, Ele permitirá que tu os dês. A decisão de compartilhá-los é a sua purificação.

4. Eu ouvi uma única Voz porque compreendi que não poderia expiar por mim mesmo sozinho. Escutar uma só Voz implica a decisão de compartilhá-La de modo a ouvi-La tu mesmo. A Men­te que estava em mim ainda é irresistivelmente atraída por todas as mentes criadas por Deus, porque a Integridade de Deus é a integridade de Seu Filho. Não podes ser ferido e não queres mos­trar ao teu irmão coisa alguma exceto a tua integridade. Mostra-­lhe que ele não pode ferir-te e não mantenhas nada contra ele ou a manterás contra ti mesmo. Esse é o significado de "voltar a outra face."

5. O ensino é feito de muitas formas, acima de tudo através de exemplos. Ensino deve ser cura, porque é o compartilhar de idéias e o reconhecimento de que compartilhar idéias é fortalecê­-las. Eu não posso esquecer minha necessidade de ensinar o que eu aprendi, que surgiu em mim porque eu aprendi. Eu apelo a ti para que ensines o que tens aprendido, porque fazendo isso, po­des confiar no que aprendeste. Faze com que o que tu aprendes­te seja digno de confiança em meu nome porque meu nome é o Nome do Filho de Deus. O que eu aprendi eu te dou gratuita­mente e a Mente que estava em mim regozija-se à medida em que escolhes ouvi-la.

6. O Espírito Santo expia em todos nós através do desfazer e as­sim ergue a carga que colocaste na tua mente. Seguindo-O, és conduzido de volta a Deus onde é o teu lugar, e como podes achar o caminho exceto levando o teu irmão contigo? A minha parte na Expiação não está completa até que te unas a ela e a dês a outros. Como ensinas, assim aprenderás. Eu nunca te deixarei ou aban­donarei porque abandonar-te seria abandonar a mim mesmo e a Deus que me criou. Tu abandonas a ti mesmo e a Deus se abando­nas a qualquer um dos teus irmãos. Tens que aprender a vê-los como são e compreender que pertencem a Deus assim como tu. Como poderias tratar melhor um irmão exceto dando a Deus o que é de Deus?

7. A Expiação te dá o poder de uma mente curada, mas o poder de criar é de Deus. Por conseguinte, aqueles que foram perdoa­dos têm que se devotar em primeiro lugar à cura porque, tendo recebido a idéia da cura, precisam dá-la para mantê-la. O pleno poder da criação não pode ser expresso enquanto qualquer uma das idéias de Deus estiver longe do Reino. A vontade conjunta da Filiação é o único criador que pode criar como o Pai, porque só o que é completo pode pensar de modo completo e ao pensa­mento de Deus não falta nada. Em tudo o que pensas que não seja através do Espírito Santo algo está faltando.

8. Como podes tu, que és tão santo, sofrer? Todo o teu passado, exceto a sua beleza, se foi e nada ficou além de uma bênção. Eu guardei toda a tua benignidade e todos os pensamentos de amor que jamais tiveste. Eu os tenho purificado dos erros que escon­diam a luz que estava neles e os tenho conservado para ti na ra­diância perfeita que lhes é própria. Eles estão além da destruição e além da culpa. Vieram do Espírito Santo dentro de ti e nós sabemos que o que Deus cria é eterno. Tu podes, de fato, partir em paz, porque eu tenho te amado como amei a mim mesmo. Tu vais com a minha bênção e pela minha bênção. Mantém-na e compartilha-a para que possa ser sempre nossa. Eu coloco a paz de Deus no teu coração e nas tuas mãos para manteres e comparti­lhares. O coração é puro para mantê-la e as mãos são fortes para dá-Ia. Nós não podemos perder. Meu julgamento é tão forte quanto a sabedoria de Deus, em Cujo Coração e em Cujas Mãos nós temos o nosso ser. As crianças quietas de Deus são os Seus Filhos abençoados. Os Pensamentos de Deus estão contigo.

V. O uso da culpa pelo ego

1. Talvez alguns de nossos conceitos venham a ser mais claros e mais significativos em termos pessoais se o uso da culpa pelo ego for esclarecido. O ego tem um propósito, assim como o Espírito Santo. O propósito do ego é o medo, porque só quem tem medo pode ser egotista. A lógica do ego é tão impecável quanto a do Espírito Santo, porque a tua mente tem ao seu dispor os meios para ficar do lado do Céu ou da terra, conforme elegeres. No entanto, mais uma vez lembra-te que ambos estão em ti.

2. No Céu não há culpa, porque o Reino é atingido através da Expiação que te libera para criar. A palavra "criar" é apropriada aqui porque, uma vez que o que tens feito seja desfeito pelo Espí­rito Santo, o resíduo abençoado é restaurado e continua, portan­to, na criação. O que é verdadeiramente abençoado é incapaz de dar origem à culpa e não pode deixar de dar origem à alegria. Isso o toma invulnerável para o ego porque a sua paz é inexpug­nável. É invulnerável à ruptura porque é íntegro. A culpa sempre produz uma ruptura. Qualquer coisa que engendre medo divi­de, porque obedece à lei da divisão. Se o ego é o símbolo da separação é também o símbolo da culpa. A culpa é mais do que apenas algo que não é de Deus. É o símbolo do ataque a Deus. Esse conceito é totalmente sem significado, exceto para o ego, mas não subestimes o poder da crença do ego. É dessa crença que realmente brota toda a culpa.

3. O ego é a parte da mente que acredita em divisão. Como pode­ria uma parte de Deus se desligar sem acreditar que O está atacan­do? Falamos anteriormente do problema da autoridade que está baseado no conceito da usurpação do poder de Deus. O ego acre­dita que é isso o que fizeste, porque acredita que ele é o que tu és. Se te identificas com o ego, tens que te perceber como se fosses culpado. Sempre que respondes ao teu ego, vais experimentar culpa e temer punição. O ego é bem literalmente um pensamento amedrontados. Por mais ridícula que possa ser a idéia de atacar a Deus para a mente sã, nunca te esqueças de que o ego não é são. Representa um sistema delusório e fala por ele. Escutar a voz do ego significa que acreditas que é possível atacar a Deus e que uma parte de Deus foi arrancada por ti. O medo da retaliação vinda de fora é decorrência disso, porque a severidade da culpa é tão aguda que tem que ser projetada.

4. O que quer que seja que aceites em tua mente tem realidade para ti. É a tua aceitação que o faz real. Se entronizas o ego em tua mente, a tua permissão para que ele entre faz dele a tua reali­dade. Isso é assim porque a mente é capaz de criar a realidade ou fazer ilusões. Eu disse anteriormente que tu precisas aprender a pensar com Deus. Pensar com Ele é pensar como Ele. Isso engen­dra alegria, não culpa, porque é natural. A culpa é um sinal segu­ro de que o teu pensamento não é natural. O pensamento não-natural será sempre acompanhado pela culpa porque é uma crença no pecado. O ego não percebe o pecado como uma falta de amor, mas como um ato indubitável de agressão. Isso é neces­sário para a sobrevivência do ego porque, logo que considerares o pecado como uma falta, irás automaticamente tentar remediar a situação. E terás sucesso. O ego considera isso como uma condenação, mas tens que aprender a considerar como liberdade.

5. A mente sem culpa não pode sofrer. Sendo sã, a mente cura o corpo porque ela foi curada. A mente sã não pode conceber a enfermidade porque não pode conceber ataque a qualquer pes­soa ou qualquer coisa. Eu disse antes que a enfermidade é uma forma de mágica. Poderia ser melhor dizer que é uma forma de solução mágica. O ego acredita que punindo-se vai atenuar a punição de Deus. Entretanto, mesmo nisso ele é arrogante. Atri­bui a Deus uma intenção de punir e então toma essa intenção como sua própria prerrogativa. Tenta usurpar todas as funções de Deus como as percebe porque reconhece que só a aliança total pode ser confiável.

6. O ego não pode se opor às leis de Deus assim como tu também não podes, mas pode interpretá-las de acordo com o que quer, assim como tu. Essa é a razão pela qual a questão "O que é que tu queres?" tem que ser respondida. Tu a estás respondendo a cada minuto e a cada segundo, e cada momento de decisão é um julga­mento que pode ser tudo, menos sem efeito. Seus efeitos seguir-­se-ão automaticamente até que a decisão seja mudada. Lembra-te, porém, que as alternativas em si são inalteráveis. O Espírito Santo, como o ego, é uma decisão. Juntos constituem to­das as alternativas que a mente pode aceitar e obedecer. O Espíri­to Santo e o ego são as únicas escolhas abertas para ti. Deus criou uma delas e não podes erradicá-la. Tu fizeste a outra, então, po­des. Só o que Deus criou é irreversível e imutável. O que fizeste sempre pode ser mudado, porque quando não pensas como Deus, não estás realmente pensando em absoluto. Idéias delusórias não são pensamentos reais, muito embora possas acreditar nelas. Mas estás errado. A função do pensamento vem de Deus e está em Deus. Como parte do Seu Pensamento, não podes pensar à parte Dele.

7. O pensamento irracional é pensamento desordenado. O pró­prio Deus ordena o teu pensamento porque o teu pensamento foi criado por Ele. Os sentimentos de culpa são sempre um sinal de que não sabes disso. Eles mostram também que acreditas que podes pensar à parte de Deus e queres fazê-lo. Todo pensamento desordenado é acompanhado de culpa na sua concepção e a sua continuação é mantida pela culpa. A culpa é inescapável para aqueles que acreditam que ordenam seus próprios pensamentos e, portanto, têm que obedecer os ditames que eles impõem. 'Isso os faz sentir responsáveis pelos seus erros sem reconhecer que, ao aceitar essa responsabilidade, estão reagindo irresponsavelmente. Se a única responsabilidade do trabalhador de milagres é aceitar a Expiação para si mesmo e eu te asseguro que é, então, a respon­sabilidade por o que é expiado não pode ser tua.O dilema não pode ser resolvido a não ser pela aceitação da solução do desfazer.

Tu serias responsável pelos efeitos de todos os teus pensamentos errados se eles não pudessem ser desfeitos. O propósito da Ex­piação é salvar o passado apenas em forma purificada. Se aceitas o remédio para o pensamento desordenado, remédio cuja eficácia está além da dúvida, como podem os seus sintomas permanecer?

8. A continuidade da decisão de permanecer separado é a única razão possível para a continuação dos sentimentos de culpa. Nós dissemos isso antes, mas não enfatizamos os resultados destruti­vos da decisão. Qualquer decisão da mente vai afetar tanto o comportamento quanto a experiência. O que queres, tu esperas. Isso não é delusório. A tua mente, de fato, faz o teu futuro e o devolverá à criação plena a qualquer momento, se aceitares em primeiro lugar a Expiação. No instante em que tiveres feito isso, ela também retornará à criação plena. Tendo desistido do teu pensamento desordenado, a ordem apropriada do pensamento vem a ser bastante aparente.


VI. Tempo e eternidade

1. Deus em Seu conhecimento não está esperando, mas Seu Reino fica destituído enquanto tu esperas. Todos os Filhos de Deus es­tão esperando pelo teu retorno, assim como estás esperando pelo deles. O atraso não importa na eternidade, mas é trágico no tem­po. Tens optado por estar no tempo ao invés de estar na eterni­dade e por conseguinte, acreditas que estás no tempo. Porém, a tua opção tanto é livre quanto pode ser alterada. Tu não perten­ces ao tempo. O teu lugar é só na eternidade, onde o próprio Deus te colocou para sempre.

2. Os sentimentos de culpa são os preservadores do tempo. Eles induzem aos medos da retaliação ou abandono e assim garantem que o futuro será como o passado. 'Essa é a continuidade do ego. Isso dá ao ego um senso falso de segurança, por acreditar que não podes escapar disso. Mas podes e tens que fazê-lo. Deus te oferece em troca a continuidade da eternidade. Quando escolhes fazer essa troca, simultaneamente trocarás culpa por alegria, perversidade por amor e dor por paz. Meu papel é apenas desacor­rentar a tua vontade e libertá-la. Teu ego não pode aceitar essa liberdade e vai se opor a ela em todos os momentos possíveis e de todos os modos possíveis. E como tu és aquele que o fez, reconheces o que ele pode fazer porque lhe deste o poder de fazê-lo.

3. Lembra-te sempre do Reino e lembra-te que tu, que és parte do Reino, não podes estar perdido. A Mente que estava em mim está em ti, pois Deus cria com perfeita eqüidade. Permite que o Espí­rito Santo sempre te lembre a Sua eqüidade e deixa que eu te ensine como compartilhá-la com os teus irmãos. De que outro modo pode te ser dada a chance de reivindicá-la para ti? As duas vozes falam em nome de diferentes interpretações da mesma coi­sa simultaneamente ou quase simultaneamente, pois o ego sem­pre fala primeiro. Interpretações alternadas eram desnecessárias até que foi feita a primeira.

4. O ego fala em julgamento e o Espírito Santo reverte essa deci­são, quase do mesmo modo que um tribunal superior tem o poder de reverter as decisões de um tribunal inferior nesse mundo. As decisões do ego estão sempre erradas porque são baseadas no erro e são tomadas para mantê-lo. Nada do que o ego percebe é corre­tamente interpretado. Não só o ego cita as Escrituras em função do seu propósito, como até mesmo interpreta as Escrituras como uma testemunha de si mesmo. A Bíblia é algo amedrontador no julgamento do ego. Percebendo-a como assustadora, ele a inter­preta de modo amedrontador. Estando com medo, tu não apelas para a Corte Suprema porque acreditas que o seu julgamento tam­bém será contra ti.

5. Existem muitos exemplos de como as interpretações do ego são enganadoras, mas alguns poucos serão suficientes para mostrar como o Espírito Santo pode re-interprtá-las à Sua própria Luz.

6. “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará", Ele inter­preta significando que o que consideras que vale a pena cultivar, vais cultivar em ti mesmo. O teu julgamento acerca do que tem valor faz com que tenha valor para ti.

7. "A mim pertence a vingança, diz o Senhor", é facilmente re-in­terpretado se te lembrares que as idéias só aumentam quando são compartilhadas. A declaração enfatiza que a vingança não pode ser compartilhada. 'Entrega-a, então, ao Espírito Santo, Que vai desfazê-la em ti porque ela não pertence à tua mente que é parte de Deus.

8. "E visita a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração," na interpretação do ego, essa é particularmente malicio­sa. Vem a ser meramente uma tentativa de garantir a sobrevivên­cia do próprio ego. Para o Espírito Santo, a declaração significa que nas gerações futuras, Ele ainda pode re-interpretar o que as gerações anteriores tinham compreendido equivocadamente e, as­sim, liberar os pensamentos da capacidade de produzir medo.

9. "Os ímpios, no entanto, perecerão" vem a ser uma declaração da Expiação se a palavra "perecer" for compreendida como "ser desfeito." Todo pensamento sem amor tem que ser desfeito, uma palavra que o ego não pode nem sequer compreender. Para o ego, ser desfeito significa ser destruído. O ego não será destruído porque é parte do teu pensamento, mas porque não é criativo e, portanto, não compartilha; ele será re-interpretado para libe­rar-te do medo. A parte da tua mente que tens dado ao ego ape­nas voltará para o Reino, que é o lugar aonde toda a tua mente está em casa. Podes atrasar a completeza do Reino, mas não po­des introduzir nele o conceito do medo.

10. Tu não precisas ter medo de que a Corte Suprema vá condenar­-te. Ela simplesmente dispensará o caso contra ti. Não pode haver nenhum processo contra uma criança de Deus e toda testemunha em favor da culpa nas criações de Deus está cometendo falso tes­temunho contra o próprio Deus. Com contentamento, apela à Corte Suprema do próprio Deus a favor de tudo aquilo em que acreditas, porque ela fala por Ele e portanto fala verdadeiramente. Ela arquivará o processo contra ti, por mais que o tenhas cons­truído com cuidado. Podes ter planejado o teu caso à prova de tudo, mas não à prova de Deus. O Espírito Santo não o ouvirá, porque só pode testemunhar verdadeiramente. Seu veredito sem­pre será "teu é o Reino", porque Ele te foi dado para lembrar-te do que tu és.

11. Quando eu disse "Eu vim como uma luz para o mundo", quis dizer que vim para compartilhar a luz contigo. Lembra-te da minha referência ao vidro escuro do ego e lembra-te também de que eu disse "Não olhes para lá". Ainda é verdadeiro que aonde olhas para achar a ti mesmo cabe a ti decidir. A tua paciência com o teu irmão é a tua paciência contigo mesmo. Uma criança de Deus não merece paciência? Eu te mostrei paciência infinita porque a minha vontade é a Vontade de nosso Pai, de Quem eu aprendi a paciência infinita. A Sua Voz estava em mim assim como está em ti falando pela paciência para com a Filiação em Nome do Seu Criador.

12. Agora precisas aprender que só paciência infinita produz efei­tos imediatos. Esse é o caminho no qual o tempo é trocado pela eternidade. A paciência infinita invoca amor infinito e ao produ­zir resultados agora, torna o tempo desnecessário. Dissemos mui­tas vezes que o tempo é um instrumento de aprendizado a ser abolido quando não mais for útil. O Espírito Santo, Que fala por Deus no tempo, também sabe que o tempo é sem significado. Ele te lembra disso a cada momento que passa, porque a Sua função especial é devolver-te à eternidade e lá permanecer para aben­çoar as tuas criações. Ele é a única bênção que podes dar verda­deiramente, porque Ele é verdadeiramente abençoado. Porque Ele te foi dado livremente por Deus, tens que dá-Lo assim como O recebeste.


VII. A decisão a favor de Deus

1. Tu realmente acreditas que podes fazer uma voz capaz de aba­far a Voz de Deus? Realmente acreditas que podes imaginar um sistema de pensamento que possa separar-te Dele? Realmente acreditas que és capaz de planejar a tua segurança e a tua felici­dade melhor do que Ele? Tu não precisas ser nem cuidadoso, nem descuidado; precisas simplesmente lançar sobre Ele os teus cuidados, porque Ele tem cuidado por ti. Deus cuida de ti por­que te ama. A Sua Voz lembra-te sempre que toda a esperança é tua devido ao Seu cuidado. Tu não podes escolher escapar do Seu cuidado porque não é essa a Sua Vontade, mas podes esco­lher aceitar o Seu cuidado e usar o poder infinito do Seu cuidado a favor de todos aqueles que Ele criou através dele.

2. Existiram muitos que curaram, mas não curaram a si mesmos. Não moveram montanhas pela sua fé porque a sua fé não era íntegra. Alguns curaram os doentes algumas vezes, mas não res­suscitaram os mortos. A não ser que o curador cure a si mesmo, não pode acreditar que não há ordens de dificuldades em mila­gres. Ele não aprendeu que cada mente criada por Deus é igual­mente digna de cura porque Deus a criou íntegra. Apenas te é pedido que devolva a mente a Deus tal como Ele a criou. Ele só te pede o que te deu, sabendo que essa doação vai curar-te. A sanidade é integridade e a sanidade dos teus irmãos é a tua.

3. Porque deverias escutar os incessantes chamados insanos que pensas que te são dirigidos, quando podes saber que a Voz Da­quele que fala por Deus está em ti? Deus te entregou o Seu Espíri­to e pede-te que entregues o teu a Ele. É Vontade de Deus manter o teu espírito em perfeita paz, porque tu e Ele são um em mente e espírito. Excluir-te da Expiação é a última defesa do ego para a sua própria subsistência. Reflete tanto a necessidade de separar do ego quanto a tua disposição para apoiar essa separação. Essa disponibilidade significa que não queres ser curado.

4. Mas o momento é agora. Não te foi pedido que executasses por ti mesmo o plano da salvação porque, como eu te disse antes, o remédio não poderia ser feito por ti. O próprio Deus te deu a Correção perfeita para tudo que fizeste que não esteja de acordo com a Sua santa Vontade. Estou fazendo com que o plano de Deus seja perfeitamente explícito para ti e também vou te dizer qual é a tua parte nele e como é urgente que ela seja cumprida. Deus chora diante do "sacrifício" de Suas crianças que acredi­tam que estão perdidas para Ele.

5. Sempre que não estás totalmente alegre é porque reagiste com falta de amor em relação a uma das criações de Deus. Percebendo isso como "pecado", tu passas a ser defensivo porque esperas ata­que. A decisão de reagir desse modo é tua e pode, portanto, ser desfeita. Não pode ser desfeita pelo arrependimento no sentido usual, porque isso, implica culpa. Se te permites sentir culpa, vais reforçar o erro ao invés de permitires que seja desfeito para ti.

6. A decisão não pode ser difícil. Isso é óbvio, se reconheces que já tens que ter tomado a decisão de não ser totalmente feliz, se é assim que te sentes. Portanto, o primeiro passo para desfazer isso é reconhecer que tu ativamente decidiste errado, mas podes, de forma igualmente ativa, decidir outra coisa. Sê muito firme contigo mesmo nisso e permanece plenamente ciente de que o processo de desfazer, que não vem de ti, está apesar de tudo den­tro de ti porque Deus o colocou aí. A tua parte é meramente fazer voltar o teu pensamento ao ponto no qual o erro foi feito e entre­gá-lo em paz à Expiação. Dize isso a ti mesmo da maneira mais sincera possível, lembrando que o Espírito Santo vai responder plenamente à tua mais leve invocação:

Devo ter decidido errado, porque não estou em paz.

Tomei a decisão por mim mesmo, mas posso também decidir de outra forma.

Quero decidir de outra forma, porque quero estar em paz.

Não me sinto culpado porque o Espírito Santo vai desfazer todas as conseqüências da minha decisão errada se eu Lhe permitir.

Escolho permitir-Lhe, deixando que Ele decida a favor de Deus por mim.